Jeane Freitas
Jornalista da Adital
Adital
Nesta segunda-feira (5), no Cinema da Fundação Joaquim Nabuco, Recife, Pernambuco, região do Nordeste brasileiro, houve o lançamento do Estudo sobre as políticas públicas de proteção à saúde infantil e materna no Brasil: um olhar especial para filhos de mães adolescentes, realizado pela organização não-governamental Visão Mundial.
O estudo, que é parte da campanha Saúde para as Crianças Primeiro, quer contribuir para a redução da mortalidade infantil e materna com foco na adolescência no Brasil, que aponta que os principais motivos das mortes se dão por dois fatores: nascimento pré-maturo e baixo peso. Esses fatores se agregam não somente à falta de informação das adolescentes, mas à condição de vida em que essas adolescentes vivem.
Segundo Neilza Alves Buarque Costa, coordenadora técnica da Campanha Saúde para Crianças Primeiro, "a mortalidade é um desafio no primeiro mês de gestação, e ela pode ser evitável se a adolescente for bem acompanhada e realizar os primeiros exames do pré-natal”.
Ela aponta que o processo não se faz tão simples, já que as adolescentes sofrem quando descobrem que estão grávidas. "Existem particularidades na vida de cada uma delas, como medo, insegurança, rejeição da família, do namorado, gravidez não planejada, valores morais, questões que levam as adolescentes a não procurar um atendimento de saúde”, revela.
A coordenadora ainda afirma que os números poderiam ser diferentes se as adolescentes recebessem não somente o atendimento clínico, mas atendimento estratégico e especializado com a presença de uma equipe multidisciplinar. "É um direito que cabe a elas e que consta no estatuto da criança e do adolescente (ECA) sobre direito à vida e à saúde”, falou.
Ela segue, afirmando que a soma de esforços resolveria a questão. "Mecanismos como Programas de prevenção, acompanhamento para crianças dentro e fora da escola, qualidade do ensino, conscientização da sociedade agregado à construção de políticas públicas seriam alguns dos caminhos para evitar a mortalidade infantil entre adolescentes”.
A campanha Saúde para Crianças Primeiro está em sintonia com os Objetivos 4 e 5 de Desenvolvimento do Milênio, que têm como foco redução da mortalidade na infância e melhoras na saúde materna, respectivamente. A campanha quer, até 2015, priorizar ações e decisões que diminuam a mortalidade, para tanto, pretendem engajar os esforços entre governo e sociedade civil.
Os números da mortalidade infantil
O Norte e o Nordeste brasileiros são apontados como regiões de maior proporção da mortalidade infantil em mães adolescentes. As crianças nascidas nessas regiões têm 2,2 vezes mais chances de morrer do que uma criança que nasce no Sul. Enquanto a média nacional de mortalidade infantil foi de 19 por mil nascidos vivos em 2007, em Alagoas esse dado foi de 47 por mil nascidos vivos.
Para Neilza, esses motivos se dão por diversos fatores dentre eles a desigualdade regional, étnica e de oportunidades.
A taxa de mortalidade infantil em média nacional está em 19 para 1000 nascidos vivos. Das mortes ocorridas em 2008, foram totalizadas 44,8% de crianças pretas e pardas. Já em 2009, das mortes ocorridas, 20% foram filhos de mães adolescentes, ou seja, 8.544 bebês.
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