sexta-feira, 8 de julho de 2011

País registra 12° assassinato de jornalista em apenas dois anos

Karol Assunção
Jornalista da Adital
Adital
O jornalismo tornou-se uma profissão perigosa em Honduras. Pouco mais de dois anos do golpe de Estado que depôs o presidente Manuel Zelaya do poder, 12 jornalistas já foram assassinados no país. O caso mais recente aconteceu na última segunda-feira (5) contra Adán Benítez, integrante da Rádio Macintosh e do Canal 13. Também nesse mesmo dia, outro comunicador social, Carlos Amador, foi preso pela Polícia Nacional de Investigação Criminal (Dnic).

Benítez voltava para casa, em La Ceiba, departamento de Atlântida, na noite de segunda-feira quando foi surpreendido por dois homens. O jornalista, que teve seus pertences roubados, não resistiu aos tiros na cabeça. Como os objetos do comunicador não foram encontrados, a polícia acredita que o crime tenha sido motivado pelo roubo. Entretanto, organizações sociais não descartam a possibilidade de o assassinato ter relações com o trabalho do comunicador.

De acordo com informações do Comitê pela Livre Expressão (C-Libre), na semana passada, o jornalista denunciou no jornal "Diário da Manhã” uma quadrilha de roubos de carros, afirmando, inclusive, que conhecia os criminosos. Benítez tinha 42 anos de idade e 15 anos de carreira como comunicador social. Trabalhou em diversos veículos de comunicação de La Ceiba, como: Canal 14, Canal 7 (TeleCeiba), Estéreo MacIntosh – FM 103.5 e canal 36.

Com a morte de Adán Benítez, já somam 12 jornalistas assassinados no país somente nos últimos dois anos, após o golpe de Estado em Honduras e durante o governo de Porfirio Lobo, atual presidente do país. De acordo com o Informe 2010 sobre a Liberdade de Expressão, elaborado por C-Libre, os outros 11 comunicadores sociais foram assassinados no ano passado.

"Em 2010, destaca-se como forma de violência extrema à liberdade de expressão o assassinato de 11 jornalistas e comunicadores sociais, seguido de 14 ameaças de morte, sete agressões, dois assédios, duas prisões, um ataque a instalações de um meio de comunicação, uma censura, três sequestros e três ações judiciais ou legais”, relatou.

Em um balanço sobre a Liberdade de Expressão, divulgado em maio deste ano, o Comitê também alertou que a Secretaria de Segurança do país não está cumprindo com seu dever de resguardo ou custódia física dos jornalistas ameaçados de morte.

"Em casos específicos, os jornalistas que contam com as medidas de segurança têm sido vítimas de assédio, atentados e intimidações pessoais e, em outros casos, esta situação alcançou seus familiares. É de destacar que estas evidentes realidades contribuem para manter e aprofundar a impunidade, assim como a situação de risco na qual as/os comunicadores/as exercem seu trabalho, cenário que se aprofunda pela incerteza, pela insegurança existente e pela indefesa dos/as cidadãos/as ante as instituições que não atuam conforme seus mandatos e atribuições”, destacou.

Prisão de comunicador social


Além do assassinato de Adán Benítez, a segunda-feira foi marcada pela prisão de Carlos Amador, comunicador social, professor e líder ambientalista de Valle de Siria. Segundo informações do Observatório Ecumênico para os Direitos Humanos em Honduras (OEDHH), Amador foi capturado na manhã do dia 5 de julho pela Polícia Nacional de Investigação Criminal (Dnic) de El Porvenir, cidade do departamento de Francisco Morazán.

A prisão ocorreu por ordem do Tribunal de Letras do município de Talanga por conta de uma denúncia promovida pela família do fazendeiro Raudales Urrutia. Informações dão conta de que o comunicador é contra a implementação de um Plano de Manejo Florestal autorizado pelo Instituto de Conservação Florestal (ICF) na região da aldeia Terrero, em El Porvenir.

Amador é diretor do programa "Em linha direta com o povo”, da Rádio "Porvenir Stereo”, e desde o ano passado é solidário à causa das comunidades contrárias à exploração da reserva florestal no departamento de Francisco Morazán.

Nenhum comentário:

Postar um comentário