Militares mexicanos encontraram 72 corpos em uma fazenda no Estado de Tamaulipas, no noroeste do país, no último 25 de agosto. Os corpos foram encontrados depois que militares trocaram tiros com homens, suspeitos de pertencer a um cartel do tráfico de drogas. Três atiradores e um militar foram mortos no tiroteio. Segundo o depoimento de um sobrevivente equatoriano, os 72 imigrantes indocumentados tentavam cruzar a fronteira dos Estados Unidos quando foram sequestrados por um grupo armado ligado ao tráfico de drogas. Os homens, que disseram pertencer ao grupo Los Zetas, teriam decidido matar os imigrantes após eles terem se recusado a trabalhar para sua organização. Os corpos de 58 homens e 14 mulheres foram encontrados em local próximo a San Fernando. Soldados invadiram o local em uma operação acompanhada por um ataque aéreo. Houve troca de tiros com suspeitos e três atiradores foram mortos, além de um militar. Uma pessoa foi presa. Além dos corpos, também foram encontrados armas, munições e uniformes. Quatro caminhões também foram apreendidos, um deles com placa clonada do Ministério da Defesa.
O Estado de Tamaulipas é um dos mais afetados pela violência do narcotráfico, e é palco de uma disputa entre os cartéis de Zeta e do Golfo, que abastecem o mercado de drogas dos EUA. Nos últimos meses, mais valas comuns têm sido descobertas no México. Em junho, a polícia achou 55 corpos em uma mina abandonada próximo à cidade de Taxco, no Estado de Guerrero. Nos últimos quatro anos, mais de 28 mil pessoas já morreram no México em consequência da guerra contra o narcotráfico.
As fotografias do local da chacina, uma fazenda na cidade de Reynosa, mostram que as vítimas tiveram olhos vendados, bocas e mãos atadas. Os imigrantes foram colocados em fila, contra a parede de um galpão, onde foram mortos a tiros.
O Itamaraty confirmou que Juliard Aires Fernandes, de 20 anos, natural de Santa Efigênia de Minas, e Hermínio Cardoso dos Santos, de 24, morador de Sardoá, ambos brasileiros, estavam entre os mortos por integrantes do cartel de drogas dos Zetas, que controla a região.
Dias depois do episódio, o senado mexicano decidiu criar uma comissão para revisar as leis migratórias e trabalhar em uma estratégia que "combata a indolência, a corrupção e a cumplicidade das pessoas que têm como responsabilidade coordenar a migração".
Durante o primeiro dia de sessões no segundo período da 61ª legislatura, senadores de diversas correntes acertaram a criação de uma comissão para analisar os direitos humanos e trabalhistas dos imigrantes, principalmente latino-americanos, que atravessam a fronteira sul do México. Decidiram também pedir um relatório às autoridades mexicanas sobre a política migratória do país. O governo mexicano é acusado de ignorar relatórios de organismos mundiais e organizações da sociedade civil sobre a questão migratória na fronteira.
Encerramos aqui com a palavra do Pe. Alfredo Gonçalves: “Em termos evangélicos, não podemos esquecer que Jesus nasce e morre fora dos muros da cidade, respectivamente em Belém e em Jerusalém. „Não havia lugar para eles‟, diz o evangelista. A Sagrada Família passa pela experiência da migração, de cruzar e recruzar a fronteira, do não lugar. Conclui-se que o Reino de Deus, o novo lugar, mergulha suas raízes nesse espaço ambíguo do „não lugar como sonho e promessa de novo lugar‟ (Lc 2,7). A encarnação do Verbo e a morte na cruz, ocorridas em solo apátrida, precedem a Ressurreição, abertura para a pátria definitiva”.
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