segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

Migrantes e Refugiados

Artigo publicado originalmente no Jornal de Piracicaba de 14 de janeiro de 2012. P.3

Migrantes e Refugiados



Por ocasião da celebração do Dia Mundial do Migrante e Refugiado (15 de janeiro), o Papa apresenta-nos uma mensagem para reflexão sobre a situação destes irmãos nossos, os migrantes e refugiados. O tema central da mensagem: “Migrações e a nova evangelização” é visivelmente a sua preocupação cristã pertinente diante da complexidade que os processos de mobilidade humana se constituem nos dias de hoje. A necessidade de migrar por questões de ordem financeira, especialmente nestes últimos meses por causa da crise mundial, e a migração forçada dos refugiados por motivos de perseguições em seus países, coloca a dinâmica dos deslocamentos em uma dimensão de alta complexidade.

Este é o contexto que a mensagem se volta para propor o desenvolvimento de uma Nova Evangelização. No texto da mensagem, o Papa lança algumas expressões chaves que valem ser destacadas: “novo vigor”, “novas modalidades”, “novas problemáticas”, “novas estratégias pastorais”, “novas situações”, entre outras. Estas sinalizações, particularmente com o destaque ao termo “novidade”, fazem parte da estrutura do argumento com o qual o Papa quer nos sensibilizar a todos sobre a situação desumana que milhares de pessoas migrantes e refugiadas em todo o mundo são submetidas, tendo seus direitos e a dignidade humana desrespeitados. O conjunto desta situação coloca o migrante em uma condição oposta ao que de fato ele pode verdadeiramente se tornar: um profeta. Todo migrante é profeta na medida em que traz consigo os sinais necessários de que uma mudança de qualquer natureza. Olhar o migrante nesta perspectiva é observar as transformações que um grupo social passa.

Porém, é certo também que hoje a violência marcante que atingem os migrantes e refugiados são as constantes e crescentes ideias de xenofobia veiculadas nos meios de comunicação, especialmente nas redes sociais da internet, como foi, por exemplo, o episódio da estudante Mayara Petruso, que postou no twitter o repúdio aos nordestinos em São Paulo. Esta é uma situação desafiadora para que a nova evangelização em direção ao fenômeno migratório possa também ser ativa, pois inegavelmente os meios de comunicação estão no centro das relações humanas do mundo contemporâneo, e os migrantes e refugiados não estão alheios aos seus usos e também reações. Em suma, é com o fôlego da preocupação sobre a complexidade dos deslocamentos migratórios e as reações a ele, que a Nova Evangelização neste contexto deve ser assumida por cada cristão, tornando-se comprometido com a acolhida fraterna do irmão migrante e refugiado, como nos pede o Papa, e também sendo agentes cobradores do poder público na elaboração de garantias legais em defesa da vida dos que fazem da travessia a busca por novas esperanças.



Eduardo Gabriel, sociólogo e seminarista scalabriniano.

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