quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

É imperativo que as fronteiras estejam abertas para os que fogem da violência na Líbia, afirma ACNUR

É imperativo que as fronteiras estejam abertas para os que fogem da violência na Líbia, afirma ACNUR

GENEBRA, 23 de fevereiro (ACNUR) – A agencia da ONU para Refugiados (ACNUR) dá as boas vindas às indicações positivas que recebeu ontem e hoje da Tunísia e do Egito de que manterão as fronteiras abertas para aqueles que fogem da violência na Líbia.

“Dados os contínuos relatos de violência e abusos dos direitos humanos dentro da Líbia, é imperativo que as pessoas que estão fugindo do país possam encontrar um lugar seguro”, a Agência afirmou em comunicado de imprensa. Centenas de pessoas foram mortas devido à violência que seguiu os protestos contrários ao governo na semana passada.

Respondendo a um pedido do Governo da Tunísia, a equipe do ACNUR se deslocou para Ras Adjir, na fronteira com a Líbia, onde está trabalhando em parceria com o Crescente Vermelho Tunisino e as autoridades do governo.

De acordo com o comunicado: “Eles estarão monitorando a situação e identificando as vulnerabilidades individuais daqueles que necessitam assistência imediata – como crianças desacompanhadas, mulheres com crianças e idosos.” Outra equipe do ACNUR chegará à região nesta quarta-feira.

Os funcionários da Agência que já se encontram na área relatam um intenso fluxo de pessoas desde ontem. A maioria das pessoas é composta por cidadãos tunisinos que estavam trabalhando na Líbia. Também há liberianos, turcos, marroquinos, e cidadãos de países do Oriente Médio e da África Ocidental.

Até o momento, as pessoas estão ficando em hotéis, abrigos e em casas de família. O Ministério da Defesa identificou uma instalação para o estabelecimento temporário de um campo no caso de influxo massivo de pessoas. O ACNUR trabalhará em estreita colaboração com as autoridades para que possam construir esse campo para os recém-chegados.

Além disso, espera-se que um vôo do ACNUR levando tendas e outros itens humanitários para até 10 mil pessoas chegue à Tunísia neste fim de semana.


ACNUR Brasil
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Haitianos no Amazonas

Pastoral dos Migrantes
Pastoral dos Migrantes da Arquidiocese de Manaus
Adital

COMUNICADO DE MANAUS)
Estimado padre Alfredo e coirmãos,
Falar de migrantes em Manaus neste momento é falar dos haitianos. Eles ganharam certa visibilidade dentro da cidade. Eles são vistos andando pela cidade à procura de empregos, são percebidos, sobretudo, em São Geraldo, São Raimundo, Terra nova, Manoa e em outros lugares onde eles estão de parada.
A chegada dos haitianos a Manaus iniciou em fevereiro do ano passado. Dos que chegaram até junho 2010, praticamente ninguém permaneceu em Manaus, passaram por Manaus. Muitos tinham o sonho dos Estados Unidos, da Europa (quem sabe, via a Guiana Francesa). Saíram em silêncio e não se sabe que rumo tomaram.
Os que chegaram a partir de julho do ano passado falavam que queriam permanecer em Manaus. Foram acolhidos um tempo na casa do migrante do Estado, depois, alguns ficaram numa pequena casa de acolhida sob a responsabilidade das irmãs carlistas; para outros foram alugadas algumas casinhas.
Mas o número foi aumentado. Por isso nós reformamos um espaço aqui na paróquia São Geraldo. Foi aberta no mês de agosto. Seria para doze pessoas, mas o número foi sempre superior. A partir do mês de novembro o número cresceu mais ainda, então foi alugado um casarão que chegou a abrigar 36 pessoas, mas as condições de abrigo eram muito precárias. Iniciou-se este ano numa situação bastante crítica, aí o padre Valdecir, um pouco no desespero, pediu a ajuda ao pároco da paróquia São Raimundo. Ele dispunha de um salão, com bateria de banheiros e cozinha. Ele aceitou e explicou o caso aos paroquianos. Então a maioria dos que estavam no casarão foram para a paróquia São Raimundo.
Neste momento a Pastoral do Migrante (liderada pelos padres e irmãs scalabrinianos e leigos), está acolhendo 30 pessoas na São Geraldo, 35 na São Raimundo, 15 em outras duas casas. Para esses fornecemos a alimentação básica – fruto de doações. Além disso, acompanhamos mais uns 40 que estão em pequenas casas alugadas pelos próprios imigrantes que já conseguiram algum trabalho, mas ainda dependem de ajudas para viver.
Além do trabalho de assistência (comida, casa, trabalho), não nos cansamos de interpelar os órgãos públicos, mas os resultados foram poucos. No dia 9 de fevereiro, estivemos reunidos com o Arcebispo Dom Luiz, com a primeira dama do Estado e três representantes da Ação Social. Estamos esperando algo deste encontro. Hoje devo visitar o comando do exército.
Enquanto isso os haitianos ocupam espaço nos meios de comunicação, jornais e televisão (‘Funasa examinou haitianos, diz Época’; ‘Haitianos são examinados’; ‘FVS chega a Tabatinga para enfrentar cólera’; PF evita imigração ilegal: Ministério da Justiça quer conter imigração desenfreada – quem entrar sem visto será deportado’). Como o número dos que estão em Tabatinga é bastante elevado – fala-se de uns 300, e como o Amazonas vive um surto muito grande dengue, teme-se também pela chegada do cólera (via haitianos). O que mais nos assusta é o futuro próximo. Primeiro: o que vai acontecer com imigrantes que não receberão mais o Protocolo de Refugiados e que a polícia federal está barrando, tanto em Tabatinga, como em Brasiléia (Acre). Segundo o que fazer com os que nos próximos dias chegarão a Manaus. Hoje está prevista a chegada de 35. Por isso a polícia federal está começando a negar o visto de entrada (até agora eles recebiam um Protocolo de pedintes de refúgio). Fala-se de deportação para os indocumentados. Vai ser uma situação muito complicada para os haitianos. Dinheiro para voltar eles não têm e estão afunilados dentro da tríplice fronteira Brasil, Peru, Colômbia (cercados pela floresta de todos os lados).
Sempre se falou que Brasília iria tratar com carinho a imigração haitiana. O governo sempre disse que era ‘mui amigo’ dos haitianos. Muito se falou de um ‘visto humanitário’ para eles. Agora o discurso prático é fechar as fronteiras, barrar! Fala-se de invasão de haitianos – eles não são nem mil no Brasil! Vamos ver o que vai acontecer nos próximos meses. Sentimo-nos, porém, atores dentro desta história toda.
Um abraço
Manaus, 18 de fevereiro de 2011.
Pela comunidade de Manaus, Pe. Gelmino.

quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

A ministra das Relações Exteriores da França, Michele Alliot-Marie, defendeu a reforma imediata da estrutura do Conselho de Segurança das Nações Unidas (ONU) para que o Brasil ocupe um assento permanente no organismo. O apoio da França é fundamental porque o país é membro permanente do órgão. Segundo ela, o Brasil tem desempenhado “um papel essencial” no contexto internacional.

A chanceler acrescentou ainda que o Reino Unido – que é o outro país que tem assento permanente no conselho - também apóia o ingresso do Brasil como membro permanente. Para ela, é “natural” o pleito brasileiro para ocupar um assento permanente no conselho.

“O pleito do Brasil para ter um assento permanente deve ser levado em consideração por ele desempenhar a um papel essencial [no cenário internacional]. O Conselho de Segurança ignora o papel muito essencial que o Brasil tem desempenhado para o mundo”, disse a chanceler.

A chanceler chegou ontem ao Brasil e esteve por São Paulo e Brasília. Em Brasília, Alliot-Marie se reuniu com a presidenta Dilma Rousseff, além dos ministros das Relações Exteriores, Antonio Patriota, e o da Defesa, Nelson Jobim.

O Conselho de Segurança tem a mesma estrutura desde a sua criação em 1945, com 15 membros, sendo cinco permanentes e dez com vagas provisórias, por dois anos.

Uma das propostas em discussão é que, entre os seus integrantes permanentes, sejam incluídos dois países da Ásia, um da América Latina, um do Leste Europeu e um da África. Atualmente, são integrantes permanentes do conselho os Estados Unidos, a Rússia, China, França e o Reino Unido. Já o Brasil, Japão, México, Líbano, Gabão, a Turquia, Bósnia Herzegovina, Nigéria, Áustria, e Uganda são membros provisórios do órgão.

Fonte: MRE

Papa recebeu Presidente da Rússia: Bento XVI e Medvedev querem «fortalecer» as relações bilaterais

Bento XVI recebeu no Vaticano o presidente da Rússia, Dmitri Medvedev,tendo ambos manifestado o desejo de “fortalecer” as relações bilaterais, indicou, em comunicado, a sala de imprensa da Santa Sé.

Ambas as partes mostraram “satisfação pelo estado das boas relações bilaterais”, “após o estabelecimento das relações diplomáticas plenas”.
A nota oficial fala numa “ampla colaboração entre a Santa Sé e a Federação russa, tanto na promoção dos valores humanos e cristãos, específicos, como no âmbito cultural e social”.

O “contributo positivo” do diálogo entre religiões e a análise da situação internacional, particularmente no Médio Oriente, foram outros temas abordados.
Medvedev, acompanhado pelo ministro dos negócios estrangeiros, Serguei Lavrov, esteve ainda reunido com o secretário de Estado da Santa Sé, cardeal Tarcisio Bertone, e secretário do Vaticano para as relações com os Estados, arcebispo Dominique Mamberti.

Tratou-se da segunda visita ao Vaticano do líder russo, após a realizada no dia 3 de Dezembro de 2009.

Fonte: Rádio Vaticano

Conselho de Segurança da ONU cobra responsabilidade das autoridades líbias

Reunido extraordinariamente ontem (22) à noite, o Conselho de Segurança das Nações Unidas condenou, por unanimidade, a violência cometida por autoridades da Líbia contra os manifestantes que protestam contra o governo Muammar Khadafi. Organizações não governamentais estimam que o número de mortos pode chegar a 400. Há suspeitas de crimes contra a humanidade e violação de direitos humanos.

“[Os países-membros do conselho pedem o] imediato fim da violência e que sejam dados passos para lidar com as legítimas exigências da população através do diálogo nacional”, diz comunicado divulgado pelo órgão. As informações são da agência de notícias das Nações Unidas e da empresa pública de Portugal, a Lusa.

A presidente temporária do órgão, a embaixadora brasileira Maria Luiza Ribeiro Viotti, disse que há “séria preocupação” com os fatos no país do Norte da África. O subsecretário-geral para Assuntos Políticos das Nações Unidas, Lynn Pascoe, reiterou as impressões dos integrantes do conselho. Para ele, a situação na Líbia pode ficar “muito pior” nos próximos dias.

Os países-membros do conselho pediram ainda ao governo líbio que cumpra a responsabilidade de proteger a população, agir com moderação, respeitar os direitos humanos e o direito humanitário internacional – que é de permitir o acesso imediato de observadores dos direitos humanos e agências humanitárias.

Diferentemente da maior parte da delegação líbia na Organização das Nações Unidas (ONU), o representante permanente da Líbia na ONU se mantém fiel a Khadafi. Ibrahim Dabbashi, número dois da missão líbia nas Nações Unidas, defende a renúncia de Khadafi. “É uma boa mensagem para o regime, para acabar com o derrame de sangue do povo líbio”, disse.

O comando do Alto Comissariado da ONU para Refugiados (Acnur) informou que há perigo para os que solicitam asilo político e refúgio. "Não temos acesso neste momento para a comunidade de refugiados. Nos últimos meses, temos tentado regularizar a presença na Líbia, mas há dificuldades ao nosso trabalho", disse a porta-voz Melissa Fleming.

Fonte: Agência Brasil

Brasil prepara resgaste de brasileiros na Líbia por navio

O governo do Brasil, por intermédio do Ministério das Relações Exteriores (o Itamaraty), negocia para resgatar até amanhã (24) e sexta-feira 183 brasileiros que estão em Benghazi, na Líbia. A retirada dos brasileiros será feita por um navio privado – contratado pela empresa construtora Queiroz Galvão – que deve levá-los até a Grécia ou Malta. As negociações começaram ontem (22).

Segundo diplomatas que atuam na operação, o trabalho de resgate tem sido articulado em parceria com a Queiroz Galvão e o apoio de embaixadas do Brasil na Grécia, no Egito e na Itália – países próximos à Líbia. A ideia é que chegando a outro país, os brasileiros retornem ao Brasil por via aérea.

No total, há de 500 a 600 brasileiros na Líbia, a maioria residentes, segundo o Itamaraty. Muitos trabalham para construtoras como a Queiroz Galvão, a Andrade Gutierrez e a Odebrecht, além da Petrobras. De acordo com o Itamaraty, todos os brasileiros estão bem.

Ontem (22), o ministro das Relações Exteriores, Antonio Patriota, afirmou que a embarcação que transportará os brasileiros deverá sair da Itália. Mas não há detalhes sobre a origem do barco e a bandeira que será utilizada.

Em visita ao Brasil desde anteontem (21), a ministra das Relações Exteriores da França, Michele Alliot-Marie, colocou à disposição dos brasileiros voos já fretados para o transporte de franceses. Como Patriota, Alliot-Marie repudiou a violência com que o governo da Líbia reagiu às manifestações contrárias à gestão de Muammar Khadafi.

Fonte: Agência Brasil

Encontro em São Paulo discute emprego e renda de refugiados no Brasil

Técnicos governamentais, sindicalistas e especialistas em refúgio se reúnem nesta quinta e sexta, 24 e 25 de fevereiro, em São Paulo, para propor iniciativas que favoreçam a inserção de refugiados e solicitantes de refúgio no mercado de trabalho brasileiro. A abertura será às 16 horas.

Promovida pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), pelo Comitê Nacional para Refugiados (CONARE) e pelo Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (ACNUR), a 1ª Oficina sobre Trabalho e Emprego para Solicitantes de Refúgio e Refugiados identificará os principais problemas nesta área, compartilhará boas práticas e esclarecerá questões quanto aos procedimentos de contratação destas pessoas.

O encontro acontece em São Paulo por este ser o Estado que abriga a maior população de solicitantes de refúgio e refugiados vivendo no Brasil. Dos cerca de 4,5 mil refugiados e 900 solicitantes de refúgio registrados no Brasil ao final de 2010, aproximadamente 2 mil vivem na cidade de São Paulo ou no interior do Estado. Para os adultos economicamente ativos, a inclusão no mercado de trabalho ou o envolvimento com atividades de geração de renda são condições fundamentais para o processo de integração sócio-econômica destas pessoas.

O encontro será concluído às 17h do dia 25 com uma homenagem ao Padre Ubaldo Steri, ex-diretor da Cáritas Arquidiocesana de São Paulo, que por vinte anos atuou diretamente na proteção a refugiados e solicitantes de refúgio na maior metrópole da América do Sul.

Fonte: Acnur

Conselho de Imigração comemora resultados de Núcleo montado em São Paulo

Inaugurado recentemente no bairro da Liberdade, em São Paulo, o Núcleo de Informação e Apoio aos Trabalhadores Brasileiros Retornados do Exterior já atendeu 123 pessoas que procuraram o espaço em busca de informações, em sua maior parte, de emprego. A expectativa é de que sejam atendidos cerca de 200 trabalhadores por mês.

Com apenas 21 dias de funcionamento praticamente todas as consultas foram presenciais, tendo sido feita apenas uma via telefone. Dos que procuraram atendimento, 114 eram brasileiros; 4 japoneses e 5 com dupla cidadania. Dos consulentes, 113 eram retornados do Japão; 2 dos Estados Unidos; 1 da Europa e 7 de outros países.

Para 109 trabalhadores, o motivo da consulta foi obter informações sobre emprego. Outras 11 solicitaram informações sobre saúde; 3 sobre educação; 3 relacionadas a área jurídica; e 6 em previdência social. A procura por informações sobre emprego pode estar relacionada ao fato de que 91 pessoas que recorreram ao Núcleo estarem desempregadas. Apenas 7 disseram estar trabalhando e 9 aposentadas.

Núcleo
O Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) decidiu implementar, por recomendação do CNIg, um ponto de recepção e apoio a brasileiros regressados do exterior - especialmente do Japão - na cidade de São Paulo. O bairro da Liberdade foi escolhido justamente por concentrar a maior parcela da comunidade oriunda daquele país. O Núcleo atenderá na Rua São Joaquim, nº 381, 1º subsolo - Bairro da Liberdade São Paulo

Os maiores fluxos de retorno de brasileiros do exterior são do Japão e dos Estados Unidos, países que tiveram forte impacto da crise financeira, iniciada em 2008, segundo estudos do Conselho Nacional de Imigração (CNIg). No caso do Japão, informações de autoridades japonesas apontaram para um retorno de cerca de 80 mil brasileiros entre outubro de 2008 e abril de 2010, representando mais de 20% dos 317 mil brasileiros registrados no Japão em dezembro de 2007.


Fonte: Assessoria de Imprensa do MTE

Casa do Migrante é referência para trabalhadores de fronteira

Aumenta a cada ano o número de atendimentos realizados na Casa do Migrante em Foz do Iguaçu (PR) a brasileiros que vivem no Paraguai e imigrantes que transitam pela região de fronteira. Levantamento realizado pelo Conselho Nacional de Imigração (CNIg) mostra que os atendimentos passaram de 1.789 para 2.582 entre 2009 e 2010.

"A Casa do Migrante de Foz do Iguaçu se consolidou como um Centro de Referência para migrantes na região da fronteira entre Brasil e Paraguai. Todo migrante hoje sabe que se tem um problema em relação a trabalho no Brasil ou no Paraguai, e a outros serviços nesses dois países, a Casa é o local onde poderá obter informação e apoio, diretamente ou por intermédio da parceria com a Prefeitura de Foz do Iguaçu e com a Secretaria de Políticas para as Mulheres da Presidência da República", considera o Coordenador Geral de Imigração do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) e presidente do Conselho Nacional de Imigração (CNIg), Paulo Sérgio de Almeida.

A Casa do Migrante visa atender brasileiros que vivem nos países da fronteira com o Paraguai e necessitam de atendimento e orientação em relação aos direitos e deveres como migrantes e imigrantes, além de prestar esclarecimentos sobre documentação, legislação trabalhista e acesso a serviços de educação e saúde na fronteira, entre outros serviços.

Nacionalidades
Por nacionalidade, os atendimentos em 2010 foi solicitados por 1.155 brasileiros, 1.146 paraguaios e 281 cidadãos de outros países. Por nível de escolaridade, o número de pessoas que procurou a Casa do Migrante com 1º grau completo passou de 512 em 2009 para 667 em 2010; com 2º grau completo, de 226 para 274 e, com ensino superior, de 290 para 374, respectivamente.

Em relação à profissão, a predominância continua em atendimentos a trabalhadoras domésticas ou do lar, que passaram de 689 em 2009 para 823 em 2010. Outro destaque ficou por conta dos agricultores, com 787 atendimentos prestados em 2010, ante 585 do ano anterior. Ainda em 2010, foram prestados atendimentos a estudantes (282), atendentes / balconistas (223), pedreiros / mecânicos (190) e trabalhadores da construção civil (124). Profissionais de outras áreas responderam por 153 consultas nesse mesmo período.

Para Almeida, o desafio agora é manter e aprimorar os serviços da Casa, melhorando o atendimento, ampliando o leque de cooperações estabelecidas com a rede de instituições parceiras, além de estabelecer novos serviços de atendimento à distância por meio telefônico ou internet, a fim de estender os serviços a um público residente em cidades mais distantes. "Mantemos ainda a disposição de estabelecer serviços semelhantes em outros pontos da fronteira", mencionou.

Fonte: Assessoria de Imprensa do MTE

terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

TERREMOTO NA NOVA ZELÂNDIA DEIXA 65 PESSOAS MORTAS E 200 FERIDAS

Sydney, 22 fev (RV) – Um terremoto de 6,3 graus na escala Richter deixou, até o momento, 65 pessoas mortas e 200 feridas na Nova Zelândia. A cidade atingida se chama Christchurch e está localizada no sul do país.

Christchurch é a segunda maior cidade neozelandesa e tem uma população de 400 mil pessoas. O tremor iniciou pouco depois do meio-dia, a uma distância de cinco quilômetros do centro. Com quatro quilômetros de profundidade, foi seguido de uma réplica de 4,5 graus, 15 minutos mais tarde, segundo o Serviço Geológico dos Estados Unidos. Esse é pior sismo que atingiu o país nos últimos oitenta anos.

Em algumas ruas, pode-se ver crateras que chegam a um metro de profundidade. O diretor nacional das Pontifícias Obras Missionárias da Nova Zelândia, Pe. Paul Shannahan, conta que pessoas estão soterradas nos escombros, edifícios foram destruídos, ônibus e automóveis foram atingidos por detritos, estradas e linhas telefônicas foram interrompidas. Também as duas famosas catedrais da cidade, uma anglicana e a outra católica, foram parcialmente destruídas.

Foi declarado estado de emergência, Polícia e Exército montaram um cordão de segurança ao redor da zona mais afetada e o aeroporto foi fechado.

Essa área da Nova Zelândia está sofrendo muito com esse tipo de desastre natural nos últimos meses. Em setembro passado, um terremoto de 7,2 graus já havia atingido Christchurch, deixando dezenas de feridos e grandes danos. E nos dias que se seguiram ao Natal, vários tremores de terra foram sentidos na região, tendo sido o último – antes do de hoje - de 4,9 graus na escala Richter.

As Pontifícias Obras Missionárias no país disponibilizaram um endereço eletrônico para o qual podem ser envidas orações de apoio às vítimas, que serão entregues aos habitantes através do Pe. Paul. (ED)

EUROPA PREOCUPADA POR ATAQUES A MINORIAS RELIGIOSAS

Bruxelas, 22 fev (RV) - A União Europeia reafirmou ontem seu compromisso em favor da liberdade de culto e manifestou sua profunda preocupação pelo incremento de episódios de violência e intolerância contra minorias religiosas em várias partes do mundo.

Em um texto, os chanceleres da Comunidade, reunidos em Bruxelas, condenaram ‘firmemente’ os ataques contra lugares de culto cristãos e peregrinos muçulmanos neste início de ano, e asseguraram que ‘infelizmente’ nenhum país está isento do ‘açoite’ da intolerância religiosa.

Vinte e oito peregrinos xiitas morreram há duas semanas em um ataque suicida contra um ônibus na cidade iraquiana de Samarra, enquanto em janeiro, ataques a igrejas cristãs no Egito deixaram várias vítimas.

Para a União Europeia, a liberdade religiosa é um direito fundamental de todos os seres humanos que deve ser protegido em todos os lugares. Os Ministros do Exterior dos 27 países membros da União afirmam que é responsabilidade das autoridades nacionais proteger seus cidadãos, inclusive os que pertencem a minorias religiosas, pois “todas as pessoas devem poder praticar livremente sua religião, individual ou coletivamente, sem medo de intolerâncias e ataques” – concluíram os ministros.
(CM)

BANGLASDESH: VIOLÊNCIAS CONTRA MINORIAS

Ragipara, 22 fev (RV) - Um vilarejo foi incendiado e dezenas de pessoas ficaram feridas e foram expulsas de Ragipara no distrito montanhoso de Rangamati, na diocese de Chittagong, Bangladesh. Os moradores locais que sofreram a violência, perpetrada por agricultores muçulmanos, são budistas, hindus e cristãos das minorias étnicas: essa é a denúncia feita à agência Fides pela Comissão “Justiça e Paz” da Igreja local. No último dia 17 de fevereiro mais de 300 agricultores muçulmanos, que querem tomar as terras para a agricultura, organizaram uma ação punitiva contra o vilarejo habitado por povos indígenas. Os agricultores foram apoiados por agentes da polícia local que legitimaram os abusos.

Outros casos como este (habitantes nativos atacados e privados de sua terra) se registraram nos últimos dias na área de Gulishakhali. Os agricultores muçulmanos usaram como pretexto a morte de seu companheiro, Ali Saber, encontrado morto na área de Ragiparam, e deram vida a uma reação violenta, pisoteando os direitos das minorias.

“Atearam fogo em nossas casas e nas nossas pequenas lojas”, disse uma testemunha ocular. Há muito tempo os agricultores muçulmanos desejam expulsar da área os grupos étnicos locais, não-muçulmanos para adquirir novos terrenos agrícolas. Em muitos casos, eles conseguiram, porque ninguém, nem mesmo as autoridades civis, respeita e garante os direitos das minorias étnicas e religiosas.

O advogado Devasish Roy King, também ele pertencente à minoria local, escreveu uma carta aberta às autoridades civis e à Comissão de Direitos Humanos do Bangladesh, denunciando o ocorrido e citando “a cumplicidade da polícia local”. A carta pede uma investigação sobre o episódio de Ragipara, com a identificação e punição dos culpados, e convida o governo a proteger e salvaguardar os direitos dos cidadãos, membros de minorias étnicas ou religiosas. (SP)

BISPOS DOMINICANOS ESCREVEM CARTA EM DEFESA DA DIGNIDADE HUMANA

Santo Domingo, 22 fev (RV) - A Conferência Episcopal da República Dominicana elaborou um documento por ocasião dos “500 anos em defesa da dignidade humana”, publicado pelos 167 anos da independência nacional deste país, que se celebra no dia 27 de fevereiro. A carta pastoral dos bispos – refere a agência de notícias Fides - denuncia a situação de extrema pobreza na qual vivem muitos dos irmãos dominicanos. O documento está dividido em 5 partes: conta a história do país, apresenta o Sermão de Montesino, oferece um olhar atual do sermão, apresenta uma análise e um relatório sobre a situação em que vive o país, lança um apelo à mudança e ao compromisso para construir um novo país, de acordo com os princípios da Constituição.

Na introdução, depois de uma evocação histórica do nascimento do país e do trabalho dos primeiros missionários, o documento salienta que “a missão da Igreja primitiva foi a pregação, a administração dos sacramentos, a educação e a assistência social”. No n º 12 diz: “Com os primeiros missionários chegaram também a defesa da dignidade humana e dos direitos dos nativos. O melhor exemplo foi o sermão, que em nome de sua comunidade sacerdotal fez Frei Antón Montesino e que ajudou Frei Bartolomeu de Las Casas tornar-se o grande defensor dos índios”.

À luz daquele sermão, os bispos analisam a situação atual e denunciam: “Segundo qual justiça se mantém a situação de precária assistência de saúde à população? Situação na qual falta a dignidade da pessoa e permite a propagação de doenças e até mesmo a propagação do cólera’”.

O texto continua: “Com qual justiça se permite aos nossos irmãos viverem ao longo dos rios, em casas indignas, construídas apenas com bambus”. Onde estão os programas de assistência aos pobres?”. Além disso, os bispos denunciam o analfabetismo, a diferença entre os salários dos diferentes grupos da sociedade, os salários de miséria dos trabalhadores, conscientes do fato que esses salários não lhes permitem viver dignamente. O documento se conclui com o apelo aos habitantes do país a cumprir com as suas obrigações e reivindicar seus direitos, para que possam viver como filhos de Deus, como “discípulos escolhidos e enviados para a missão”. (SP)

PAPA DOA 30 MIL DÓLARES A VÍTIMAS DE TEMPESTADE TROPICAL NA COSTA RICA

Cidade do Vaticano, 22 fev (RV) - O ministro das relações exteriores da Costa Rica, René Castro, pronunciou-se ontem por conta da doação de 30 mil dólares que Bento XVI fez às pessoas atingidas pela tempestade tropical de nome Tomás. Nas últimas semanas, essa tempestade tem causado grandes danos tanto na Costa Rica quanto na Nicarágua.

A doação foi confiada à Conferência Episcopal da Costa Rica, conforme informou o embaixador do país junto à Santa Sé, Fernando Sanchéz.

O Ministro René Castro, falando a jornalistas, foi porta-voz da gratidão da população para com o Papa que, disse ele, “estima muito o povo desse país e nos dá um apoio de grande valor com as suas orações”.

A tempestade Tomás, já no final do ano passado, havia causado, na Costa Rica, 23 mortes e sérias perdas materiais. Essas vítimas foram recordadas pelo Papa na mensagem Urbi et Orbi de Natal. (ED)

PAPA NOMEIA NOVO SECRETÁRIO DO PONTIFÍCIO CONSELHO DA PASTORAL PARA OS MIGRANTES E OS ITINERANTES

Cidade do Vaticano, 22 fev (RV) - Bento XVI nomeou Secretário do Pontifício Conselho da Pastoral para os Migrantes e os Itinerantes, Dom Joseph Kalathiparambil, até então Bispo de Calicut, na Índia.

Nascido em 1962, em Vaduthala, no Estado indiano de Kerala – sul do país – foi ordenado sacerdote em 1978. Doutor em Direito Canônico pela Pontifícia Universidade Urbaniana de Roma, foi Vigário-Geral da Arquidiocese indiana de Verapoly, de 1998 a 2002, ano em que recebeu a ordenação episcopal. (RL)

ACNUR teme pela vida de refugiados em meio à violência na Líbia

GENEBRA, 22 de fevereiro (ACNUR) – A agência de refugiados das Nações Unidas declarou em Genebra nesta terça-feira que está “cada vez mais preocupada” com os riscos que correm os civis apanhados inadvertidamente na escalada da violência na Líbia, especialmente solicitantes de refúgio e refugiados.

“Não temos nenhum acesso neste momento à comunidade de refugiados. Ao longo dos últimos meses temos tentado regularizar nossa presença na Líbia, e isso limita nosso projeto,” disse a porta voz do ACNUR, Melissa Fleming, aos jornalistas em Genebra.

Ela acrescentou que alguns dos relatos que o ACNUR tem recebido de outras fontes são muito preocupantes. “Um jornalista tem passado informações de somalis em Trípoli que dizem estar sendo caçados sob acusação de serem mercenários. O jornalista afirma que eles se sentem presos e têm medo de ir à rua, mesmo que haja pouca ou nenhuma comida”
declarou Fleming.

Acredita-se que muitas pessoas foram mortas na Líbia desde que o governo do país reprimiu fortemente os protestos contrários ao governo durante a semana passada. O conflito continua na capital, Tripoli, e em outros lugares.

Antes das atuais atribulações, o ACNUR havia registrado mais de 8 mil refugiados na Líbia, além de outros 3 mil casos pendentes de solicitantes de refúgio. Os principais locais de origem são Chade, Eritreia, Iraque, Palestina, Somália e Sudão.

“Estamos pedindo a todos os países vizinhos que recepcionem as pessoas vindas da Líbia que possam estar fugindo de violência e temendo por suas vidas,” disse Fleming.

ACNUR Brasil
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Brasil condena violência na Líbia

O ministro das Relações Exteriores, Antonio Patriota, condenou a repressão do governo da Líbia contra as manifestações populares que pedem o fim do governo de Muammar Kadhafi. “O Brasil repudia atos de violência contra manifestantes desarmados. Vemos com grande preocupação o desenvolvimento [dos acontecimentos] na Líbia, que parece que alcançaram um padrão de violência absolutamente inaceitável”, disse o ministro, na Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp).

Segundo Patriota, o Brasil continua aguardando autorização do governo líbio para levar, em um avião fretado, 123 brasileiros de Benghazi para a capital, Trípoli. "Nosso embaixador [na Líbia, George Ney de Souza] esteve com o primeiro-ministro. E o secretário-geral do Itamaraty, Rui Nogueira, acabou de conversar com o embaixador da Líbia em Brasília para transmitir o nosso firme interesse de que possa ser autorizado quanto antes esse transporte”, disse Patriota.

De acordo com o ministro, os brasileiros já deveriam ter sido retirados ontem de Benghazi e levados para Trípoli, ainda que a situação na capital líbia tenha piorado. Segundo o ministro, alguns desses brasileiros que estão na cidade de Benghazi manifestaram o interesse de deixar a Líbia. Outros 30 brasileiros estão tentando deixar o local com a ajuda de Portugal.

Fonte: Agência Brasil

ONU pede investigação internacional sobre a violência na Líbia

A Alta Comissária das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Navi Pillay, exigiu nesta terça-feira o início de uma "investigação internacional independente" sobre a violência na Líbia e pediu o "fim imediato das graves violações dos direitos humanos cometidas pelas autoridades líbias".

Além disso, Navi Pillay advertiu as autoridades líbias que "os ataques sistemáticos contra a população civil podem ser considerados crimes contra a humanidade. A brutalidade com que as autoridades líbias e seus mercenários atiravam com balas reais contra os manifestantes pacíficos é inadmissível", afirmou Pillay em um comunicado.

"Neste momento, estou extremamente preocupada com a perda de vidas", completou. "A comunidade internacional deve estar unida na condenação de tais atos e deve adotar compromissos inequívocos para garantir que será feita justiça às milhares de vítimas da repressão.O Estado tem a obrigação de proteger o direito à vida, à liberdade e à segurança", concluiu.

Fonte: Portal Terra

Informe da OIT aborda exploração e tráfico de menores no Paraguai

A Comissão de Especialistas em Aplicação de Convênios e Recomendações (CEACR), da Organização Internacional do Trabalho (OIT), publicou seu informe anual 2011.

Na analise sobre o Paraguai, o informe aprofunda a questão da exploração do trabalho infantil e o trafico de menores, principalmente para exploração sexual comercial. Pesquisas apontam um crescimento nestes tipos de crime nos âmbitos nacionais e internacionais. Segundo a Comissão, o Paraguai é pais de origem e destino de pessoas traficadas. O informe também observou que há fragilidade na legislação nacional aplicável para as piores formas de trabalho infantil.

O estudo chama atenção ainda para o fato de haver pouco controle nas fronteiras, o que acaba facilitando o transporte de crianças, desde a Cidade do Leste ou Pedro Juan Caballero, no Paraguai, até a cidade de Foz do Iguaçu, no Brasil, ou até cidades argentinas, por exemplo.

Recomendações
Para avançar no combate a estas piores formas de trabalho e exploração infantil, a Comissão recomenda que o governo invista em capacitação de seus funcionários, e que divulgue os resultados relacionados à prevenção, enfrentamento e punição aos envolvidos no tráfico de menores.

Uma dos destaques feitos pela Comissão foi a iniciativa ‘Niño Sur’, de governos e associações dos países do Mercosul (Mercado Comum do Sul), que tem a proposta de defender os direitos de crianças e adolescentes na região. O objetivo é sensibilizar a população sobre as práticas de exploração sexual comercial, para melhorar as políticas publicas, e os serviços de proteção e assistência das vítimas.

Punições
De acordo com dados consultados pela CEACR, entre 2002 e 2004 apenas 21 casos de trafico haviam sido punidos legalmente. O informe também coletou dados da Unidade da Mulher do Escritório de Fiscalização Geral, que relata a notificação de 84 casos de trafico de pessoas para exploração sexual e laboral, que envolvia 103 mulheres e 43 crianças e adolescentes, entre 2004 e 2008.

Segundo essa mesma fonte, em fevereiro de 2009, 15 pessoas foram condenadas por tráfico de pessoas, enquanto outras 50 foram processadas. No entanto, o Escritório de Fiscalização Geral indica que apenas 50% dos casos de tráfico foram tratados judicialmente entre este período de 2004 e 2008.

O informe ressalta que, apesar de ter tido um aumento no número de casos notificados em 2008, em comparação com o ano anterior, ainda continua sendo alto o numero de delitos que não são notificados.

Envolvimento
O informe de 2009 sobre o trafico de pessoas no Paraguai, do Escritório do Alto Comissionado para os Refugiados, relata que durante 2008, funcionários do governo, como policiais e guardas de fronteira, supostamente facilitaram a pratica de delitos de tráfico, mediante a aceitação de pagamentos por parte dos traficantes.

Apesar da gravidade da natureza destas alegações, as autoridades paraguaias somente haviam adotado medidas limitadas para investigar os atos de corrupção relacionados com o trafico e não haviam produzido processamentos relacionados com a cumplicidade oficial nestes crimes. Em virtude destas denúncias, a Comissão pediu que o governo invista na capacitação dos organismos responsáveis de aplicar a lei, a fim de garantir que os criminosos sejam processados e penalizados.

Agência Adital

ONU diz que epidemia de cólera no Haiti está diminuindo

O Escritório de Assistência Humanitária das Nações Unidas, Ocha, informou que os níveis de infecção do cólera no Haiti estão diminuindo. Desde o surgimento do surto, em outubro passado, a doença já matou 4549 pessoas no país. Dados divulgados nesta sexta-feira sugerem que o índice de mortalidade foi reduzido em 2%.

De acordo com o Ocha, uma das maiores preocupações das agências humanitárias é assegurar o tratamento de moradores de áreas remotas. No total, mais de 231 mil pessoas foram contaminadas com a doença. Junto com o governo haitiano, especialistas da Organização Mundial da Saúde, OMS, continuam na ilha caribenha para executar estratégias de contenção de novos surtos de cólera.

Uma das medidas é o estabelecimento de centros de tratamento em todos os postos de saúde primária. O plano também inclui treinamento de pessoal de saúde local. Até o momento, o apelo para financiar a resposta ao surto de cólera no Haiti recebeu menos da metade da quantia pedida.

Rádio ONU

Protestos na Líbia colocam a Itália em estado de atenção

A aterrisagem de dois aviões militares líbios e de dois helicópteros civis no aeroporto de La Valeta, na capital do arquipélago de Malta, fez com que a Itália decretasse estado de alerta máximo, em todas as suas bases aéreas. Segundo o Ministério de Defesa italiano, também ficou decidido o envio de um grande número de helicópteros da Força Aérea e da Marinha para o sul da península. Assim como Malta – localizada ao sul da Sicília -, a Itália está geograficamente perto da Líbia.

Os helicópteros não tinham autorização para sair da Líbia, sendo que a suspeita é de que tenham fugido devido aos protestos que atingem o país. As sete pessoas a bordo disseram ter nacionalidade francesa.Os protestos que assolam a Líbia também preocupam setores econômicos na Itália, em vista de investimentos mútuos feitos entre os dois países.

Segundo informa a agência de notícias Lusa, a rede de ativos que o estado líbio e a família de Muammar Kadhafi - líder do país há 42 anos - detêm na Itália vai desde a participações no maior banco italiano, o UniCredit, ao gigante industrial e do setor da defesa Finmeccanica e ao clube de futebol Juventus.

Fonte: Oriundi.net

Itamaraty apela à Líbia para autorizar saída de estrangeiros

O governo do Brasil apelou ontem (21) à noite ao presidente da Líbia, Muammar Khadafi, para que preserve o direito de livre circulação dos estrangeiros no país. Desde o fim de semana, a Embaixada do Brasil tenta retirar os brasileiros interessados em deixar a região, mas esbarra em dificuldades para a obtenção de autorização. Há cerca de 500 a 600 brasileiros na Líbia, a maioria trabalhando em construtoras privadas e na Petrobras.

“O governo brasileiro insta as autoridades líbias a tomarem medidas no sentido de preservar a segurança e a livre circulação dos estrangeiros que se encontram no país”, diz o comunicado do Ministério das Relações Exteriores. “O governo brasileiro tem a expectativa de que as autoridades líbias deem atenção urgente à necessidade de garantir a segurança na retirada dos cidadãos brasileiros que se encontram nas cidades de Trípoli e Benghazi”, acrescenta a nota.

Em meio às informações de organizações não governamentais de que o número de mortos na Líbia pode chegar a 400, o Itamaraty recomendou que Khadafi busque o diálogo na tentativa de encerrar o impasse no país, acentuado pelas manifestações que ocorrem desde o último dia 15.

“Ao tomar conhecimento da deterioração da situação na Líbia, o governo brasileiro conclama as partes envolvidas a buscarem solução para a crise por meio do diálogo e reitera o repúdio ao uso da violência”.

Fonte: Agência Brasil

ACNUR teme pela vida de refugiados em meio à violência na Líbia

A agência de refugiados das Nações Unidas declarou que está “cada vez mais preocupada” com os riscos que correm os civis apanhados inadvertidamente na escalada da violência na Líbia, especialmente solicitantes de refúgio e refugiados.

“Não temos nenhum acesso neste momento à comunidade de refugiados. Ao longo dos últimos meses temos tentado regularizar nossa presença na Líbia, e isso limita nosso projeto,” disse a porta voz do ACNUR, Melissa Fleming, aos jornalistas em Genebra.

Ela acrescentou que alguns dos relatos que o ACNUR tem recebido de outras fontes são muito preocupantes. “Um jornalista tem passado informações de somalis em Trípoli que dizem estar sendo caçados sob acusação de serem mercenários. O jornalista afirma que eles se sentem presos e têm medo de ir à rua, mesmo que haja pouca ou nenhuma comida”
declarou Fleming.

Acredita-se que muitas pessoas foram mortas na Líbia desde que o governo do país reprimiu fortemente os protestos contrários ao governo durante a semana passada. O conflito continua na capital, Tripoli, e em outros lugares.

Antes das atuais atribulações, o ACNUR havia registrado mais de 8 mil refugiados na Líbia, além de outros 3 mil casos pendentes de solicitantes de refúgio. Os principais locais de origem são Chade, Eritreia, Iraque, Palestina, Somália e Sudão.

“Estamos pedindo a todos os países vizinhos que recepcionem as pessoas vindas da Líbia que possam estar fugindo de violência e temendo por suas vidas,” disse Fleming.

Att.

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sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

BRASIL TERRA DE CONTRASTES

Pe. Alfredo J. Gonçalves, CS

Mesmo pouco entendendo de economia e de finanças, não é difícil dar-se conta de que pelo menos quatro entraves – ou quatro nós – amarram hoje as contas públicas, criando um emaranhado inextrincável e complexo, difícil de desatar. As conseqüências desse modelo político, nocivas e crescentes, são visíveis a olho nu e sensíveis ao bolso de qualquer cidadão, particularmente aqueles que habitam os andares inferiores da pirâmide social. Não é à toa que Reger Bastide deixou seu testemunho na obra Brasil, terra de contrastes!

Primeiro nó

O primeiro desses entraves está na elevação progressiva dos custos de gestão. Dois aspectos podem ser salientados: de um lado, escancara-se cada vez mais uma porta larga do funcionalismo público para apadrinhados, companheiros e familiares. O nepotismo literal ou figurado constitui uma realidade que mancha a res publica brasileira desde os seus primórdios, mas com um claro agravamento nas últimas décadas. De outro lado, como se isto não bastasse, os beneficiários dessa prática costumam ser igualmente beneficiários de rendimentos substanciais e com aumentos regulares, não raro acima da inflação e acima do conjunto das classes trabalhadoras.

Os funcionários públicos dos escalões médios e inferiores seguem nisso o mesmo caminho dos representantes do primeiro escalão dos três poderes: executivo, legislativo e judiciário. Na memória de todos os cidadãos permanece vivo e flagrante o desequilíbrio no aumento de mais de 60% para senadores, deputados, ministros, presidente, etc., quando comparado aos embates e confrontos para chegar a um acordo para o valor do salário mínimo de apenas R$ 545,00. Uma pessoa gorda até o inchaço não costuma ser saudável. Tampouco o será uma máquina governamental. Termina por emperrar nos infinitos labirintos subterrâneos e obscuros da burocracia.

Segundo nó

Frente a esse impasse, vem o anúncio de um corte orçamentário da ordem de 50 bilhões de reais para tentar desatar o primeiro nó. Na história do país, como bem sabemos, o conceito de arrocho foi protagonista de não poucos dramas e enfrentamentos. Mas seu palco eram as organizações, movimentos e mobilizações populares. As lutas trabalhistas, de modo especial, tornam o conceito bem conhecido no cenário brasileiro dos anos 1970-80, com destaque para o regime de exceção. Arrocho era praticamente sinônimo de redução salarial. Agora a palavra surge na área governamental, com referência aos custos de gestão. É preciso apertar o cinto, pensar num arrocho das contas públicas. É preciso cortar na própria carne, e “isso vai doer”, garante o Ministro da Fazenda, Guido Mantega. Preservando a área social e as obras do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), quase todos os ministérios foram afetados, além das emendas parlamentares e do repasse de verba aos municípios.

Cá entre nós, dá para acreditar nesse arrocho? Os gastos públicos foram progressivamente inflados pelos sucessivos governos. Inchou-se demasiadamente a máquina, sempre havia uma “boquinha” para um amigo, um afilhado, um companheiro. São por demais conhecidas expressões como: “o trem da alegria”, “a farra do Planalto Central”, “o uso indiscriminado do dinheiro público”, “o superfaturamento de obras públicas”... Sem falar do tráfico de influência e da corrupção pura e simples. Por isso, a notícia de corte e arrocho na máquina pública, num primeiro momento, nos deixa críticos e com “uma pulga atrás da orelha”, para não dizer perplexos e incrédulos.

Normalmente, quando nos deparamos com notícias, eventos ou promessas inéditas, emerge das águas turvas uma frase que se tornou familiar: “Freud explica!” Aprendemos a desconfiamos das esmolas muito gordas ou das motivações imediatas. Daí o apelo meio sério e meio jocoso a Freud, seja em direção ao passado que bem conhecemos, seja em direção ao futuro sobre o qual jogamos nossas dúvidas. Neste caso, porém, e sem qualquer trocadilho, o próprio Freud nos alerta. Segundo ele, dificilmente o ser humano renuncia a um prazer ao qual está acostumado. Cabe repetir a pergunta que abriu o parágrafo: dá para acreditar em semelhante arrocho? Conhecendo o “jeitinho brasileiro de governar”, não é mais compreensível imaginar que os moradores do andar de cima farão todo tipo de malabarismo para repassar esses custos para os porões da sociedade? Adaptando o chamado “pai da psicanálise”, ninguém renúncia aos privilégios e benesses acumulados ao longo da história, sobretudo se, além de tudo, eles receberam a benção de leis elaboradas pelos próprios interessados. É verdade que, a essa altura, seria vergonhoso elevar a carga tributária para cobrir os diversos ralos por onde escapa o erário público. Os impostos brasileiros estão entre os mais vultosos de todo o planeta, em franca contradição com serviços públicos que deixam muito a desejar.

Terceiro nó

Por falar em serviços públicos, recente pesquisa do IPEA (instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) procura detectar o parecer da população com vistas a uma avaliação do SUS (Sistema único de Saúde) e dos serviços de saúde pública. Os resultados foram mais do que esperados. Salta à vista a precariedade da saúde pública, especialmente quanto ao atendimento imediato, às filas nos estabelecimentos hospitalares e postos de saúde, às listas de espera para exames e cirurgias, não raro de extrema urgência. O que tem resultado em freqüentes notícias de óbitos á porta desses estabelecimentos. Um das reclamações mais freqüentes, e previsíveis, é a falta de médicos habilitados. Em favor do SUS, é preciso que se diga, a população aprova a chamada saúde familiar e a distribuição de remédios. Mas o que fica evidente e estridente é a enorme distância entre, de um lado, os tributos pagos pelos trabalhadores brasileiros e, de outro, o retorno em termos de qualidade de vida. Os impostos de Primeiro Mundo contrastam com os serviços de Terceiro Mundo!

Dessa defasagem resulta a clássica constatação de Bastide sobre os contrastes que minam o território brasileiro. Em nenhuma área quanto na saúde fica tão visível a realidades dos “dois Brasis”: há um sistema privado para o andar de cima e um sistema público para o andar de baixo, respectivamente Casa Grande & Senzala, na expressão de Gilberto Freire. Além de R. Bastide e G. Freire, caberia uma alusão a Josué de Castro, o teórico nordestino da “geografia da fome”. O pior é que o mesmo abismo separa condomínios fechados de alto padrão e favelas, apartamentos de luxo ao lado de sórdidos e insalubres cortiços; shoppings centers disputando o frenesi do consumo com o comércio de rua e/ou ambulante; escola para as classes média e alta e sistema escolar para a população pobre; honorários ou rendimentos estratosféricos de celebridades, políticos, técnicos especializados, etc., em oposição dos salários dos trabalhadores... E assim por diante!

Quarto nó

Uma vez mais, sem entender grande coisa de economia e finanças, a população intui que esse estado de coisas tem algo a ver com a taxa de juros e com o retorno ameaçador da inflação. Em ambos os casos, quem paga a conta são os trabalhadores, que são igualmente os consumidores dos produtos de primeira necessidade. Num país de tamanhas dimensões territoriais, de um povo tão criativo e trabalhador, de fontes energéticas diversificadas, de invejável produção agrícola, de um poderoso parque industrial, de um comércio dinâmico e efervescente – por que sobem os preços dos alimentos, da energia e dos bens de primeira necessidade? Já sabemos que a resposta está na ponta da língua: os preços são regulados pelo mercado internacional.

Mas vale insistir na pergunta, agora de forma modificada: não seria possível desenvolver políticas públicas de proteção e defesa do consumidor, particularmente quanto aos bens produzidos no país, tais como grãos, carne bovina e de frango, agro-combustível, tecidos em geral, sapatos, para citar apenas alguns bens de primeira necessidade? Políticas públicas bem estruturadas, além de evitar a dependência de programas como o “bolsa família”, por exemplo, combatem o vírus do populismo, do centralismo e do personalismo, tão presentes na prática política brasileira.

Alto Comissário da ONU para Refugiados pede resolução urgente da crise na Costa do Marfim

GENEBRA - Enquanto as tensões aumentam e pessoas continuam fungindo de suas casas na Costa do Marfim, o Alto Comissário das Nações Unidas para Refugiados, António Guterres, pediu hoje um fim urgente para o impasse político que está paralisando o país e incitando à violência.

“A paralisia política está se arraigando profundamente, fazendo a situação humanitária piorar a cada dia,” disse Guterres. “As pessoas estão com muito medo.”

Guterres expressou preocupação pelos 35 mil refugiados marfinenses registrados pelo ACNUR na vizinha Libéria que fugiram da crescente instabilidade.

O Alto Comissário também notou que o ACNUR já registrou 35 mil deslocados internos no oeste da Costa do Marfim, que precisam de abrigo e ajuda básica. O ACNUR e outras organizações humanitárias estão organizando uma resposta emergencial para lidar com as necessidades imediatas.

“Se a situação continuar, nós enfrentaremos o risco de um possível deslocamento em massa de marfinenses,” afirmou Guterres. Ele notou que isso também poderia impactar negativamente a Libéria, país que se recupera de sua própria guerra civil, e outros países na região.

“Dadas estas circunstâncias, eu elogio a Libéria por manter suas fronteiras abertas e o povo liberiano por disponibilizar e dividir generosamente seus lares e seus escassos recursos.” Guterres clamou por solidariedade internacional com os Vmarfinenses e os liberianos que os acolhem.

“A ação política internacional é urgentemente necessária para resolver este impasse e restaurar a calma,” acrescentou Guterres. “Todos os cidadãos da Costa do Marfim deveriam se sentir seguros em suas casas e não mais forçados a fugir em busca de segurança.”

Leia mais em: http://www.acnur.org/t3/portugues/

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ACNUR inaugura projetos financiados pelo Brasil no Equador

Lago Agrio (EQUADOR), 10 de fevereiro de 2011 - Várias obras implementadas no Equador pelo Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (ACNUR) com recursos doados pelo Governo do Brasil serão inauguradas neste final de semana (dias 11 e 12 de fevereiro) na comunidade de El Palmar e em Lago Agrio, localizadas na província de Sucumbíos, próxima à fronteira com a Colômbia.

As obras, que beneficiarão a população colombiana refugiada na região e também as comunidades de acolhida, incluem salas de aulas, instalações sanitárias, melhorias em um parque infantil e uma brinquedoteca da Federação de Mulheres de Sucumbíos.

El Palmar é uma das 43 comunidades equatorianas na região da fronteira com a Colômbia. Acolhe 80 famílias, em sua maioria composta por refugiados de origem colombiana que fugiram do conflito em seu país. Aproximadamente 108 estudantes se beneficiarão da nova sala de aula na escola La Paz e terão acesso a instalações sanitárias que cumprem com as condições sanitárias adequadas.

Em Lago Agrio, graças ao financiamento do governo brasileiro e em coordenação com o atual Governo Municipal, o ACNUR melhorou a infra-estrutura de prédios comunitários em bairros humildes - La Pista e El Aeropuerto - com a construção de uma nova sala de aula na escola 16 de Fevereiro, instalações sanitárias no centro comunitário e
equipamentos em um espaço público para crianças. Esses bairros reúnem 60% da população refugiada de Lago Agrio. Em reconhecimento a essas políticas públicas inclusivas e solidárias, Lago Agrio recebeu do ACNUR, em 2009, o título de “Cidade Solidária”.

“A contribuição recebida do Governo do Brasil é muito importante, e estamos convencidos de que as obras inauguradas promoverão a integração entre as populações de acolhida e as famílias refugiadas, além de melhorar a qualidade de vida na região”, afirma o Representante Adjunto do ACNUR no Equador, Luis Varese - que já foi representante do Alto Comissariado no Brasil, Os recursos brasileiros doados ao Equador por meio do ACNUR são parte de um pacote maior de doações do Brasil ao Alto Comissariado da ONU para Refugiados. Em setembro do ano passado, o ACNUR e o Brasil assinaram um Memorando de Entendimentos que formalizou o apoio do Brasil à
assistência humanitária prestada pelo ACNUR em todo o mundo, o que vem alavancando o papel do Brasil como um apoiador global do ACNUR.

O documento prevê contribuições voluntárias do governo brasileiro para os programas regulares do ACNUR, como também para atividades específicas em países afetados por desastres naturais, conflitos e insegurança alimentar e nutricional. Em 2010, as doações do Governo do Brasil ao ACNUR totalizaram US$ 3,5 milhões - a maior entre todos os países da América Latina. Foram beneficiadas operações no Haiti, Colômbia, Sri Lanka, Irã, Iraque e Paquistão - além do Equador.

O ACNUR iniciou suas operações no Equador no ano 2000, atendendo a um pedido do governo equatoriano devido ao crescente número de refugiados provenientes da Colômbia - vítimas do conflito interno neste país. O Equador é o país com maior número de refugiados na América Latina (54 mil pessoas, 98% de nacionalidade colombiana) reconhecidos pelo Governo. O ACNUR está presente em Sucumbíos desde 2001 por meio de diversos projetos de apoio comunitário e integração que favorecem tanto equatorianos como refugiados.

Os refugiados são pessoas que devido a guerras, conflitos internos ou por fundados temores de perseguição tiveram que abandonar seu país de origem e cruzar uma fronteira para encontrar proteção.

Para maiores informações sobre o trabalho do ACNUR visite os sites
www.acnur.org e www.acnur.org.br

quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

OS MIGRANTES E A DEVOÇÃO AO SAGRADO CORAÇÃO DE JESUS

Pe. Alfredo J. Gonçalves, CS,

Inegavelmente, a devoção ao Sagrado Coração de Jesus, praticada nas primeiras sextas-feiras de cada mês, remonta aos próprios relatos evangélicos, de modo particular no último desses relatos. De fato, a manifestação mais terna e sensível do coração de Jesus encontra-se nos capítulos 13 a 17 de Evangelho de João. Trata-se, sem dúvida, de uma espécie de “testamento espiritual” do Mestre. Prevendo para breve sua morte trágica, Jesus reúne os amigos mais íntimos num encontro especial de despedida, que começa com o gesto da última ceia, desdobra-se com as palavras de conforto e esperança e termina com a chamada oração sacerdotal. Evangelho dentro do Evangelho, essas páginas respiram uma atmosfera de intensa familiaridade, traduzindo, ao mesmo tempo, um carinho desbordante entre Mestre e discípulos. Em nenhum lugar como nessas páginas se reflete a maior dádiva do cristianismo à cultura ética da humanidade: o perdão e a misericórdia, o amor incondicional e a compaixão.

A própria linguagem é reveladora do clima de ternura e carinho. A terminologia revela o coração materno de Jesus, com palavras de uma expressão íntima e calorosa ao extremo: “meus filhinhos”; “vou para o Pai, mas não vos deixarei órfãos”; “amem-se uns aos outros como eu vos amei”; “por um pouco não me vereis, depois me vereis de novo”; “sejam um como eu e o Pai somos um”; “na Casa de meu Pai existem muitas moradas, eu vou reservar para vocês um lugar”; “permanecem unidos a mim, eu sou a videira, vós os ramos”; “Eu sou o caminho, a verdade e a vida”; “não temas, eu venci o mundo”. Coração paterno/materno, por um lado transbordando de tristeza pela separação, por outro exultando de alegria pela missão cumprida e pelo retorno ao Pai. Prestes a partir, a deixar os seus, deixa-lhes palavras inesquecíveis, gravadas na alma de cada um com o fogo do amor e da paixão. Somente “o discípulo mais amado” poderia reproduzir tais momentos tão íntimos, profundos e familiares. E somente ele poderia resumir tudo isso numa das expressões mais caras sobre a teologia da revelação: “Deus é amor” (1Jo 4,8).

Mas a devoção ao Sagrado Coração de Jesus ganha seu maior impulso com as aparições de Nosso Senhor a Santa Maria Margarida Alacoque, no mosteiro de Paray-le-Monial, Autun, França, a partir de 1673. O Papa Pio XII, na carta encíclica Haurietes aquas, de 15 de maio de 1956, enfatiza que é o próprio Jesus que toma a iniciativa de nos apresentar o seu coração como fonte de abrigo, consolo e de paz: “Vinde a mim todos vós que estais cansados e oprimidos, e eu vos aliviarei. Tomai sobre vós o meu jugo e aprendei de mim, porque sou manso e humilde de coração, e encontrareis descanso para o vosso espírito. Porque o meu jugo é suave e o meu fardo é leve” (Mt 11,28-30).

A devoção ao Sagrado Coração de Jesus, por outro lado, não pode ser desvinculada da devoção ao Sagrado Coração de Maria. Uma é tão antiga quanto a outra, estando ambas ancoradas nos escritos neotestamentários. De fato, no Evangelho de Lucas, evangelista da infância de Jesus, no capítulo dois por duas vezes se repete uma expressão praticamente com as mesmas palavras: versículo 19: “Maria, porém, conservava todos esses fatos, e meditava sobre eles em seu coração”; versículo 51b: “E sua mãe conservava no coração todas essas coisas”. Que fatos e que coisas? Certamente aquelas que diziam respeito ao Menino que “crescia em sabedoria, em estatura e graça, diante de Deus e dos homens” (L 2,52). Mãe e Filho mantêm o coração sintonizado nos mistérios de Deus.

Não custa deter-nos um pouco nos verbos guardar, conservar e meditar, atribuídos a Maria. Resumem uma atitude de oração e abertura ao Espírito, de mística e contemplação. Expressam também a busca humana pelo sentido mais profundo dos acontecimentos cotidianos: que corrente subterrânea e obscura se esconde por trás das ondas aparentes da história? Revelam, enfim, um coração simultaneamente irrequieto, mas sereno, que na intimidade com Deus aprendeu a sabedoria da confiança. O coração de Maria e o coração de Jesus sabem que os aparentes medos, paradoxos, inquietações, incongruências e contradições em que se debatem os seres humanos carregam um significado secreto e misterioso. Os fatos sociológicos, nus e crus, brutais e absurdos, ao mesmo tempo velam e revelam um sentido que somente o olhar da fé é capaz de penetrar. A brisa divina que afaga as pétalas das flores e das folhas, as penas das aves e a superfície das águas, é a mesma que acaricia o rosto dos caminhantes. Guardar e meditar tem a ver com a memória. Memória que retoma o passado, avalia suas potencialidades com a luz do presente, voltada para o horizonte do futuro. E essa arte de guardar e meditar, quando reinterpretada a partir da fé, é capaz de sentir os dedos invisíveis de Deus costurando o tecido fragmentado e dilacerado da história. Tal como a sinfonia da criação se expressa no canto das águas e dos pássaros, no sorriso das crianças e dos sábios, no brilho dos astros e no olhar de quem ama, também se expressa na harmonia dos que penetram o mistério da salvação. O coração destes, a exemplo de Maria e de Jesus, passa a bater no compasso da melodia de todos os seres criados. Torna-se um instrumento de notas afinadas na grande orquestra do universo.

Do ponto de vista da mobilidade humana, a devoção ao Sagrado Coração de Jesus e de Maria apresenta uma face inesperada. De fato, o coração de Jesus e de Maria costuma ser a pátria dos que perderam o direito a uma cidadania digna e plena, da enorme multidão dos “sem”: sem documentos ou trabalho, sem terra nem rumo, sem perspectivas de futuro. Imigrantes irregulares, migrantes internos, refugiados políticos ou climáticos, deportados, trabalhadores temporários, marítimos, itinerantes, prófogos, estudantes e técnicos... Todos estes rostos formam um enorme desfile dos sem pátria, às vezes mesmo dentro do território do país em que nasceram. Sem pátria porque desprovidos das condições mínimas necessárias à cidadania, porque viram seus direitos ignorados ou pisoteados pela tirania ou pelo descaso das autoridades.

Escrevendo “aos que vivem dispersos como estrangeiros no Ponto, Galácia, Capadócia, Ásia e Bitínia” (1Pd 1,1), o apóstolo Pedro lembra que a união entre eles há ser tão forte que forme a “Casa de Deus”, referência para os que tiveram que cortar raízes com a terra e a família, e em terra estranha sofrem hostilidade e perseguição. Isso nos leva ao pranto dos israelitas exilados, os quais expressam seu lamento dizendo que “junto aos canais da Babilônia nos sentamos e choramos com saudades de Sião. Nos salgueiros de suas margens penduramos nossas harpas”. “Como cantar um canto de Javé em terra estrangeira?” (Sl 137). Que dizer dos milhares ou milhões de pessoas que terão que deslocar-se em massa devido à onda de insurreição que vem sacudindo países de maioria islâmica como Egito, Tunísia, Síria, Argélia, Iêmen, entre outros?

Esses corações que amargam inúmeras adversidades por se sentirem órfãos numa terra estranha, ou mesmo no torrão em que nasceram, experimentando um sofrimento tal que chegam ao ponto de destilar veneno – “Feliz quem agarrar e esmagar seus nenês contra o rochedo” (Sl 137, 9) – encontram no Coração de Jesus e de Maria um abrigo, um refúgio, uma pátria. Ensinam também que, embora necessária e legitima a luta pela justiça e o direito e por condições dignas de vida, o coração humano só repousará tranquilo no reencontro com a Casa de Deus, a pátria definitiva.

A pesquisadora que foi expulsa da Espanha

Brasília(DF), 30/01/2011

Acho que muitos de vocês sabiam que eu estava saindo de férias junto com minha amiga Gracinha para a Espanha. Pois bem, planejamos tudo, compramos passagem, reservamos hotel e tudo mais. Porém, fomos em vôos separados. Depois de 15 horas de viagem EU fui INJUSTAMENTE DEPORTADA pela imigração da Espanha! Fiquei 15 horas PRESA numa sala da polícia federal sendo tratada como criminosa! Sem direito à telefonema, sem nenhuma informação sobre os motivos pelo qual estava detida e somente depois de 7 horas tive contato com um advogado e uma tradutora. Fui revistada fisicamente e revistaram e retiveram minha bolsa e minha bagagem de mão, tudo isso antes de ter um advogado.
Eles arbitrariamente decidiram que eu não entraria naquele país e fizeram de tudo para arranjar algo para me deportar. Eu tinha todos os documentos que comprovavam que eu tinha dinheiro de sobra para a quantidade de dias que iria ficar, tinha carta do Ministério da Cultura que comprovava que eu trabalho para um projeto do governo brasileiro, seguro viagem pago, reserva de hotel no nome da Gracinha (iríamos dividir um quarto, por isso constava só o nome dela), passagem de volta e até a escritura da minha casa própria em Florianópolis!
Primeiramente eles alegaram que meu cartão Travelmoney do Banco do Brasil não tinha valor nenhum pra eles porque não constava meu nome (o Banco do Brasil não imprime nome neste cartão, é política do banco). Só que eu tinha todos os extratos assinados pelo Banco do Brasil que comprovavam a compra de euros!!!! Mesmo assim eles disseram que não valia e me prenderam na sala. A assistente social da Polícia Federal só fazia era VENDER cartão telefônico para aqueles que quisessem ligar dos telefones públicos que havia nesta sala fechada. Então comprei ironicamente cartões da própria Polícia e liguei imediatamente pra Embaixada brasileira e pro Consulado do Brasil na Espanha.
Eles foram ótimos! Mas disseram que infelizmente pouco poderiam fazer porque a Polícia é arbritária mesmo e até eles ficam de mãos atadas. Tudo que podiam fazer eles fizeram, que foi enviar um fax reiterando que eu tinha dinheiro, dizendo que meu cartão era válido e cobrando informações. Pois bem, depois de mais não sei quantas horas presa, eles admitiram que meu cartão era válido. Como não tinham mais argumento, cavocaram algum.
Como a reserva do quarto duplo foi feita no nome da Gracinha, porque no site do hotel na internet pedia somente um nome, eles alegaram que eu não tinha reserva de hotel!!! A Polícia Federal mentiu na minha cara que haviam telefonado para o hotel e que o hotel havia dito que não havia nenhuma reserva no nome de Graça!!! Neste momento o advogado da própria Polícia que estava ali para me defender argumentou com a Polícia que havia reserva e telefonou do seu celular no viva voz novamente para o Hotel que confirmou que Graça já estava inclusive hospedada!!! Sabem o que a Polícia disse diante deste telefonema em viva voz????? Disse que não valia nada para eles aquele telefonema, que eles já haviam telefonado e decidido pela minha deportação!!!!
Ou seja, eles realmente queriam arbitrariamente me deportar e ponto final!!! Disseram que eu seria deportada no vôo da meia noite e vinte e me prenderam novamente na sala. E para completar o absurdo fui levada para o avião escoltada como criminosa em carro blindado de polícia até dentro do avião. Meu passaporte foi entregue à tripulação e havia uma funcionária do aeroporto no Brasil me esperando com ele na mão para me escoltar até a imigração brasileira!!!!
Somente depois de passar na imigração brasileira tive meu passaporte devolvido! Mas não acabouâ¦.pois CARIMBARAM meu passaporte com um signo que provavelmente deve ser o de deportada, sendo que eu nem entrei no país!!! E para finalizar, é claro, que eles extraviaram a minha bagagem! Pois a Polícia não despachou minha mala!!!
Eles são arbitrários e preconceituosos mesmo! Não tem outra explicação e o próprio consulado disse isso pra mim! Havia cerca de 10 pessoas presas nesta situação e todas elas eram latinas e/ou negros da África!!! Ou seja, é XENOFOBIA PURA!!!! Mas XENOFOBIA CONTRA LATINOS E NEGROS!!!! PURO PRECONCEITO!!!
Bem gente, é uma novela néâ¦.mas a novela só tá começandoâ¦.porque eles escolheram a pessoa errada para isso!!! Vou recorrer ao Itamaraty, vou fazer uma queixa oficial na Embaixada da Espanha no Brasil, vou à Secretaria de Política para Mulheres e Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República, vou a todos os órgãos que puder para lutar contra esta arbitrariedade!!! Preciso de contatos da mídia para divulgar essa situação absurda!!!
Quero pedir a todos vocês que divulguem em todas as suas redes sociais e que façamos uma campanha CONTRA O TRATAMENTO QUE A ESPANHA DÁ AOS ESTRAGEIROS LATINOS E NEGROS!!!
Obrigada pelo apoio de tod@s
Grande Abraço
Denise Severo
Coordenadora Pedagógica do Projeto Vidas Paralelas
Pesquisadora Associada do Núcleo de Estudos em Saúde Pública da UnB

Centenas de pessoas são barradas semanalmente em Barajas ( Madrid)

Em 2006, a média de inadmissão de brasileiros ficava em torno de 20 por mês, e em 2007 subiu para + de 200 por mês ( 2.764 /ano)e até fevereiro de 2008, por exemplo, os dados fornecidos pela Espanha ao Consulado apontavam 536 inadmitidos chegando a 2,5 mil brasileiros impedidos de entrar no país pela capital espanhola durante o ano.

A Agência Efe teve acesso, durante o ano de 2009, agentes da Polícia de Fronteiras que trabalham no aeroporto de Madri negaram a entrada na Espanha de 12 mil pessoas, cerca de 30 por dia.
Em comparação com o ano anterior 2008, o número de pessoas barradas diminuiu 32%, já que, em 2007, 17.408 estrangeiros tiveram que voltar para casa direto do aeroporto.
Dados da Frontex - agência européia de controle de fronteiras - mostram que, no primeiro trimestre de 2010, os brasileiros foram os mais barrados em aeroportos da Europa.

Em 2010 segundo a agência, 25.400 estrangeiros tiveram entrada rejeitada entre janeiro e março - número menor que o de trimestres anteriores, provavelmente pela crise na zona do euro. Deles, 1.842 eram brasileiros - 6,3% a mais que no final de 2009. O volume só perde para o total de ucranianos barrados, que chega a 5.000. Estes, porém, não são obrigados a tomar aviões - até andando podem tentar cruzar a fronteira de seu país com a UE.
Temos no mínimo duas pessoas por mês que ligam para a Associação NEBE do aeroporto de Barajas pedindo ajuda, pedimos que eles se coloquem diretamente em contato com o consulado fornecendo o numero e também ligamos e enviamos um email para o consulado com os dados da pessoa retida no aeroporto.
O consulado é o único que pode intervir nessa situação.
Até final de 2009 o embaixador Gelson Fonseca, que passava horas em contato com a policia do aeroporto para solucionar os problemas dos brasileiros retidos e nos comunicava se havia ou não resolvido o caso, infelizmente voltou para o Brasil.
Desde ano passado não sabemos muita coisa do consulado do Brasil sobre o assunto, das pessoas que conseguiram entrar no país apenas 3 famílias nos ligaram para dizer que o consulado havia ajudado, outras 5 me comunicaram que o consulado não havia feito nada e outros indignados contra a reação do consulado.
Normalmente não precisamos de visas, mas nos recomendam ter uma carta convite, que leva no minimo três meses entre iniciar e finalizar todo o processo requerido para este “CONVITE”.
Quem convida deve levar vários documentos identificando que a casa que vive é dele/a ou contato de aluguel e se não tiver no nome da pessoa que convida, deve pedir uma autorização do proprietário comprovando que ele/a reside no endereço; Carteira de identificação,;“ empadronamento, (se possível foto do convidado)...
O convidado tem que escrever a razão pela qual deseja visitar o país, ( casamento, batizado, férias) o tempo que deseja ficar, se dispõe de dinheiro suficiente para ficar no país ( se não a pessoa que convida deve comprovar sua situação financeira ) , todos os tramites entre ambas pessoas deve ser feito por correio normal para serem apresentados no centro de policia que pertence a zona da pessoa que convida.
Detalhe – esta carta no assegura que o convidado entrará no país ( geralmente sim)
Envio um modelo para vocês.
Edineia da Silva Cabioch
NEBE- Núcleo de Entidades Brasil España

COMUNIDADE E EVANGELIZAÇÃO

Pe. Alfredo J. Gonçalves, CS
Comunidade e Evangelização – tema proposto pela Direção Geral para a reflexão neste ano de 2011 – constituem dois pólos indissociáveis da Vida Religiosa Consagrada (VRC). Longe de se excluírem ou se isolarem, ambos se interpelam e se entrelaçam, se fortalecem e interagem reciprocamente. Quando a vida comunitária se desdobra em atividades apostólicas, estas tendem a enriquecer o oxigênio da atmosfera que se respira no interior daquela. Em inversamente, quando as exigências e desafios da evangelização contam com a retaguarda de um ambiente familiar e fraterno, o apóstolo sentir-se-á bem mais sólido e seguro em sua missão. Numa palavra, o religioso e o missionário formam duas faces da mesma moeda. Numa dialética circular e espiral, convergem para uma busca de rica e verdadeira integração. Fundindo-se numa única pessoa, representam duas dimensões de uma vocação que é sempre irrepetível.

1. Diferentes sim, desiguais não
Se os dois pólos se complementam e se encontram devidamente integrados, então podemos desfazer alguns mitos ou pretextos, que hoje estão em voga e que pretendem explicar os conflitos ou as freqüentes desistências a partir de falsas premissas. O primeiro mito ou pretexto insiste em que as diferentes etnias e línguas, povos e culturas costumam impedir uma harmonia mais perfeita entre a vida comunitária e a atividade evangelizadora. Mero engano! Se é verdade que essas diferenças requerem atenção e cuidado permanente, a experiência mostra que elas, por si só, não são motivo de pobreza, e sim de maior riqueza e aprofundamento recíproco. Para além das tensões étnicas, lingüísticas e culturais, o que nos divide são motivações bem mais profundas e perniciosas em sua raiz oculta e desconhecida. Toda pessoa humana é capaz de comunicar-se, não apesar de um idioma e de costumes diferentes, mas justamente por causa disso ou através disso. Basta que, em meio às distinções, estejamos dispostos a um intercâmbio onde cada um contribui para o crescimento mútuo. Não custa lembrar o lema do Movimento Leigo Scalabriniano: diferentes sim desiguais não! Se somos diferentes em termos culturais, bem podemos ser iguais ou eqüitativos em termos socioeconômicos e políticos.

2. O ancião, o adulto e o jovem
Um outro mito ou pretexto tem a ver com os conflitos de gerações. A convivência entre avós, pais e netos, por um lado, ou entre anciãos, adultos e jovens, por outro, tem sim seus problemas. Mas não costumam ser estes que semeiam a discórdia, seja no interior da comunidade religiosa, seja na reflexão sobre um plano conjunto de ação pastoral. Também aqui, para além das tensões provocadas pelas gerações desiguais, não será difícil identificar outras motivações de desamor, muitas vezes inconfessadas e inconfessáveis. Na grande maioria dos casos, as desavenças entre religiosos jovens, adultos e anciãos passam não tanto pela diferença de idade, e sim pela inveja e o ciúme, o rancor e o ódio, ou, mais fundo ainda, nas brigas surdas pela disputa de poder, dinheiro e influência. Nesse terreno minado, o conflito entre gerações acaba simultaneamente velando e revelando algo mais sério e preocupante. Generaliza-se então, como uma espécie de regra muda, tácita e cotidiana, a atitude nociva de “puxar o tapete” do outro. Na contramão dessa prática, são muitas as comunidades religiosas onde pessoas de diferentes idades estabelecem uma harmonia alegre e saudável, onde experiência e audácia convergem para iniciativas enriquecedoras. Isso faz perguntar: até que ponto, como religiosos e sacerdotes, desenvolvemos a capacidade de compartilhar sadiamente tanto os sucessos quanto os fracassos uns dos outros? E isso independentemente da idade, da raça, da formação ou da origem de cada um. Algumas perguntas incômodas e interpeladoras: bem no fundo, ficamos tristes diante da queda dos companheiros e alegres diante de suas vitórias? Sabemos partilhar juntos o pranto e a festa? Não é esse um bom termômetro para avaliar o grau de nossa amizade e solidariedade fraterna?

3. No meio do caminho tinha uma pedra...
Enfim, o terceiro mito ou pretexto vem dos próprios desafios da ação evangelizadora. Neste caso, precisamos ser claros e taxativos: não são os obstáculos e adversidades do trabalho que nos derrubam. Somos pessoas chamadas por Deus, respondemos ao chamado com manifesta coragem, estamos preparados para as pedras e espinhos do caminho. Não é isso que nos paralisa pelo medo ou a impotência. O que nos faz tropeçar, o que enfraquece nossas pernas, o que nos abate e debilita a ousadia inicial é, antes de tudo, a carência de um ambiente amigo, fraterno e solidário. Por mais adultos e crescidos que sejamos, na hora da crise bate a saudade consciente ou inconsciente do colo e do clima de um lar.
Vale aqui o exemplo do casal: quando este está apaixonado, enfrenta qualquer tipo de dificuldade para salvar o amor e a família. Da mesma forma, uma comunidade religiosa, que pelo carisma comum cultiva um mínimo de bem querer, não se deixa abater facilmente frente às dificuldades da pastoral. O que nos asfixia ou asfixia a nossa vocação não é tanto o excesso de trabalho ou de responsabilidades, mas a falta de um ambiente familiar, de um lugar de abastecimento, para utilizar a metáfora do posto de combustível. Ou seja, ponto de chegada que se converte em novo ponto de partida. Espaço aberto e confiável, onde o pranto e o riso se sentem livres; espaço de encontro, onde podemos nos desnudar sem receio nem vergonha. Pois a nudez só é possível diante do olhar que nos ama, porque este a reveste de carinho e ternura.
Sem esse lugar íntimo e afetivo de irmãos que se querem bem, dificilmente nos mantemos de pé, dificilmente manteremos vivo e ativo o ardor missionário que nos fez marchar até o presente momento. Um lar sadio dá asas aos pés do missionário, pois, ocorra o que ocorrer, ele tem a certeza de encontrar sempre refúgio, abrigo e compreensão. Quando alguém em casa reza e torce por nós, revigoram-se as energias para a luta diária; ao contrário, se em casa não há interesse e repercussão pelo que fazemos, o desânimo começa a dominar nossa vocação e missão.
Para os três casos, existe uma exuberante vegetação de palavras, ações e escritos de Scalabrini que poderiam nos orientar a desmentir os mitos ou pretextos apontados acima. Fixemo-nos, de modo particular, em suas palavras de despedida dedicadas aos primeiros missionários dos migrantes na Catedral de Piacenza. Nelas se traduz de maneira eloquente a importância de casar indissoluvelmente a comunidade com a missão evangelizadora. Mas vale também sua clássica descrição da Estação de Milão, onde o coração de pastor, sangra pelas feridas de suas “ovelhas que partem”, a ponto de intuir a necessidade de uma obra simultaneamente religiosa e apostólica para seguir-lhes os passos, ao mesmo tempo incertos, corajosos e titubeantes.

4. Tríplice dimensão da VRC
A esta altura, podemos introduzir um terceiro pólo da VRC: o cultivo de uma espiritualidade cuja via e meta é a relação de Jesus com o Pai (Abba). Sem essa busca progressiva de uma intimidade com Deus, no seguimento dos passos trilhados pelo Mestre, ficam comprometidos tanto o pólo da Comunidade quanto o da Evangelização. Voltam à tona as três dimensões da Vida Consagrada: montanha, onde amadurece a oração e a contemplação; casa/mesa ou comensalidade, como lugar em que se partilha o pão e a vida; caminho, como campo de ação para as atividades sócio-pastorais, especialmente na área da mobilidade humana em geral, e da Pastoral Migratória em particular. Em não poucos casos, essas três dimensões são vistas como gavetas fechadas, incomunicáveis, cerradas entre si. Não raro, prevalece a dicotomia ou o dualismo entre uma e outra, quando não a hostilidade e a perseguição. Daí a esquizofrenia de muitas comunidades e, em consequência, de alguns religiosos, com suas vidas fragmentadas, sem um eixo convergente e norteador.
Resulta que é quase impossível manter-se ativos e criativos na missão se não contamos com o alimento místico da espiritualidade e com a companhia afetiva de uma comunidade. Encontro com Deus e encontro com os irmãos dão força e estabilidade à ação pastoral. Há aqui um segredo: as horas dedicadas à montanha ou à casa/mesa de forma alguma constituem tempo subtraído ao compromisso com os pobres ou migrantes. Ao contrário, é um tempo que direta ou indiretamente irá qualificar nossa práxis. Em poucas palavras, a prioridade não é multiplicar atividade sobre atividade, encher a agenda, e sim revestir as ações de um novo encanto. Qualidade que só pode ser engendrada pelo silêncio da escuta, da oração e da contemplação.
Vale dizer, pela confiança na eficácia da graça de Deus agindo em meio a nossas fraquezas e limitações. O Espírito somente pode transformar a história pessoal e coletiva quando permanecemos abertos à sua irrupção inesperada e surpreendente. Mas é o silêncio que produz essa abertura, capaz de produzir igualmente palavras novas, vivas e criativas. Do silêncio da família de Nazaré brotam as palavras de Jesus. E este, após trinta anos de escuta, não apenas traz uma Boa Nova, mas torna-se Boa Nova para os pobres, os aflitos, os indefesos...

5. Um ponto final
A conclusão poderia apontar algumas passagens evangélicas em que Jesus revela a importância das três dimensões analisadas. A respeito da montanha e do cultivo de uma intimidade crescente com o Pai, temos Lc 11,1-4, quando os discípulos, vendo o êxtase do Mestre, pedem que os ensine a rezar, cena de onde vem o legado espiritual do Pai-nosso. O melhor exemplo da dimensão da casa/mesa, no conceito de comensalidade, vem do Quarto Evangelho, nos capítulos de 13 a 17: verdadeiro “evangelho dentro do evangelho”, em que transparece o coração paterno/materno de Jesus, testamento espiritual deixado na hora trágica da partida. Somente João, “o discípulo que Jesus amava” e que está mais perto de seu coração, poderia nos deixar essa pérola preciosa, onde linguagem e conteúdo estão profundamente impregnados de ternura, carinho e amor compassivo. Por fim, a dimensão do caminho, da missão, da ação pastoral e evangelizadora encontra sua marca registrada nos episódios do Bom Samaritano (Lc 10, 25-37), dos discípulos de Emaús (Lc 24, 13-35) e do filho pródigo ou pai bondoso (Lc 15, 1- 32). Mas convém sublinhar o chamado “resumo das atividades de Jesus”, em Mt 9,35-38. Ao encontrar as “multidões cansadas e abatidas, como ovelhas que não têm pastor”, Ele revela o perdão, a misericórdia e a compaixão, três sentimentos que são a viga mestra do cristianismo como contribuição à cultura da humanidade.
Nesta perspectiva, a caravana de Jesus nunca atropela quem sofre e é marginalizado pela tríplice acusação de doente, pecador e excluído. Sua caravana sempre se detém diante daqueles que sofrem e gritam por socorro. Poderíamos enumerar a esse respeito os dois cegos de nascença, as crianças, os leprosos, a mulher que padece de fluxo de sangue, outra mulher, a adúltera anônima. Concentremos nossa atenção sobre esta última (Jo 8,1-12). Três atitudes são evidentes: a da própria mulher, vítima de uma sociedade patriarcal e que, por isso, cabisbaixa, já introjetou o pecado dentro de si mesma; a da opinião pública, que aponta o dedo em riste, acusa e se dispõe ao apedrejamento imediato; a de Jesus, que traz a pecadora para o centro e, a partir dela, passa a julgar os espectadores. A ré se converteu em juiz e os juízes saem sorrateiramente, para esconder a própria hipocrisia. “Vai e não peques mais!” Jesus não legitima o pecado, mas acolhe o pecador. Aqui, uma vez mais, o perdão aparece como pano de fundo, o DNA da Boa Nova de Jesus Cristo.

X Foro Social Mundial y las Migraciones

Paulo Illes

El X Foro Social Mundial, en ciudad de Dakar, en el continente africado empieza con un amplio debate sobre las diásporas africanas en el contexto de las migraciones internacionales. La abertura, marcada por una gran marcha con la presencia de aproximadamente 10 mil personas de todas las partes del mundo ya anunciaba la importancia del tema. “Libre circulación”, “regularización de todos los sin papeles”, “por un mundo un sin muros”, “nuestras voces, nuestros derechos, por un mundo sin muros” son algunas de las consignas cantadas por inmigrantes, de modo especial, del continente, durante la caminata que culmino con un encuentro al aire libre con la presencia, entre otras autoridades, del presidente de Bolivia, Evo Morales. En su discurso, Evo reafirmo la importancia de los cambios ocurridos en América Latina en los últimos años, criticó el colonialismo practicado en el país anfitrión el Foro y con clamó a los movimientos sociales para protagonizar los cambios frente al neoliberalismo y al neocolonialismo. Al mismo tiempo, felicitó al pueblo del continente por su lucha continua frente a la situación de empobrecimiento, de saqueo y de extractivismo. Durante la marcha y en los talleres que se siguieron en el día de hoy se evidenció las dificultades y los viacrucis enfrentados por miles de inmigrantes que intentan cruzar las fronteras para llegar a Europa. La situación de los repatriados y la corrupción de los gobiernos cómplices a las violaciones de los derechos humanos de los y las migrantes. Se convoca a los países receptores de inmigrantes a ratificar la convención de naciones unidas sobre los derechos de los trabajadores migrantes y sus familias y al mismo tiempo se hace un llamado a la solidaridad internacional frente a la invisibilidad y criminalización de las migraciones. Para el día de mañana se armarán otras tiendas donde se debatirá la migración latinoamericana, los impactos de la Declaración de Quito, del IV Foro Social Mundial de Migraciones, además de la Carta Mundial de Migrantes y la importancia del 18 de diciembre como día mundial de lucha e incidencia en la construcción puentes en vez de muros para las personas.


*Coordenador del Centro de Apoyo al Migrante / SPM

Articulación Sudamericana Espacio Sin Fronteras - ESF

Solicitantes de refúgio morrem sufocados rumo à África do Sul

PRETÓRIA, África do Sul, 8 de fevereiro (ACNUR) - A morte por sufocamento de oito etíopes viajando através de Moçambique chamou a atenção para os perigos pouco conhecidos enfrentados por solicitantes de refúgio que tentam chegar à África do Sul.

A polícia afirmou que oito solicitantes de refúgio morreram em um container de um caminhão fechado, no dia 02 de fevereiro. Eles faziam parte de um grupo de 26 homens etíopes que tentavam chegar à África do Sul desde o campo de refugiados Maratane, no norte de Moçambique.

O motorista do caminhão só teria percebido que oito pessoas tinham morrido sufocadas quando fez uma parada em Mocuba, sete horas após deixar o campo. O caminhão também transportava uma carga de óleo de cozinha.

Outros três homens do grupo tiveram que ser hospitalizados, mas já receberam alta e foram levados de volta a Maratane juntos com demais sobreviventes. O motorista do caminhão foi preso e uma investigação policial foi iniciada.

Os perigos para as pessoas fugindo do Chifre da África e cruzando o Golfo de Áden ou o Mar Vermelho para o Iêmen são bem conhecidos. Mas aqueles que se dirigem ao sul também enfrentam uma jornada perigosa.

"Acreditamos que são substanciais os riscos para aqueles que se dirigem ao sul através do leste da África ou via rotas do Oceano Índico”, disse Sanda Kimbimbi, representante regional do ACNUR no escritório de Pretória.

Em janeiro, o ACNUR recebeu informações de que oito somalis e três etíopes, solicitante de refúgio, se afogaram na costa de Moçambique. Em maio do ano passado, nove somalis também se afogaram neste país em busca de segurança.

Estes riscos foram enfatizados por um relatório publicado mês passado pelo ACNUR e o Centro de Estudos sobre Refúgio, da Universidade de Oxford, que foi intitulado: “In harms way: O Movimento irregular de migrantes para o sul da África desde o Chifre da África e as Regiões dos Grandes Lagos".

O campo de Maratane em Moçambique é um ponto de parada para muitos em suas jornadas rumo ao sul do continente. Aproximadamente 11 mil solicitantes de refúgio somalis e etíopes chegaram ao campo durante o ano, até janeiro. Destes 6,6 mil eram somalis, enquanto os restantes 4,32 mil eram da Etiópia. O ACNUR estima que 2,5 mil etíopes deixaram o campo em direção à África do Sul no ano passado.

Com mais pessoas fugindo do Chifre da África para Moçambique, o ACNUR está trabalhando estreitamente com as autoridades deste país para melhorar as condições de vida no campo de Maratane, o qual ficou congestionado devido ao grande número de novas chegadas.

Leia mais em: www.acnur.org.br