quarta-feira, 30 de junho de 2010

Migração ajuda no pós-crise, dizem experts

Encontro do Grupo Global de Migração em Genebra discute a ligação entre adoção de políticas para o setor e crescimento econômico

Governos e sociedade civil precisam trabalhar juntos para melhorar as condições de vida dos migrantes e eliminar as barreiras à mobilidade humana, se quiserem realmente promover o desenvolvimento, a segurança e a prosperidade. Essa é a conclusão dos delegados que participaram de um simpósio organizado pelo Grupo Global de Migração (GMG, na sigla em inglês) e que ocorreu entre 27 e 28 de maio, em Genebra.


Estiveram presentes no encontro especialistas do sistema da ONU, autoridades internacionais e membros da sociedade civil, que destacaram a importância de ser publicamente reconhecida a contribuição dos migrantes para o crescimento econômico e o desenvolvimento humano, principalmente no contexto pós-crise financeira global.


"Deixar os migrantes desprotegidos pode prejudicar os benefícios ao desenvolvimento humano gerados pela migração aos países de origem e de destino", afirmou Olav Kjorven, diretor do escritório para Políticas do Desenvolvimento do PNUD e diretor do GMG.


Com as oportunidades legais de migração e empregos mais escassos, os migrantes começam a enfrentar um risco maior de exploração, discriminação e xenofobia. Os delegados concluíram que deixar esse grupo sem amparo legal poderia representar uma visão pouco abrangente, já que desigualdades globais quanto a oportunidades e o desequilíbrio demográfico continuarão a impulsionar a migração internacional.


"Além disso, como as sociedades seguem envelhecendo, a migração se tornará necessária no médio e longo prazos para preencher vagas em postos de trabalho, assim como para ocupar empregos de cuidado a esses idosos e para contribuir com os sistemas de previdência social", complementa Kjorven.


Vulnerabilidade


Já o alto comissário da ONU para os Direitos Humanos, Navi Pillay, alertou para a crescente tendência de se criminalizar, deter e deportar imigrantes, o que aumentaria a vulnerabilidade daqueles que já haviam se estabelecido no exterior.


"Para combater as ações negativas contra a imigração, é importante promover a conscientização pública e campanhas educacionais que divulguem os benefícios que os migrantes geram para a sociedade", defendeu.


Da mesma forma, é preciso promover a ideia de que os direitos humanos são universais, independente de nacionalidade ou status de migrante, acrescentou o alto comissário da ONU para os Direitos Humanos.


Em seus dois dias, o simpósio buscou explorar caminhos para forjar novas parcerias e pediu o aumento da cooperação em torno do tema. Para isso, é preciso desenvolver a capacitação em níveis individual, local, nacional e internacional, afirmou Carlos Lopes, diretor do Instituto da ONU para Treinamento e Pesquisa.


Elaborar uma estratégia conjunta que esclareça os objetivos comuns na área da migração e desenvolvimento, e que se baseie nos direitos humanos, pode unir pessoas interessadas em remover as barreiras à mobilidade. Isso vai beneficiar tanto os países de origem quanto de destino, afirmaram os delegados.


O GMG é composto por 13 agências da ONU, entre elas o PNUD, além do Banco Mundial e da Organização Internacional para as Migrações.

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