quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

Pastoral dos Migrantes realiza missa em comemoração aos imigrantes africanos

Tatiana Félix *

Adital - Os jovens estudantes de Guiné-Bissau que vivem em Fortaleza, no Ceará, foram os grandes homenageados pela missa em comemoração ao Dia Internacional do Migrante, realizada no domingo (19), às 19h, na Paróquia Nossa Senhora das Dores, localizada no bairro Otávio Bonfim, na capital cearense. A iniciativa é da Pastoral dos Migrantes, da Arquidiocese de Fortaleza.

De acordo com Frei Beto Reis, que presidiu a missa, durante a celebração também houve reflexão sobre a situação destes jovens imigrantes africanos, já que muitos deles vieram para Fortaleza pensando que teriam boas condições de estudo e moradia, porém, ao contrário do que esperavam, encontraram uma situação bem diferente.

Ele explicou que a procura destes jovens por estudo em Fortaleza se deve à carência de acessos na Guiné-Bissau. O agente pastoral Francisco Vladimir, esclareceu que "eles [estudantes imigrantes] foram enganados por faculdades daqui, que prometeram abrigo universitário e outros benefícios, que não foram concedidos".

Por causa de dificuldades como estas e da sensação de estarem sozinhos em um ambiente social e universitário muito diferente, assim como as dificuldades de inserção em uma nova cultura, é que Frei Beto enfatizou a importância em acolher aos imigrantes. Vladimir também falou sobre o papel da Pastoral dos Migrantes que tem o cuidado em apoiar estes imigrantes, incentivar e valorizar sua expressão cultural. Segundo ele, aproximadamente 600 jovens de Guiné-Bissau vivem e estudam hoje em Fortaleza.

A Pastoral dos Migrantes desenvolve um trabalho de organização com os estudantes africanos para a garantia de seus direitos, dando uma atenção aos problemas concretos, como as dificuldades econômicas ou o mal-estar de se sentirem sozinhos ao enfrentar um ambiente social e universitário, dificuldades de inserção, moradia e vistos.

Dia Internacional dos Migrantes

A celebração em homenagem aos imigrantes, especialmente, aos jovens de Guiné Bisseau, acontece no dia seguinte à comemoração do 11º Dia Internacional dos Migrantes. O dia 18 de dezembro foi a data em que a Organização das Nações Unidas (ONU) adotou a Convenção Internacional para a Proteção dos Direitos de todos os Trabalhadores Migrantes e Membros de suas Famílias. Segundo a ONU, os migrantes constituem o segmento populacional que mais sofreu os efeitos da crise econômica mundial.

Em carta escrita para o 97º Dia Mundial do Migrante e do Refugiado, o papa Bento XVI ressaltou que os jovens migrantes em busca de estudo, são como pontes culturais e econômicas entre os países, além de formarem uma só família humana. A Pastoral do Migrante, organismo da igreja católica que presta apoio e serviços aos migrantes, atua com base no lema "Eu era migrante e tu me acolheste", que se refere ao acolhimento de Cristo Peregrino.

Mais informações sobre a celebração pelo telefone: (85) 3243.6280.



* Jornalista da Adital

Arizona: a xenofobia de Estado e o negócio privado multimilionário de encarcerar imigrantes

David Brooks *

Adital -
Tradução: ADITAL
Empresas da indústria privada carcerária elaboraram e impulsionaram a lei antimigrante do Arizona para gerar lucros multimilionários com o negócio de encarcerar migrantes, revelou hoje National Public Radio (NPR) em uma ampla investigação jornalística, negócio que se tenta repetir em outros Estados do país.

A lei que provocou a maior controvérsia sobre migração e racismo contra latinos, tanto nos Estados Unidos quanto no México, pode ter o efeito de enviar dezenas de milhares de sem documentos para a prisão, o que, potencialmente, poderia gerar centenas de milhões de dólares em lucros para as empresas de cárceres privados que se encarregam de alojar as vítimas da lei, informou NPR.


A chamada lei SB1070 está congelada pelos tribunais; porém, se finalmente for apoiada pelo sistema judiciário, obriga a que as forças de segurança pública no Estado detenham e encarcerem a todo indivíduo que ao ser detido não possa comprovar que entrou nos Estados Unidos de maneira legal.

Apesar de que a governadora Jan Brewer e líderes legislativos estatais, como o senador Russell Pearce atribuam a si o crédito por promover essa lei, após uma extensa investigação de documentos tanto do governo quando de empresários, e entrevistas com alguns participantes nesse esforço legislativo, NPR descobriu que houve um esforço silencioso e nos ‘bastidores' para ajudar a redigir e arpovar a SB1070 por uma indústria que sairia beneficiada: a de prisões privadas. As empresas de prisões tinham um novo modelo de negócios para encarcerar os imigrantes sem documentos. E o plano se tornou a lei de imigração do Arizona, afirmou em sua reportagem a cadeia nacional de rádio pública.

NPR revelou que apesar de que Pearce disse que a SB1070 foi ideia sua, em vez de negociá-la na legislatura, o senador estatal primeiramente a apresentou em uma reunião privada de empresários e legisladores estatais em Washington, a American Legislativa Exchange Council ou ALEC. Entre os membros influentes dessa associação está a Corrections Corporation of America (CCA), a maior empresa de prisões privadas do país. Foi nessa ocasião que se deu forma à ideia de Pearce, algo que os participantes, orgulhosamente, descrevem como resultado do trabalho cooperativo entre legisladores e o setor privado. Em quatro dias o projeto de lei modelo foi elaborado nessa reunião de empresários e legisladores estatais e quatro meses depois esse modelo de lei transformou-se quase que literalmente palavra por palavra na lei de imigração do Arizona.

Porém, não parou por aí. A empresa CCA contratou um poderoso agente no Arizona, enquanto 36 legisladores declararam de imediato seu apoio ao projeto de lei (dois terços deles também estavam na reunião do ALEC ou são membros dessa associação). De repente, começaram a fluir doações financeiras eleitorais para políticos favoráveis à lei (30 de seus patrocinadores receberam doações da CCA e de outras empresas de prisões privadas), segundo NPR.

A própria governadora Brewer também tem vínculos com essas empresas: seu porta-voz e seu diretor de campanhas são ex-agentes de empresas de prisões privadas. Os executivos da CCA acreditam que a detenção de imigrantes é o próximo grande mercado para eles, e em um relatório da empresa em 2009, afirmam que esperavam gerar uma porção significativa de lucros através da Agência Federal de Imigração e Alfândegas (ICE), encarregada de deter migrantes.

O presidente de outra dessas empresas, o Geo-Group, em uma teleconferência com investidores, felizmente comentou sobre as oportunidades em âmbito federal em torno à migração. "Essa gente que cruza a fronteira e que é presa terá que ser detida e, para mim, pelo menos assim o considero, haverá melhores oportunidades para o que nós fazemos". Ou seja, o negócio de encarcerar migrantes.

Há um mês, o Center of American Progress Action Fund, uma ONG e centro de análises política em Washington, publicou uma investigação em seu site ThinkProgress sobre o papel da indústria carcerária privada na promoção da SB1070. A CCA assinalou que estava para receber mais de 74 milhões em fundos públicos para administrar centros de detenção de migrantes no ano fiscal de 2010; e que a prosperidade dessa empresa no futuro dependerá cada vez mais de aumentar o número de migrantes enviados às prisões. ThinkProgress advertiu que a CCA e outras empresas parecidas canalizam fundos para promover projetos de lei idênticos a SB1070 em vários Estados de todo o país, sobretudo no Tennessee, na Flórida, no Colorado, em Oklahoma e na Pensilvânia.

As revelações de hoje demonstram que a detenção de imigrantes nos Estados Unidos não é impulsionada pela justiça, mas por uma indústria de prisões privadas que buscam formas de lucrar com o encarceramento de babás e jardineiros, denunciou Ali Noorani, diretor executivo do Fórum Nacional de Imigração, em Washington.


* Correspondente do diario La Jornada nos EUA

A utopia de um novo Brasil

Selvino Heck *

Adital -
Março de 2004, II Conferência Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional, Olinda, Pernambuco. O presidente Lula, em sua saudação aos participantes, diz, brincando, como é de seu feitio, uma frase que nunca me saiu da cabeça: "E aí veio o Frei Betto e inventou esta história de MESA, COPO, PRATO, SAL e TALHER.!" O presidente referia-se às palavras-siglas que marcaram a primeira etapa do Fome Zero, cujas políticas, programas e resultados são hoje reconhecidos em todo mundo.
A única palavra-sigla que ‘pegou’ e existe até hoje foi a do TALHER, a partir da qual se construíram duas iniciativas ou programas: a Rede TALHER de Educação Cidadã (RECID) e o Escolas-Irmãs. Frei Betto usava muito uma frase, espécie de lema ou resumo da política social do governo Lula: "Matar a fome de pão, urgente e necessária, e, tanto quanto, saciar a sede de beleza." Em barriga vazia, não entram projetos de futuro, não cabem sonhos. Ao lado e junto do prato de comida, da renda e do trabalho, são necessários a dignidade, a cidadania, a compreensão do mundo, a participação na construção da democracia, o bem-viver.


Dezembro de 2010: a RECID realiza sua III Ciranda de formação e o 10º Encontro Nacional no Centro de Formação Vicente Cañas, na Chácara do CIMI, em Luziânia, Goiás, com o tema: "Com os pés no chão da história, celebramos a caminhada e construímos a utopia de um novo Brasil". Na programação, um ato político no Palácio do Planalto, de agradecimento ao governo pelo apoio, com presença do Chefe de Gabinete do presidente Lula, Gilberto Carvalho. 150 lideranças sociais e educadores/as populares agradeceram o apoio do governo, dançaram uma ciranda em pleno Palácio, transformando em festa e alegria as severas paredes e salões.

Gilberto Carvalho, beirando o choro e segurando as lágrimas, falou: "Foi o povo que segurou o governo Lula nos momentos mais difíceis. E foram vocês, com seu trabalho com os mais pobres, os excluídos e os trabalhadores, com sua dedicação muitas vezes fizeram o governo mudar, e para melhor. Muito obrigado a todas e todos vocês."

Nádia e Paulo Matoso falaram em nome da Rede de Educação Cidadã. Paulo falou: "Nossa opção é pela construção de um novo projeto de sociedade, por meio da educação popular, da comunicação e da cultura, como espaço de ação política, herdada de várias lutas da história do povo brasileiro. Nossa educação, referenciada em uma metodologia libertadora, dá-se em atividades em todos os estados do país e o Distrito Federal, por meio de mais de 2 mil oficinas e centenas de encontros estaduais, microrregionais e nacionais.

A RECID só tem sentido se: principalmente, quanto à questão de como transformar a realidade também a partir do Estado. E como transformar o Estado junto à sociedade civil. A Rede busca a realização de processos de forma horizontal e emancipatória; continuar com suas ações no âmbito da defesa e garantia de direitos sociais fundamentais, recriando novas relações de trabalho e fomentando novas experiências de produção; forjar a mudança do marco legal para possibilitar, com mais viabilidade, o acesso a recursos públicos por parte das camadas populares. Construir referência de classe enquanto ferramenta de intervenção frente ao Estado, fortalecendo o tripé: formação, articulação e luta; vivenciar, na organicidade e na gestão compartilhada, política, pedagógica e econômica, a coletividade, a participação, a transparência, a construção da autonomia e da autogestão; transformar os vários programas de governo em políticas de Estado com controle social. Isso tudo é o nosso ensaio para a realidade. Estamos fazendo. Sustentando o céu para que ele não caia. Agradecemos o governo pela cumplicidade e parceria na realização de todas essas ações. Salientamos a importância de continuarmos com esta parceria para a construção de uma nova sociedade".

O relatório final da Ciranda e do Encontro Nacional abre assim: "Pé dentro (do governo), pé fora (na sociedade). Os pés são um bom símbolo. Nossos pés pisaram esse chão, amassaram esse barro, dançaram essas canções, mas, acima de tudo, contaram as histórias, partilharam as angústias e as alegrias dos grupos de base, das articulações políticas, da luta pelos direitos humanos, da ação dos educadores e educadoras, das vidas que se renovaram, dos sonhos que se refizeram.

Pé dentro, pé fora. Nossas contradições apontaram também nossos limites, mas puderam revelar nossas riquezas. Esses pés que nos levaram a Brasília subiram as rampas do Palácio do Planalto e dançaram na sala de reuniões. Apontou-se para o aprofundamento do diálogo com o governo. Nossa razão de ser, a construção do poder popular por meio da educação freireana, no entanto, precisa ser pensada na intencionalidade política, na sua organicidade e nas formas de sua sustentação. Pé na utopia, pé no chão. E pé na estrada. O caminho se faz caminhando!

Fé na vida e fé na gente: não é só uma música das muitas que embalam nossos encontros. É uma crença. Aprendizes nesta ciranda; aprendentes neste encontro.

E nossos pés, agora, retornam, uns para mais longe, outros para mais perto. Vamos, na roda da vida, levando o sorriso do palhaço, a batida do violão do Chico, o cheiro das mangas, as profundas reflexões desses encontros, as certezas e as dúvidas. A vontade carregada de partilhar com quem segura conosco o céu de nossos trabalhos de base. Pé dentro, pé fora. Agora estão na Chácara do CIMI, daqui a pouco pisarão o solo sagrado de nossa agente. E levaremos nossa bagagem, repleta de novos e velhos olhares, para saber que um ‘um sonho que se sonha só é só um sonho, mas um sonho que se sonha junto constrói uma Rede’".

A utopia de um novo Brasil continua nascendo e está sendo construída em muitos lugares: de baixo para cima, com ‘os de baixo’, como dizia Florestan Fernandes, com mobilização, com luta, com educação popular e democracia.

Viva o Povo Brasileiro!

Em dezessete de dezembro de dois mil e dez.


* Assessor Especial do Presidente da República do Brasil. Da Coordenação Nacional do Movimento Fé e Política

Violência, pobreza e desigualdade

CCS *

Adital -
Tradução: ADITAL
Por Xavier Caño Tamayo
Jornalista e escritor

O último Latinobarômetro indica que cresce o apoio à democracia na América Latina (61% dos entrevistados). Porém, também mostra que 27% de mortes violentas no mundo acontecem na América Latina, apesar de que sua população não atinge 9% do total do planeta. Nos últimos 10 anos, 1.200.000 pessoas foram mortas violentamente na região.

Favelas ocupadas pela polícia militar, gangues assassinas na América Central; matanças no México; 25.000 desaparecidos forçosos, assassinatos e massacres na Colômbia... Somente a Costa Rica, Cuba, o Peru, a Argentina, o Chile e o Uruguai apresentam índices abaixo do que se considera violência epidêmica: 8 homicídios por ano por cada 100.000 habitantes. A maior taxa de assassinatos do mundo se dá na América Latina.


Como explicar tão terrível realidade? Os latinoamericanos são violentos por natureza? Alguma maldição foi lançada sobre a América Latina?

A resposta é proporcionada por um estudo recente da Fundação Latinoamericana de Ciências Sociais. O relatório mostra como a pobreza, a desigualdade e a falta de oportunidades são os principais fundamentos da violência. Apesar de que o narcotráfico e o tráfico de armas ligeiras atuem como aceleradores da criminalidade assassina.

Fatos. Segundo a Organização Iberoamericana da Juventude, a metade dos mais de 100 milhões de jovens latinoamericanos entre 15 a 24 anos não tem trabalho nem possibilidades de tê-lo. Segundo a Comissão Econômica para a América Latina e Caribe (CEPAL), a região tem um dos mais altos índices de emprego informal em jovens, além do que um em cada quatro jovens latinoamericanos não trabalha nem estuda. Um mundo jovem sem horizontes. Um mundo de jovens na pobreza.

Fatos. Segundo a CEPAL, nos últimos anos, a pobreza e a pobreza extrema na América Latina têm afetado e afetam uns35% da população. Quase 190 milhões de latinoamericanos. E segundo a OCDE, uns40 milhões de cidadãos caíram ou cairão na pobreza na América Latina antes de 2010 terminar.

Fatos. Segundo as Nações Unidas, existe pobreza quando as pessoas, para viver com dignidade, não podem satisfazer as necessidades básicas: alimentação suficiente, água potável, viver em habitação digna, dispor de instalações sanitárias essenciais, educação básica... O Banco Mundial quantifica essa pobreza agregando que está na pobreza extrema quem ‘vive' com menos de um dólar e um quarto ao dia e; além desse sofrimento de não dispor do necessário para viver, padece com enfermidades que não atacam aos que têm como viver bem. Ninguém nessa sociedade conta com os pobres e não conta nada para os pobres. Pobreza frequente na América Latina e no Caribe que, segundo a CEPAL, é a região mais desigual do mundo.

Fatos. Segundo o Relatório sobre a Riqueza Mundial 2010, publicado por Capgemini e Merrill Lynch, as fortunas dos latinoamericanos ricos (os que possuem mais de um milhão de dólares em investimentos financeiros, sem contar o valor de suas casas, coleções de arte ou outros bens consumíveis e duradouros) cresceram uns15% em 2009. Desde o início da crise, nos últimos dois anos, as fortunas dos latinoamericanos ricos cresceram mais do que as de qualquer outra região do mundo. São 500.000 ricos, segundo o relatório de Capgemini e Merrill Lynch. Meio milhão contra 190 milhões. Porque na economia e na riqueza, de alguma maneira, acontece como na física: a matéria não se cria e nem se destrói; somente se transforma em energia. De maneira similar, a riqueza é finita, limitada e se poucos se apropriam de tudo, muitos vão carecer de tudo. Não é matematicamente assim; porém, em muito se aproxima.

Ou seja, existem outras razões para explicar a violência na América Latina que vão além dos mitos, tópicos, falácias e meias verdades. Porque pobreza e desigualdade sempre têm a ver com morte e dor. Ou, acaso é por casualidade e má sorte que 64% dos oito milhões de mortes por câncer no mundo acontecem em regiões onde a população tem os ingressos mais baixos, que dedicam somente 5% do dinheiro na luta contra o câncer?

De coração e olhando-nos nos olhos, você poderia viver com um dólar e um quarto por dia?


* Centro de Colaborações Solidárias

Lula encerra governo com aprovação recorde, mostra CNI-Ibope

Adital - Pesquisa do Ibope, encomendada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), mostra que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem aprovação de 87% da população, a maior registrada até agora, ao fim dos seus oito anos de mandato. O índice de brasileiros que aprova o governo é de 80% e o dos que confiam no presidente é recorde: 81%.
Entre as pessoas ouvidas, 62% acham que a presidenta eleita, Dilma Rousseff, fará um governo ótimo ou bom. Na comparação com o governo Lula, 18% consideram que a administração de Dilma será melhor, 58% que será igual e 14% que será pior. A pesquisa foi feita entre os dias 4 e 7 de dezembro, com 2002 pessoas, em 140 municípios.

Fonte: Lourenço Canuto da Agência Brasil

Dez conselhos para viver a religião

Frei Betto *

Adital -
1. Religue-se. Evite o solipsismo, o individualismo, a solidão nefasta. Religue-se ao mais profundo de si mesmo, lá onde se cultivam os bens infinitos; à natureza, da qual somos todos expressão e consciência; ao próximo, de quem inevitavelmente dependemos; a Deus, que nos ama incondicionalmente. Isto é religião, re-ligar.
2. Tenha presente que as religiões surgiram na história da humanidade há cerca de oito mil anos. A espiritualidade, porém, é tão antiga quanto a própria humanidade. Ela é o fundamento de toda religião, assim como o amor em relação à família. Busque na sua religião aprimorar a sua espiritualidade. Desconfie de religião que não cultiva a espiritualidade e prioriza dogmas, preceitos, mandamentos, hierarquias e leis.


3. Verifique se a sua religião está centrada no dom maior de Deus: a vida. Religião centrada na autoridade, na doutrina, na ideia de pecado, na predestinação, é ópio do povo. "Vim para que todos tenham vida e vida em abundância", disse Jesus (João 10,10). Portanto, a religião não pode manter-se indiferente a tudo que impede ou ameaça a vida: opressão, exclusão, submissão, discriminação, desqualificação de quem não abraça o mesmo credo.

4. Engaje-se numa comunidade religiosa comprometida com o aprimoramento da espiritualidade. Religião é comunhão. E imprima à sua comunidade caráter social: combate à miséria; solidariedade aos pobres e injustiçados; defesa intransigente da vida; denúncia das estruturas de morte; anúncio de um "outro mundo possível", mais justo e livre, onde todos possam viver com dignidade e felicidade.

5. Interiorize sua experiência religiosa. Transforme o seu crer no seu fazer. Reduza a contradição entre a sua oração e a sua ação. Faça pelos outros o que gostaria que fizessem por você. Ame assim como Deus nos ama: incondicionalmente.

6. Ore. Religião sem oração é cardápio sem alimento. Reserve um momento de seu dia para encontrar-se com Deus no mais íntimo de si mesmo. Medite. Deixe o Espírito divino lapidar o seu espírito, desatar os seus nós interiores, dilatar sua capacidade amorosa.

7. Seja tolerante com as outras religiões, assim como gostaria que fossem com a sua. Livre-se de qualquer tendência fundamentalista de quem se julga dono da verdade e melhor intérprete da vontade de Deus. Procure dialogar com aqueles que manifestam crenças diferentes da sua. Quem ama não é intolerante.

8. Lembre-se: Deus não tem religião. Nós é que, ao institucionalizar diferentes experiências espirituais, criamos as religiões. Todas elas estão inseridas neste mundo em que vivemos e mantêm com ele uma intrínseca inter-relação. Toda religião desempenha, na sociedade em que se insere, um papel político, seja legitimando injustiças, ao se manter indiferente a elas, seja ao denunciá-las profeticamente em nome do princípio de que somos todos filhos e filhas de Deus. Portanto, temos o direito de fazer da humanidade uma família.

9. A árvore se conhece pelos frutos. Avalie se a sua religião é amorosa ou excludente, semeadoras de bênçãos ou arauto do inferno, serva do projeto de Deus na história humana ou do poder do dinheiro.

10. Deus é amor. Religião que não conduz ao amor não é coisa de Deus. Mais importante que ter fé, abraçar uma religião, frequentar templos, é amar. "Ainda que eu tivesse fé capaz de transportar montanhas, se não tivesse o amor isso de nada me serviria", disse o apóstolo Paulo (1 Coríntios 13, 2). Mais vale um ateu que ama que um crente que odeia, discrimina e oprime. O amor é a raiz e o fruto de toda verdadeira religião; e a experiência de Deus, de toda autêntica fé.

[Autor do romance "Um homem chamado Jesus" (Rocco, Brasil), entre outros livros. www.freibetto.org - twitter:@freibetto
Copyright 2010 - FREI BETTO - Não é permitida a reprodução deste artigo em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização do autor. Assine todos os artigos do escritor e os receberá diretamente em seu e-mail. Contato - MHPAL - Agência Literária (mhpal@terra.com.br)].


* Escritor e assessor de movimentos sociais

Estudo destaca falta de políticas exclusivas para mulheres migrantes

Karol Assunção *

Adital -
Quem são as mulheres andinas migrantes? Por que migram? Essas são algumas perguntas que a organização "Abrindo Mundos" quis responder com o estudo: "Mulheres Migrantes Andinas". De acordo com a pesquisa, apesar da crescente "feminização" migratória, ainda são poucas as experiências de políticas de apoio exclusivas para mulheres migrantes.
O documento destaca as mulheres que saíram de quatro países andinos (Bolívia, Equador, Peru e Colômbia) rumo à Espanha. Segundo o estudo, no início do ano passado, o país europeu possuía 128.088 trabalhadoras bolivianas, 209.101 colombianas, 161.557 equatorianas e 68.634 peruanas. A maioria delas se concentrava em três comunidades espanholas: Madri, Barcelona e Valencia.


Mesmo com o aumento da migração de mulheres andinas, a pesquisa revela que o fenômeno ainda é pouco estudado, o que contribui para a falta de políticas voltadas para essa parcela da população. Com base nisso, o estudo ressalta a importância de se ter políticas de apoio específicas para as mulheres por conta de suas particularidades de gênero.

A pesquisa cita, por exemplo, que as mulheres são mais vulneráveis à exploração trabalhista por conta das atividades que realizam para outras pessoas - principalmente quando não possuem documentos -, e ao comércio sexual.

Quem são as migrantes andinas?

O estudo destaca que as migrantes andinas da atualidade têm entre 23 e 35 anos, possuem ensino médio completo - muitas até com ensino superior ou técnico também completo. Entretanto, apesar o grau de escolaridade relativamente alto, vão, geralmente, realizar serviço doméstico familiar e de cuidado, tarefas de limpeza, e trabalhar em hotéis, comércio, turismo e prostituição.

Apesar das diversidades culturais, sociais e econômicas, o relatório consegue apresentar aspectos semelhantes na migração das mulheres andinas. "os testemunhos deixam entrever nos processos migratórios das mulheres padrões similares de violência e exclusão, ao mesmo tempo, experiências que dão conta de processos de autonomia e empoderamento", destaca o resumo executivo do estudo.

De acordo com a pesquisa, as mulheres atuais não estão mais migrando acompanhadas de esposos ou companheiros. Muitas já vão sozinhas para o outro país, "como protagonista de um projeto familiar" ou profissional. "São as mulheres que assumem na prática concreta aspirações de melhores condições materiais de vida - como é a moradia própria ou investimentos para instalar um negócio, por exemplo - ou de mudança de status social, expressado geralmente na educação de filhos e filhas e no desejo de uma melhor vida para eles", aponta.

Prova disso é que, conforme o estudo, mesmo com salários menores, as mulheres enviam aos familiares que ficaram no país de origem mais dinheiro e com maior frequência do que os homens. Com base em recente pesquisa, o relatório mostra que elas contribuem com cerca de 60% das transferências efetuadas por migrantes para os países de origem e enviam aproximadamente 40% de seus salários. Enquanto isso, os homens enviam apenas 14% de suas remunerações.

Para ler o estudo completo, acesse: http://www.intermonoxfam.org/UnidadesInformacion/anexos/11945/101103_mujeresandinas.pdf



* Jornalista da Adital

Uma em cada quatro já foi vitima agressão por companheiros ou ex companheiro

Adital - Pesquisa divulgada nesta última quarta-feira (15) revela que 25% das mulheres brasileiras já foram agredidas fisicamente por seu companheiro ou ex-companheiro, totalizando um número de 280 mil agressões. A pesquisa foi realizada entre os meses de setembro de 2008 a setembro de 2009.
A pesquisa também revela que 80,5% dos casos de violência conjugal contra a mulher acontecem dentro de casa. O estudo é baseado em dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) de 2009 e visa traçar um perfil sociodemográfico das vítimas de agressão no país.

2.400 pessoas já morreram e OMS descarta investigar origem da cólera no país

2.400 pessoas já morreram e OMS descarta investigar origem da cólera no país


Letra
A- A+


Tatiana Félix *

Adital -
A Organização Mundial de Saúde (OMS) divulgou hoje (17) sua decisão de descartar temporariamente a possibilidade de se investigar a origem da epidemia de cólera no Haiti. O motivo é que a entidade visa dar prioridade na prevenção da doença, que já provocou a morte de mais de 2.400 pessoas e a infecção de mais de 112 mil haitianos e haitianas. "Por agora a prioridade não é investigar sobre a origem do surto, mas, evitar sua propagação e assistir aos enfermos", disse a porta-voz da OMS, Fadéla Chaib.
No entanto, os movimentos populares haitianos exigem uma investigação sobre a origem da epidemia, já que para a população são os soldados das tropas da Missão das Nações Unidas para a Estabilização do Haiti (Minustah) os verdadeiros transmissores da bactéria da cólera.


Desde que a doença ressurgiu no Haiti, depois de um século de ter sido erradicada, a população tem realizado intensos protestos para exigir a saída do batalhão nepalês da Missão da ONU, que chegaram poucos dias antes da aparição da doença no território.

Um estudo feito pelo especialista francês em epidemia, Renaud Piarroux, confirmou que a doença foi "importada" e chegou ao Haiti através da base nepalesa da Minustah. Segundo especialistas, no Nepal também existe uma epidemia de cólera e a doença no Haiti surgiu depois que os soldados nepaleses chegaram e se assentaram na região central do país, onde os primeiros casos de cólera surgiram.

A OMS admitiu recentemente que a cólera no Haiti pode ter se originado pela contaminação do rio Artibonito, na região central do país. A entidade também reconheceu que a bactéria da cólera no Haiti é a mesma da região sudeste da Ásia, no entanto, não conseguem precisar de que forma a bactéria poderia ter chegado ao território haitiano.

A epidemia, que já infectou dez departamentos do país, tem desestruturado as autoridades haitianas. Além disso, o surto também já ultrapassou as fronteiras e chegou à fronteiriça República Dominica, que confirmou 20 casos de cólera em seu território.

A chefa de informação da ONU em Genebra, na Suíça, Corinne Momal-Vanian, falou sobre a possibilidade de os atos terem sido "politicamente manipulados" devido às recentes eleições no Haiti. A Unicef também chamou atenção para que a crise eleitoral não atrapalhe na assistência aos doentes de cólera. Nas últimas semanas o país tem vivenciado violentos protestos por conta das eleições, que já resultaram na morte de pelo menos quatro pessoas.

A cólera é uma infecção intestinal aguda causada pela ingestão de alimentos ou de água contaminada pela bactéria Vibrio Cholerae. Os sintomas da doença são febre alta, diarreias e vômitos intensos, que podem levar à forte desidratação e à morte.


* Jornalista da Adital

sábado, 18 de dezembro de 2010

Celebrando 18 de dezembro - Dia Internacional do Migrante!

“A fé e a esperança de vocês estão em Deus” (1Pd 1,21)





Na origem deste dia está a Convenção Internacional sobre a Proteção dos direitos de Todos os Trabalhadores e Trabalhadoras Migrantes e Membros de suas Famílias, aprovada pela ONU em 1990. Desde então, na luta pela defesa dos direitos humanos dos migrantes, faz parte da agenda de todos os grupos e organizações que trabalham junto aos migrantes, a preocupação pela ratificação da Convenção. Diferentemente de outras Convenções, esta não tem contado com boa e ampla recepção e adesão por parte dos países. De fato esse processo reflete a situação social, econômica e política que existe em cada país, de modo que o processo de ratificação é um sinal efetivo do empoderamento dos grupos e movimentos sociais que atuam junto aos migrantes na defesa de seus direitos humanos e de cidadania.



Inúmeras situações em que os migrantes são vítimas de agressões, negação de direitos e mesmo morte, foram veiculadas pela mídia ao longo de 2010. Citamos aqui duas delas: 1) Em agosto, no México, 72 migrantes foram mortos por traficantes do cartel Los Zetas, após negarem-se a trabalhar para o crime organizado; 2) Há poucos dias, um naufrágio matou pelo menos 28 iraquianos que buscavam asilo na Austrália, viajando num pequeno barco de madeira indonésio. A vida destes homens e mulheres na mão dos que traficam pessoas e/ou intermediam o ingresso irregular vale muito pouco. Fatos como estes são trevas a serem dissipadas! O Natal do Senhor é luz que vem para iluminar o caminho.



A realidade, felizmente, não é feita só de trevas. Nela também germinam sementes de boa vontade, florescem iniciativas de solidariedade e acolhida, frutificam políticas que sinalizam para uma sociedade mais humana e cidadã. Neste sentido é que desafiados pela celebração do dia internacional do migrante, somos chamados a ver e anunciar que também existe luz e sentido para nossa esperança.



Celebramos neste Dia Internacional do Migrante, o envio da Mensagem de nº 896, encaminhada pelo Presidente da República ao Congresso Nacional, propondo a Ratificação da Convenção sobre a Proteção dos Direitos dos Trabalhadores Migrantes e Membros de suas Famílias. Sem dúvida, esse acontecimento é uma primeira vitória no processo de ratificação, tanto da sociedade civil, como de segmentos do próprio Estado e dos partidos políticos que têm representação popular, que em função de seu campo de atuação são sensíveis à causa dos migrantes. Há razões para acreditarmos e termos esperança de que dias melhores para os migrantes e suas famílias no Brasil poderão resultar ao final deste processo.



Luzes e trevas, como o joio e o trigo de que o Evangelho nos fala, estão misturados em nossa realidade. Os homens e mulheres migrantes têm urgência em suas necessidades, em suas dores, clamam por justiça e respeito à sua condição humana e cidadã. Fazem parte do povo de Deus, para o qual um ‘menino nasceu’, simples e pobre, mas nele estavam e estão todas as esperanças e sonhos de um mundo melhor em que a felicidade seria um direito para todos.



Sejamos companheiros e companheiras destes caminhantes e, para aqueles amigos e amigas que partilham de nossa espiritualidade, que o discipulado e a missão encontrem nas boas práticas um efetivo sinal de que a boa nova está sendo anunciada.



O Instituo Migrações e Direitos Humanos (IMDH) deseja a todos e todas um FELIZ NATAL e abençoado 2011!

Declaraciones de inmigrantes revelan discriminación durante la búsqueda de una vida digna

Declaraciones de inmigrantes revelan discriminación durante la búsqueda de una vida digna


Letra
A- A+


Natasha Pitts *

Adital -
La mesa de debates "El protagonismo de los y de las migrantes en los procesos de construcción de políticas migratorias, reivindicaciones y bandera de lucha, realidad social y desafíos" cumplió este miércoles (15) una de las principales funciones de la Cumbre Social del Mercosur: dar voz y la posibilidad de participar a los actores sociales.
Por medio de la presentación de la realidad de los migrantes en los países en que eligieron para vivir, hombres y mujeres hablaron sobre sus batallas diarias y las situaciones por las que pasan únicamente por ser migrantes.

Las variadas realidades mostradas por Claudio Schuh (inmigrante brasilero en Paraguay), Porfirio Leonor Ramírez (inmigrante paraguayo en Brasil) y Jobana Moya (inmigrante boliviana en Brasil) comprobaron que en cada lugar, en cada país, el preconcepto se repite diariamente en la búsqueda de empleo, de educación y de salud.


Schuh relató una realidad desconocida por muchos. Productor rural residente en Paraguay desde hace más de 20 años, el brasilero asegura que la xenofobia también alcanza a algunos propietarios de tierras locales, que son rechazados y tratados como latifundistas. La batalla por documentos también es una realidad. Inclusive pagando las tasas necesarias, muchos inmigrantes son obligados a volver a Brasil porque no consiguen recibir la documentación necesaria para permanecer en el país.

"La situación de los migrantes mejoró con el gobierno del presidente Fernando Lugo, pero todavía es difícil. Intentamos resolverlo con el gobierno brasilero, pero a ellos tampoco les interesa. Nadie quiere responsabilizarse", se lamenta.

La lucha por trabajo digno es uno de los más graves problemas que enfrentan los inmigrantes. En el caso de los bolivianos residentes en Brasil, buena parte encuentra trabajo sólo en las confecciones, donde son obligados, muchas veces, a trabajar por más de 20 horas al día, ganando sólo un plato de comida o de 0,30 a 1,50 por pieza. De acuerdo con la organización Tortura Nunca Más (SP), los fiscales del Ministerio de Trabajo estiman que existen hoy, solamente en el Gran San Pablo, de ocho a 10 mil talleres que emplean a cerca de 80 a 100 mil sudamericanos.

En la búsqueda de educación y capacitación los inmigrantes encuentran otras barreras motivadas por la discriminación. Una noticia divulgada ampliamente en septiembre de este año, reveló lo que pasan los estudiantes extranjeros de escuelas públicas en San Pablo. En general, la persecución es contra los bolivianos. En escuelas como la estadual Padre Anchieta, en el Brás, los inmigrantes deben pagar para no quedarse afuera de la escuela. Dinero o merienda, no importa, es preciso dar una garantía para no ser atacados.

"Existe discriminación en las escuelas, en los puestos de salud, en la búsqueda de trabajo. Es una discriminación sutil. Hay casi un consenso de que los inmigrantes quieren todo regalado, sin esforzarse, sin trabajar y que quieren además ocupar el espacio de la población local", relata Jobana, boliviana residente en San Pablo.

No sólo de parte de los disertantes, sino también del público que asistía a las declaraciones surgió un persistente pedido de que la lucha de los migrantes sea llevada adelante para que la realidad se transforme, para que se salga del campo de las propuestas y de los debates, para que los migrantes propongan la agenda de demandas y sean los protagonistas de las transformaciones necesarias y urgentes.

Como estrategia para solucionar la xenofobia, Carlos Valderrama, de la Asociación Cultural y Casa de los Inmigrantes "Cesar Vallejos" (ACCICEV) convoca a las naciones del Cono Sur a unirse. "Si no hay integración en la lucha, no habrá un enfrentamiento concreto de los problemas que cercan a los migrantes", afirma.

Traducción: Daniel Barrantes - barrantes.daniel@gmail.com


* Periodista de Adital

DECLARAÇÃO FINAL: MIGRAÇÕES E DIREITOS HUMANOS NA X CÚPULA SOCIAL DO MERCOSUL

ÑANDEVA – TODOS NÓS
14 a 16 de dezembro de 2010
Parque Tecnológico de Itaipu - Foz do Iguaçu - Paraná
DECLARAÇÃO FINAL
MIGRAÇÕES E DIREITOS HUMANOS NA X CÚPULA SOCIAL DO MERCOSUL
“Por um Mercosul livre de xenofobia, racismo e toda forma de discriminação”
No marco da X Cúpula Social do Mercosul pela primeira vez se proporcionou um
espaço e voz para os migrantes. Os migrantes e suas organizações reconhecem, agradecem e
se comprometem a acompanhar a construção de uma agenda social das migrações no
Mercosul, na perspectiva de reafirmar a migração como um direito humano
Reconhecendo, por um lado, os avanços nas políticas migratórias em países da região,
dentre os quais se destaca o Acordo de Livre Residência do Mercosul, Chile e Bolívia, por outro
lado, assinalando que ainda vigoram na América do Sul legislações migratórias incompatíveis
com a garantia dos direitos humanos, as quais devem ser urgentemente reformuladas.
Condenando a criminalização das migrações implementadas através de leis e medidas
como a Diretiva de Retorno da União Européia, a Lei Anti-Migratória do Estado do Arizona, a
violência e discriminação praticadas contra imigrantes, como, por exemplo, bolivianos e
paraguaios pelo governo autônomo da cidade de Buenos Aires, e latino-americanos em
Tamaulipas, México.
Na perspectiva de contribuir para a humanização das políticas migratórias do Mercosul:
1 – Enfatizamos a importância da Convenção da ONU para a proteção de todos os
trabalhadores migrantes e membros de suas famílias, por reconhecer que os migrantes têm
demandas específicas. Afirmamos a necessidade de ratificação da Convenção por parte dos
países que não o fizeram, sobretudo o Brasil, e a implementação efetiva por parte daqueles
que já a ratificaram.
2 - Enfatizamos a importância de incluir o tema das migrações na agenda política, econômica e
sociocultural de todos os Estados Parte e associados;
3 – Defendemos a construção de uma política migratória comum aos países da América do Sul
e, como resultado, a consolidação da cidadania sul-americana, sem que isso implique em um
tratamento excludente para os migrantes em outros continentes.
4 – Propomos a criação de um conselho de políticas migratórias e integração dos povos no
âmbito da UNASUL, como instância política e decisória;
5 – Exigimos que o direito à saúde seja garantido a todas e a todos sem discriminação, com ações que impliquem em acesso tanto a medidas preventivas como a ações de tratamento, sempre levando em conta o contexto migratório das pessoas e os aspectos culturais específicos.
6 – Exigimos que o direito à educação seja garantido a todas e a todos sem discriminação independentemente de sua situação migratória. Nenhuma criança, adolescente ou adulto migrante pode ter seu acesso à educação negado. Para o pleno acesso a este direito, deve-se considerar o contexto migratório das pessoas, aspectos culturais específicos e o reconhecimento da validade dos títulos acadêmicos regionais;
7 – Reconhecendo a importância da contribuição dos trabalhadores migrantes ao desenvolvimento dos países de origem e destino, solicitamos: a) apoio dos governos a fim de facilitar a regularização dos empreendimentos produtivos através da diminuição da burocracia; b) a garantia da igualdade de tratamento entre trabalhadores migrantes e os trabalhadores nacionais, de acordo com a normativa internacional; c) mecanismos reais de acesso à seguridade social para todos, tendo em conta a realidade do trabalho informal dos migrantes.
8 - Exigimos maior apoio dos países de origem dos migrantes, através de suas representações consulares, que devem conhecer e se ocupar das reais demandas das suas populações.
9- Exigimos a facilitação da obtenção de documentos através da redução da burocracia e proteção dos migrantes contra as arbitrariedades, levando sempre em consideração que nenhum migrante é ilegal.
10 – Exigimos o reconhecimento da necessidade de humanizar o atendimento do migrante, atribuição que deve ser delegada a um organismo específico com enfoque em direitos humanos. Propomos que o status institucional das entidades migratórias seja elevado a secretarias de Estado.
11 – Consideramos ser um dever dos Estados implementar canais de informação e difusão dos direitos e deveres dos migrantes para os próprios migrantes e para toda a sociedade. Tais ações devem desenvolver-se nos locais de origem, trânsito e destino dos migrantes.
12 - Reconhecendo a importância do protagonismo dos migrantes na luta pelos seus direitos, enfatizamos a necessidade de possibilitar a sua incidência também em instâncias públicas garantindo pleno exercício da liberdade de expressão - como nos meios de comunicação.
13 – Exigimos o direito dos migrantes de participarem nas decisões que lhes dizem respeito, garantindo que tenham representatividade política, a qual se manifesta no direito a eleger e ser eleito, no direito à sindicalização e à participação em todas as instâncias políticas.
14 – Postulamos a inclusão, como prioridade, na agenda de reivindicações das migrações os temas do gênero, das crianças e adolescentes, da terceira idade, das pessoas com discapacidade, considerando as convenções específicas já existentes para cada temática, tais como a Convenção sobre a Eliminação de todas as formas de Discriminação contra a Mulher,
Convenção sobre os Direitos da Criança, Convenção sobre os direitos das pessoas com discapacidade.
15 – Propomos a criação de um Conselho Consultivo de Migrações do Mercosul integrado por organizações de migrantes.

X Cúpula Social do Mercosul

ÑANDEVA – TODOS NÓS
14 a 16 de dezembro de 2010
Parque Tecnológico de Itaipu - Foz do Iguaçu - Paraná
DECLARACIÓN FINAL
“Por un MERCOSUR libre de xenofobia, racismo y toda forma de discriminación”
En el marco de la X Cumbre Social del MERCOSUR, por primera vez se crea un espacio
abierto a la voz de los migrantes. Los migrantes y sus organizaciones, reconocen, agradecen, y
se comprometen a acompañar la construcción de una agenda social de las migraciones en el
MERCOSUR, en la perspectiva de reafirmar la migración como un derecho humano.
Reconociendo, por un lado, los avances en las políticas migratorias en los países de la
región, entre las cuales se destaca el Acuerdo de Libre Residencia del MERCOSUR, más Chile y
Bolivia, y por el otro, señalando que persisten en América del Sur legislaciones migratorias
incompatibles con los derechos humanos, las cuales deben ser urgentemente reformuladas.
Condenando la criminalización de las migraciones implementadas a través de leyes y
medidas como la Directiva de Retorno de la Unión Europea, la Ley Anti-Migratoria del Estado
de Arizona, la violencia y discriminación practicadas contra migrantes, como por ejemplo
contra bolivianos y paraguayos por el gobierno autónomo de la ciudad de Buenos Aires, y
contra latino-americanos en Tamaulipas, México.
En la perspectiva de contribuir para la humanización de las políticas migratorias del
MERCOSUR:
1. Enfatizamos la importancia de la Convención de la ONU para la protección de todos los
trabajadores migrantes y sus familiares, pues reconoce que los migrantes requieren de
atenciones específicas. Afirmamos la necesidad de la ratificación de la Convención por
los países que aún no lo han hecho, sobre todo el Brasil, así como la implementación
efectiva por aquellos Estados que ya la ratificaron;
2. Enfatizamos la importancia de incluir el tema de las migraciones en la agenda política,
económica y sociocultural de todos los Estados Parte y asociados;
3. Defendemos la construcción de una política migratoria común en los países de
América del Sur, que redunde en la consolidación de la ciudadanía suramericana, sin
que eso implique un trato excluyente para los migrantes de otros continentes;
4. Proponemos la creación de un consejo de políticas migratorias e integración de los pueblos en el ámbito de la UNASUR, como instancia política y decisoria;
5. Exigimos que el derecho a la salud sea garantizado a todos y todas sin discriminación, con acciones que impliquen el acceso tanto a medidas preventivas como acciones de tratamiento, siempre teniendo en cuenta el contexto migratorio de las personas y los aspectos culturales específicos;
6. Exigimos que el derecho a la educación sea garantizado a todos y todas sin discriminación, independiente de su condición migratoria. A ningún niño, adolescente o adulto migrante le será privado el acceso a la educación. Para el pleno acceso a este derecho, debe considerarse el contexto migratorio de las personas, los aspectos culturales específicos y el reconocimiento de la validez de los títulos académicos a nivel regional;
7. Reconociendo la importancia de la contribución de los trabajadores migrantes al desarrollo de los países de origen y destino, solicitamos: a) apoyo de los gobiernos a fin de facilitar la regularización de los emprendimientos productivos, a través de la reducción de la burocracia; b) la garantía de la igualdad de trato entre trabajadores migrantes y los trabajadores locales, de acuerdo a las normas internacionales; c) mecanismos reales de acceso a la seguridad social para todos, teniendo en cuenta la realidad de la inserción de los trabajadores migrantes en el sector informal;
8. Exigimos mayor apoyo de los países de origen de los migrantes, a través de sus representaciones consulares, que deben conocer y ocuparse de sus reales demandas;
9. Exigimos la facilitación de la obtención de los documentos personales, a través de la reducción de la burocracia y la protección de los migrantes contra las arbitrariedades, llevando siempre en consideración que ningún migrante es ilegal;
10. Exigimos el reconocimiento de la necesidad de humanizar la atención al migrante, atribución que debe ser delegada a un organismo específico con enfoque de derechos humanos. A ese efecto, proponemos que el rango institucional de las instituciones migratorias sea elevado a Secretaría de Estado;
11. Consideramos que es un deber de los Estados, implementar canales de información y difusión de los derechos y deberes de los migrantes a los propios migrantes y para toda la sociedad. Tales acciones deben desarrollarse en los lugares de origen, tránsito y destino de los migrantes;
12. Reconociendo la importancia del protagonismo de los migrantes en la lucha por sus derechos, enfatizamos la necesidad de posibilitar la incidencia, tanto en instancias públicas, garantizando el pleno ejercicio de la libertad de expresión, así como en los medios de comunicación;
13. Exigimos el derecho de los migrantes a participar en las decisiones respecto a los asuntos migratorios, garantizando que tenga representación política, tanto en el derecho a elegir como a ser electo; en el derecho a sindicalizarse y a la participación en todas las instancias políticas;
14. Proponemos la inclusión como prioridad en la agenda de reivindicación de las migraciones los temas de género, el interés superior del niño y adolescente, la tercera edad, así como de las personas con discapacidad, en concordancia con las convenciones específicas existentes como la Convención sobre la eliminación de todas las formas de discriminación contra la mujer, Convención Internacional sobre los derechos del niño, Convención sobre los derechos de las personas con discapacidad;
15. Proponemos la creación de un Consejo Consultivo de Migraciones del MERCOSUR, integrado por las organizaciones de los migrantes.

sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

MIGRAÇÕES: ÁGUAS QUE MOVEM MOINHOS

Pe. Alfredo J. Gonçalves, CS

[www.provinciasaopaulo.com]

Se a segunda metade do século XIX e as primeiras décadas do século XX, foi um período fortemente marcado por deslocamentos humanos de massa, a mobilidade humana hoje supera aquele período em número e em complexidade. Supera-o também quanto à diversidade de pessoas, povos e culturas que se põem em marcha. Enquanto a metáfora do trem levou Peter Gay a classificar o marco histórico que vai da rainha Vitória a Freud de “século do movimento”, o que dizer então de nossos dias! De fato, os movimentos atuais se aceleraram, se diversificaram e se complexificaram num ritmo sem precedentes e nas direções mais inusitadas. Uns falam de mudança ou transição de paradigma, de mudança de época e até de civilização; outros insistem no conceito de modernidade tardia ou pós-modernidade; alguns descobrem a sociedade líquida, o império do efêmero ou de falta de qualquer paradigma, onde prevaleceria o relativismo mais absoluto... Talvez o paradigma hodierno seja justamente a sede de novidade, aliada à velocidade das mudanças e ao fascínio pelo consumismo exacerbado.

Ainda citando o historiador Peter Gay, entre 1820 e 1920 nada menos do que 62 milhões de pessoas deixaram o velho continente europeu. Buscavam novas terras e novos horizontes nas Américas, na Austrália e na Nova Zelândia. A Revolução Industrial havia criado o trabalhado assalariado e desencadeado a grande mobilidade humana, primeiro do campo para a cidade e, num segundo momento, cruzando os oceanos. “Far l’America” do outro lado do atlântico, sina de milhões de italianos, era sinônimo de um futuro mais promissor no novo continente. Juventude e primavera se aliavam num misto de fuga e busca, de sonho e esperança, de luta e trabalho. O Eldorado americano atraía igualmente os ingleses, irlandeses, espanhóis, portugueses, alemães, entre outros.

A mobilidade atual, entretanto, além de mais grandiosa em termos quantitativos, também ganha um novo colorido. Estima-se em mais de 200 milhões as pessoas que residem fora do país em que nasceram. Número subestimado, se levarmos em conta as migrações subterrâneas, ocultas, feitas na clandestinidade. E mais subestimado ainda se computarmos os deslocamentos temporários, de caráter trabalhista, os movimentos intra-regionais ou no interior de cada país e, atualmente, os “migrantes ou refugiados climáticos”. Difícil o país que, de alguma forma, não esteja envolvido no vaivém de pessoas, seja como lugar de origem, de destino ou de trânsito, quando não tudo ao mesmo tempo. Novos rostos, antes confinados ao próprio território nacional, estão a caminho. A revolução tecnológica dos transportes, das comunicações e da informática faz do mundo a “aldeia global” que o era apenas potencialmente. Nas últimas décadas criaram-se condições históricas muito mais favoráveis ao deslocamento geográfico, incluindo a popularização do transporte aéreo.

Manuel Castells, Antonio Negri e Michael Hardt, entre outros estudiosos, podem nos guiar na compreensão de dois fenômenos indissociáveis: o avanço da economia globalizada, informatizada e em rede, por um lado, e o crescimento dos deslocamentos humanos e de sua variedade, por outro. De acordo com esses autores, a economia capitalista sofre um duplo movimento, aparentemente contraditório. De uma parte, verifica-se um movimento centrífugo na produção, em busca de matéria prima mais em conta e de mão-de-obra mais barata. Daí a preferência por unidades produtivas menores, mais leves e mais ágeis. Os gigantescos parques industriais, por exemplo, tornaram-se lerdos e obsoletos. Por outra parte, cresce um movimento centrípeto no poder de decisão. Expressam isso as fusões, incorporações e conglomerados na área financeira, industrial, comercial ou tecnológica. A partir de uma sede central e informatizada, localizada em qualquer lugar do planeta, é possível controlar a produção e a tomada de decisões. Paradoxalmente, o casamento desses dois movimentos somente é possível em virtude da revolução tecnológica, da nanotecnologia, da robotização e da informatização maciça dos dados em questão. Aboliu-se o tempo, o espaço e a noite: instalou-se a simultaneidade e a instantaneidade das informações, as quais voam de um canto a outro da terra com a velocidade de um toque na tecla do computador.

O mesmo binômio – movimento centrífugo e movimento centrípeto – pode ser aplicado ao fenômeno das migrações atuais. Há movimentos do centro para a periferia, de dentro para fora, particularmente de técnicos e especialistas, que acompanham a trajetória das inovações tecnológicas, das mercadorias e dos serviços em geral. E, inversamente, há movimentos da periferia para o centro, de fora para dentro, com destaque para os trabalhadores pobres do Terceiro Mundo, que buscam alternativas de vida ou de simples sobrevivência nos países que mais concentram as oportunidades em termos de postos de trabalho. Mais há, ainda, uma série de movimentos intermediários, voos de curto, médio e longo alcance, etapas ou trampolins para um futuro mais promissor. Na contramão desse jogo centrífugo e centrípeto ao mesmo tempo, ocorrem obliquamente os fluxos mais inesperados: migrações temporárias para safras agrícolas ou serviços domésticos, deslocamentos internos, êxodo rural, fugas provocadas pelas mudanças no meio ambiente, peregrinação religiosa, movimento de estudantes, entre tantos outros.

O fato é que, hoje mais do que nunca, os “mil rostos do outro” batem diariamente à nossa porta. Ou entram sorrateiramente em nossa sala pelos telejornais, revistas e periódicos. As grandes metrópoles, em especial, constituem palco desse desfile multicultural e pluriétnico. Traços, costumes e culturas diferentes se justapõem, se sobrepõem e se mesclam pelas ruas, praças e espaços públicos em geral. Essa presença cotidiana do “outro, estranho, diferente” é extremamente ambígua. Ela pode converter-se, simultaneamente, numa ameaça ou numa oportunidade, num problema ou num convite ao intercâmbio e ao enriquecimento mútuo. Contra o medo e a ameaça, nossas casas se transformam em fortalezas impenetráveis. Multiplicam-se muros, cercas e sofisticados sistemas de segurança. Condomínios fechados e apartamentos de luxo nos encerram e nos isolam em “gaiolas de ouro”. Engendra-se a cultura dos nossos, aqueles que estão do lado de cá dos muros, em contraposição aos outros, que se arrastam do lado de fora dos muros.

Mas o outro pode, igualmente, converter nossa casa numa tenda, aberta a quem bate e a quem passa. Tenda para o descanso e a recuperação das forças do peregrino. Se, no caso anterior, o fechamento cria guetos, aqui a abertura proporciona espaços comunitários. Numa palavra, o outro sempre interpela, ou como um perigo hostil de quem devo defender-me, ou como um convite à solidariedade e ao crescimento recíproco. Esse é, aliás, o terreno fértil e ambivalente onde se engendra a identidade. A chegada do outro obriga a rever minhas práticas e meus princípios, a incorporar e/ou rejeitar valores e contravalores. O dinamismo da cultura nasce e cresce nesse campo minado: preconceitos, discriminação, xenofobia e racismo se confundem e se misturam com aproximações, laços imprevistos e relações novas. Daí que a cultura não pode ser entendida como algo acabado, definitivo, e sim um processo onde cada ponto de chegada se converte em novo ponto de partida, cada pessoa e cada povo obrigam a novas interpretações. É neste sentido que a memória do passado, se não pode modificar os fatos sociais, modifica continuamente sua significação, dependendo do contexto atual em que é chamada a comparecer. Um rápido olhar às narrativas evangélicas mostra que um encontro profundo no presente pode resgatar uma vida inteira, por mais sinuosa e perturbadora que tenha sido sua trajetória, como é o caso da estrangeira samaritana, só para citar um exemplo (Jo 4,1-42).

A pergunta final que se pode levantar é a seguinte: que moinhos tendem a mover as águas dos fluxos migratórios atuais? Ou, em termos mais modernos, que turbinas põem em ação a força insuspeitada dessas correntes humanas em movimento? Explicitando, seus sonhos e esperanças, sua energia vital deverá ser cooptada, manipulada e servir como massa de manobra para a reprodução ampliada do capital? Ou, ao contrário, poderá cavar veredas novas no terreno contraditório da história, abrindo perspectivas históricas para a construção de uma sociedade justa, solidária e sustentável, do ponto de vista social e ecológico? A crise da modernidade não será um sulco no solo histórico, o qual, ao mesmo tempo que gera intensa mobilidade humana, faz dos migrantes sementes vivas e ativas, propensas a fecundar esse sulco com alternativas sociais, econômicas, políticas e culturais? Em tal perspectiva, os migrantes e as migrações aparecem como profetas de um amanhã renovado e recriado. Justamente por terem de atravessar o deserto escuro do não lugar – sem papéis nem raiz, sem pátria nem rumo – tendem a converter-se nos mensageiros privilegiados no novo lugar, ou se quisermos, do Reino de Deus.

Também neste caso, uma vez mais, a ambiguidade se faz presente. A experiência negativa de duras travessias tanto pode encerrar a pessoa num isolamento que lembra o berço ou o ventre materno (o retorno ao não ser), quanto projetá-la potencialmente para os desafios de novas fronteiras (o ser diferentemente). A crise ou a encruzilhada, num primeiro momento, costuma levar-nos ao colo materno. Num segundo momento, porém, ela deixa ali os fracos e lança os fortes para o futuro desconhecido, na busca incansável de novos horizontes. Diferentemente de outros animais, o ser humano se identifica como aquele que é capaz de superar-se a si mesmo. As correntes migratórias, fenômenos visíveis ou movimentos subterrâneos, podem ser canalizadas para movimentar as engrenagens e interesses da acumulação capitalista e neoliberal, sem dúvida, mas podem também mover os moinhos ou turbinas de uma transformação social mais profunda e radica. Essa é a esperança de quem crê, luta e caminha nas trajetórias dos migrantes ou nas pegadas do peregrino de Nazaré.

terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Padre Giuseppe Marchetti, “Apostolo dell’Infanzia e Martire della carità”

Care Suore,

giovani in formazione,

laici MLS,



oggi, 14 dicembre 2010, commemoriamo con gioia il 114° anniversario del passaggio di Padre Giuseppe Marchetti alla gloria celeste.

Padre Giuseppe Marchetti, vero esempio missionario, è un tesoro di virtù che comincia ad essere rivelato nella Chiesa. È una stella che ci illumina sempre più ad ogni nuova scoperta che facciamo sulla sua eroicità missionaria e sul suo autentico inserimento nel mondo migratorio.

Si lasciò muovere dal reale desiderio di donare la sua vita senza riserve in favore dei migranti della sua epoca. Il suo coraggio gli dava la prontezza nel partire e l’umiltà gli conferiva la prontezza nel servire:

“Eccomi qui, pronto a morire; ho desiderato tante volte il martirio, se invece del martirio di sangue ho il bene di trovare il martirio nelle fatiche apostoliche, mi stimerò felice”. …per vostra misericordia, mi sento spinto a sacrificarmi ancora di più giurando pure in perpetuo e con voto ch’io sarò sempre vittima del mio prossimo per vostro amore”[1].

Per intercessione del servo di Dio, P. Giuseppe Marchetti, chiediamo a Dio Trinità di arricchire la Sua vigna di nuove vocazioni e di concederci la grazia della carità missionaria, specialmente in quest’anno vocazionale che stiamo celebrando.

Gesù Pellegrino ci insegni, in questo tempo di preparazione al Natale, ad intensificare la nostra scelta di essere presenza efficace tra i migranti maggiormente nel bisogno e a ricreare la nostra vita fraterna, che è annuncio della fraternità tra tutti i popoli.

In unità di preghiera anzitutto con la superiora generale, Sr. Alda Monica Malvessi ora in Brasile, dove sta concludendo la visita canonica, e con tutte voi, Consorelle, fraternamente:



Ir. Zenaide Ziliotto

Ir. Analita Candaten

Ir. Eunivia da Silva

Ir. Jucelia Dall Bello

Roma, 14 dicembre 2010.

Queridas Irmãs, Formandas e LMS!

Congregação das Irmãs Missionárias de São Carlos Borromeo, Scalabrinianas







Caxias do Sul, 14 de dezembro de 2010






Queridas Irmãs, Formandas e LMS!





Neste tempo de Advento, vivemos a alegria da vinda de Jesus, e hoje, dia 14 de dezembro, celebramos a passagem da vida terrena para a vida em plenitude de Padre José Marchetti, co-fundador da Congregação das Irmãs Missionárias de São Carlos Borromeo ­ Scalabrinianas.



Que a vida de Padre José Marchetti nos ensine a levar aos migrantes, aos pobres e aos doentes, a eficácia da esperança, o consolo da fé, o ânimo da vida, sempre a partir de Jesus Cristo que é o bálsamo que nos conforta e nos fortalece a viver e servir com amor, bondade e mansidão.



Padre José Marchetti interceda a Deus Trindade derramar sobre nós bênçãos e graças para colocarmos nossas vidas a serviço do Reino de Jesus Cristo e fazer do mundo um lugar de justiça, de paz e de alegria.





Parabéns pela celebração de Padre José Marchetti!





Nossas preces e unidade



Ir. Elena Ferrarini, mscs – superiora provincial

Ir. Inêz Bernardi, mscs – primeira conselheira provincial

Ir. Eléia Scariot, mscs – conselheira e secretária provincial

Ir. Valdéres Bergozza, mscs – conselheira e ecônoma provincial

Ir. Celsa Zucco, mscs – conselheira provincial

DEO GRATIAS!

Piacenza 14 dicembre 2010
DEO GRATIAS!

Prot.n 342/sg/2010

Carissima Madre Generale e Consiglio,
suor Laura ,sr Jaira
carissime sup. Provinciali e consorelle tutte
Carissime suore adulte e giovani, consorelle juniore, postulanti, aspiranti,
giovani, laici LMS amici, migranti, collaboratori.


In questo mese con molta dovizia di eventi stiamo nel cammino di Avvento; il primo evento che ci richiama al nostro impegno e ricordo “del dono di Dio che è in noi da ravvivare ” cioè la vocazione, il proprio sì detto con tanto entusiasmo un giorno, alla ricerca di rispondere al sì radicale.
Il secondo evento appunto è stato il giorno dell’Immacolata con il nostro ripetuto sì.
Ora ci troviamo alla vigilia di un terzo evento che è la ricorrenza della nascita al cielo del nostro confratello CS e co-fondatore Padre Giuseppe Marchetti .
“Padre Giuseppe è nato a Lombrici di Camaiore Lucca il 3 ottobre del 1869 , ha lasciato in forma terrena la sua sorprendente missione tra i migranti e i bambini orfani dei migranti italiani in Brasile il 14 dicembre del 1896.Frequentò il seminario diocesano dove si distinse nello studio. Fu ordinato sacerdote nel 1892 e il 3 aprile dello stesso anno fu nominato parroco di Compignano. Dopo aver ascoltato una conferenza di Mons. Giovanni Battista Scalabrini, vescovo di Piacenza, sull'emigrazione italiana in America, il giovane sacerdote Giuseppe Marchetti si mise a sua disposizione. Fece un primo viaggio in Brasile il 15 ottobre 1894 e ne intraprese un secondo l'anno seguente. Ciò che accadde durante questo suo secondo viaggio lo aiutò ad orientare definitivamente il suo futuro come missionario scalabriniano. Una giovane madre morì a bordo della nave, lasciando una piccola figlia orfana e il marito in disperazione. Fu questo il fatto che ispirò P. Giuseppe Marchetti a dare inizio in São. Paulo, Brasile, ad un'opera per la tutela dell'infanzia abbandonata (l'odierno Orfanotrofio Cristoforo Colombo). Per attuare questo suo progetto, il giovane missionario intraprese un ritmo prodigioso di lavoro affrontando duri sacrifici di ogni tipo, spinto da straordinario zelo e da un sincero desiderio di farsi santo. Animato dalla carità evangelica, che gli ardeva nell'animo, arrivò perfino ad obbligarsi con voto di mai perdere un quarto d'ora di tempo inutilmente. P. Marchetti morì in concetto di santità a São Paulo il 14 dicembre 1896, alla giovanissima età di 27 anni, stroncato dal tifo, contratto mentre assisteva gli ammalati. (da CS). Carissime e carissimi come è urgente e buono cogliere il grande messaggio di P. Giuseppe, cioè il valore di vivere ogni istante con responsabilità, totale donazione, grande fedeltà e zelo la donazone a Dio


con la consacrazione, vissuta nel quotidiano del nostro essere, sia nello scambio e aiuto reciproco, sia nel tendere singolarmente che comunitariamente alla santità e al dono di se verso i fratelli migranti oggi più bisognosi ed emarginati.
Anche noi amiamo la nostra vocazione e sentiamo un nuovo modo di essere missionarie e missionari Scalabriniani nel quotidiano; potrebbe essere infatti la volta buona di sentirci parte di questa famiglia di SANTI dai quali ci sentiamo protetti, guidati e motivati.
L’anno vocazionale congregazionale, scalabriniano, ci accompagnerà senz’altro a rivisitare e amare i luoghi e lo stile di questo nostro fratello e co-nfondatore, Padre Giuseppe Marchetti,e viverne gli esempi.
Carissimi viviamo questo evento in comunione e preghiera.

Con affetto ,una caro saluto a nome delle consigliere ,

vostra Suor Lina Guzzo mscs
missionaria scalabriniana
superiora Provinciale

ACNUR parabeniza México por Lei sobre Refugiados e Proteção Complementar

MÉXICO D.F. - 10 de dezembro (ACNUR) - O chefe da Agência da ONU paraRefugiados, António Guterres, parabenizou a aprovação, pelo Senadomexicano, da Lei sobre Refugiados e Proteção Complementar. “Este é umalegislação muito importante que avança significativamente as práticas deproteção internacional no México e mesmo na América Latina”, disseGuterres, em Genebra. O Alto Comissário comentou que a lei, aprovada na última quinta-feira,terá um impacto considerável na vida dos refugiados e outras pessoas emnecessidade de proteção internacional, "na medida em que trata o tema demaneira abrangente, desde a recepção até a busca por soluçõesduradouras”. Guterres lembrou que a lei estabelece procedimentos para oreconhecimento do status de refugiados, incluindo a definição daConvenção de 1951 sobre o Estatuto dos Refugiados e a definiçãoampliada da Declaração de Cartagena, além de promover a integração localdos refugiados. “Além disso, seguindo uma tendência positiva naAmérica Latina, a lei considera o gênero como base de perseguição”,comentou Guterres. A representação do ACNUR no México também parabenizou o governomexicano pela aprovação da lei, que já havia sido aprovada pela Câmarados Deputados. “É realmente significativo que um país com longahistória e tradição de asilo como o México conte, finalmente, com umalei específica no assunto. O ACNUR teve uma participação ativa naelaboração deste projeto de lei e parabeniza a aprovação unânime dotexto pelo Senado”, disse o Representante do ACNUR no México, FernandoProtti-Alvarado, Aprovada com 73 votos a favor, a nova lei preenche um vazio nalegislação mexicana. O texto permite uma harmonização com osinstrumentos internacionais, dos quais o México é signatário, e tambémestabelece uma clara distinção entre migrantes e refugiados. Neste ano,o México completou dez anos como signatário da Convenção de 1951 e seuProtocolo de 1967, instrumentos internacionais do Direito Internacionaldos Refugiados. A ratificação da nova lei mexicana aconteceu alguns dias antes do 60ºAniversário do ACNUR, que será comemorado amanhã, dia 14, e coincide comum ano de comemorações importantes em torno da proteção às pessoasrefugiadas. A lei inclui importantes princípios do Direito Internacional dosRefugiados, como a não-devolução, a não discriminação, a não sanção porentrada irregular, a unidade familiar, o interesse superior da criança,a não notificação consular e a confidencialidade. Do mesmo modo, a lei contém princípios de proteção inovadores para aregião, como a inclusão da perseguição por motivos de gênero como umadas causas para o reconhecimento da condição de refugiado. Além disso, com essa nova lei o México se torna o primeiro país da suaregião a garantir proteção complementar às pessoas que não sãoconsideradas refugiadas, mas que têm suas vidas ameaçadas ou que sofremrisco de tortura, maus tratos e outras formas cruéis de tratamento. Apesar de não haver um fluxo massivo de pessoas buscando proteção nopaís, o México acolhe pessoas refugiadas que foram forçadas aabandonar seus países devido a perseguição por motivos de raça,religião, nacionalidade, opiniões políticas, pertencimento a um gruposocial determinado, ou aqueles que fogem de conflitos armados, violaçõesmassivas de direitos humanos ou violência generalizada. Atualmente o México conta com uma população de mais de 1.400refugiados, vindos de outros países como Guatemala, Honduras, ElSalvador, Colômbia, Haiti, e de outros continentes, como África, OrienteMédio e Ásia. O ACNUR está presente na Cidade do México e na cidade fronteiriça deTapachula, no sul do país, onde apóia os esforços do governo emidentificar solicitantes de refúgio e refugiados em meio a fluxosmassivos de migrantes. Também trabalha para identificar e atender asnecessidades especiais de grupos vulneráveis, como menoresdesacompanhados ou mulheres vítimas de tráfico. A Agência da ONU para Refugiados reitera seu compromisso de cooperaçãocom a Comissão Mexicana de Ajuda a Refugiados (COMAR) e o Governo doMéxico na implementação desta nova lei, incluindo o apoio técnico naelaboração do regulamento.

Leia mais em: http://www.acnur.org/t3/portugues/

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Pastoral do Menor de São Paulo na Campanha em favor das Medidas Socioeducativas

A Pastoral do Menor do estado de São Paulo promove, no próximo final de semana, dias 11 e 12, uma oficina sobre as Medidas Socioeducativas e contra a redução da maioridade penal. O evento será no Centro de Formação Sagrada Família, no bairro Ipiranga, em São Paulo, e tem como objetivo formar os primeiros multiplicadores, no estado de São Paulo, da Campanha em favor das Medidas Socioeducativas, lançada pela Pastoral do Menor Nacional.

Com o tema “Dê oportunidade – Medidas Socioeducativas responsabilizam, mudam vidas”, a Campanha foi lançada no mês passado e tem o apoio da CNBB; da PUC-Minas; da Cáritas Brasileira; da MISEREOR; dos Salesianos; da Agência de Noticias dos Direitos da Infância (ANDI); Casa da Juventude Padre Burnier; Fórum Nacional DCA; CONANDA e Secretária de Direitos Humanos.

“Está na hora de a sociedade, e cada um de nós, assumir sua parcela de responsabilidade diante da criança e do adolescente que não têm seus direitos fundamentais respeitados e que sofrem com a ausência de políticas públicas efetivas, com a baixa qualidade da educação, com a precariedade das políticas de saúde, esporte e lazer”, disse o coordenador da Pastoral do Menor em São Paulo, padre Ovídio José de Andrade.

Segundo o coordenador, é preciso investir nas Medidas Socioeducativas, especialmente, na Liberdade Assistida e na Prestação de Serviços à Comunidade.

“A sociedade precisa ter um novo olhar em relação ao adolescente autor de ato infracional. Sair da cômoda posição crítica e assumir sua responsabilidade diante dos adolescentes que, em última análise, pagam pela nossa inanição, pela nossa omissão.

Compreender que as Medidas Socioeducativas (MSE) são fundamentais para que o adolescente se responsabilize pelo ato praticado e também para que tenha oportunidade de construir um novo projeto de vida”, destaca o coordenador.

Mais informações sobre a sobre a oficina pelo e-mail: pastoraldomenorsul1@yahoo.com.br Este endereço de e-mail está protegido contra spambots. Você deve habilitar o JavaScript para visualizá-lo. ou pelo telefone: (16) 3721-1432.

Implantada a Pastoral Universitária na arquidiocese da Paraíba

Uma reunião realizada na segunda-feira, 6, em João Pessoa (PB) implantou a Pastoral Universitária na arquidiocese da Paraíba. Cerca de 30 jovens pertencentes à Comunidade Católica Shalom e Nova Berith e membros do Encontro de Jovens com Cristo (EJC) participaram do encontro, além do arcebispo da Paraíba, dom Aldo Di Cillo Pagotto. Durante a reunião foram discutidas questões ligadas à evangelização de universitários.

A reunião aconteceu na sede da Comunidade Católica Nova Berith e foi presidida pelos coordenadores da Pastoral Universitária da arquidiocese, José Cândido e Rafael Nunes. “É maravilhoso ver tantos jovens de comunidades e movimentos se empenhando em anunciar que Cristo ressuscitou e está vivo no meio acadêmico”, disse José Cândido sobre o encontro e o trabalho que começa a se desenvolver na arquidiocese.

Pastoral Universitária em João Pessoa

Há mais de um ano a arquidiocese da Paraíba tenta articular a pastoral Universitária. A assessora da Pastoral, Maria Eugenia Lloris Agaudo, participou da primeira reunião com os reitores e voluntários do Centro Universitário de João Pessoa (Unipê) em 30 de agosto de 2009. Durante o encontro se refletiu sobre como iniciar o trabalho de pastoral. Depois desse encontro, José Candido que esteve presente nessa primeira reunião, participou em Natal do encontro Lectionautas, projeto realizado em conjunto com o Setor Bíblico-Catequético com o Setor Juventude e Universidades. Esse encontro foi um novo incentivo para que Jose Candido assumisse o desafio da pastoral Universitária. Na ocasião também Rafael interessou-se na pastoral e participou do 1º Encontro Brasileiro de Universitários Cristãos em Belo Horizonte (MG).

Para irmã Eugênia, o encontro foi o marco da implantação da Pastoral Universitária (PU) na arquidiocese da Paraíba. “Esse bonito encontro fundou a PU que está em processo de criação há mais de um ano. Além dos movimentos católicos, também participam da PU na Paraíba, outras Igrejas formando assim um núcleo ecumênico de evangelização de universitários”, disse, entusiasmada, irmã Eugênia Lloris.

O arcebispo da Paraíba, dom Aldo Pagotto, participa de forma efetiva da Pastoral Universitária (PU) como assistente espiritual e conselheiro.

Divulgado documento final do encontro sobre migração na América Latina

Qui, 09 de Dezembro de 2010 17:55 cnbb
Foi divulgado ontem, 8, o documento final do Encontro Continental Latino-americano de Pastoral dos Migrantes, realizado em Bogotá, Colômbia, entre os dias 17 e 20 do mês passado. O evento foi organizado pelo Pontifício Conselho da Pastoral para os Migrantes e os Itinerantes, em colaboração com a Seção de Mobilidade Humana do CELAM (Conselho Episcopal Latino-Americano).

O encontro teve como tema “Para uma melhor pastoral das migrações econômicas e forçadas na América Latina e no Caribe”. Segundo a agência SIR, o documento destaca a necessidade “urgente’ de ajudar os imigrantes “e todos aqueles que se sentem deslocados e perdidos neste duro caminho, para que se sintam em casa na terra que lhe oferece o pão para viver e na Igreja onde o Pão da Vida, alimenta novas esperanças”

“Há um notável aumento tanto da emigração quanto da imigração, da migração feminina, das deportações maciças e do tráfico de pessoas, resultado também da globalização, da crise do mercado liberal e da economia global, em geral”, destaca o documento.

O texto traz também recomendações como o convite à comunidade cristã e a todas as organizações dos países de destinação “para que apóiem as iniciativas que buscam estabelecer organizações de imigrantes, para que eles mesmos possam oferecer a sua contribuição como atores e interlocutores na sociedade que os acolhe”.

Outra recomendação aponta para o envolvimento direto dos próprios migrantes em ações ativas em favor de outras pessoas que compartilham a sua condição, de forma a criar “sinergia”.

O documento ressalta, ainda, a importância da formação dos migrantes, “tanto na vida de fé, como na vida profissional e de trabalho, procurando ajudá-los a aprender a língua do país de chegada”.

As comunidades cristãs são convidadas a “fortalecerem as organizações nas áreas de fronteira, formando pontes sólidas em favor dos migrantes e daqueles que são forçados a deixar suas casas, acompanhando especialmente os deportados ou os expulsos, e aqueles que decidem voluntariamente retornar aos seus países de origem”.

sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

I volti della mobilità: i rifugiati, i profughi e gli universitari stranieri

Mons. Giancarlo Perego
Direttore generale Migrantes


Volti poco conosciuti del mondo delle migrazioni
Due volti di persone oggi in mobilità il Papa Benedetto XVI ha ricordato nel Messaggio per la Giornata Mondiale dei Migranti 2011: i rifugiati e i profughi, gli universitari stranieri. Sono due volti diversi: gli uni, i rifugiati e profughi, sono persone vittime di una migrazione forzata, provocata da guerre, persecuzioni e calamità naturali; gli altri, gli universitari, sono i volti di una migrazione aperta al nuovo, culturale. Entrambi questi volti noi incontriamo nelle nostre città, entrano nei percorsi di vita sociale, economica e culturale, offrendo anche uno spaccato non sempre considerato della mobilità umana oggi.

I rifugiati, i profughi
Sono milioni - si parla di 43,3 milioni - le persone nel mondo costrette a una migrazione a causa di conflitti armati, persecuzioni a motivo di razza, nazionalità o religione, ragioni politiche, disastri naturali. È una migrazione atipica, talora fatta di sfollati (27 milioni), altre volte di richiedenti asilo e rifugiati o apolidi (oltre 15 milioni), in continua crescita. È un mondo a cui le Nazioni Unite prestano particolare attenzione a partire dagli anni ’50. I principali Paesi oggi coinvolti da questa migrazione forzata sono: l’Afganistan (2.887.123), l’Iraq (1.785.212), la Somalia (678.309), la repubblica Democratica del Congo (455.850), Myanmar (406.669). I maggiori Paesi che accolgono i rifugiati sono: il Pakistan (1.740.711), l’Iran (1.070.488), la Siria (1.054.466), la Germania (593.799), la Giordania (450.756).
Rispetto al 2008 il numero totale di richiedenti asilo è rimasto stabile nei Paesi industrializzati con 377.000 domande. Il numero di richieste è cresciuto in 19 Paesi ed è calato in 25 Paesi. Da rilevare l’incremento del 13% nei Paesi del Nord Europa con 51.000 domande, con una crescita del 25% in Germania, del 19% in Francia. Al contrario le domande d’asilo sono fortemente calate nei Paesi meridionali dell’Europa, con poco più di 50.000 richieste. In Italia il calo è del 42%, in Turchia del 40%, in Grecia del 20%). Oggi in Italia ci sono 55.000 rifugiati, un numero contenuto se paragonato ad altri paesi europei: Germania (quasi 600.000), Regno Unito (270.000), Francia (200.000), Olanda (80.000). Se in Italia abbiamo un rifugiato ogni 1000 abitanti, in Svezia 9, in Germania 7, nel Regno Unito 5 ogni 1.000 abitanti.
Per quanto riguarda le domande d’asilo, in Italia nel 2009 i dati evidenziano un drastico crollo: dalle 30.145 domande dell’anno 2008 si è passati a 17.670 richieste nel 2009. Il tema dei respingimenti in mare, una politica che nel Mediterraneo ha interessato anche l’Italia, rischia di ledere profondamente i diritti dei richiedenti asilo e la protezione internazionale, perché non permette di identificare i migranti e verificare la situazione personale. La maggior parte dei richiedenti asilo giunti in Italia nel 2009 proveniva dal continente africano: Nigeria (3.710), Somalia (1.490), Eritrea (865). Dall’Asia le richieste d’asilo maggiori sono state di persone che provenivano dal Pakistan (1.250), Bangladesh (1.195). I quattro Paesi di origine dei richiedenti asilo ai quali le autorità italiane hanno concesso nel 2009 l’asilo a 2.250 persone, provenienti soprattutto dai seguenti Paesi: la Nigeria (420), la Serbia (160), il Ghana (130), Turchia (125), Pakistan (115). Per altre 5.000 persone provenienti soprattutto dalla Somalia (2.355 casi), l’Eritrea (1.260), l’Afganistan (665) e l’Iraq (340) è stata concessa la protezione internazionale.
Anche per il piccolo mondo dei rifugiati in Italia, a diverso titolo, un problema di fondo è il processo d’integrazione. A questo obiettivo cerca di rispondere lo SPRAR (Sistema Protezione Richiedenti Asilo e Rifugiati), la rete di accoglienza coordinata dall’ANCI, che ha dieci anni di vita e che nell’ultimo anno 2009, in collaborazione anche con molte strutture ecclesiali, ha accolto 7.845 persone. I progetti realizzati sono stati 138, in 68 province di 19 regioni. Il 75% delle persone accolte sono state uomini, il 25% donne, con un’età media compresa tra i 18 e i 40 anni. Si è trattato in prevalenza di giovani e adulti ‘single’, mentre i nuclei familiari sono stati 715, per un totale di 2.035 persone, di cui oltre 1.000 minorenni.

Gli universitari stranieri
L’Europa è un grande Continente di mobilità studentesca: il 59,7% degli studenti universitari stranieri sono concentrati in Europa. La mobilità è cresciuta e continuerà a crescere anche sulla base di accordi interuniversitari e a progetti europei (Erasmus, ad esempio; Marco Polo, riservato agli universitari cinesi). Quella degli universitaria è una mobilità che è condivisa tra le diverse nazioni europee. Sono diverse migliaia anche gli universitari italiani che studiano in Università straniere.
Nell’anno accademico 2008-2009 gli universitari stranieri in Italia risultano essere 54.707, il 3,1% della totalità degli iscritti alle università italiane (1.759.039), con un aumento del 5,6% rispetto all’anno precedente. Sono il 4% i nuovi immatricolati, pari a 11.341. Il 56% degli iscritti e il 58% degli immatricolati frequentano quattro facoltà: economia (17,6% tra gli iscritti e il 21,5% tra gli immatricolati), medicina e chirurgia (14,7% e 12%), ingegneria (13,2% e 15,1%) e lettere e filosofia (10,4% e 9,6%).
Il Centro Italia e non il Nord Italia - contrariamente quindi al trend dell’immigrazione - è l’area più alta degli iscritti stranieri. Sono il 34% degli studenti (oltre il 10% in più della presenza degli stranieri); seguono il Nord Ovest (30,3%) e il Nord Est (26,6%); infine il Sud (7,2%). La mobilità degli studenti in Italia non corrisponde alla mobilità in genere, ma segue piuttosto le città sedi di università. Roma, con le sue numerose sedi universitarie,a cui seguono Perugia, Firenze o Pisa per il Centro; Roma, Milano e Genova per il Nord Ovest; Padova, Trieste e Bologna per il Nord Est; e Bari e Napoli per il Sud: sono queste le sedi universitarie di maggiore attrazione per i stranieri.
La regione con il maggior numero di iscritti alle Università è la Lombardia (9.719); seguono il Lazio (9.498), l’Emilia Romagna (7.518), la Toscana (5.089), il Piemonte (5.044).
Il gruppo più numeroso di universitari stranieri in Italia sono gli albanesi, con 11.380 iscritti; altre presenze significative riguardano i greci e i cinesi (oltre 5.000, quasi il 7%); i rumeni (4.000, oltre il 6%) e i camerunensi (3.000, quasi il 4%). Tra gli universitari che registrano una maggiore crescita tra gli iscritti stranieri nelle università sono da ricordare i cinesi (con una crescita del 10,9%), i rumeni (con una crescita del 9,9%). Nel 2009 si sono laureati 6.240 universitari stranieri.

Una migrazione nuova e giovane
Entrambi i volti delle migrazioni hanno spesso come protagonisti i giovani, provenienti dai diversi Continenti, da situazioni lontane fra loro, ma al tempo stesso che esprimono gli stessi tratti: la voglia di pace e di sicurezza, il desiderio di conoscenza e di ricerca. Il futuro del nostro paese dipende anche dalla valorizzazione di questo incontro straordinario.

Presentazione della Giornata Mondiale delle Migrazioni

La Chiesa oggi guarda con attenzione, dettata da profonda esperienza umana e religiosa, al fenomeno migratorio. Non è esso un fatto episodico o congiunturale, ma rivela i tratti di strutturale presenza nella formazione di una nuova identità umana. È caratteristica dei nostri tempi la mobilità umana, che è determinata da diversi fattori. Si viaggia per lavoro, per cultura, per svago. Flussi umani da diversi Paesi del mondo giungono in Europa e in Italia, determinando sempre più l’incontro di culture diverse in un confronto non sempre facile. L’accoglienza trova le sue difficoltà, che possono essere risolte con una buona volontà non soltanto proclamata, ma espressa con le opere e i gesti concreti.
L’integrazione è più problematica, perché è un processo culturale e vitale, che chiede tempi lunghi e lentamente si rende possibile attraverso l’incontro nel tempo e con le future generazioni. Risulta tuttavia l’importanza dell’accoglienza come espressione di appartenenza ad una sola famiglia umana.
Il fenomeno migratorio è abbastanza presente e inarrestabile, anche se deve essere regolato secondo le possibilità di risorse del Paese accogliente. Il processo tante volte è guidato dalla economia globale, da situazioni di povertà e di disagio sociale, nonché dalle guerre, tante volte tribali ed economiche.
Il 16 gennaio ricorre la Giornata Mondiale del Migrante e del Rifugiato. Il Santo Padre Benedetto XVI ha inviato un messaggio ricco di umanità e di spiritualità, invitando la Chiesa a riflettere sul crescente fenomeno migratorio e volgere la preghiera al Signore, perché i cuori si aprano all’accoglienza, operando una scelta che sappia unire giustizia e carità. Il fondamento di questa opzione è dato dalla verità che Dio è Padre, ci chiama ad essere figli amati nel suo Figlio prediletto, per cui siamo tutti fratelli in Cristo. Il Santo Padre indica il tema scelto quest’anno: “Una sola famiglia”. Invita a riflettere come l’umanità riscopre di essere famiglia di Dio, in una modalità di accoglienza scambievole.
Ci ricorda il Concilio Vaticano II, nella Dichiarazione Nostra aetate n. 1, che «Tutti i popoli costituiscono una sola comunità. Essi hanno una sola origine, poiché Dio ha fatto abitare l’intero genere umano su tutta la faccia della terra; essi hanno anche un solo fine ultimo, Dio del quale la provvidenza, la testimonianza di bontà e il disegno di salvezza si estendono a tutti».
La tipologia del fenomeno migratorio ha diverse connotazioni: interne, internazionali, permanenti, stagionali, economiche, politiche, volontarie, forzate.
Diventa anche problematica la ricerca di risposta all’interrogativo. Che cosa debbono lasciare gli immigrati per sentirsi integrati, che cosa debbono conservare per non sentirsi defraudati dal nuovo ambiente accogliente?
Anche affermando che lo Stato ha diritto di regolare i flussi, deve tuttavia assicurare il rispetto alle persone e alla loro dignità umana.
Occorre coniugare solidarietà e legalità, accoglienza e rispetto delle regole. Il Santo Padre Benedetto XVI ci ricorda che: «Tutti fanno parte di una sola famiglia, migranti e popolazioni locali che li accolgono, e tutti hanno lo stesso diritto ad usufruire dei beni della terra, la cui destinazione è universale, come insegna la dottrina sociale della Chiesa. Qui trovano fondamento la solidarietà e la condivisione». Inoltre occorre ricordare e meditare quanto il Venerabile Giovanni Paolo II sottolineava che «il bene comune universale abbraccia l’intera famiglia dei popoli, al di sopra di ogni egoismo nazionalista. È in questo contesto che va considerato il diritto ad emigrare. La Chiesa lo riconosce ad ogni uomo, nel duplice aspetto di possibilità di uscire dal proprio Paese e la possibilità di entrare in un altro alla ricerca di migliori condizioni di vita» (Messaggio per la Giornata Mondiale delle Migrazioni 2001, 3).
La Chiesa volge lo sguardo ricco di benevolenza e di umanità nei confronti degli immigrati, considerando la Paternità di Dio e l’unità del genere umano. Propone la riflessione sulla Divina Eucaristia che è segno di carità e di comunione nei confronti dei poveri e dei deboli.
Il Messaggio del S. Padre spazia su alcuni temi particolari, che necessitano della nostra riflessione e del nostro comune impegno. Comunica a tutti noi la situazione non sempre definita dagli Stati della condizione dei rifugiati e migranti forzati.
Il S. Padre ci ricorda: «Come già ebbi occasione di dire, accogliere i rifugiati e dare loro ospitalità è per tutti un doveroso gesto di umana solidarietà, affinché essi non si sentano isolati a causa dell’intolleranza e del disinteresse» (Udienza Generale del 20 giugno 2007).
È questo dei rifugiati, tante volte per motivi politici, di sterminio della razza o della famiglia etnica uno dei tanti motivi di sofferenza umana. È una piaga di dolore che si riapre e che non si rimargina, dettata dalle condizioni di intolleranza e di disinteresse, che regna un po’ ovunque. Purtroppo bisogna lamentare che vi è un clima diffuso di non accettazione del migrante per pregiudizi razziali. In alcune situazioni vi è un forte razzismo, o anche una diffusa paura, sospetto per l’altro, per lo sconosciuto, per lo straniero.
Vi è una diffusa mentalità xenofoba, dettata da pregiudizi, che lentamente minano alla base ogni tipo di accoglienza. Questa mentalità è diffusa nei diversi ambienti e genera una sofferenza in coloro che bussano alla porta della nostra considerazione e del senso umano di accoglienza. Gli immigrati sembrano quasi un peso da rimuovere, per cui a fatica entrano nel circuito della nostra comprensione umana.
In particolare i rifugiati sono più esposti ad un isolamento fisico ed ambientale. Vivono la loro solitudine come un dramma spirituale e umano, non facile ad essere rimosso.
L’emigrazione non è uno svago, una passeggiata per diporto, ma diventa dramma per l’entroterra umano e sociale da cui parte.
Miseria, fame, precarietà, malattie, contrasti sociali, lotte etniche, persecuzioni sono alla base, ma anche un giusto interesse ad una vita migliore, non ostacolata nel suo divenire. L’immigrazione per il paese accogliente non è un disagio sociale assoluto, anzi può essere risorsa, poiché tante volte nei paesi accoglienti vi è un forte calo demografico, con caduta del lavoro, che gli abitanti non desiderano compiere, per una mentalità di scelta, che è cambiata. D’altra parte gli immigrati sono persone che si impegnano come lavoratori nei settori, specie nella edilizia, nell’agricoltura, nel piccolo commercio tante volte ambulante.
Il Santo Padre esorta alla accoglienza concreta quando afferma per i rifugiati «che quanti sono forzati a lasciare le loro case o la loro terra saranno aiutati a trovare un luogo dove vivere in pace e sicurezza, dove lavorare e assumere i diritti e i doveri esistenti nel Paese che li accoglie, contribuendo al bene comune, senza dimenticare la dimensione religiosa della vita» (Dal Messaggio per la Giornata del Migrante 2011).
Il Santo Padre si sofferma inoltre sulla considerazione della presenza di studenti esteri ed internazionali presenti specie nelle Università e Istituti di ricerca. Essi si formano culturalmente e socialmente ad essere futuri dirigenti nel loro paese di origine, per cui hanno un grande compito anche a favore degli altri. Rivela il tutto come l’umanità, nelle sue diverse componenti, forma una sola famiglia. È questo anche motivo per «sostenere l’impegno a favore degli studenti esteri e accompagnare l’attenzione per i loro problemi concreti, quali le ristrettezze economiche o il disagio di sentirsi soli nell’affrontare un ambiente sociale e universitario molto diverso, come pure le difficoltà di inserimento» (Dal Messaggio per la Giornata del Migrante 2011).
La Chiesa, esperta in umanità, evidenzia sempre più come l’umanità è una grande famiglia, al di là di ogni distinzione dettata da motivi contingenti e marginali. L’umanità è la grande famiglia di Dio, che si costruisce nel nome del Signore e del suo amore come comunità che esprime dono, rispetto, accoglienza, per tutti, specie per i più poveri e deboli.
L’opzione preferenziale per i poveri è il segno di una Chiesa, che è libera e sa parlare con tutti.
La carità poi è il biglietto di visita di una Chiesa, che ama ed offre la sua disponibilità a vestire il grembiule del servizio ai più poveri e deboli, così come ha fatto il suo Maestro. «Vi ho chiamato amici, perché tutto ciò che ho udito dal Padre l’ho fatto conoscere a voi» (Gv 15, 15).
La Giornata Mondiale delle Migrazioni 2011 si svolgerà quest’anno nella Regione della Liguria, per cui saluto con deferenza e grato senso di rispetto e stima la Conferenza Episcopale Ligure, il Signor Card. Angelo Bagnasco, Presidente della C.E.I. e Presidente della Conferenza Episcopale Ligure, tutti gli immigrati, perché insieme formiamo la grande famiglia umana, perché è la grande famiglia di Dio.

† Bruno Schettino
Arcivescovo
Presidente della Commissione Episcopale per le migrazioni

INTERVENTO DI S.E. MONS. ANTONIO MARIA VEGLIÒ

Sono lieto e onorato di presentare oggi il Messaggio del Santo Padre Benedetto XVI per la celebrazione annuale della Giornata Mondiale del Migrante e del Rifugiato, che avrà luogo il 16 gennaio 2011. Ne è tema "Una sola famiglia umana".
"Grazie alla comune origine il genere umano forma una unità. Dio infatti ‘creò da uno solo tutte le nazioni degli uomini’ (At 17,26)", recita il Catechismo della Chiesa Cattolica – CCC – al n. 360. La prima pagina della Bibbia offre una meravigliosa visione, che ci fa contemplare il genere umano nell’unità di una comune origine in Dio: "un solo Dio e padre di tutti" (Ef 4,6) che "ci chiama ad essere figli amati nel suo Figlio prediletto" e "ci chiama anche a riconoscerci tutti come fratelli in Cristo" (Giornata Mondiale del Migrante e del Rifugiato 2011).
L’umanità dunque è "una sola famiglia di fratelli e sorelle in società che si fanno sempre più multietniche e interculturali" (GMMR 2011), grazie anche alle migrazioni, che generalmente costituiscono una difficile esperienza, pur nelle varie tipologie che il fenomeno assume. Infatti, ci sono le migrazioni "interne o internazionali, permanenti o stagionali, economiche o politiche, volontarie o forzate" (GMMR 2011). Si tratta di movimenti che portano comunque a una mescolanza di etnie, culture e religioni che rende il dialogo un necessario strumento verso "una serena e fruttuosa convivenza nel rispetto delle legittime differenze" (GMMR 2011). Nel suo Messaggio per la Giornata mondiale della pace (GMP) del 2001 (n. 12), il Venerabile Giovanni Paolo II affermò che "sono molte le civiltà che si sono sviluppate e arricchite proprio per gli apporti dati dall’immigrazione. In altri casi, le diversità culturali di autoctoni e immigrati non si sono integrate, ma hanno mostrato la capacità di convivere, attraverso una prassi di rispetto reciproco delle persone e di accettazione o tolleranza dei differenti costumi" (cfr. anche Erga Migrantes Caritas Christi – EMCC – , n. 2).
È dunque importante che gli immigrati si integrino nel Paese di accoglienza "rispettandone le leggi e l’identità nazionale" (GMMR 2011). È vero che "non è facile individuare assetti e ordinamenti che garantiscano, in modo equilibrato ed equo, i diritti e i doveri tanto di chi accoglie quanto di chi viene accolto" (GMP 2001, n. 12), ma si possono "individuare alcuni principi etici di fondo a cui fare riferimento. Primo fra tutti, è […] il principio secondo cui gli immigrati vanno sempre trattati con il rispetto dovuto alla dignità di ciascuna persona umana" (ibid., n. 13). Certo è diritto degli Stati "regolare i flussi migratori e […] difendere le proprie frontiere" (GMMR 2011), per salvaguardare la sicurezza della Nazione, ma tale diritto deve sempre tener conto del principio appena menzionato. "Si tratterà allora di coniugare l’accoglienza che si deve a tutti gli esseri umani, specie se indigenti, con la valutazione delle condizioni indispensabili per una vita dignitosa e pacifica per gli abitanti originari e per quelli sopraggiunti (GMP 2001, n. 13)" (GMMR 2011).
Ogni flusso migratorio ha un suo itinerario di inserimento, connesso a molteplici variabili. I rapporti che si sviluppano fra gli immigrati (individui e gruppi) e la società di accoglienza si possono ricondurre a schemi che potremmo sintetizzare negli elementi seguenti:
1. l’assimilazione o assorbimento che si traduce nella conformazione all’ingranaggio sociale, processo che equivale a una "deculturazione" e "spersonalizzazione";
2. la ghettizzazione che implica la chiusura, l’autodifesa e la resistenza di fronte all’esclusione, il rifiuto della società circostante, la marginalità e la discriminazione, che alimentano l’aggressività e l’ostilità reciproche;
3. la fusione sincretica o "melting pot", che si esplicita nella fusione dei diversi modelli culturali, con perdita di identità culturale propria;
4. il "pluralismo culturale" che affianca le culture e sembra porsi come reazione al carattere unidimensionale della cultura locale, che tende a subordinare i modelli culturali a quelli della produzione e della consumazione.
A questi schemi classici, nella linea del Messaggio del Santo Padre che oggi presentiamo, possiamo aggiungere un quinto caso, quello dell’"integrazione sociale", accompagnata dalla "sintesi culturale", che comporta da un lato un processo dinamico – cioè la reciprocità dello scambio – e, dall’altro, un’integrazione sociale che presuppone la partecipazione alla creazione e al cambiamento delle relazioni sociali.
La "sintesi culturale" presuppone l’elaborazione di modelli originali, scaturiti dalle culture presenti, senza per questo lasciarsi ridurre ad alcuna di esse; modelli che si inseriscono nella cultura di base che in questo modo si rafforza.
In tale quadro concettuale solo l’ultimo processo rappresenta il successo del pluriculturalismo ed è l’unico a permettere ai gruppi immigrati di dare vita a una "nuova cultura" il cui beneficiario è la società intera (immigrati e autoctoni). L’assimilazione, in effetti, non può essere concepita come l’ultimo stadio dell’acculturazione, ma – come la ghettizzazione, il melting pot e il pluriculturalismo – essa non è che una forma del suo fallimento.
All’interno di questo quadro rappresentativo, costatiamo che tutti siamo figli di un solo Padre e fratelli tra di noi con vocazione all’unità. In effetti, rispondendo a questa autentica chiamata divina, siamo consapevoli che "noi ‘non viviamo gli uni accanto agli altri per caso; stiamo tutti percorrendo uno stesso cammino come uomini e quindi come fratelli e sorelle’ (GMP 2008, 6)", e quindi tutti "fanno parte di un’unica famiglia, migranti e popolazioni locali che li accolgono" (GMMR 2011).
Questa visione ci porta anche a considerare l’unità della casa dell’umanità, del suo habitat che è la terra, dei cui beni tutti gli uomini, per diritto naturale, possono usare per il sostentamento e lo sviluppo della vita. Sì, tutti hanno lo stesso diritto ai beni della terra, secondo il principio della "destinazione universale delle risorse", che la Dottrina sociale della Chiesa insegna. Dunque, la solidarietà umana e la carità non devono escludere nessuno dalla ricca varietà delle persone, delle culture e dei popoli (cfr. CCC, n. 361) e, ancora, condividere con gli altri non è un atto di gentilezza o di generosità, ma un dovere verso i membri della medesima famiglia.
In essa, a nessuno deve mancare il necessario e il patrimonio familiare va gestito nella solidarietà, senza eccessi e senza sprechi. Così anche nella famiglia umana – come si espresse Benedetto XVI nel 2008 – , non "vanno dimenticati i poveri [tra cui molti migranti e rifugiati], esclusi in molti casi dalla destinazione universale dei beni del creato" e va cercata "un’economia che risponda veramente alle esigenze di un bene comune a dimensioni planetarie". Le relazioni tra le singole persone e tra i popoli devono permettere "a tutti di collaborare su un piano di parità e di giustizia" e al tempo stesso occorre adoperarsi "per una saggia utilizzazione delle risorse e per un’equa distribuzione della ricchezza". In questo contesto, "gli aiuti dati ai Paesi poveri devono rispondere a criteri di sana logica economica, evitando sprechi" (cfr. GMP 2008, nn. 7 e 10).
Quando perciò la situazione è tale che non è possibile, per una persona e per la sua famiglia, vivere con dignità nella terra natia, si deve dare loro la possibilità di cercare migliori opportunità altrove. Il diritto ad emigrare sancito dalla Dichiarazione Universale dei Diritti dell’Uomo, art. 13, che ogni persona possiede, va infatti inquadrato proprio nella destinazione universale dei beni di questo mondo, come ribadì Giovanni XXIII nell’Enciclica Mater et Magistra (nn. 30 e 33). Giovanni Paolo II lo sottolineò nel suo Messaggio per la Giornata del Migrante e del Rifugiato del 2001 (n. 3) dicendo che "[il bene comune universale] abbraccia l’intera famiglia dei popoli, al di sopra di ogni egoismo nazionalista. È in questo contesto che va considerato il diritto ad emigrare. La Chiesa lo riconosce ad ogni uomo nel duplice aspetto di possibilità di uscire dal proprio Paese e possibilità di entrare in un altro alla ricerca di migliori condizioni di vita" (GMMR 2011).
Nell’Enciclica Caritas in veritate (CV), Benedetto XVI ha recentemente affermato che "nessun Paese da solo può ritenersi in grado di far fronte ai problemi migratori del nostro tempo" (CV, 62). Pertanto, nella nostra "società in via di globalizzazione, il bene comune e l’impegno per esso non possono non assumere le dimensioni dell’intera famiglia umana, vale a dire della comunità dei popoli e delle Nazioni, così da dare forma di unità e di pace alla città dell’uomo, e renderla in qualche misura anticipazione prefiguratrice della città senza barriere di Dio (CV, 7)" (GMMR 2011).
Nel contesto di questa presentazione, vale la pena ricordare che le Nazioni Unite hanno dedicato l’anno 2010, che ormai volge al termine, come "Anno internazionale per l’avvicinamento delle culture", su richiesta della Conferenza Generale dell’UNESCO svoltasi a fine 2007. Tale proposta fu adottata dall’Assemblea Generale delle Nazioni Unite, che conferì all’UNESCO il mandato di curare l’organizzazione dell’Anno. Obiettivo generale dell’iniziativa è stato quello di iscrivere nell’ottica del dialogo e della vicinanza interculturale le prassi politiche, a livello locale, nazionale, regionale e internazionale, coinvolgendo in tal modo il più ampio numero di partners. Si è inteso, dunque, rafforzare la comunicazione tra i popoli, ai fini di una migliore comprensione reciproca e di una più compiuta conoscenza dei diversi modi di vita. L’Anno 2010 è stata occasione di ribadire la visione di un’umanità pluralistica e l’interazione tra diversità culturale e dialogo interculturale. Pertanto, anche il Messaggio del Santo Padre rafforza nella comunità internazionale la percezione dell’importanza del dialogo e promuove il riconoscimento dei diritti umani per tutti, combattendo contro le nuove forme di razzismo e discriminazione.
"La mancanza di fraternità tra gli uomini e tra i popoli è causa profonda del sottosviluppo e […] incide fortemente sul fenomeno migratorio" (GMMR 2011), afferma Benedetto XVI. L’autentico sviluppo, infatti, proviene dalla "condivisione dei beni e delle risorse", che "non è assicurata dal solo progresso tecnico e da mere relazioni di convenienza, ma dal potenziale di amore che vince il male con il bene (cfr. Rm 12,21) e apre alla reciprocità delle coscienze e delle libertà" (CV, 9). A questo proposito anche l’Istruzione Erga Migrantes Caritas Christi, pubblicata nel 2004 dal nostro Dicastero, solleva la "questione etica […] della ricerca di un nuovo ordine economico internazionale per una più equa distribuzione dei beni della terra, che contribuirebbe […] a ridurre e moderare i flussi […] delle popolazioni in difficoltà". In effetti, tale nuovo ordine richiede una nuova visione "della comunità mondiale, considerata come famiglia di popoli, a cui finalmente sono destinati i beni della terra, in una prospettiva del bene comune universale" (EMCC, 8).
La riflessione e l’auspicio del Santo Padre sul tema dell’Eucaristia, "sorgente inesauribile di comunione per l’intera umanità" (GMMR 2011), incoraggia la crescita nella carità vissuta e concreta, soprattutto verso i più poveri e deboli, tra i quali questo Messaggio Pontificio raccomanda i migranti, i rifugiati e gli studenti internazionali.