segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

Queridas Irmãs e Formandas MSCS

No dia 14 de dezembro de 2009, elevemos jubiloso hino de ação de graças a Deus pelo Dom da vida e missão de Pe. José Marchetti, ao celebrar 113 anos de sua partida para o Céu.

Por meio desta singela mensagem somos convidadas a recordar e refletir sobre aspectos que marcaram sua vida e missão.

Pe. Marchetti viveu em meio à complexidade do grande fenômeno migratório que fez partir da Europa para outros continentes, milhões de emigrantes. Rapidamente compreendeu que a grande maioria partia impelida pela necessidade, pela fome e em busca de uma vida melhor. Partiam desgarrados, “como ovelhas sem pastor”[1]. Foi tão profundamente tocado, em sua sensibilidade, por essa realidade vivida pelos seus paroquianos e compatriotas, que decide partir também e acompanhá-los como capelão de bordo e companheiro de viagem na travessia do oceano.

Era pessoa dotada de singular inteligência, firmeza e determinação, possuía formidável capacidade organizativa. Homem de diálogo, dotado de uma energia interior a tal ponto que não temia fazer-se a voz dos que não tinham voz. “É a casa construída sobre a rocha”[2]. Contudo, o tema da fugacidade, da vida breve, aplica-se perfeitamente à trajetória terrena do Pe. Marchetti, fugaz como um relâmpago[3], mas rica de frutos, que deixaram um rastro permanente de luz. Tanto que seria impossível abranger a riqueza de sua personalidade em uma breve mensagem como esta.

Sensível e sensibilizador. Recordemos que ele chegou no Brasil em um momento histórico de rápidas e profundas mudanças nos campos econômico, político, social, cultural e religioso. Porém as dificuldades encontradas, não o impediram de viver intensamente em meio ao povo migrante e de compartilhar suas necessidades e sofrimentos, sendo o porta voz deste povo, o intermediário que dialogou com Condes, cônsules, políticos e senhoras da alta sociedade os quais lhe doaram terrenos e materiais para a concretização do seu sonho de construir os orfanatos para abrigar os órfãos mais abandonados.

Depositava toda sua confiança na Providência Divina, e o Sagrado Coração de Jesus era seu confidente e conselheiro constante. Atento na escuta de Sua voz e pronto a seguir seus desígnios assim se expressou: “Deus quer o orfanato, eu o vejo, sinto e percebo. Deo Gratias!”[4]

Em Pe. Marchetti encontramos um verdadeiro testemunho de configuração com Jesus Cristo, sua vida é uma síntese maravilhosa, perfeita entre ação e contemplação. Tudo florescia nas mãos deste jovem sacerdote de apenas 25 anos de idade que se fez missionário e animador vocacional convicto, constantemente disposto a buscar novos colaboradores para sua obra, como o fez promovendo as primeiras vocações da nossa Congregação, convidando inclusive sua irmã Assunta Marchetti a que se colocasse diante do Sagrado Coração de Jesus para que Dele escutasse qual era sua vontade sobre sua decisão vocacional. Soube dar apoio humano e espiritual, às nossas Irmãs pioneiras, denominadas no início, “Servas dos órfãos no exterior”.

Pe. Marchetti fez de sua vida um caminho de tenacidade, de bondade e compaixão. Viveu doando-se até ao extremo de deixar-se consumir, de dar a própria vida, sem poupar nada para si mesmo, entregou-se às exigências da caridade. Morreu vítima das fadigas apostólicas, de seu desejo profundo de consumir-se pelo bem do próximo na sua realidade quotidiana, vulnerável e indefeso na sua condição de estrangeiro, de trabalhador pobre, exposto às epidemias diante do descaso e do descuido das autoridades.

Pela intercessão de Pe. José Marchetti peçamos ao Deus Trindade que envie para Sua grande messe muitos/as operários/as e que nós sejamos agraciadas com o dom da perseverança e do ardor da caridade missionária para servir, com sempre maior fidelidade, ao povo migrante mais necessitado.

Em comunhão e preces,
Ir. Alda Monica Malvessi, mscs
Ir. Zenaide Ziliotto, mscs
Ir. Analita Candaten, mscs
Ir. Eunivia da Silva, mscs
Ir. Jucelia Dall Bello, mscs

[1] Mc. 6, 34
[2] Mt 7-27
[3] “Como um relâmpago”, livro de Mario Francesconi sobre o Pe. Marchetti
[4] Carta a Scalabrini, 31.01.1895.

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