quarta-feira, 12 de agosto de 2009

Rede atua na busca por crianças e adolescentes considerados desaparecidos

Adital

Milhares de crianças e adolescentes são considerados pelas autoridades de países latino-americanos como desaparecidos. As causas variam. Vão desde o tráfico de pessoas à busca por uma vida mais fácil. Com a preocupação de tentar resolver o problema, o projeto Rede Latino-americanos Desaparecidos, da qual participam 13 países da região, tem apresentado alguns resultados e é considerado um aporte mobilizador para diversas organizações que trabalham com o tema.

A diretora executiva da Aliança Por Teus Direitos e coordenadora da Rede, Rocío Rodríguez García, falou a ADITAL sobre o alcance que o projeto tem alcançado e sobre como as pessoas em todo o mundo podem ajudar.

Adital - Como funciona o projeto Rede Latino-americanos Desaparecidos e qual seu objetivo?
Rocío Rodríguez García - É uma rede latino-americana de informação múltipla que permite ajudar a localizar, reconhecer e reunificar a dezenas de milhares de latino-americanos desaparecidos e/ou migrantes, especialmente aqueles que possam estar em situação de tráfico e/ou tráfico para fins sexuais, com ênfase em meninos, meninas e adolescentes.

O sistema possui poderosas ferramentas que facilitam o manejo e geração de informação e estatísticas de utilidade para o Estado e as organizações civis, ajudando assim ao desenho de políticas e estratégias de luta contra a desaparição, tráfico para fins sexuais, tráfico de pessoas, e outros delitos relacionados.

O sistema é manejado pelas autoridades definidas em cada país e as ONGs lhes oferecem um serviço de apoio contínuo nos casos.

Adital - Como avalia o alcance da Rede?
Rocío Rodríguez García - A base de dados de www.latinoamericanosdesaparecidos.org conta até este de 2009 com mais de 11,500 registros. O sistema ajudou na resolução de mais de 2,600 casos até o ano de 2004. Na Costa Rica, mais de 37,000 pessoas visitaram a página web em menos de 20 dias.

O portal Latino-americanos Desaparecidos recebe mais de 200,000 visitas por mês. Existem mais de 300 organizações civis e de governo a nível latino-americano com capacidade de resposta ante a desaparição ou localização de um menino, menina, ou adolescente.

Ademais, permite a colaboração da sociedade civil através do fornecimento de informação valiosa e a formação de alianças estratégicas; aumenta a velocidade de resposta frente a um desaparecimento; diminui os gastos do Estado no processo de investigação de desaparecidos, hospedagem de meninos, migração ilegal; gera informação valiosa para combater os crimes vinculados ao desaparecimento, tráfico para fins sexuais e tráfico de pessoas.

Adital - Quais os resultados apresentados pelo projeto?
Rocío Rodríguez García - Efetivamente, uma das maiores conquistas deste projeto é que as organizações da sociedade civil e as autoridades governamentais concordaram em um projeto que permita à sociedade colaborar para a recuperação das pessoas desaparecidas.

Adicionalmente, criaram-se mesas de trabalho nos países, desenvolvendo vários aspectos, como a conformação de redes nacionais e internacionais coordenadamente com as autoridades dos diferentes países onde se implementa o modelo; fomentação da tomada de consciência das autoridades e da sociedade civil frente ao problema de desaparecidos ao atuar permanentemente com os meios de comunicação; contribuição com a construção de estatísticas; divulgação de imagens de meninos, meninas e adolescentes desaparecidos; criação de redes internacionais para denunciar os delitos de tráfico ilícito e tráfico de pessoas para fins sexuais e as organizações criminosas vinculadas, entre outros.

Adital - A senhora tem uma avaliação do problema de meninos e meninas desaparecidas na América Latina?
Rocío Rodríguez García - A quantidade em números reais de meninas e meninos desaparecidos é bastante difícil de quantificar. Muitas denúncias não são interpostas pelos familiares e tem que levar em conta também que nem todos os países têm o sistema funcionando. As últimas estatísticas [em 13 países, com meninos e meninas de 0 a 18 anos] são: 13.405 de pessoas não informadas; 4.471 de pessoas não encontradas; e 8.323 de pessoas encontradas.

Adital - Há como definir as principais causas das desaparições?
Rocío Rodríguez García - Não, é bastante relativo. Em alguns países a maioria das desaparições se dá por fugas do lar, seja por maltrato, abuso ou simplesmente por decisão da pessoa menor de idade. Em outros países, as crianças são roubadas para serem vendidas, em outros para convertê-los em vítimas da violência sexual. Muitos meninos e meninas desaparecidos na América Latina são hoje vítimas de tráfico para fins sexuais.

Adital - Como as pessoas podem participar ou ajudar na busca dos (as) desaparecidos (as)?
Rocío Rodríguez García - O sistema gera um alerta por país cada vez que as autoridades iniciam uma denúncia por desaparecimento de uma pessoa menor de idade, este alerta pode ser recebido por aqueles que assinam o site e divulgam.

É importante que as pessoas se aproximem das organizações não governamentais que são membros da Rede em cada país e ofereçam seus serviços quando se trata de localizar a estes meninos e meninas.

Podem escrever a desaparecidos@alianzaportusderechos.org e com prazer enviaremos informação de como se vincular em cada país.

Nenhum comentário:

Postar um comentário