quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

Países continuam mobilizados em solidariedade ao povo haitiano

Karol Assunção *

Adital -
As ações de solidariedade com o povo do Haiti prosseguem em várias partes do mundo. A Rede Jubileu Sul, por exemplo, já enviou 75% dos recursos arrecadados até agora ao país caribenho e continua a receber doações. Amanhã (24), uma coletiva de imprensa na Argentina apresentará à população mais uma ajuda ao Haiti: a formação do Comitê de Solidariedade e Ajuda Urgente ao Povo Haitiano que, entre outras questões, denunciará a forte militarização no país.

Enquanto alguns oferecem ajuda humanitária através da ocupação militar, outros se preocupam em conseguir maneiras que contribuam com a soberania da população e a reconstrução digna do país. A solidariedade e a verdadeira ajuda não podem ser somente a curto prazo, já que o terremoto do dia 12 de janeiro no país deixou danos que não conseguirão ser solucionados em pouco tempo. É pensando nisso que a Rede Jubileu Sul continua com a Campanha em Solidariedade com o Haiti.


Mesmo com a contribuição de poucas pessoas e entidades, o Jubileu Sul já enviou parte das doações ao país caribenho. Na semana passada, 75% de quase R$ 3.000 arrecadados até o dia 11 de fevereiro foram enviados aos movimentos sociais haitianos. De acordo com Rosilene Wansetto, integrante do Jubileu, a expectativa é que até o final desta semana os outros 25% sejam repassados às organizações.

A transferência dos recursos aos movimentos não quer dizer que a campanha chegou ao fim. "A campanha tem caráter permanente até o país se reerguer", explica Rosilene. Os recursos arrecadados destinam-se a ajudar, principalmente, a Plataforma Haitiana para o Desenvolvimento Alternativo (Papda).

Com o dinheiro em mãos, a quantia é encaminhada para a reconstrução do país e para a reestruturação das organizações sociais haitianas. "É uma necessidade urgente. Os movimentos sociais receberam pouco apoio", comenta.

As ajudas podem ser realizadas em qualquer valor. Para isso, o Jubileu Sul no Brasil, em parceria com a Assembleia Popular Nacional, abriu uma conta específica para isso. As doações podem ser feitas no Banco do Brasil, Agência 3687-0; Conta corrente 283.104-X.

Ajuda sem militarização

Desde o terremoto do dia 12 de janeiro, o país caribenho - que já vivia ocupado pelas tropas da ONU da Missão de Estabilização do Haiti (Minustah) - recebe mais soldados estrangeiros sob a justificativa de ajuda humanitária. Preocupados com a militarização no país, mais de 30 organizações e movimentos sociais se uniram, na Argentina, para formar o Comitê de Solidariedade e Ajuda Urgente ao Povo Haitiano. A apresentação pública acontecerá amanhã (24), às 12h30, na Associação de Trabalhadores do Estado (ATE), em Buenos Aires.

Na ocasião, será realizada uma coletiva de imprensa com a presença de: Nora Cortiñas, Madre de Plaza de Mayo Línea Fundadora; Adolfo Pérez Esquivel, Prêmio Nobel da Paz; e Ricardo Peidró, representante da ATE. Para as entidades que formam o Comitê, a verdadeira ajuda ao Haiti não é através de soldados, mas sim de alimentos, remédios, médicos e apoio para a reconstrução do país.

Dessa forma, as organizações denunciam e exigem o fim da ocupação militar no país caribenho, assim como demandam a anulação sem condições da dívida externa. "Também reclamamos que sejam os próprios haitianos os artífices e protagonistas de seu próprio destino de modo livre e soberano", destacam em comunicado.


* Jornalista da Adital

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