Luiz Sugimoto
Em seu esforço de internacionalização, a Unicamp vem recebendo um número cada vez maior de estudantes estrangeiros a cada ano, dentro de intercâmbios firmados com universidades de cerca de 40 países, existindo ainda os que viajam com recursos próprios. Para o segundo semestre deste ano, já estão confirmados 106 intercambistas até o momento, podendo chegar a 120.
Eles vêm de todos os cantos do mundo: Argentina, Paraguai, Colômbia, Chile, Peru, Venezuela e Uruguai, na América do Sul; Estados Unidos, Canadá e México, na América do Norte; Espanha, França, Itália, Portugal, Alemanha, Dinamarca, República Tcheca, Noruega e Romênia, na Europa; Coreia do Sul, na Ásia; Israel, no Oriente Médio.
Muitos estudantes, que não possuem contatos no Brasil, correrão de mala e cuia até o posto da Coordenadoria de Relações Institucionais e Internacionais (Cori) atrás de informações sobre alimentação, transporte, documentação e, principalmente, moradia. “No último semestre, enfrentei sérias dificuldades para conseguir vagas porque eram muitos chegando ao mesmo tempo. Acordava bem cedo para telefonar e circular pelos murais das unidades atrás de anúncios de moradia. É cansativo”, admite Thereza Barreto, assistente para o Programa de Mobilidade Estudantil (Incoming Students).
A assistente da Cori, que agora conta com a ajuda de José Ricardo Ribas no atendimento, vai enfrentar a mesma maratona durante o mês de julho – a matrícula será em 3 de agosto. Ela lamenta os altos aluguéis nos arredores da Unicamp e a intransigência das imobiliárias nas exigências, como de fiadores, que estrangeiros dificilmente podem cumprir. “Se alguns bolsistas europeus possuem mais recursos e quem os ampare no Brasil, os sul-americanos dependem da nossa ajuda. A saída é buscar a parceria de moradores da região e de repúblicas, além de garantir as vagas de estrangeiros que estão retornando para seus países. A ideia é criar uma cadeia da boa vontade”.
“Anjos protetores” é como Thereza Barreto se refere a pessoas como João Carlos Siqueira e a mulher, Ivani, que disponibilizam vagas para moças – há duas alas separadas na residência (o casal mora do bloco do meio), mas uma experiência junto com rapazes não deu certo. No momento, são três paraguaias e quatro brasileiras, sendo que por lá já passaram estudantes do México, Argentina, Manaus e do interior de São Paulo e Minas Gerais. “No ano que vem, vamos reservar oito vagas para a Unicamp”.
Petroquímico aposentado, João Carlos arrumava uma maçaneta e montava prateleiras para livros numa sala de estudos. “É uma atividade nova para nós e ainda estamos aprendendo sobre as necessidades das meninas. Essa casa era pequena, do tipo padrão, e fomos ampliando conforme a família aumentava. Temos três filhos e, com a morte da irmã da Ivani, adotamos outros três adolescentes. Entregamos jornais pelo distrito por dois anos, a fim de instalar a piscina e terminar de pagar um terreno ao lado”.
Como resultado, um apartamento na parte baixa e outro na parte alta do terreno. Somando a parte onde mora o casal, são nove dormitórios, cinco banheiros e duas cozinhas, além da piscina e de um playground. A questão é que todos os filhos foram saindo para formar suas próprias famílias e a casa ficou grande demais para João Carlos e Ivani. “Certa manhã, eu percebi minha mulher cansada daquela vida de diarista, só cuidando da limpeza. Tanto esforço só era gratificante em função da família. Veio daí a ideia de fazer uso desse patrimônio, até para ajudar na aposentadoria”.
Ivani, por sua vez, mantém seu espírito materno, a ponto de viajar ao Paraguai para conhecer a cultura e a realidade de suas hóspedes. “Quero que todas se sintam à vontade, incluindo as brasileiras. Levamos as meninas em nossos passeios (Lagoa do Taquaral, Bosque da Unicamp, festas), sendo que as paraguaias são bastante devotas e vamos juntos à missa. É uma convivência muito interessante. Digo ao meu marido para termos o cuidado de não ‘adotá-las’, assim sentimos menos quando vão embora”.
João Carlos afirma sua disposição para transportar as estudantes com suas bagagens, levá-las à Receita ou Polícia Federal para cuidar da documentação e providenciar mais cobertores nas noites frias. “Sinto apenas que as meninas não possam conviver um pouco mais com o nosso dia a dia. Como o programa da Unicamp é muito puxado, elas precisam estudar e sobra pouco tempo para conversas”.
Segundo Thereza Barreto, aspectos como valor do aluguel e forma de pagamento são tratados diretamente entre alunos e proprietários dos imóveis, mas a intermediação de funcionários da Unicamp contribui para uma relação de confiança e a dispensa de exageros burocráticos. Como os estudantes estrangeiros podem chegar a qualquer momento, e antevendo a mesma dificuldade para encontrar moradias, a assistente da Cori pede que interessados em participar da “cadeia da boa vontade” entrem em contato via e-mail.
Fonte: http://www.unicamp.br/unicamp/divulgacao/2010/06/24/mais-alunos-estrangeiros-estao-chegando-e-cori-busca-vagas-em-residencias
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