quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

Grandes eventos preocupam pela violação aos direitos infanto-juvenis

Natasha Pitts *

Adital - Com a aproximação de grandes eventos como a Copa do Mundo de Futebol, em 2014, e as Olimpíadas do Rio de Janeiro, em 2016, cresce a preocupação com o aumento dos casos de exploração sexual e do trabalho infantil. A chegada de turistas e a existência de canteiros de obra que são montados para estruturar os eventos são alvo de preocupação constante.

Segundo estimativas do Ministério do Turismo (MTur) a Copa do Mundo deve trazer ao Brasil uma média de 500 a 600 mil turistas. Em contrapartida aos benefícios que este grande fluxo de visitantes traz à economia, os grandes eventos estão quase que obrigatoriamente atrelados a graves problemas como o crescimento do trabalho infantil e da exploração sexual de crianças e adolescentes.

A prevenção ainda se apresenta como a melhor maneira de reduzir o número de casos de violação aos direitos infanto-juvenis. "Com o aumento do fluxo turístico cresce também a exploração. Para combater este problema é necessário que seja realizado um trabalho de prevenção e conscientização. Além disso, a exploração também deve ser repelida de forma policia e gerar punição. Só assim o Brasil poderá fazer frente à situação", explica Elisângela Machado, coordenadora do Centro de Excelência em Turismo da Universidade de Brasília (CET/UnB).

Embora haja consciência de que o trabalho de sensibilização é a melhor maneira de prevenção, a grande quantidade de atores envolvidos no meio turístico dificulta o trabalho. De acordo com Elisângela, o trade turístico engloba 81 categorias de profissionais que vão desde recepcionistas, camareiras, taxistas e garçons, até gerentes de restaurantes e proprietários de hotéis, entre tantos outros. Devido à atuação no meio turístico todos podem atuar como aliciadores.

Em outubro, a coordenadora representou o Brasil durante a II Conferência Regional e Nacional de Prevenção e Intervenção Contra o Tráfico de Crianças, realizado na cidade de Maputo, em Moçambique. Durante o evento, foram apresentados estudos que mostraram os principais impactos que a Copa de 2010 trará às crianças. O evento é uma prova de que a África está se mobilizando para garantir os direitos infanto-juvenis no período em que eles mais poderão ser vulnerados.

Segundo Elisângela, a partir do próximo ano o Brasil também deve iniciar suas atividades de mobilização em prol de uma Copa e uma Olimpíada sem exploração das crianças e adolescentes. "O Ministério do Turismo, o Centro de Excelência e entidades ligadas ao turismo iniciarão a partir de 2010 um trabalho de prevenção e sensibilização, além de treinamento com os empresários ligados ao setor. O Brasil começará a se mobilizar quatro anos antes da Copa, o que é positivo e possibilita um trabalho concreto antes e durante a Copa", esclarece Elisângela.

As atividades de mobilização terão início de forma mais concreta apenas em 2010. Contudo, já neste ano foram realizadas formações regionalizadas em Recife, capital pernambucana, Nordeste do Brasil. Agentes de sensibilização foram formados para multiplicar conhecimentos e transmitir para outras pessoas o que aprenderam. No próximo ano a ação terá continuidade em todas as cidades sede da Copa e também em João Pessoa.


* Jornalista da Adital

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