quarta-feira, 28 de julho de 2010

Atividades no Fórum Social das Américas destacam situação atual do Haiti

Karol Assunção *

Adital -
Mais de seis meses após o terremoto que destruiu o Haiti, a situação do país permanece preocupante. Milhares de haitianos e haitianas continuam em abrigos e a ajuda prometida para a reconstrução do país ainda não chegou. Além disso, a presença de tropas militares estrangeiras põe a soberania haitiana em risco. Esses serão alguns dos pontos abordados durante atividades do IV Fórum Social das Américas (FSA), que acontece de 11 a 15 de agosto em Assunção, no Paraguai.
De acordo com Sandra Quintela, socioeconomista do Instituto Políticas Alternativas para o Cone Sul (Pacs), a Rede Jubileu Sul Américas preparou duas atividades sobre a situação haitiana a serem realizadas no marco do Fórum. De acordo com ela, nos dias 12 e 13 de agosto, os participantes serão convidados a refletir sobre o quadro do país após o terremoto de 12 de janeiro e sobre a relação da ocupação militar com a questão econômica.


As duas atividades têm objetivos bem precisos. Na primeira, Sandra revela que a ideia é reforçar a campanha continental de ajuda ao Haiti. "Menos de 2% dos recursos prometidos chegaram ao país", destaca. Já na segunda, a intenção é pedir a retirada dos militares estrangeiros do território haitiano. "Sete anos que estão no país [as tropas da Missão das Nações Unidas para Estabilização do Haiti - Minustah] e nada fizeram", considera.

A intenção, segundo ela, é "não deixar o Haiti ser esquecido" pela população mundial. A preocupação da socioeconomista não é à toa. Seis meses depois da tragédia, a realidade do país continua precária. "A sensação é que o terremoto foi ontem", relata, com base em depoimento de uma amiga que veio recentemente do país caribenho.

De acordo com Sandra, ainda há destroços nas ruas, milhares de haitianos e haitianas continuam a viver em condições precárias em abrigos e tendas. "Com as chuvas, mulheres e crianças são obrigadas a passar a noite toda em pé porque o chão fica todo molhado", conta, denunciando também a promoção individual de vários artistas e organizações não governamentais internacionais. "Muitas pessoas vão para lá, mas, de fato, nada acontece, a população continua nas ruas", observa.

Situação que lembra as promessas de ajuda financeira feitas logo após a catástrofe e que ainda não chegaram ao país. "Tantas promessas e nada acontece. Por quê? A comunidade internacional não está interessada na reconstrução social", acredita. Na opinião de Sandra, a comunidade internacional está mesmo preocupada é com a questão econômica, ou seja, na instalação de empresas, na concessão de novos empréstimos e nas privatizações, como já aconteceu com a telefonia.

"Quem, de fato, tem interesse na reconstrução soberana do Haiti? A própria população haitiana", aponta. Para isso, apesar de todas as dificuldades, aos poucos movimentos e organizações do país tentam se reorganizar e realizar ações como assembleias populares e manifestações.

Uma dessas ações é contra as tropas militares no país, questão também destacada nas atividades do Fórum Social das Américas. De acordo com a socioeconomista, a operação militar no Haiti já vai entrar no sétimo ano e pouca coisa foi feita. "A Minustah não está nas ruas, não há a presença que esperavam", comenta.

Exemplo disso é o que se pode observar depois do sismo. "Aumentou o número de militares após o terremoto e os destroços continuam", afirma, destacando o alto custo para manter os militares no país. "O custo das tropas é crescente: 600, 700, 800 milhões de dólares", ressalta.


* Jornalista da Adital

Atividades no Fórum Social das Américas destacam situação atual do Haiti

Karol Assunção *

Adital -
Mais de seis meses após o terremoto que destruiu o Haiti, a situação do país permanece preocupante. Milhares de haitianos e haitianas continuam em abrigos e a ajuda prometida para a reconstrução do país ainda não chegou. Além disso, a presença de tropas militares estrangeiras põe a soberania haitiana em risco. Esses serão alguns dos pontos abordados durante atividades do IV Fórum Social das Américas (FSA), que acontece de 11 a 15 de agosto em Assunção, no Paraguai.
De acordo com Sandra Quintela, socioeconomista do Instituto Políticas Alternativas para o Cone Sul (Pacs), a Rede Jubileu Sul Américas preparou duas atividades sobre a situação haitiana a serem realizadas no marco do Fórum. De acordo com ela, nos dias 12 e 13 de agosto, os participantes serão convidados a refletir sobre o quadro do país após o terremoto de 12 de janeiro e sobre a relação da ocupação militar com a questão econômica.


As duas atividades têm objetivos bem precisos. Na primeira, Sandra revela que a ideia é reforçar a campanha continental de ajuda ao Haiti. "Menos de 2% dos recursos prometidos chegaram ao país", destaca. Já na segunda, a intenção é pedir a retirada dos militares estrangeiros do território haitiano. "Sete anos que estão no país [as tropas da Missão das Nações Unidas para Estabilização do Haiti - Minustah] e nada fizeram", considera.

A intenção, segundo ela, é "não deixar o Haiti ser esquecido" pela população mundial. A preocupação da socioeconomista não é à toa. Seis meses depois da tragédia, a realidade do país continua precária. "A sensação é que o terremoto foi ontem", relata, com base em depoimento de uma amiga que veio recentemente do país caribenho.

De acordo com Sandra, ainda há destroços nas ruas, milhares de haitianos e haitianas continuam a viver em condições precárias em abrigos e tendas. "Com as chuvas, mulheres e crianças são obrigadas a passar a noite toda em pé porque o chão fica todo molhado", conta, denunciando também a promoção individual de vários artistas e organizações não governamentais internacionais. "Muitas pessoas vão para lá, mas, de fato, nada acontece, a população continua nas ruas", observa.

Situação que lembra as promessas de ajuda financeira feitas logo após a catástrofe e que ainda não chegaram ao país. "Tantas promessas e nada acontece. Por quê? A comunidade internacional não está interessada na reconstrução social", acredita. Na opinião de Sandra, a comunidade internacional está mesmo preocupada é com a questão econômica, ou seja, na instalação de empresas, na concessão de novos empréstimos e nas privatizações, como já aconteceu com a telefonia.

"Quem, de fato, tem interesse na reconstrução soberana do Haiti? A própria população haitiana", aponta. Para isso, apesar de todas as dificuldades, aos poucos movimentos e organizações do país tentam se reorganizar e realizar ações como assembleias populares e manifestações.

Uma dessas ações é contra as tropas militares no país, questão também destacada nas atividades do Fórum Social das Américas. De acordo com a socioeconomista, a operação militar no Haiti já vai entrar no sétimo ano e pouca coisa foi feita. "A Minustah não está nas ruas, não há a presença que esperavam", comenta.

Exemplo disso é o que se pode observar depois do sismo. "Aumentou o número de militares após o terremoto e os destroços continuam", afirma, destacando o alto custo para manter os militares no país. "O custo das tropas é crescente: 600, 700, 800 milhões de dólares", ressalta.


* Jornalista da Adital

Igreja: uma leitura teológica

Leonardo Boff *

Adital -
Nos artigos anteriores refletimos sobre uma questão particular, a do poder na Igreja, centralizado no clero e no Papa, de cariz absolutista. Alguns ficaram chocados; mas, a verdade é essa mesma. Agora cabe uma reflexão geral, de cunho teológico, quer dizer: considerar as realidades divinas subjacentes à Igreja, entendida como comunidade que se forma a partir da fé em Jesus como Filho de Deus e Salvador universal.
Notoriamente a intenção primeira de Jesus não foi a Igreja, mas o Reino de Deus, aquela utopia radical de completa libertação. Tanto assim que os evangelistas Lucas, Marcos e João sequer conhecem a palavra Igreja. É somente Mateus que fala três vezes de Igreja. Mas não se realizando o Reino devido a execução judicial de Jesus, foi a Igreja que entrou em seu lugar. O Novo Testamento nos transmite três formas diferentes de organizar a Igreja: a sinagogal de São Mateus, a carismática de São Paulo e a hierárquica dos discípulos de Paulo, Timóteo e Tito. Foi esta que prevaleceu.


Antes de tudo, a Igreja se define como comunidade de fiéis. Enquanto comunidade, ela se sente ancorada no Deus cristão que também é comunidade de Pai, Filho e Espírito Santo. Isto significa que a comunidade é anterior às instâncias de poder cujo lugar é no meio dela, como serviço de animação e de coesão. O amor e a comunhão, essência da Trindade, são também a essência teológica da Igreja.

Esta comunidade se sustenta sobre duas colunas: Jesus Cristo e o Espírito Santo. Jesus aparece sob duas figuras: a do homem de Nazaré, pobre, profeta ambulante que pregou o Reino de Deus (em oposição ao Reino de César) e que acabou na cruz; e sob a figura do ressuscitado que ganhou dimensão cósmica estando presente na matéria, na evolução e na comunidade, como antecipação do homem novo e do fim bom do universo.

A segunda coluna é o Espírito Santo. Ele estava presente no ato da criação do cosmos, sempre acompanha a humanidade e cada pessoa e chega antes do missionário. É ele que suscita a espiritualidade: a vivência do amor, do perdão, da solidariedade, da compaixão e da abertura a Deus. Na Igreja ele mantém vivo o legado de Jesus e é responsável por sua contínua atualização com carismas, pensamentos criativos, ritos e linguagens inovadoras.

Santo Ireneu (+200) disse bem: Cristo e o Espírito são as duas mãos do Pai com as quais nos alcança e nos salva.

Cristo por ser a encarnação do Filho, representa o lado mais permanente da Igreja, seu caráter institucional. O Espírito, o lado mais criativo, seu caráter dinâmico. A Igreja viva é simultaneamente algo estruturado mas também algo mutante como as inovações que fogem ao controle da instituição.

Diz-se também que a Igreja concreta, como comunidade e como movimento de Jesus, possui duas dimensões: a petrina e a paulina. A petrina (de São Pedro=Papa) é o princípio da Tradição e da continuidade. A dimensão paulina (de São Paulo) representa o momento de ruptura, a criatividade. Paulo deixou o solo judaico e partiu para a inculturação no mundo helênico. Pedro é a organização, Paulo a criação.

Pedro e Paulo se encontram unidos na figura do Papa, herdeiro e guardião das duas vertentes, simbolizadas pelos túmulos dos dois apóstolos em Roma. Ambas se pertencem mutuamente. Mas nos últimos séculos predominou a dimensão petrina, quase afogando a paulina. Tal desequilíbrio deu origem a uma organização eclesiástica centralista, com o poder em poucas mãos, conservadora e resistente ao novo, seja vindo do interior da Igreja mesma; seja da sociedade. O atual Papa é quase exclusivamente petrino, avesso a toda modernidade.

Hoje se impõe recuperar o equilíbrio eclesiológico perdido. A Igreja deve manter a herança intacta de Jesus (Pedro) e ao mesmo tempo renovar as formas de sua realização no mundo (Paulo). Só assim supera seu conservadorismo e mostra sua criatividade na comunicação com os contemporâneos. Ela não pode ser fonte de águas mortas, mas de águas vivas.

[Autor de Igreja: carisma e poder, Record 2009].


* Teólogo, filósofo e escritor

Ainda somos muito desiguais

Marcus Eduardo de Oliveira *

Adital -
O fator desigualdade no desenvolvimento humano continua a ser a pedra no sapato dos brasileiros. Entre os países da América Latina, estamos na nona posição no ranking que mede essa desigualdade. Esse é o resultado do último estudo divulgado pela ONU-Pnud, com base em dados de 2006.
O IDH-D (Índice de Desenvolvimento Humano ajustado à Desigualdade) que considera a renda per capita domiciliar; a taxa de alfabetização e os anos de estudos das pessoas de 7 anos ou mais e, o acesso a água potável e adequadas condições de higiene, destacando-se o acesso a banheiro nos domicílios, mostram o Brasil com um índice de 0,629, portanto, na condição de país de desenvolvimento médio (de 0,500 a 0,800).


Numa escala de 0 a 1, o IDH-D aponta que quanto mais próximo de 1, como são os casos de Argentina (0,842) e Uruguai (0,834), melhor é a situação, com pouca desigualdade nos quesitos estudados. No outro extremo, quanto mais próximo de zero, pior é a condição social, como são os casos de Honduras (0,382) e Nicarágua (0,288).

Pois bem. Diante desses dados uma questão se impõe como pertinente: o crescimento econômico em si não resolve a questão da desigualdade social. Crescer economicamente não significa (e nunca significou) que a vida das pessoas mais necessitadas irá melhorar, embora seja o crescimento da economia um fator benéfico no conjunto das opções a favor da busca de bem-estar. Lembremos, nesse pormenor, que de 1870 a 1980, o PIB brasileiro cresceu mais de 150 vezes; no entanto, nesse mesmo período de tempo, excluídos os contratempos e sobressaltos políticos e econômicos, a vida dos brasileiros, em termos de melhoria substancial na qualidade de vida, não acompanhou esse forte crescimento do produto.

Ademais, ainda que a renda per capita dos brasileiros mais pobres, de 2000 a 2008, tenha crescido 72%, o IDH-D nos coloca na incômoda posição de sermos muito desiguais, o que ressalta, grosso modo, a relação conflituosa entre os campos econômico e social, contribuindo para a latente desigualdade. E somos desiguais basicamente pela deficiência de ajustar o crescimento da economia em termos de distribuição equitativa da renda, e de nos negarmos a enfrentar o desafio de conjugar mercado e virtudes civis, visando construir uma economia com eficiência, de característica tipicamente solidária.

Continuamos desiguais, pois não aproveitamos a potencialidade econômica de um país dono da quinta maior extensão territorial do mundo em favor de um programa de produção de alimentos para o consumo doméstico; ao contrário: preferimos adoçar a boca dos estrangeiros com a exportação de alimentos e vitaminas. Continuamos desiguais, pois não criamos ainda uma cultura de subordinar a economia aos objetivos sociais. Continuamos desiguais, pois, depois de mais de 500 anos de história econômica e política, ainda temos políticas econômicas desenhadas apenas para fazer a riqueza subir, e não para fazer a pobreza se reduzir a zero, entendendo que a pobreza um dia acabará enquanto a riqueza está aumentando. É por isso que ainda somos um país paradoxal: um país rico com uma triste e dramática pobreza vinculada a um elevado grau de desigualdade.

Definitivamente, só vamos diminuir essa desigualdade e eliminar os focos de pobreza quando a economia for direcionada para produzir tudo aquilo que elimina o estado de pobreza, ou seja, escola pública de qualidade, saúde pública confiável, saneamento básico, água potável, cultivar a terra e eliminar o latifúndio, coletar o lixo das ruas, e permitir com que cada brasileiro carente tenha possibilidade de comprar arroz, feijão e o bife para o fim de semana.


* Economista brasileiro, especialista em Política Internacional. Articulista do site "O Economista", do Portal EcoDebate e da Agência Zwela de Notícias (Angola)

Vazio e busca da paz

Pe. Alfredo J. Gonçalves *

Adital -
Há um vazio acima de nossas cabeças órfãs e perdidas, abaixo de nossos pés inseguros e escorregadios, ao redor de nosso agir febril e pragmático. Procuramos uma palavra no céu e topamos com o silêncio inquietante e impenetrável, que a um só tempo diz tudo e tudo oculta; procuramos um terreno sólido sobre o qual firmar as raízes e apoiar-se, e escorregamos para um abismo sem fundo, dele ficando suspensos por um fio tênue e frágil; procuramos um rosto que, em meio à multidão solitária, nos transmita vida e nos reconheça, e todos se furtam sorrateiramente.
Mais grave ainda, há um vazio em nossos olhos intoxicados de cores e imagens, em nosso peito curvado sob o peso dos afazeres e preocupações, em nossa alma atormentada por dúvidas e interrogações. Também aqui procuramos um olhar de compreensão e conforto, mas o que mora nos olhos de todos é o medo e a frieza, o desdém e a indiferença; procuramos um coração amigo, onde depositar confiantemente temores, mágoas e feridas, mas tropeçamos com gente de pedra, como o concreto e o asfalto da grande metrópole; procuramos um espírito lúcido, que ilumine nossas noites às vezes longas, escuras e insones, mas todos parecem fechados e asfixiados, prestes a afogar-se sob as ondas das próprias tormentas.


À medida que se aprofunda o vazio, cresce a corrida vertiginosa e alucinada para preencher suas reentrâncias obscuras e aparentemente selvagens. Multiplicamos tarefas, ruídos e palavras, na tentativa de calar esse clamor que sobre das entranhas mais íntimas. Enchemos a agenda de encontros e compromissos, para fugir a esse chamado sem nome, sem rosto e sem voz. Coisas, pessoas e relações servem de pretexto para silenciar um desejo que, por estranho e desconhecido, tudo fazemos para ignorá-lo ou sepultá-lo. Freneticamente consumimos os mais estranhos objetos, todos os segundos e minutos do tempo disponível, o prazer de manipular os aparelhos sofisticados de que dispomos... Tudo em vão!

A brasa do desejo permanece viva sob a avalanche de atividades para encobri-la. Frente a ela, nada podem os apelos do marketing, da propaganda e da publicidade. Menos ainda as bijuterias que, de loja em loja, pelos corredores iluminados do Shopping Center, vamos acumulando nas gavetas de nossas casas. Nem sequer a tecnologia de ponta, com seus artifícios e seu magnetismo, nos pode ajudar. As novidades e os modismos mais exóticos entram por nossas portas, mas a paz parece esquivar-se pelas janelas. "O rumor de anjos", de que fala Peter Berger, convive com o barulho ensurdecedor das máquinas, bem como com o piscar de luzes e o som metálico dos artefatos eletrônicos.

No fundo, permanecemos irremediavelmente sós e vazios, com o desejo oculto a pulsar no recôndito inacessível de nosso ser. Os desejos superficiais e imediatos com letra minúscula, de que está povoada a existência humana, não é capaz de apagar a chama do Desejo com letra maiúscula, que segue emitindo sinais indecifráveis de sua existência. Podemos responder às ondas dos impulsos, instintos e paixões que se manifestam à flor da pele, mas uma corrente subterrânea, ligada ao sangue e à pulsão vital de cada ser humano, circula invisivelmente em nossas veias. O vazio não é senão a sede de Deus, tanto mais forte quanto mais o mundo moderno ou pós-moderno tenta bani-lo dos assuntos terrestres.

Nos terremotos e tempestades de nossa trajetória, essa corrente oculta costuma emergir do fundo das águas, agita o fluxo e refluxo da maré, corrói pelo alicerce as verdades e certezas que nos davam segurança. Ao mesmo tempo, levanta novas perguntas e exige novas respostas. Vem à tona a pergunta fundamental da vida humana: de onde vim, quem sou para onde vou? Está em jogo o sentido da própria existência. Que significado tem meu agir tumultuado? São as situações limites da vida, quando, conforme Simone de Beauvoir, "as estrelas se apagam no céu e os marcos desaparecem da estrada". Como orientar minha frágil embarcação em meio a mares tão bravios, "nunca dantes navegados", acrescentaria o poeta Camões.

Na verdade, trata-se da pergunta que subjaz em vários relatos evangélicos diante do anúncio da Boa Nova por parte de Jesus. Frente à interpelação divina, personificada nos atos e palavras do Mestre, repete-se a pergunta humana: "o que fazer para herdar a vida eterna?". Não a vida após morte, mas uma vida marcada de tal forma por gestos solidários, que a morte não tem o poder de apagar. A morte só leva os mortos, não mata quem ama. A existência de quem "passa pela vida fazendo o bem" permanecerá eterna. Uma vez mais, é a pergunta pelo sentido fundamental da vida, para que esta não significa um par de anos ou décadas jogados fora.

A resposta ao vazio que em nós clama e reclama atenção vem expressada de forma magnífica na Carta de Paulo aos Filipenses. Não apenas no hino do despojamento de Jesus, o qual, embora "sendo de condição divina, não se apegou ciosamente ao fato de ser igual a Deus, mas esvaziou-se a si mesmo, assumindo a condição de servo" (Fl 2, 6-11). Com maior ênfase ainda, vem expressada na própria experiência de Paulo. "Judeu irrepreensível", atira pela janela todos os seus estudos, títulos e privilégios depois do encontro misterioso com o Ressuscitado. Pois, como escreve, "tudo eu considero perda, pela excelência do conhecimento de Cristo Jesus, Meu Senhor; por ele, eu perdi tudo e tudo tenho como esterco, para ganhar Cristo" (Fl 3, 8).

Nada preenche o vazio que nos devora interiormente a não ser a intimidade com Deus, o Pai, com Jesus, o Filho, e com o Espírito Santo. Com razão escreve Edward Schillbeecky (Jesus a história de um vivente): "Jesus nos comunica apenas, da parte de Deus, que o próprio Deus é nossa garantia. E por isso os pobres, os que sofrem e os injustiçados têm realmente base para uma esperança positiva".


* Assessor das Pastorais Sociais.

Práticas de intolerância violam Direitos Humanos

Gajop *

Adital -
Por Valdenia Brito Monteiro
Mestre em Direito Público, professora da Universo e Unicap e coordenadora do Projeto Justiça Cidadã do Gajop
Em meio às tragédias das enchentes ocorridas no Nordeste, especificamente na Zona da Mata de Pernambuco e nas cidades alagoanas, nos deparamos com demonstrações de preconceito, racismo e perseguições aos nordestinos, através da comunidade no Orkut: Eu Odeio Nordestino, que, entre outras discussões de "preocupação" com a migração do nordestino para o sul e sudeste diante dos fatos das chuvas, expressaram: "Nordestino é preconceituoso. Pois invade a terra do outro sem consentimento, tendo o conceito prévio de que o dono da casa é otário e tem que aceitar sua invasão - atrocidades, exploração, roubos de água e luz, gritaria, uso de escolas e hospitais do povo paulista".


São comuns, de tempos em tempos, a depender da conjuntura (crises financeiras, crises de identidade, de valores, entre outros) discursos fundamentalistas/radicais, com base na "demonização do outro" e na intolerância. Iniciam-se processos de falsas imagens dos considerados "diferentes": o negro não é inteligente; os homossexuais são degenerados; os estrangeiros tiram a oportunidade de trabalho do povo de uma nação; o nordestino é otário; entre outros exemplos.

O grande problema é que no inconsciente coletivo vão se consolidando estereótipos e muitas vezes nós nos pegamos com idéias parecidas. Os preconceitos produzem vários chavões, tais como: "nós", os bons, os não violentos, e "eles", os violentos, os ruins; operam com o mecanismo de negação dos direitos humanos para aqueles considerados "diferentes".

Faz-se necessária uma reflexão para coibir atitudes semelhantes a partir da Declaração de Princípios sobre a Tolerância, aprovada pela Conferência Geral da UNESCO, em 1995. No seu artigo 1°, expõe: Em consonância ao respeito dos direitos humanos, praticar a tolerância não significa tolerar a injustiça social, nem renunciar às próprias convicções, nem fazer concessões a respeito. A prática da tolerância significa que toda pessoa tem a livre escolha de suas convicções e aceita que o outro desfrute da mesma liberdade. Significa aceitar o fato de que os seres humanos, que se caracterizam naturalmente pela diversidade de seu aspecto físico, de sua situação, de seu modo de expressar-se, de seus comportamentos e de seus valores, têm o direito de viver em paz e de ser tais como são. Significa também que ninguém deve impor suas opiniões a outrem.

Devemos ser tolerantes para os que pregam a xenofobia, cometem atos contra os direitos humanos? A tolerância, dentre outras definições, é o respeito às diferenças. A tolerância representa uma nova dimensão ética, que é a possibilidade da convivência social sem distinção de sexo, raça, credo religioso, etc. A tolerância não é concessão, condescendência, indulgência.

Numa sociedade democrática é possível tolerar práticas que vão de encontro aos direitos humanos? As pessoas, para viver em sociedade, devem estar preparadas para as regras mínimas de convivência e, quando há uma transgressão da norma, é necessário impedir tal atitude. Em nenhum caso a tolerância poderá ser invocada para justificar lesões a valores fundamentais.

Fatos como esse não podem ficar impunes!


* Gabinete de Assessoria Jurídica às Organizações Populares - GAJOP

Semana de Ação Global contra a Dívida já recebe propostas de atividades

Natasha Pitts *

Adital -
Movimentos, campanhas e organizações sociais de todo o mundo estão sendo convidados a se engajarem nos preparativos de mais uma ‘Semana de Ação Global contra a Dívida e as Instituições Financeiras Internacionais’. O encontro acontecerá de 7 a 17 de outubro deste ano e centrará suas demandas na anulação da dívida e na reparação das dívidas econômicas, climáticas e ecológicas.
A Semana de Ação Global, que já se encontra em sua quarta edição, foi uma iniciativa desenvolvida no marco da Campanha Internacional Sul-Norte sobre a Dívida Ilegítima, lançada em janeiro de 2007, durante o Fórum Social Mundial de Nairobi, capital do Quênia. Desde esta data, o encontro é realizado todos os anos.


Segundo informaram os membros do Jubileu Sul, organizadores do evento, neste ano, assim como nos anteriores, a data escolhida coincide com uma série de dias especiais relacionados ao contexto do encontro. Esta edição da Semana de Ação Global acontecerá próximo à Reunião Anual do Banco Mundial e do Fundo Monetário Internacional (FMI), em Washington DC, nos Estados Unidos, assim como nas proximidades das manifestações que estão sendo planejadas para estes momentos.

Ainda em fase de organização, a Semana de Ação Global 2010 necessita da ajuda de seus participantes para construir um momento em que, concretamente, será possível dar continuidade e reforçar as lutas em favor do cancelamento da dívida, da recusa de dívidas ilegítimas e da reparação aos povos prejudicados.

Antes mesmo de que seja publicado um chamado oficial, o Jubileu Sul já deseja receber as ideias e propostas de atividades para o evento deste ano. A organização também deseja conhecer as lutas particulares e as iniciativas de cada organização, movimento e campanha. As sugestões deverão ser enviadas, logo que possível, para o endereço de e-mail: semanadeuda@gmail.com.

Principais demandas

Em suas reivindicações, os participantes e organizadores da ‘Semana de Ação Global contra a Dívida e as Instituições Financeiras Internacionais’ não demandam apenas iniciativas voltadas para a área financeira. Conscientes de que a crise desencadeada no mundo todo incrementou as dívidas ecológica, climática, social, econômica e energética, também são pedidas ações para a reparação destes débitos, que têm como credores a população mundial.

Entre as solicitações e principais bandeiras de luta da Semana de Ação Global contra a Dívida e de seus participantes, estão: anulação, sem condições, de todas as dívidas ilegítimas; restituição de reparação das dívidas ecológicas, climáticas, econômicas, sociais e históricas sobre a base de auditorias integrais e participativas; respeito ao direito soberano dos países a tomar medidas unilaterais para colocar fim ao pagamento da dívida; criação de novas instituições financeiras e resposta às crises econômica, climática, energética e alimentar que não aumentem a carga de dívida sobre os povos do Sul nem sobre o planeta e que não incrementem a militarização, nem a criminalização do protesto social.

Para mais informações, acesse o blog criado para a Semana de Ação Global de 2009: http://semanadeuda.wordpress.com.

* Jornalista da Adital

Brasil é um dos países mais desiguais do mundo, afirma ONU

O Brasil está entre os países mais desiguais do mundo. A informação consta no relatório do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud). No índice de Gini – que é um medidor de grau de desigualdade a partir da renda média de cada cidadão – o Brasil ficou em aproximadamente 0,56. Quanto mais próximo de um, maior a desigualdade.

Se comparado aos países da América Latina, o Brasil só é menos desigual que Bolívia e Haiti. Em comparação a outros países do mundo, o Brasil é o décimo no ranking da desigualdade. Ainda segundo o documento, a América Latina é a região mais desigual do mundo. Isso porque, dos 15 países onde a diferença entre ricos e pobres é maior, dez são da região.

O relatório cita programas sociais como o Bolsa Família e o Bolsa Escola como "um importante esforço para melhorar a incidência do gasto social". Há programas semelhantes na Colômbia, Equador, México, Nicarágua e Honduras.

De São Paulo, da Radioagência NP, Danilo Augusto

terça-feira, 13 de julho de 2010

Erradição da fome no mundo

A FAO lançou uma campanha de coleta de assinaturas pela erradição da fome no mundo.
Cada assinatura é uma pequena gota no oceano de boa vontade que quer imundar o planeta e fazer a diferença.
É bem rápido para aderir e existe a possibilidade de usar a sua rede social para alavancar essa idéia.

Podem entrar pelo link abaixo:
http://www.1billionhungry.org/mariadocarmodossantosgoncalves/
ou:
www.1billionhungry.org

sexta-feira, 9 de julho de 2010

Política Nacional de Inmigración y Protección de los Trabajadores Migrantes

Estimados compatriotas y amigos: Los invitamos a participar del debate sobre la Política Nacional de Inmigración y Protección de los Trabajadores Migrantes que estamos promoviendo junto al Núcleo de de Antropología y Ciudadanía (NACi)de la UFRGS. Como ya informamos anteriormente en nuestro blog - http://consejoconsultivoportoalegre.blogspot.com/ - este asunto está abierto a consulta pública hasta el día 15/07. Como es un tema trascendente para quienes somos inmigrantes en el Brasil, hemos entendido importante debatir y generar opiniones al respecto. Esperamos contar con la participación de otras instituciones interesadas en el tema, como Pompeia/CIBAI y el Consulado General del Uruguay.
Pretendemos que sea un debate descontraído y que se constituya en una oportunidad también de confraternizar y pasar un buen momento de reencuentro entre compatriotas y amigos, por eso hemos pensado en que las personas colaboren llevando el mate y alguna cosita para comer.
Aguardamos la colaboración en divulgar y, por supuesto, la presencia de todos.

segunda-feira, 5 de julho de 2010

Erradicar a pobreza é possível, afirma CMI

Fonte: IECLB com OIKOUMENE



O Conselho Mundial de Igrejas (CMI) convocou líderes de igrejas a priorizarem os mais pobres, em vez de submeter-se aos critérios dos grandes bancos e aos gastos militares.



Numa declaração emitida ao encontro promovido pelas Nações Unidas para debater e avaliar as Metas de Desenvolvimento do Milênio (MDM), que acontece em setembro deste ano, o CMI reiterou sua convicção de que erradicar a pobreza é tanto "um imperativo moral e ético" quanto uma meta alcançável.



"Acreditamos que mobilizar os recursos financeiros necessários para a erradicação da pobreza e o cumprimento das MDM (...) é, sim, uma questão política e também de coragem moral", afirma a declaração do CMI apresentada por uma pequena delegação ecumênica numa das audiências sobre as MDM da assembléia geral da ONU, que aconteceu em Nova Iorque, entre 14 e 15 de Junho.



A declaração do CMI contrasta os recursos necessários para atingir as MDM com os "trilhões de dólares" que "no período de alguns meses" foram reunidos por governos de países ricos para "ressuscitar instituições financeiras à beira do colapso" e com o cada vez mais crescente gasto em "fins militares globais".



"Precisamos reexaminar e desmantelar um sistema tão perverso de prioridades que dá mais importância ao resgate de grandes bancos e à compra de máquinas que matam gente do que à salvação de pessoas famintas e sem teto."



As 8 Metas de Desenvolvimento do Milênio vão da erradicação da pobreza extrema ao controle da contaminação por HIV/AIDS e o oferecimento de educação básica - tudo isso até 2015. Tais metas foram adotadas num encontro de líderes mundiais em setembro do ano 2000. Com apenas 5 anos para o final do prazo, outro encontro, proposto para "acelerar o processo", acontecerá em Nova Iorque, em setembro de 2010.



As audiências de 14 e 15 de junho tiveram como objetivo reunir as contribuições da sociedade civil ao processo preparatório que conduz ao encontro de setembro. O CMI foi uma das organizações representativas da sociedade civil a testemunhar no evento. Athena Peralta, que trabalha como consultora especial do CMI para questões de justiça social e econômica, leu a declaração do CMI no dia 15.



Para o CMI, o que o mundo tem diante de si não é a "limitação de recursos financeiros para erradicar a pobreza", mas "uma limitação de valores morais e éticos que afirmem e priorizem a vida - uma limitação do senso de justiça, solidariedade e cuidado".



Leia a matéria na íntegra em www.conic.org.br.

Fórum Social das Américas promove reflexão sobre fé e política

Fonte: ALC



O IV Foro Social das Américas (FSA), agendado para 11 a 15 de agosto, em Assunção, Paraguai, promoverá a reflexão sobre fé e política, anunciaram seus organizadores. Através do Encontro Hemisférico de Fé e Política, o Fórum quer construir uma agenda comum que propicie o fortalecimento de uma rede de informação, comunicação e mobilização frente aos problemas transcendentais da região.



O encontro tem a aspiração primeira de unir homens e mulheres de fé, imersos nas lutas sociais e políticas da América Latina e do Caribe. "Desta maneira queremos articular-nos para continuar juntos em nossa opção pela vida", diz a convocação do evento.



O Encontro Hemisférico de Fé e Política estará inserido na programação do IV Fórum, nascido a partir de lista de intercâmbio entre instituições e personalidades preocupadas com a situação do mundo e, em especial, do continente.



O evento pretende ser espaço de ágape de valores e depoimentos liberadores, "que sirvam de fundamento e apoio à espiritualidade da resistência e lutas contra a militarização, a dívida histórica, social e ecológica, a acumulação de riquezas, a exclusão, o patriarcado, a xenofobia, o racismo, a homofobia e outras expressões de injustiça", assinala a convocatória do Fórum.



Organizadores do encontro esperam uma ampla participação continental, a fim de que seja possível a partilha de estratégias e utopias que permitam abrir o caminho para outro mundo possível, onde a justiça e a paz reinem de maneira permanente.

A PRESENÇA CRISTÃ NO CENÁRIO NACIONAL

27/06/2010 - Semana de Oração 2011 já tem texto-base e nova logomarca

Fonte: CONIC



O Conselho Mundial de Igrejas (CMI), em parceria com o Pontifício Conselho para Promoção da Unidade dos Cristãos, produziu o texto-base da Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos (SOUC) 2011. Agora, esse material será traduzido pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e, depois, adaptado pelo Conselho Nacional de Igrejas Cristãs do Brasil (CONIC) para ser encaminhado às comunidades que celebrarão a Semana.



O enfoque da Semana de Oração 2011 será, além de promover a unidade entre irmãos de fé, mostrar que a fé cristã possui centros comuns como, por exemplo, os Apóstolos, que foram responsáveis por compilar os ensinamentos de Jesus Cristo. "Sem dúvidas, a SOUC é e sempre será um grande marco na busca pelo diálogo. Para o próximo ano, queremos fortalecer a Semana e, para isso, estabelecemos um acordo para promover a atividade em parceria com o Conselho Latino Americano de Igrejas, CLAI Brasil", disse o secretário geral do CONIC, Rev. Luiz Alberto Barbosa.



Tome nota

Esse ano, milhares de comunidades cristãs de todo o Brasil, inclusive de igrejas que não compõem o CONIC, celebraram a Semana. Isso mostra que o diálogo está ganhando espaço no cenário religioso nacional.

Madre Assunta Marchetti

Ir Maria de Ramos Guimarães

Falar de Madre Assunta nos remete a uma história de vida dinâmica, marcada por Deus e doada ao serviço dos migrantes. Veio ao Brasil para acompanhar e servir os conacionais que migravam. Serviu-os fielmente até a morte. Aproximava-se dos humildes, dos doentes e dos pobres com afabilidade e ternura. Assumia com humildade os trabalhos mais insignificantes. Dizia muitas vezes: “Sem a caridade não se faz nada de bom”. E viveu-a com radicalidade extrema.
Podemos afirmar que sua existência foi uma resposta amorosa e agradecida ao amor de Deus. Viveu a virtude da humildade e da simplicidade em todas as circunstâncias de sua peregrinação. Seu comportamento não manifestava nenhuma superiodade, seja como superiora geral ou na lida da cozinha. Verdadeiramente foi a serva dos órfãos, bem como de suas co-irmãs.
Sua vida e a das suas coirmãs não foi um mar de rosas. Nas graves crises pelas quais passou a Congregação, ela soube calar na hora certa, e fazer-se ouvir quando preciso. Possuía a convicção de que a obra em favor dos migrantes órfãos era “um querer de Deus”, portanto, não podia ser destruída, nem se quer abalada pelo querer humano.
Alimentava-se da Palavra de Deus, da Eucaristia, da devoção ao Sagrado Coração de Jesus e no exercício da caridade fraterna, Assunta soube viver com humildade e determinação, tendo certeza da ação do Espírito Santo. Desde o início da missão, seu perfil de líder transpareceu e foi se tornando serviço generoso, soube assim ajudar a manter vivo o germe nascente da Congregação, mantendo o grupo pioneiro unido em torno do carisma, dom da Trindade, recebido pela mediação humana de Scalabrini.
Para os órfãos do orfanato, ela era a mãe, a costureira, a enfermeira, a cozinheira. Para as Irmãs, das quais foi superiora e madre geral, Assunta era o exemplo, o sábio conselho, a mão forte que acolhia e amparava, a coirmã e companheira de missão. Sua vivência de fé e doação em meio as dificuldades da caminhada deram à Congregação um lugar seguro entre os carisma femininos na Igreja. A serva de Deus Madre Assunta, praticante heróica de todas as virtudes, tinha em sua vida uma frase que a incentivava em todas as circunstâncias e que nos deixou como legado: “Coloquemo-nos nas mãos de Deus e façamos a sua vontade”. Irmãs, formandas, LMS, coloquemo-nos nas mãos de Deus e façamos hoje a sua santa vontade.
E por fim, obrigada, Madre Assunta, por tua fidelidade a Deus, fato que permitiu ao Instituto se firmar na Igreja e no mundo como congregação feminina que presta serviço evangélico e missionário aos migrantes mais abandonados de todas as raças, etnias, credos. É por isto que eu, simples irmã, participante desta história de amor de Deus por mim e por seus filhos em mobilidade, canto meu Magnificat a Ele e a ti, mulher forte que, com tua humildade e simplicidade, colaboraste para que a Encarnação do Verbo fosse perene na história de salvação dos que migram.
Abençoada Festa de Madre Assunta para você minha irmã e para você, meu irmão.

* O CSEM agradece Ir. Maria de Ramos Guimarães, da PMMM por ter elaborado esta mensagem para as Irmãs, formandas e LMS..

PASSOU PELA VIDA SEMEANDO ESPERANÇA

“Deus escolheu o que no mundo
não tem nome nem prestígio” (I Cor 1,28)

Cada ser humano é um sinal concreto do amor de Deus, primeiro para a própria família onde é gerado, para os mais próximos e, em seguida, para todas as pessoas a quem dedica atenção, carinho, amor, tornando a vida mais bela e cheia de significado.
Celebrando, neste 1º de julho o 62º aniversário do término da peregrinação terrena de Madre Assunta Marchetti, queremos festejar com ela a vida plena que hoje desfruta junto do Pai, da família e da Congregação que tanto amou e, graças à sua colaboração, tornou possível seu crescimento na Igreja.
Tinha Assunta 24 anos, quando motivada pelo irmão, o Pe. José, percebe no seu íntimo o toque da ternura de Deus, convocando-a para o “novo” e o “diferente”, até então impensado. Olhando amorosamente para Jesus, que na ternura de seu Coração lhe revelava um amor todo especial, percebeu que Ele a chamava para acompanhar os migrantes, como mãe terna e solícita. Sua presença no meio deles era a expressão do Amor de Deus, que, como nova luz, fazia brilhar esperança nos caminhos escuros de um novo “sai da tua terra...”.
Com eles cruzou o Oceano, vindo de Lucca – Itália para São Paulo – Brasil, deixando sonhos, projetos de uma vida religiosa estável e tudo o que amava, para ser “migrante com os migrantes”, em uma nova terra. Abrindo-se, então, para o novo horizonte que se descortinava, pela sua intensa vida de fé, vislumbrava sinais da sabedoria divina no mundo dos migrantes, com incomparável simplicidade que a todos edificava.
Tendo sido introduzida na Vida Religiosa Consagrada sem uma prévia formação específica aos Votos Religiosos pronunciados na capela episcopal diante do Bispo Scalabrini, dócil ao Espírito de Deus, foi se formando enquanto realizava, de forma plena e total, a missão que lhe fora confiada, tornando-se também “mestra” nos caminhos do Espírito.
Com alegria, obediência e intensa vida de trabalho procurava fazer a sua parte, confiando o demais nas mãos do Senhor, que sempre a conduzia. De seus poucos escritos pode-se perceber com clareza sua abertura à ação de Deus, sua confiança inabalável na graça que tudo pode. Sabia carregar com muita coragem a própria cruz, sem intimidar-se diante das dificuldades ou do peso da mesma.
Junto às coirmãs era presença que levava estímulo para que a Congregação religiosa se consolidasse no amor. Tudo o que realizava nascia da riqueza interior, do espírito genuíno de uma formação religiosa enriquecida, cada dia, no contato vivo e transformante com Jesus na Eucaristia.
Olhando atentamente para a vida de Madre Assunta descobrimos a mulher sempre vigilante, humilde, prudente, de ação incansável, acolhedora da dor e da alegria, toda de Deus e toda do Migrante.
Que ela nos ajude a adquirir o verdadeiro amor ao sacrifício, a despreocupação conosco mesmas e o desprendimento de nossa própria vontade para sermos mais disponíveis para a missão junto ao irmão migrante mais pobre e necessitado.
Querida Madre Assunta, envia-nos de junto do Pai bênçãos e graças para cada Irmã MSCS e para a Congregação Religiosa que a senhora tanto amou. Amém.

Texto elaborado por Ir. Sônia Delforno, mscs, por ocasião da festa de Madre Assunta Marchetti, Cofundadora da Congregação das Irmãs MSCS, como atividade do Plano de Ação da Equipe do Centro de Espiritualidade Scalabriniana, São Paulo, SP, 01/07/2010.
Care Sorelle,
Care Giovanne in formazione,
Cari Laici LMS
Il 1° luglio, la nostra congregazione
celebrerà con gioiosa speranza la ricorrenza
della nascita al cielo della serva di Dio Madre
Assunta Marchetti, considerata da noi un
luminoso esempio di fedele suora missionaria di
San Carlo Borromeo-Scalabriniana.
Siamo unanimi nel desiderio di vederla riconosciuta “santa” anche
dalla Chiesa. Questo rafforzerebbe in tutti la fiducia che abbiamo in lei e
motiverebbe il nostro venerarla come modello di vita e di evangelizzazione e
il sentirla guida e luce nel vivere la nostra specifica vocazione missionaria.
Questo importante evento ci riempie di gioia e ravviva in noi la fiducia
nel Dio di Gesù Cristo, che opera meraviglie nella vita dei suoi eletti,
secondo le parole di San Paolo: “Il Dio della speranza vi riempia di ogni
gioia e pace nella fede, perché abbondiate nella speranza per la potenza
dello Spirito Santo” (Rm 15,13). Intensifichiamo quindi il nostro impegno
affinché Madre Assunta sia sempre più conosciuta e invocata: tutto il resto
sarà una normale, splendida conseguenza.
Care Sorelle, vi lascio dunque nella speranza, augurandovi, con
sentimenti particolarmente fraterni, buona festa di Madre Assunta, nostra
confondatrice.

Sr. Alda Monica Malvessi, mscs
Sr. Zenaide Ziliotto, mscs
Sr. Analita Candaten, mscs
Sr Jucelia Dall Bello, mscs
Sr. Eunivia da Silva, mscs

Encuentro Internacional de la Juventud Scalabriniana

La Pastoral Juvenil Decanato 4 te Invita a que te sumes a esta fiesta con JESUS los dias 6, 7 y 8 de Agosto de 2010 en Santa Rosa - Alto Parana, Paraguay en el IX Encuentro Internacional de la Juventud Scalabriniana "Camina Humildemente con tu DIOS" donde estaremos aproximademente 1000 jovenes de mas de 70 comunidades de Paraguay y el exterior compartiendo y vivenciando el Amor que DIOS nos tiene a cada uno y buscando seguir en sus caminos.

Tu no puedes faltar...
Esperamos por Ti.

Abrazos en JHS