quinta-feira, 6 de outubro de 2011

Pesquisa destaca necessidade de políticas econômicas de gênero para diminuir a pobreza

Camila Queiroz
Jornalista da ADITAL
Adital

Realizada na Nicarágua, a pesquisa Dinâmicas territoriais na Nicarágua: Controle de recursos tangíveis e intangíveis por gênero evidencia a importância de levar em conta o fator de gênero nas políticas para redução da pobreza. Baseado em fontes oficiais, o estudo foi elaborado no marco do Programa Dinâmicas Territoriais Rurais, coordenado pelo Centro Latino-americano para o Desenvolvimento Rural – Rimisp.

"(…) se estabeleceu como a invisibilidade da mulher no campo laboral, assim como as diferenças no controle de recursos entre os gêneros, constituem fatores determinantes da pobreza. E se comprovou que uma mudança neste sentido poderia provocar efeitos positivos em nível de país”, sintetiza a pesquisa.

De acordo com o estudo, apesar de as nicaraguenses constituírem a metade da população e chefiarem 30% dos lares, 60% são consideradas economicamente inativas.

Apenas 17,1% das mulheres camponesas são consideradas economicamente ativas. Isso porque aquelas que realizam trabalho informal não têm suas atividades reconhecidas e esbarram em preconceitos de gênero.

"Os trabalhos que realizam no campo, como criação de animais para a venda e o autoconsumo, não são tomados como atividade econômica. Por isso, estes dados sugerem que têm dificuldades para acessar a assistência técnica e subsídios, já que os programas e políticas de desenvolvimento privilegiam aos lares chefiados por homens”, assinala.

Além dessas dificuldades, as mulheres não detêm os recursos produtivos. O estudo cita o Censo Nacional Agropecuário de 2001, segundo o qual somente 18% dos produtores donos de fazendas em todo país eram mulheres. Ainda assim, as propriedades das mulheres costumam ter a metade do tamanho das masculinas. Os nicaraguenses também possuem mais animais e 84,1% das fontes de água estão em suas propriedades.

Outro dado revela que 49,5% das mulheres maiores de 12 anos já são casadas ou vivem com parceiro; segundo o estudo, essa constitui uma estratégia familiar para diminuir gastos, principalmente nas zonas rurais. A consequência se mostra no baixo nível educativo, tanto de mulheres quanto de homens.

Como conclusão, a pesquisa reforça a necessidade de investir em políticas econômicas para as nicaraguenses, já que é um grupo social desprivilegiado.

"A contribuição das mulheres por ocupação é chave para o aumento do consumo e para a redução da pobreza. Então, uma estratégia promissora neste sentido seria aumentar as oportunidades de emprego permanente para as mulheres e melhorar as condições de trabalho atuais. O mesmo com a propriedade da terra e o controle dos recursos: gerar estratégias para facilitar o acesso delas a terras, animais e água poderia contribuir notoriamente à redução da pobreza e à criação de dinâmicas territoriais virtuosas”, sugere.

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