segunda-feira, 19 de setembro de 2011

Relatório do Encontro da Família Scalabriniana

No dia 10 de setembro de 2011, no Seminário Scalabriniano, situado no Bairro Pablo Rojas Km 3,5, Ciudad del Este - PY, realizou - se o Encontro da Família Scalabriniana, Padre e Irmãs que atuam na Pastoral dos Migrantes e/ou Mobilidade Humana, que assumem a missão nas fronteiras Brasil, Paraguai, Argentina e Bolívia. Estiveram presentes as Irmãs da Província Maria, Mãe dos Migrantes: Ana Maria Delazeri, Coordenadora Provincial do Apostolado, Marcolina de Lucca e Lediomara Francisca de Souza, da Província Cristo Rei, as Irmãs: Salete Migliavacca, Coordenadora Provincial do Apostolado, Ilda Conradi, Terezinha Mezzalira, Marines Biasibetti, Teófila Fernandez Barrio, Carolina Agüero Além e os Padres da Província São Pedro, Luiz Flavio Prigol, Evandro Antônio Cavalli, Conselheiro Provincial da Vida Religiosa e da Pastoral, e Leonardo Albani. O encontro foi coordenado pelos animadores do Apostolado das respectivas províncias e seguiu a agenda de trabalho: 1. Acolhida; 2. Oração; 3. Justificativa do encontro; 4. Questionamento: Como avaliamos a proposta do EISAL?; 5. Partilha da missão realizada na Pastoral da Mobilidade Humana e /ou dos Migrantes nas Fronteiras; 6. Compreensão de redes, parcerias, objetivos e finalidades do trabalho em rede; 7. Proposta de constituição da Equipe de Coordenação; 8. Sugestões de ações para o Projeto Comum da Pastoral dos Migrantes e/ou da Mobilidade Humana nas Fronteiras; 9. Avaliação do encontro. Após a acolhida e apresentação dos participantes, seguiu-se com um momento de espiritualização e reflexão orante do Evangelho do dia, segundo Lc 6, 43-49, com a dinâmica de recepção da Vela e da Palavra de Deus, alternado com mantras e construção da teia, trazendo presente as diferentes realidades e desafios da missão. Foram lidas e transmitidas as comunicações de unidade dos Superiores Provinciais. Procedeu-se com a justificativa da convocação do Encontro das Irmãs e dos Padres que atuam nas fronteiras Brasil, Paraguai, Argentina e Bolívia, feita através de correspondência enviada pelos coordenadores do Apostolado das Províncias envolvidas. Leu-se as propostas registradas na ATA do XXII EISAL realizado em maio de 2011, que segue: a) sensibilização pela situação do Norte da África e sul da Europa, o EISAL apóia as iniciativas da Família Scalabriniana em prol dos Migrantes; b) Equipe de Fronteira – O EISAL sugere que se promova um encontro com Padres e Irmãs que atuam nas regiões de Fronteiras, Brasil, Paraguai, Argentina e Bolívia, e nesse encontro seja articulada uma equipe para viabilizar projetos em comuns de Pastoral da Mobilidade Humana e/ou Migrantes. Também foi retomada a reflexão e conceituação apresentada pelo Superior Provincial dos Padres Scalabrinianos, da Província São Paulo, sobre Espiritualidade da Fronteira: 1- Ambigüidade da Fronteira, 2- Caracterização de fronteira, 3- Fronteira como não lugar. 4- A fronteira e o outro - apelo interpelador. Deu-se continuidade com a compreensão do trabalho em rede, seus objetivos e finalidades: Integrar e dar apoio, garantindo a viabilização de projetos através de um processo coletivo de força-tarefa que faça as coisas acontecerem, assegurar o apoio e ação efetiva para realização dos projetos estabelecidos como prioritários. A rede de apoio e um processo gerador não conclusivo. Ela não pode ter uma estrutura piramidal, porque precisa recuperar o contato com o outro. Não pode ter elementos normativos rígidos. Não pode ter poder de mando discriminatório porque este destrói a criatividade. A rede é a possibilidade de garantir a comunhão do amor em Deus. Após a escuta do texto, dos questionamentos contidos no mesmo e da proposta do EISAL: “formação de uma equipe para viabilizar projetos comuns na pastoral dos migrantes nas fronteiras”, cada participante teve a oportunidade de apresentar seu posicionamento em relação à proposta apresentada, conforme segue: Historicamente já houve tentativas e início de trabalho conjunto denominado Equipe Guazú. Na época os bispos apoiavam concretamente as iniciativas das/os scalabrinianas/os, porém, hoje, com a mudança dos bispos nas dioceses de fronteiras Brasil - Paraguai, a realidade mudou, sendo que o espaço não é mais o mesmo. Constata-se que houve o declínio da equipe, devido a transferências de padres e irmãs que estavam à frente do projeto. Destacou-se a importância da continuidade dos projetos missionários na substituição dos padres e irmãs. Sendo que esta proposta vem dos Superiores dos Institutos da Família Scalabriniana, faz-se necessário dedicar devida atenção, pois, diante dos desafios e exigências da missão é a eles que nos dirigimos e onde encontramos apoio. Temos uma dificuldade histórica no trabalho em comum. Se quisermos superar as barreiras, é preciso olhar a proposta de Jesus e escutar os clamores dos migrantes. Observando a prática das dioceses e das paróquias, percebe-se certo conservadorismo e fechamento às questões sociais, priorizando a Evangelização, através dos Movimentos, da Liturgia e dos Sacramentos. Neste sentido, as Congregações com carisma voltado para as questões sociais, enfrentam maiores dificuldades na realização das ações concretas na defesa e promoção dos Direitos Humanos. Precisamos olhar para dentro de nossas instituições, fortalecer a unidade missionária com maturidade e propormos ações significativas e expressivas na Igreja e na sociedade para enfrentar os desafios atuais da migração. Nos 20 anos de presença missionária nas fronteiras Brasil – Paraguai, embora todos os esforços e iniciativas de enfrentamento aos desafios da migração, os resultados e incidências ainda são inexpressivos. A proposta apresentada pelo EISAL, acreditamos ser a manifestação do Espírito Santo e uma resposta concreta a realidade histórica da migração. Para levar adiante a bandeira do Carisma e enfrentar os problemas sociais inerentes a migração, é preciso ter competência e utilizar novas estratégias na missão. Embora as dificuldades e pouco empenho das autoridades eclesiais, faz-se necessário assumir o carisma e apresentar o projeto pastoral de atenção ao migrante, aos bispos e lideranças das comunidades. Para concretizar o projeto missionário, precisamos abraçar o projeto do carisma e atuar nas bases, com a certeza e apoio dos Superiores Provinciais que garantem as condições para a missão, estabelecendo o diálogo com os bispos confirmando o projeto missionário. É necessário adotar uma metodologia específica e adequada às exigências atuais da realidade migratória, considerando a vasta fronteira Brasil - Paraguai - Argentina e Bolívia. Vê-se oportuna a proposta do EISAL, para assumir novas estratégias no serviço pastoral aos migrantes. É uma possibilidade e uma voz profética para a Igreja local, assumirmos a proposta do EISAL. Na sequência, houve a partilha da atuação missionária nas fronteiras, especificamente voltadas ao Serviço Pastoral dos Migrantes. Como aspectos positivos destacam-se: a posição geográfica da missão nas fronteiras, o processo de reestruturação da missão, priorizando o atendimento especifico ao migrante, a atuação como profissional em órgãos públicos que possibilitam a livre circulação, busca de parceria junto aos mesmos e a articulação do trabalho comum entre padres e irmãs, o reconhecimento público dos serviços prestados no atendimento específico aos direitos dos migrantes, a existência de trabalho comum em áreas de fronteira no Mato Grosso do Sul, a especial atenção dispensada às mulheres migrantes nas Casas de Acolhida e capacitação profissional. Aspectos que merecem nossa atenção: realidade concreta das necessidades básicas dos migrantes requer o conhecimento dos serviços prestados na área da Assistência Social para fazer os devidos encaminhamentos dos migrantes segundo as suas reais necessidades, dedicar maior atenção ao cuidado da espiritualidade dos migrantes e rever nossa atuação evangelizadora, necessidade de maior incidência junto aos órgãos públicos- CRASS- CRESS e Conselho Tutelar. Tomar posição crítica e inovadora diante do conservadorismo e fechamento da Igreja em relação às questões sociais, a inexistência de um plano Pastoral nas Dioceses que reconheça o Serviço Pastoral aos Migrantes, o recuo na execução efetiva da pastoral dos migrantes nos espaços que nos são favorecidos, a continuidade dos projetos quando na substituição dos/as missionários/as, o relacionamento com os padres nas dioceses. Os participantes apresentaram as seguintes sugestões a serem inseridas no Projeto Missionário: Aproveitar da iniciativa já existente de realização de Seminário Migratório Sem Fronteiras na sua XI edição, ampliando e fortalecendo a participação com nova modalidade, sendo um dia de estudo e aprofundamento de temas nas áreas: antropológica, teológica e sociológica para os missionários envolvidos nas fronteiras e na sequência seminário de estudo pertinente a temática migratória e Direitos Humanos, com a presença de migrantes como protagonistas e leigos atuantes na pastoral, maior incidência na conquista e efetivação de garantia de políticas e de direitos humanos aos migrantes, intensificar a participação na missão Scalabriniana que já vem sendo realizada em locais estratégicos de presença missionária, realizar mutirões junto aos órgãos governamentais constituídos para regularizar a documentação de migrantes, visitas periódicas às Dioceses e às Paróquias para a conscientização da missão da Igreja na acolhida e integração dos migrantes e Refugiados, apresentar o projeto missionário de fronteira para os bispos das Dioceses envolvidas no espaço territorial, intensificar o atendimento às mulheres gestantes e às adolescentes, especial atenção aos migrantes retornados, para a construção do projeto missionário, é fundamental considerar: que migrante pretendemos atingir?, Que metodologia de pastoral adotar?, quais tendências migratórias e que ações a serem priorizadas?. Scalabrini tinha um coração tão grande que, uma Diocese para ele era pequena, assim, os corações dos/as Scalabrinianos/as presentes abrem-se para o projeto missionário, como sinal profético para os novos tempos e assim vivermos o legado de Scalabrini. Este relatório será enviado aos padres e irmãs missionários/as nas fronteiras, convidados/as para o encontro, porém impossibilitados de participar, os quais também poderão contribuir, enviando por correio eletrônico suas sugestões para a construção do projeto missionário de fronteiras. Avaliação do Encontro, a coordenação feita pelos animadores do apostolado e a sintonia entre os mesmos, que demonstraram segurança na condução do trabalho, a abertura e esperança para o novo, confiança na continuidade e concretização do projeto com a participação dos coordenados provinciais do Apostolado, união de forcas para um projeto maior de atendimento ao migrante e enfrentamento aos desafios da missão, a proposta do EISAL veio ao encontro dos anseios dos missionários nas fronteiras, este projeto possibilita um novo respiro missionário, o espaço, a acolhida dos padres para o encontro, a partilha das refeições. A coordenação do Projeto Missionário de Fronteira ficou sob a responsabilidade dos coordenadores do Apostolado e mais um membro de cada Província a ser convidado pelos Governos Provinciais. A próxima reunião da Equipe ficou agendada para os dias 17 e 18 de dezembro de 2011, em Foz do Iguaçu - PR , onde a equipe construirá um primeiro esboço do projeto considerando as sugestões contidas neste relatório, bem como as que chegarão por correio eletrônico dos integrantes que estiveram impossibilitados de participar do encontro.

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