terça-feira, 1 de junho de 2010

Scalabrini – Pai dos Migrantes

Ir. Joanna C. Gasparin*

Ao celebrarmos, mais uma vez, a Festa de Scalabrini, convido-vos a olhar nossa missão, pois o Cristo vivido por Scalabrini não era um Cristo distante da vida real, e sim encarnado na história, capaz de mudar as relações entre a humanidade ameaçada pela injustiça e oprimida pelas várias formas de pobreza. O zelo pela pessoa do peregrino/migrante, o fez agir. Deste modo seu agir revelava seu modo de pensar: “saiamos de nossas sacristias/tendas” e diante da realidade, aprendamos da caridade e do testemunho do Bom Samaritano, pois o amor não se adapta à indiferença. Dizia a Apostolo do Catecismo : “devo colocar-me de joelho diante do mundo, para implorar a graça de fazer um pouco de bem”. E, realmente, “Se fez tudo para todos”.

O mundo anda depressa, mudou, muda rapidamente. Como dar respostas novas aos desafios da Mobilidade Humana hoje? Eu penso que temos que responder procurando ser fiéis a quatro facetas da fidelidade: a Cristo e ao Evangelho; ao homem de nosso tempo; à Igreja e sua missão no mundo; à Vida Religiosa e ao Carisma. Para viver esta fidelidade, como o Bem-Aventurado Scalabrini que foi dócil ao Espírito Santo, eu também desejo ser aberta, dócil e disponível aos apelos do Espírito, para ser instrumento nas mãos de Deus, a fim de que Ele possa agir através de mim.. Neste sentido, onde nós estamos? A falta mais grave é a indiferença ou a omissão? A vela, para iluminar os outros deve consumir-se, dizia São Carlos.

A espiritualidade de Scalabrini foi centrada na pessoa humano-divina de Cristo, presente na Eucaristia e na Cruz, como continuação do Mistério Pascal, que marca a história da humanidade e de cada pessoa. Scalabrini sempre se empenhou para configurar-se/identificar-se com Jesus Cristo. Dizia: “Precisamos ser cópias de Jesus Cristo”(Quaresma 1883). Ele viveu o Evangelho tendo sempre os olhos voltados para o centro de sua vida, Jesus Cristo, e assim foi tecendo em si os mesmos sentimentos de Jesus Cristo. Nosso Fundador dizia: “A Cruz grita amor”. A forma do crucifixo é a forma da partilha, da solidariedade. Para ele e para nós, fé e vida caminham juntas. É esta uma realidade em nossa vida, mas também sempre um desafio.

Em nossa Congregação Scalabriniana, ao celebrarmos os Votos e/ou Jubileus de profissão – como foi o meu destes dias - e para tantas Irmãs que vivem este carisma, é marcante e inspira-nos a releitura da mensagem profética de Jeremias (31,21): “Põe marcos de estrada, finca estacas para te orientar, presta atenção em tua estrada, no caminho por onde passas”. Sim, é assim, pois o carisma que carregamos “em vasos de barro”, não nos pertence. Somos herdeiras de um patrimônio que é fonte de vida e salvação para a humanidade, especialmente para as multidões de migrantes que se movem de cá para lá em nosso planeta. Por isso, precisamos contemplar marcos e estacas deixadas, como memória no caminho percorrido pelas gerações passadas, desde as raízes bíblicas até as origens fundacionais da Vida Religiosa Scalabriniana.

De olho no retrovisor, contemplemos o passado e recolhamos sementes que podem ser replantadas hoje, na gratuidade e na esperança de que dêem frutos em abundância, no hoje e no futuro, pois somos mulheres de fé, que acreditam que Deus caminha conosco, como prometeu: “Eu estarei convosco todos os dias, até a consumação dos séculos” (Mt 28,20), pois Ele é o mesmo, ontem, hoje e para sempre! Podemos prosseguir o caminho com esperança e dedicação aos irmãos e irmãs de caminhada. Feliz Festa de Scalabrini, minha irmã, meu irmão!

* O CSEM agradece, Ir Joanna C.Gasparin da PCR, pela elaboração desta Mensagem, por ocasião da celebração da festa do Bem-Aventurado Scalabrini.

Nenhum comentário:

Postar um comentário