quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

Participantes do Seminário de Vida Religiosa sintetizam o que significou o evento e o que levam para casa

27/02/2012 | Assessoria de imprensa CRB
A Vida Religiosa Consagrada, reunida no Centro de Espiritualidade Inaciana em Itaici, Indaiatuba (SP), conclui nesta manhã (27) o Seminário de Vida Religiosa: a loucura que Deus escolheu para confundir o mundo (Cf. 1Cor, 1,27), evento promovido pela Conferência dos Religiosos do Brasil (CRB).



Padre Carlos Palácio, vice-presidente da CRB Nacional e Irmã Annette Havenne, psicóloga, retomaram o tema abordado durante o evento e analisaram as ressonâncias dos trabalhos em grupo. A diversidade e a riqueza das abordagens foram considerados elementos positivos. Entretanto, gerou um questionamento sobre até que ponto o tema foi internalizado e o quanto ficou claro o que significa essa loucura de Jesus Cristo que confunde o mundo. "Nada além do necessário", foi a expressão usada por Irmã Annette para definir o verdadeiro intuito da leveza institucional. Para padre Palácio é fundamental entender a missão na Vida Consagrada Religiosa como um permanente colocar-se a serviço dos outros. "Missão é vida e o viver qualifica a missão", enfatizou.

Irmã Marian Ambrósio, presidente da CRB-Nacional, fala das alegrias e esperanças nascidas partir do Seminário. "Um profundo desejo de tomar nas mãos e coração a própria vocação no seu núcleo mais central. Profunda gratidão de ter sentado junto, abraçado a mesma causa, cantado os mesmos cantos, rezado as mesmas orações. Fica uma esperança, um sinal luminoso de um futuro mais autêntico, muito mais testemunhal e feliz para a Vida Religiosa do Brasil", disse a presidente.

Confira matérias sobre o Seminário:

Missão de fronteira desafia a Vida Religiosa

Seminário da CRB, em Itaici, debate sobre o sagrado e o profano

Pesquisa apresenta alegrias e inquietações da Vida Religiosa Consagrada

Seminário da CRB: Assembleia comenta relevância dos temas em debate

Seminário propõe meios para maior leveza e agilidade nas instituições

Vida Religiosa busca leveza em suas instituições

O encontro com o Ressuscitado é fundamento para a Vida Consagrada

Religiosos e religiosas do Brasil refletem sobre a identidade

Geraldo Kolling, padre jesuíta e membro da diretória da CRB Nacional, destaca pontos significativos no decorrer do evento. "Houve uma reação favorável à temática, o clima de participação fraterna significa que há uma busca conjunta de pistas horizontes e soluções para problemáticas comuns, e as sugestões nos auxiliarão na preparação para a Assembleia Geral Eletiva de 2013".

"O Seminário superou minhas expectativas devido sua reflexão profunda, existencial e projetada para o futuro. Então a Vida Religiosa se encontrou, mas se encontrou num momento de encruzilhada, momento de crise, que estamos vivendo e, nesse momento de crise ela soube olhar para si mesma e ouvir a voz do Espírito que clama e geme por uma Vida Religiosa mais leve, mais profética, mais mística e é isso que estamos buscando", ressalta Vera Bombonato, irmã paulina, teóloga e assessora da equipe de reflexão teológica da CRB-Nacional.

Dom Jaime Spengler, bispo membro da Comissão para os Ministérios Ordenados e a Vida Consagrada e referencial para a Vida Religiosa Consagrada faz um apanhado geral do Seminário. "Um evento como este dá um retrato da Vida Religiosa Consagrada no Brasil. Ao olhar para este auditório, vemos tantos rostos, tantas diferenças, isso diz de uma riqueza. Outra dimensão é sobre esse encontro, ele tinha uma característica de Seminário, não podemos perder isso de vista. O Seminário é um espaço de diálogo, um espaço de estudo e debate, onde não tem quem sabe mais, quem sabe menos, mas todos estão, por assim dizer, empenhados em torno de uma questão comum", destacou Dom Jaime.

Para Geni Esteves, Provincial da Congregação das Irmãs de José Chambeerry, província de Curtiba (PR) o evento trouxe luzes para a Vida Religiosa Consagrada, "Este Seminário foi um despertar da nossa vida, da necessidade de revermos nossas estruturas de congregações, de olharmos com mais clareza a questão da formação e aproveitarmos deste momento para intensificar uma gestão ampliada," ressaltou irmã Geni.

O jovem Wesley Adenilton Ribeiro, irmão marista e membro da diretoria da CRB-Regional Vitória (ES), comenta sua impressões do Seminário. "É o primeiro Seminário que participo, deste tipo. É um espaço formativo, além das partilhas, das experiências os animadores e animadoras, as superioras e superiores gerais tentam buscar soluções que são desafios comuns da Vida Religiosa Consagrada. Um assunto muito debatido e falado foi a leveza institucional. De fato, temos estruturas grandes e todos querem saber como diminuir esse peso buscar maior leveza inclusive nas relações. O Seminário deu pistas e linhas de ações para os âmbitos da Vida Religiosa, a partir da troca de experiências", ressaltou o religioso

Foram dias intensos de palestras, debates, celebrações, atividades em grupo, oficinas na busca de pistas e linhas de ações para a Vida Religiosa Consagrada no contexto atual. Como futuro, o Seminário continua na vida dos participantes que levam as discussões e pistas de ação para os locais de atuação em todo o Brasil.



Fonte: www.crbnacional.org.br

sábado, 25 de fevereiro de 2012

Enfrentamento Tráfico de Pessoas

O problema do tráfico de pessoas do Brasil para outros países, bem como o de estrangeiros para o país, será discutido em um simpósio internacional em Goiânia (GO) que será promovido pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ). O evento, que está previsto para ocorrer nos dias 14 e 15 de maio, no Centro de Convenções da capital goiana, está sendo organizado pela Comissão de Acesso à Justiça e Cidadania presidida pelo conselheiro Ney de Freitas.

O seminário contará com a participação de representantes de embaixadas estrangeiras, da Polícia Federal, do Ministério Público Federal (MPF), da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República; dos Ministérios da Justiça e do Trabalho e Emprego; da Secretaria Nacional de Justiça; do Governo de Goiás; do Poder Judiciário de Goiás; da Universidade de Brasília, além da Pontifícia Universidade Católica de Goiás (PUC-GO).

A escolha do estado de Goiás para sediar o debate se justifica pelo fato de a região ser a unidade federativa brasileira que mais tem mulheres vítimas da exploração sexual internacional. Pesquisa realizada pela PUC-GO, divulgada em março do ano passado, revelou que nos últimos dez anos foram protocolados na Justiça Federal daquele estado 66 processos sobre tráfico de mulheres, a maioria deles relacionada à exploração sexual.

Painéis
O Simpósio Internacional para Enfrentamento do Tráfico de Pessoas será dividido em painéis que tratarão sobre prevenção, repressão e atendimento às vítimas desse crime que vitima milhares de brasileiros, segundo estimativas do governo federal. Além de sensibilizar a população em geral sobre o tema, a discussão também servirá para reunir os agentes que lidam com esse crime cotidianamente.

Também será abordado o impacto da realização de grandes eventos internacionais - como Copa do Mundo e Olimpíadas - nas estatísticas sobre ocorrência desses crimes. O Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC) estima que mais de 2,4 milhões de pessoas têm sido exploradas por meio do tráfico de pessoas em todo o mundo.

A definição desse crime é o recrutamento de pessoas pela força, fraude, enganação ou outras formas de coerção, com propósitos de exploração. É um crime que está ligado a outras atividades ilícitas como exploração sexual, tráfico de órgãos e trabalho escravo. Ainda está em elaboração pelo Departamento de Tecnologia da Informática do CNJ um link para que os interessados em participar do evento possam se inscrever pela Internet.

* Fonte: CNJ.

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

FRATERNIDADE E SAÚDE PÚBLICA

Pe. Alfredo J. Gonçalves, CS
A Campanha da Fraternidade da CNBB sempre nos propõe um tema para estudo, reflexão e ação durante o tempo litúrgico da Quaresma. Trata-se, na verdade, de complementar a conversão pessoal, própria deste período, com uma conversão de caráter pastoral e sociopolítico. Nessa perspectiva, a campanha elege determinada situação de abandono ou precariedade como centro de nossa atenção. Neste ano de 2012, está em pauta a Fraternidade e a Saúde Pública, cujo lema sublinha uma frase bíblica: “que a saúde se difunda sobre a terra...” (Eclo, 38,8).
A CF/2012 põe o dedo numa das feridas sociais mais profundas deste país. É como se os pastores percorressem as longas filas do INSS, ouvissem os clamores de inúmeros doentes em busca de tratamento e sentissem suas “angústias e tristezas”, para usar a expressão do Concílio Ecumênico Vaticano II (Gaudium et Spes, nº 1). O Brasil é falho em termos de atendimento público, mas não em termos de leis relacionadas à saúde, como veremos adiante. Originalmente, “o sistema único de saúde brasileiro [SUS] tem uma concepção filosófica humanista-comunitária maravilhosa; é perfeita na teoria, mas na prática deixa muito a desejar, revelando-se um caos em termos de funcionamento” (Pe. Leo Pessini, in. Revista Vida Pastoral, nº 283, março-abril de 2012).
A declaração poderia estender-se a outras áreas sociais. Nas metáforas de Gilberto Freire, o Brasil sempre contou com uma dupla política, uma para a Casa Grande, outra para a Senzala: um sistema de educação para ricos, outro voltado aos pobres; um sistema de transporte para ricos, outro voltado aos pobres; um sistema de segurança para ricos, outro voltado aos pobres; um sistema de habitação para ricos, outro voltado aos pobres. Na pirâmide social, o andar de cima, histórica e estruturalmente, conta com um tratamento diferenciado. Para o andar de baixo, sobram os favores, as migalhas, tais como bolsa família, bolsa escola, minha casa minha gente, e assim por diante.
No caso da saúde, o contraste é mais estridente. Os gemidos que sobem das filas do INSS, dos corredores de postos de saúde e hospitais, além da falta de profissionais de saúde e das condições precárias oferecidas setores de baixa renda, tornam-se ensurdecedores diante dos privilégios reservados aos que podem arcar com os custos de um Plano de Saúde. Aliás, estes pagam três vezes: através dos impostos exorbitantes e da previdência social, como todos, acrescentando as prestações do dito plano. Mesmo assim, na hora da enfermidade, não está garantida uma coberta total.
E por falar em Planos de Saúde, vale salientar que todos eles em conjunto cobrem uma população de aproximadamente 40 milhões de pessoas, enquanto o SUS acaba sendo o “Plano de Saúde” de 150 milhões. Ou seja, numa população de 196 milhões, oito de cada dez brasileiros dependem do Sistema único de Saúde. Ainda em termos de comparação, uma consulta médica custa para o SUS cerca de R$ 7,00, ao passo que os diversos Planos de Saúde pagam ao redor de R4 80,00 por consulta. Evidente que os médicos migram em debandada para as unidades de saúde cobertas pelos planos. Concentram-se onde os ganhos são melhores!
Entretanto, não faltam normas para garantir o direito universal à saúde. Este consta, em primeiro lugar, da Declaração Universal dos Direitos Humanos (ONU, 1948); depois, de acordo com a Constituição Federal do Brasil, promulgada em 1988, artigo 196, “a saúde é direito de todos e dever do Estado”; por fim, a Lei Orgânica da Saúde, nº 8.080/1990, que regulamenta o SUS, segundo citação do Pe. Leo, “garante os princípios do direito à saúde, do acesso universal e gratuito, da integração das ações preventivas com as curativas e da participação da comunidade (controle social) que se dá, de modo especial, por meio dos Conselhos de Saúde (criados pela Lei Federal nº 8.142/1990” (idem). A Organização Mundial da Saúde (OMS), por sua vez, define a saúde não como ausência de doenças, e sim como o completo bem estar físico, mental e social. De um ponto de vista ainda mais amplo, poderíamos acrescentar a busca do equilíbrio psíquico e espiritual.
Entretanto, por melhor que sejam, as leis não bastam. O descompasso entre seu conteúdo e seu cumprimento chega a ser quilométrico, para não dizer infinito. Ocorre que, a exemplo de outros benefícios adquiridos, especialmente na área trabalhista e assistencial, o direito à saúde acaba reconvertendo-se em mercadoria. Mercadoria rara e cara, tanto em termos de acesso aos especialistas quanto na aquisição dos remédios necessários. Quem tem saúde deve pagá-la e que não tem deve comprá-la! A mercantilização da medicina constitui uma dos entraves mais sérios a uma saúde pública justa, abrangente e equitativa. A dor, a enfermidade e os medicamentos geram uma “indústria da doença”, altamente lucrativa e cobiçada.
Indústria que pode ser mãe de outra ainda mais indecente: a judicialização da saúde. De fato, para ter acesso aos direitos garantidos pelas leis supracitadas, não basta correr ao primeiro posto de saúde ou ao hospital mais próximo. Muitas vezes será necessário apelar para a justiça. E aqui os custos com a burocracia e os honorários de advogados, acrescidos às perdas dos dias não trabalhados, alimentam outro tipo de “indústria da doença”. Isso para não falar das fraudes, da corrupção, do tráfico de influência, da compra e venda de atestados medidos, e coisas desse gênero.
Nem precisaria concluir que o acesso aos meios de saúde e aos respectivos remédios torna-se bem mais difícil entre alguns segmentos da população. Entre eles, podemos citar os imigrantes sem documentos, os moradores de rua, os prisioneiros, os desempregados, as mulheres prostituídas, a população do campo... Mas a lista não é exaustiva. Nestes casos, vigoram muitas vezes a falta de conhecimento, as distâncias dos centros de saúde ou o simplesmente o medo de expor-se, como no caso dos estrangeiros “sem papéis”.
Uma verdadeira política pública de saúde, além de combater tais “indústrias”, deve concentrar seus esforços na melhoria do SUS – o “Plano de Saúde” dos pobres. Equipamentos de última geração; profissionais bem remunerados; atendimento humanitário; rede ampla e integrada, nas mais diversas especialidade; remédios ao alcance das famílias de baixa renda; descentralização da cidade para o campo, cobrindo todo território nacional... Eis alguns dos desafios!

POLÍTICA NOSSA DE CADA DIA

Pe. Alfredo J. Gonçalves, CS
Alguém pode me explicar como é que um Ministro do alto escalão do Governo Federal, após ser afastado de suas funções por corrupção, retorne tranquilamente ao Congresso Nacional para dar continuidade ao seu mandato de deputado? O mais grave é que o caso vem se repetindo: suspeitos num cargo de suma responsabilidade no poder executivo, como podem assumir uma cadeira de igual responsabilidade no poder legislativo!
Pior ainda, por que seu posto deve ser ocupado por um político do mesmo partido e não por alguém capacitado para a função? Inequivocamente estão em jogo os interesses políticos e a manutenção da base parlamentar de apoio ao governo, não a competência técnica. Embora os termos “balcão de negócios” tenham virado chavão, não tenho outros para classificar esse tipo de comportamento.
Mas o caso não é único. Como é que um magistrado, do alto escalão do poder judiciário, ao ser considerado culpado de algum crime, tem como única punição a aposentadoria compulsória com todos os ganhos correspondentes? Cá para nós, isso é prêmio, não punição! O magistrado deixa de trabalhar e continua com os rendimentos em dia. Coisas dos extraterrestres do Planalto Central. Que diferença para com os pobres trabalhadores da planície, onde nem sempre emprego é sinônimo de salário justo.
Menos mal que o Supremo Tribunal Federal (STF), numa votação recente, tenha acabado de quebrar a blindagem do Poder Judiciário, ao permitir que o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) mantenha os poderes para investigar juízes. Placar apertado, é bem verdade (6 contra 5), mas prevaleceu o bom senso da justiça contra um corporativismo rançoso e obsoleto. A ninguém é permitido estar acima da lei, muito menos aqueles que a elaboram ou trabalham para garantir seu cumprimento.
São dois exemplos recentes, entre tantos outros, que revelam a teia de relações clientelistas e a prática de uma promiscuidade mórbida nos corredores obscuros dos três poderes da União. Revelam especialmente a falência de uma democracia de fachada que, longe de servir aos interesses da população de baixa renda, constitui um arcabouço legal para garantir os privilégios históricos e estruturais das camadas superiores da política brasileira.
Enquanto as classes dominantes se autoprotegem em suas benesses, os segmentos ligados à base da pirâmide social permanecem abandonados à própria sorte. No andar de cima, os “direitos adquiridos” são intocáveis; no andar de baixo, vigoram os favores sempre eventuais, sempre dependentes do chefe de plantão. E, ao longo da história, desde a Colônia à República, passando pelo Império, a repressão cai com toda força para aqueles que ousarem transformar os favores em direitos.
O dia-a-dia da política brasileira expõe uma rede de cumplicidade e de mútua dependência nos escalões superiores dos poderes ditos democráticos. Prevalece o fisiologismo mais descarado, além do tráfico de influência e a corrupção pura e simples. Quando tais ingredientes estão acompanhados da imunidade parlamentar e da impunidade, então estamos num regime claramente patrimonialista. Os responsáveis da democracia representativa deixam de representar as necessidades mais urgentes da nação, para agrupar-se oligárquica e corporativamente em torno dos próprios interesses.

ACNUR se prepara para realocar milhares de refugiados do Mali

GENEBRA, 14 de fevereiro (ACNUR) - O Alto Comissariado da ONU para
Refugiados (ACNUR) informou na ultima sexta-feira que juntamente com os
governos de Burkina Faso, Mauritânia e Níger, deu início ao planejamento
para realocar refugiados do Mali em locais mais seguros, distantes das
áreas de fronteira.

"No norte do Níger, tivemos relatos de um número significativo de
recém-chegados durante o fim de semana - a maioria proveniente das
regiões de Anderboukane e de Menaka no Mali. Até o momento o ACNUR não
confirmou o número total de chegadas ao Níger, mas estima-se que
milhares de malianos entraram no país", disse o porta-voz do ACNUR,
Adrian Edwards, a jornalistas em Genebra.

Funcionários do ACNUR informaram que as pessoas estão vivendo em
abrigos improvisados, submetidos a condições extremas de calor durante
o dia e frio à noite. A situação de saúde é relativamente estável, mas há
incidências de malária, infecção ocular, diarréia e infecção
respiratória. As condições de saneamento e água potável são
precárias.

"Profissionais de saúde do ACNUR estão trabalhando com as autoridades
sanitárias do Níger e agências médicas já estão no local para coordenar
uma resposta", disse Edwards. Ele acrescentou que a agência de
refugiados também está atuando em parceria com o governo do Níger para
realocar os refugiados em regiões mais distantes da fronteira.

"Acabamos de identificar um local para criar um acampamento perto de
Ouallam, uma cidade a 100 km ao norte de Niamey [capital do Níger] . O
campo vai acolher refugiados que atualmente estão em Sinegodar e
Mangaize, na região Tillabery. Alguns refugiados estão relutantes a essa
remoção, já que esperam voltar para casa assim que as condições de
segurança permitirem", afirmou Edwards.

Leia a íntegra desta notícia em: www.acnur.org.br

Jovens promovem campanha sobre desenvolvimento sustentável e Rio+20

Karol Assunção
Jornalista da Adital
Adital
"Fortalecer uma rede mundial de jovens comprometidos com o desenvolvimento sustentável”. Esse é um dos objetivos da Campanha "Rio+Vos”, ação desenvolvida por jovens para chamar a atenção das pessoas para a importância do desenvolvimento sustentável e para a Rio+20, Conferência das Nações Unidas que ocorrerá em junho no Brasil.
Economia verde, desenvolvimento sustentável e erradicação da pobreza são alguns dos temas discutidos pela campanha global. A intenção da iniciativa é incentivar a participação do jovem nessas discussões e que os debates e ações nesse âmbito persistam após o evento da ONU. "Para gerar consciência e difundir massivamente a importância da Rio+20 e de garantir um desenvolvimento sustentável, assim como a urgência da ação individual e coletiva para consegui-lo”, destaca Rio+Vos entre suas finalidades.

A Campanha está aberta a participação de jovens de todo o mundo. Para integrar a iniciativa, basta que o/a interessado/a entre em contato com a pessoa responsável pela Campanha na sua região. A lista da equipe dividida por continente está disponível do site da ação (www.riomasvos.org).

No Uruguai, por exemplo, a campanha foi lançada no último dia 10, em Piriapolis, e entre seus objetivos está estimular a juventude do país a participar dos processos de discussão sobre políticas públicas de sustentabilidade.

Dia da Terra

A juventude não vai esperar até o mês de junho para iniciar debates e ações voltadas para o desenvolvimento sustentável. A campanha Rio+Vos convida os/as participantes a realizar, no dia 22 de abril, Dia da Terra, eventos que chamem atenção das pessoas para a importância do meio ambiente.

A intenção é que, neste dia, organizações possam promover atividades em vários países, cidades e comunidades de "celebração do aniversário de nossa mãe Terra”. A organização da campanha sugere ações como marchas, caminhadas, exibição de filmes sobre meio ambiente, recitais ao ar livre, piqueniques, meditações coletivas, passeios de bicicleta, mostras de arte e limpeza comunitária. Os/as interessados/as também podem desenvolver outras atividades, as quais devem seguir a linha da não-violência, inclusão e celebração da mãe Terra.

Rio+20

Duas décadas depois da Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento, também conhecida como ECO92, a cidade brasileira do Rio de Janeiro (RJ) irá novamente sediar um evento da ONU sobre o tema: dessa vez será a Rio+20, Conferência das Nações Unidas sobre o Desenvolvimento Sustentável.

Entre os dias 20 e 22 de junho, chefes de Estado e de Governo de diversos países se encontrarão no Brasil para avaliar os compromissos assumidos na Conferência de 1992 e discutir os futuros planos no âmbito de desenvolvimento sustentável. "A economia verde no contexto do desenvolvimento sustentável e da erradicação da pobreza”; e "a estrutura institucional para o desenvolvimento sustentável” serão os dois temas principais que nortearão os debates.

Movimentos, redes e organizações preparam Cúpula dos Povos por Justiça Social e Ambiental

Natasha Pitts
Jornalista da Adital
Adital
De 20 a 22 de junho, acontecerá na cidade do Rio de Janeiro, Sudeste do Brasil, a Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, a Rio+20. No entanto, o evento não acontece isoladamente. Movimentos e organizações sociais, de trabalhadores e de meio ambiente estão empenhados na construção da ‘Cúpula dos Povos na Rio+20 por Justiça Social e Ambiental’, que acontecerá também no Rio de Janeiro, no Aterro do Flamengo, de 15 a 23 de junho.

Desde o ano passado, a Cúpula dos Povos está sendo preparada com o intuito de se constituir em um "espaço de fortalecimento no processo de ação, de resistência e de construção de alternativas. E, principalmente, ser um espaço de denúncia das falsas soluções e da nova ‘roupagem verde’ que o capitalismo está se colocando”, manifesta o comunicado do Jubileu Sul Brasil.

Segundo Sandra Quintela, socioeconomista do Instituto de Políticas Alternativas para o Cone Sul (Pacs) e integrante da Rede Jubileu Sul Américas, o processo de organização está caminhando no sentido de construir uma Cúpula que não seja apenas mais um evento. "Queremos nos reunir para denunciar ao mundo o que significa a tal economia verde. A população precisa saber o que está em jogo na Rio+20”, diz.

Os três eixos que nortearão a Cúpula são: denúncia das causas estruturais e novas formas de reprodução do capital; as soluções e novos paradigmas dos povos; e as agendas, campanhas e mobilizações que unificam o processo da luta anticapitalista pós Rio+20.

A programação baseada nesses eixos ainda está em construção, mas, já está certo que nos dias 15 e 16 acontecerão atividades preparatórias e de mobilização. Já na manhã dos dias 18, 19 e 21 serão realizadas as atividades autogestionadas, pela tarde acontecerá a Assembleia dos Povos e à noite estão marcadas mobilizações.

O ponto alto da Cúpula será a Assembleia dos Povos, momento prioritário para organizações, redes e movimentos participantes, onde serão discutidos temas como economia solidária, agroecologia, ecocidades, ecobairros, luta pelas sementes crioulas, lutas contra ofensiva do capital, entre outras pautas.

Os interessados em se engajar nas atividades autogestionadas e nas preparatórias e de mobilização da Cúpula vão ter mais informações e detalhes em breve sobre inscrição. Quem não puder ir ao Rio de Janeiro, ainda assim pode se envolver na luta ‘contra a mercantilização e a financeirização da vida e da natureza’. Redes, movimentos ou pastorais interessadas em contribuir podem realizar ações locais, em especial nos dias de mobilização (5, 17 e 20 de junho). A sugestão é que sejam feitos debates, seminários ou produzidos vídeos com temas relacionados à Cúpula.

Para Sandra, a maior contribuição que pode ser dada é a organização de debates locais a respeito dos eixos que nortearão a Cúpula. "O que os movimentos podem fazer é se organizar mais e ir para o Rio com os assuntos bem debatidos e aprofundados. Estudar assuntos como economia verde, REDD. Também é possível se inserir nos GTs [Grupos de Trabalhos]”.

Rio+20

De 20 a 22 de junho, Chefes de Estado, Governo e outros representantes políticos se reunirão no Rio de Janeiro para participar da Rio+20. O evento, após 20 anos do início das discussões sobre desenvolvimento sustentável -que teve seu pontapé na Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento, a ECO 92 - retomará o tema e buscará aprofundar o debate sobre problemas ambientais mundiais. O foco estará nas pautas sobre economia verde no contexto do desenvolvimento sustentável e da erradicação da pobreza, e o quadro institucional para o desenvolvimento sustentável.

Para mais informações: http://cupuladospovos.org.br/ ou entre em contato pelo e-mail:jubileubrasil@terra.com.br/ou telefones +55 (11) 3112-1524/3105-9702.

terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

A Igreja e o povo que sofre estão de luto, falece Dom Ladislau Biernaski

Dom Ladislau Biernaski, 74 anos, faleceu ontem (13 de Fevereiro) na Diocese de São José dos Pinhais, região metropolitana de Curitiba-PR. Há três meses ele fazia tratamento contra câncer. Dom Ladislau dedicou toda sua vida à Igreja e ao povo que sofre. Atuou como presidente da Pastoral Carcerária, da Pastoral do Menor, e, atualmente, atuava como Presidente da Comissão Pastoral da Terra - CPT. Filho de camponeses poloneses, Dom Ladislau, além do conhecimento teórico, viveu profundamente o drama de milhares de posseiros, pequenos agricultores e famílias sem terra. Neste momento de dor, o Serviço Pastoral dos Migrantes – SPM abraça os familiares de Dom Ladislau, a Diocese de São José dos Pinhais, a CPT e o povo que sofre. E, confiantes nas sementes de esperança, justiça social e bem viver semeadas por Dom Ladislau avançamos de mãos dadas para a construção de um mundo fraterno, justo e sustentável.

Serviço Pastoral dos Migrantes – SPM
Fevereiro de 2012

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

2º Seminário de estudos sobre imigração Brasileira na Europa

As migrações internacionais são uma característica inerente às sociedades contemporâneas, no entanto os deslocamentos de pessoas entre Brasil e Europa são antigos, remontando a relação colônia-metrópole entre Brasil e Portugal. Porém essa antiguidade não se reflete em estagnação ou uniformidade. Se no momento inicial o Brasil era uma grande receptor de imigrantes vindos da Europa, entre outros lugares de origem, a partir de fins do século XX começa-se a perceber os primeiros sinais de mudança de sentido nos fluxos migratórios. A partir da década de 1980 , o Brasil começa a experimentar uma viragem emigratória que se afiançou ao longo do últimos anos do Século XX e primeiros do XXI. A Europa mostrou-se como um destino alternativo (aos tradicionais Estados Unidos e Japão) para os brasileiros e brasileiras que desejavam imigrar e ao longo dos anos subsequentes essa tendência consolidou-se. Segundo o Ministério das Relações Exteriores do Brasil, estima-se que do total de 3.122.813 imigrantes brasileiros/as em todo o mundo, na Europa encontram-se aproximadamente 911.889, o que representa cerca de 29% desse total. Na atualidade, muito possivelmente, estamos perante uma nova viragem de inversão ou reversão dos fluxos, marcada pela atual crise internacional, ao mesmo tempo que Brasil aparece no cenário internacional como potência emergente.

Contudo, a “Europa” corresponde a um conjunto de 50 países, cada um com sua história, cultura, política, economia próprias. De maneira que não se pode considerar a experiência da população brasileira como homogênea em todos esses países. Os diferentes contextos em que essa população se insere, levará, obrigatoriamente, a diferentes trajetórias migratórias. Também é importante reconhecer, que sob a expressão “população brasileira” encontra-se uma diversidade de identidades e experiências marcadas por inúmeros vetores de diferenciação tais como: classe, raça, gênero e local de origem.

Assim, dando continuidade ao 1º Seminário de estudos sobre imigração Brasileira na Europa, realizado em 2010 em Barcelona, propomos conhecer, analisar e debater os mais recentes estudos desenvolvidos sobre esta realidade, com o intuito de contrastar e comparar as diferenças e semelhanças da trajetória e experiência da imigração Brasileira no Continente Europeu. Através do diálogo de diferentes campos de saberes e ação, almejamos, produzir conhecimento crítico, engajado, contextualizado acerca da realidade do/as imigrantes do Brasil na Europa. Mais ainda esperamos contribuir para a criação de ações e políticas migratórias que auxiliem em uma inserção digna, igualitária da comunidade brasileira no continente Europeu assim como também dar pistas para um melhor engajamento das políticas do Estado Brasileiro em relação com a sua diáspora .

Para tanto convidamos as pessoas que, através de atividades de investigação acadêmica, relacionam-se com as temáticas ligadas a imigração Brasileira na Europa a enviarem suas contribuições.

4 a 6 de Junho 2012 – ISCTE/IUL – Instituto Universitário de Lisboa

quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

Missão do Migrante em Novo Cruzeiro (Vale do Jequitinhonha – MG)

Nesse ano a missão “na origem”, isto é, em uma das regiões de onde partem emigrantes temporárias para o trabalho com a cana-de-açúcar (no corte e nas usinas), aconteceu junto ao município de Novo Cruzeiro, no Vale do Jequitinhonha, ao norte de Minas Gerais, particularmente em dois setores, os de Lufa e Queixadas (em 2011 a missão aconteceu na mesma região, contemplando o município de Chapada do Norte).
Participamos em cerca de 50 missionários(as), provenientes de diversas partes do Brasil: padres (4), religiosos(as) e leigos, sendo alguns estudiosos do fenômeno do trabalhador junto à cana-de-açúcar, todos identificando-se, em modo menos ou mais próximo com a Pastoral do Migrante.
Como Scalabrinianos, capitaneados pelo Pe. Antonio Garcia, participamos o abaixo-assinado, Pe. Mário Geremia, Irmã Teresinha Monteiro, seis seminaristas (Jesus e Flávio, da teologia, Jardel, Renato, Hugo e Eduardo Gabriel, da filosofia) e seis leigos (Marisinha, Inês, Felipe e Lena de Ribeirão Pires, Elizete, de Curitiba, e Júnior, de Guariba). Gostaria de frisar que o pequeno relato que apresento abaixo não é em nome da organização, mas pessoal, enquanto scalabriniano.
A partida, em duas Kombis, aconteceu na madrugada da sexta-feira, 20/01. A viagem transcorreu sem problemas e chegamos em Novo Cruzeiro na tarde do sábado, 21/01, onde fomos muito bem acolhidos e celebramos a missa vespertina. Novo Cruzeiro conta com cerca de 32.000 habitantes, distribuídos cerca de 24.000 na zona rural e 8.000 na zona urbana. A paróquia local é dedicada a São Bento, faz parte da diocese de Araçuaí, e conta com cerca de 72 comunidades, em sua maioria rurais. É dirigida por dois padres diocesanos: Pe. Deomiro, pároco, e Pe. Fábio, vigário já em transferência, que também participou da missão. Várias famílias da cidade, os padres e as Irmãs Franciscanas da Penitência e Caridade Cristã, como já assinalei, acolheram-nos muito bem e deram-nos condições para iniciar a missão.
Falando em início, ele aconteceu no domingo, 22/01, com uma jornada de encontro, oração e formação para os missionários, tendo em vista o conhecimento comum mínimo em relação ao município e região e à missão. No final da tarde, devidamente distribuídos em vários grupos missionários menores (em geral com dois ou três membros), partimos para os setores paroquiais de Lufa e Queixadas, onde, respectivamente, aconteceu a missa de envio dos missionários(as). A missão estava começada...
Entre a segunda e a quinta-feira, cada pequeno grupo missionário visitou inúmeras famílias, realizou encontros com crianças, jovens, trabalhadores(as), sempre identificando-se como a Missão do Migrante. Os quatro padres, ao lado das atividades elencadas, celebraram a Eucaristia junto com as diversas comunidades. Nas visitas às casas contávamos todos com um pequeno subsídio de oração e benção, onde estava estampada a imagem de Maria, Mãe dos Migrantes.
Na sexta-feira, todos os missionários(as) e numeroso povo das comunidades encontramo-nos junto à comunidade de Queixadas para um dia de Seminário, onde houve momentos de formação e um momento de debate (em grupos), depois apresentado em plenário, para refletir sobre a realidade da região e possíveis caminhos de desenvolvimento, tendo em vista desde a necessidade da organização para reivindicar melhorias básicas para cada comunidade até questões globais. Contentes, cansados e empoeirados voltamos para Novo Cruzeiro, e a missão começava a chegar ao seu ocaso.
A manhã do sábado, 28/01, foi dedicada à avaliação da missão. Num primeiro momento cada pequeno grupo missionário encontrou-se e procurou identificar os elementos significativos da missão, seus desafios e formular propostas; num segundo momento houve o plenário, onde cada missionário(a) teve a oportunidade de conhecer melhor a realidade vivida pelos outros, visto que, até então, possuía apenas o conhecimento da própria experiência. Foi possível, desse modo, vislumbrar a missão realizada e, os responsáveis primeiros certamente terão tido a oportunidade de colher os dados em vista da continuidade do trabalho realizado, seja em nível local que da pastoral junto aos emigrantes temporários como um todo. Em nível local está previsto um encontro posterior entre o poder público, as pastorais sociais e os representantes das comunidades para, a partir de quanto foi constatado na missão, chegar a conclusões e ações concretas. A Irmã Sandra Pinto de Souza, da Congregação da Providência de Gap, que com paixão tem conduzido a Pastoral do Migrante na Diocese de Araçuaí, concluiu os trabalhos com uma reflexão onde transparecia amor e comprometimento pela causa do migrante.
O momento conclusivo da missão consistiu de uma breve visita ao acampamento do MST (Movimento dos Trabalhadores Sem Terra), acampados junto à fazenda Sul-América, que intitularam seu acampamento a Dom Enzo Rinaldini, bom pastor da Diocese de Araçuaí, falecido em 24/10/2011, grande defensor do povo sofrido. Nossa visita consistiu de um momento de espiritualidade, motivada por eles; de nossa parte, deixamos nosso apoio e torcida pela sua causa. Era chegado o momento de partir de volta para os quatro cantos do Brasil...
Como sublinhei no início, estou narrando a missão a partir do meu ponto de vista, não obstante a avaliação final tenha oferecido a cada um(a) a possibilidade da visão de conjunto. Gostaria, mesmo assim, antes de concluir, de apresentar algumas impressões de conjunto.
Nós encontramos um povo simples e profundamente acolhedor, impregnado pela fé e confiança em Deus (em sua maioria católicos) e, como trabalhadores(as) rurais, profundamente ligado à terra. Das famílias numerosas, um percentual expressivo emigrou para outros lugares, particularmente o estado de São Paulo, onde hoje vivem. Ainda há muitos, sobretudo homens, que partem para trabalhar com a cana-de-acúcar, vários para o corte, mas já muitos para dentro das próprias usinas. A região continua não oferecendo grandes condições para a permanência dos jovens nela, de modo que emigrar, em modo temporário ou não, ainda é uma necessidade para a maioria.


Nossa presença, que procurou apresentar-se com os traços bem definidos de Missão do Migrante, acredito tenha reavivado a fé religiosa das várias comunidades e as tenha motivado à organização em vista de um futuro melhor. Os trabalhadores(as) que estão por partir certamente terão sentido que não estão sós na sua árdua aventura, e já isto é muito significativo.


Como padre e como scalabriniano senti muita alegria em participar desse grupo missionário numeroso. Tenho certeza que esse sentimento perpassa também os demais participantes da missão. Cada um poderia e poderá narrar a realidade que viveu, com seus aspectos emocionantes, dramáticos e suas anedotas... Todos nós, creio, tem a sensação de estar engajados e de que este constituiu um pequeno passo na construção do Reino de Deus, que é de justiça e de paz, particularmente no seu fronte que é a Pastoral do Migrante!
Um abraço fraterno,

Pe. Antônio César Seganfredo, cs
Missionário Scalabriniano

Vale do Jequitinhonha: chapada da esperança e da migração‏

Vale do Jequitinhonha: chapada da esperança e da migração

A missão no Vale do Jequitinhonha (MG) é muito conhecida nos bastidores da vida religiosa. Fala-se sempre desta experiência missionária, especialmente pelos que já foram em algum momento lá. Com isto, não é sem motivo que este lugar desperte em grande parte dos seminaristas e religiosos algum certo tipo de curiosidade. O que tem lá de tão especial assim? Para os que tiverem esta pergunta em mente, afirmo de antemão que jamais encontrarão respostas com qualquer relato ou comentário dos que já foram. Será preciso ir realmente até lá para ficar satisfeito com a resposta desta questão.

A última missão aconteceu na Paróquia de São Bento, da cidade de Novo Cruzeiro, Diocese de Araçuaí, entre os dias 22 e 28 de janeiro, e reuniu mais de 40 missionários (padres, religiosos e religiosas, seminaristas e leigos). O tema da missão nos convidava a refletir sobre uma condição fundamental da comunidade: a projeção das condições de vida para o futuro – “Desenvolvimento local sustentável e segurança alimentar em comunidades rurais: Novo Cruzeiro é possível”. A atividade missionária aconteceu em dois setores rurais específicos: Lufa e Queixada. Sobre a dinâmica institucional religiosa, é preciso dizer que esta paróquia específica tem 72 comunidades pertencentes a ela, e o primeiro entrave começa justamente neste ponto, pois há somente um padre para atender este território.

No encontro de preparação inicial dos missionários, antes da celebração do envio, fomos orientados sobre os aspectos gerais do contexto social, político, cultural e religioso da comunidade. O destaque apontado foi indiscutivelmente o fator migratório na região, que tem sido a vários anos um fenômeno recorrente na localidade. Ou seja, a migração assume nesta condição uma função vital, qual seja a da sobrevivência. Assim, a missão foi uma celebração da vida deste migrante e sua família, pois mais do que a migração pela necessidade de subsistência na origem, ela também é o prolongamento da reprodução simbólica de todos os traços culturais no destino. Esta conjunção de motivações é o exato sentido sobre a mobilidade humana que os missionários foram orientados na preparação inicial, como proposta de envolvimento nas visitas domiciliares e celebrações locais.

Para onde partiram e estão partindo os trabalhadores da comunidade? A primeira informação sobre isto recebi do Pe. Delmiro, o pároco, quando disse que muitas famílias tinham pessoas (maridos, filhos e filhas, tios, sobrinhos, netos) na cidade de Piracicaba (SP). Este dado inicial soou-me como estarrecedor, não pelo fato migratório, mas pelo lugar de destino. Piracicaba? Como piracicabano nato que sou, nunca imaginava que fosse encontrar em Novo Cruzeiro uma migração maciça para Piracicaba, minha cidade natal. Minha tríplice curiosidade estava formada: a de seminarista, a de sociólogo e a de piracicabano. No primeiro momento não fiquei tão convencido que havia tanta ligação com Piracicaba.

Edna, que me recebeu para a primeira noite de hospedagem, foi logo dizendo quando chegamos em sua casa para dormir, que ela tinha uma irmã morando em Piracicaba. Este foi o início de tantos relatos que comecei a ouvir das famílias que realmente tinham parentes e conhecidos em Piracicaba. Quando fomos enviados nas comunidades rurais, fui recebido na casa do Sr. Nelo e Dona Francisca, que também tem um filho vivendo em Piracicaba. Desta forma, aos poucos esta realidade da migração para Piracicaba especificamente foi se demonstrando tão intensa e verídica, que fui constatando o que chamo de curiosa relação Novo Cruzeiro – Piracicaba, que é tão próxima e estreita, cuja distância é superada por transportes locais que levam e trazem migrantes duas vezes por semana pelo custo de R$ 130,00, e com o detalhe importante de estar sempre com a lotação esgotada, obrigando muitos a ficarem numa lista de espera. Quando indaguei sobre o motivo específico porque muitos iam para Piracicaba, a resposta foi unânime: “lá é parecido com a roça daqui”, ou seja, muitos ainda conseguem a possuir a liberdade de andar livremente de bicicletas pelas ruas, algo que numa cidade como São Paulo isso já não é tão possível assim. Esta é a semelhança de contexto que os migrantes constroem no imaginário para viabilizar o destino em Piracicaba.

Com as famílias de Edna e do Sr. Nelo e Dona Francisca que tem pessoas em Piracicaba, foram somando-se as famílias do Sr. Mililiu, Sr. Manoel e Dona Nair, Dega, Girlene, João, Isa, Antonio, Rosa, Marcinho, Ivanildo, entre estes vários que também já estiveram em Piracicaba e retornaram temporariamente para um breve período e depois voltariam para Piracicaba. Este processo “lá” e “cá” tem implicações importantes para a dinâmica social local, pois no retorno à origem, os migrantes sempre trazem consigo novas posturas de sociabilidade, como o fato de que já são poucos os momentos em que os vizinhos se ajudam entre si a bater o feijão. Os antigos laços tradicionais de solidariedade começam a ser desconstruídos. Isto faz com que as atuais dificuldades enfrentadas pela comunidade tornem-se ainda mais complexas, dada a falta de reciprocidade entre os moradores locais.

Assim, problemas com a água cada vez mais escassa, estradas e meios de transportes precários, falta de comunicação via telefone, difícil atendimento à saúde pública, pouca oportunidade para a venda da agricultura familiar, escolas com estruturas de baixa qualidade, etc., vai se constituindo cada vez mais complexos em sua composição, e de inimagináveis possibilidades de soluções.

Por fim, a grande marca que a missão no Vale do Jequitinhonha deixou a todos os missionários foi a bonita capacidade de construir esperanças que todo o povo de Novo Cruzeiro possui. Esperanças renovadas no canto das celebrações, lagrimejadas no olhar da despedida, no afetuoso abraço da partida, na crença do momento de uma palavra bem dita verbalizada na benção do missionário, e muito especialmente na possibilidade da travessia para construir uma vida melhor. O Vale do Jequitinhonha é uma verdade chapada da esperança e da migração.


Eduardo Gabriel, sociólogo e seminarista scalabriniano.

Governo brasileiro aprova 40% das solicitações de anistia de ilegais

São Paulo, 31 jan (EFE).- O governo brasileiro aprovou apenas 40% das 45 mil solicitações de imigrantes ilegais que pretendiam conseguir vistos por meio da Lei de Anistia promulgada em 2009.

A Associação Nacional de Estrangeiros e Imigrantes do Brasil (Aneib) afirmou em comunicado que segundo dados do Ministério da Justiça, 18 mil imigrantes ilegais foram beneficiados pela lei e por isso outros 27 mil voltarão à ilegalidade.

'Lamentamos profundamente esta perda, pois isso significa que quase 30 mil estrangeiros voltarão novamente à ilegalidade no Brasil, uma situação de extrema vulnerabilidade para violações de direitos humanos fundamentais', assinalou à Agência Efe o presidente da Aneib, Grover Calderón.

De acordo com a Aneib, muitas solicitações foram negadas pelo excesso de trâmites e pela dificuldade de muitos imigrantes conseguirem alguns documentos exigidos.

Entre os requisitos para a anistia estava o certificado de trabalho fixo, mas vários dos futuros empregadores brasileiros se negaram a emiti-lo por temerem algum tipo de represália por contratarem estrangeiros que estavam em situação irregular, explicou Calderón.
A maioria de beneficiados com a anistia são bolivianos, chineses e paraguaios, detalhou a Aneib.

No relatório do governo não foram contabilizados os cerca de quatro mil haitianos que se encontram na Amazônia e receberam visto de trabalho nos últimos meses. EFE

Revista VEJA.

Fonte:

http://veja.abril.com.br/noticia/internacional/governo-brasileiro-aprova-40-das-solicitacoes-de-anistia-de-ilegais

http://www.elguialatino.com.br/site/2012/01/anistia-para-estrangeiros-irregulares-no-brasil-somente-18-000-estrangeiros-dos-45-000/

http://exame.abril.com.br/economia/noticias/governo-brasileiro-aprova-40-das-solicitacoes-de-anistia

http://noticias.uol.com.br/ultimas-noticias/efe/2012/01/31/governo-brasileiro-aprova-40-das-solicitacoes-de-anistia-de-ilegais.htm