segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

“SEJAMOS UMA LUZ QUE ILUMINA E AQUECE!... ”

14 de Dezembro é tempo de recordar, agradecer e render graças ao Senhor pela vida e obra de Pe. José Marchetti, e pelo grande legado deixado por ele a nós, à Igreja e à toda a humanidade.

Parece ainda hoje ecoarem em nossos ouvidos as suas palavras: “A exemplo do Divino Salvador sejamos uma luz que ilumina e aquece como o sol que comunica a sua luz, o seu calor”. Palavras estas, que expressavam sabiamente o que ele mesmo buscava viver na simplicidade do seu cotidiano. Basta lançar os olhos por um momento para seu jeito de ser e estar no mundo, em sua família, no seminário durante sua formação, depois como colaborador na formação dos seminaristas e, finalmente, como missionário dos migrantes em terras estrangeiras. Como pároco na paróquia de Compignano, participava da vida de seus paroquianos e era sensível aos seus sofrimentos e necessidades. Tanto se deixou interrogar pela realidade do povo, e esta mesma realidade, lhe serviu de parâmetro para tomar as grandes decisões que pautaram sua vida e missão.

Assim vimos Pe. José Marchetti acompanhar as conferências proferidas pelo Bispo João Batista Scalabrini no norte da Itália, no esforço de fazer emergir aos olhos da Igreja e do Estado as verdadeiras dimensões da realidade migratória que atingia o país. As palavras de Scalabrini ecoaram em seus ouvidos e chegaram rapidamente ao seu coração de jovem sacerdote como um mandato missionário do próprio Jesus: “Ide pelo mundo inteiro, evangelizai e fazei discípulos...”

A partir de então se inicia um novo capítulo de sua história na qual os migrantes são os principais protagonistas. A exemplo do Divino Salvador, movido por uma caridade sem fronteiras e imbuído por um grande ardor missionário ele decide partir para a América (Brasil), para junto ao povo migrante, escrever um novo capítulo de suas vidas, agora como imigrantes em uma terra desconhecida e promissora, mas ao mesmo tempo com muitos desafios e incertezas. A fé, a esperança e a certeza de que não estavam sozinhos nesta travessia os animavam, pois Deus havia de acompanhá-los durante e depois desta grande viagem. A presença de Pe. Marchetti a bordo do navio consolidava ainda mais esta certeza nos seus corações.

Parte assim o jovem missionário, como um servo do Senhor, com certeza na sua mente e em seu coração havia dezenas de perguntas e bem poucas respostas diante da nova realidade que se descortinava à sua frente. Contudo ele bem sabia que o Senhor caminhava a frente deles, isto lhe bastava para começar sua nova missão. Seu jeito de amar e servir cativava a todos, sua postura era de fé, atenção vigilante e serviço gratuito e amoroso para com todos os migrantes diante das dores e perdas inevitáveis da migração, mostrando-se sempre solidário e irmão.

“Quem conheceu de perto o Pe. Marchetti e acompanhou o seu apostolado, lembra com saudade da passagem rápida daquele meteoro que deixou atrás de si, os rastos luminosos de sua trajetória”[i].

Já se passaram 113 anos do seu retorno à casa do Pai, que o chamou em vigor da sua juventude e atividade missionária, pois o considerou pronto para ocupar sua morada no Reino.

Hoje, louvemos com alegria e gratidão a Deus Pai que enriqueceu o mundo e a todos/as nós com o exemplo de vida e autodoação de Pe. José Marchetti, grande missionário, pai dos órfãos e dos migrantes; que nos permitiu apropriarmos um pouco mais dos grandes tesouros espirituais que garantiram sua fidelidade ao projeto de Deus, sendo luz que ilumina e aquece a vida dos migrantes ao longo da história, e ainda hoje sua presença é como o sol que comunica a sua luz e calor para todos aqueles e aquelas que buscam doar suas vidas a serviço do povo de Deus em migração.


[i]. Delforno, Zulmira, CSEM, 2001

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