segunda-feira, 4 de abril de 2011

Medellín: dois mil jovens foram assassinados desde 2009

Camila Queiroz
Jornalista da ADITAL

Adital
Entre janeiro de 2009 e fevereiro de 2011, dois mil jovens entre 11 e 25 anos foram assassinados na cidade de Medellín, capital do departamento de Antioquia, na Colômbia. A informação é do Instituto Popular de Capacitação de Medellín (IPC).

O índice mais alto de morte está na faixa etária entre 18 e 25 anos. Contudo, os assassinatos de jovens entre 11 e 17 aumentaram em 478%, ou seja, quase cinco vezes, no período de dois anos. O IPC alerta que, pelo que observou em janeiro e fevereiro deste ano, a tendência é que o índice de mortes nessa idade se mantenha.

Com cerca de 2,5 milhões de habitantes, Medellín enfrenta sérios problemas com o tráfico, principalmente nos bairros da periferia. Os grupos ilegais "fatiaram” a cidade em fronteiras invisíveis para controlar o território.

Para o IPC, todos os fatores sociais que desencadeiam os índices de assassinato de jovens relacionam-se às drogas: o controle territorial e à demarcação de fronteiras invisíveis; micro tráfico em diversas comunas da cidade e nas escolas; recrutamento forçado; deslocamento forçado intraurbano e assédio aos líderes artísticos e culturais que resistem ao conflito.

Cinco jovens ativistas estão entre as vítimas


Entre os jovens vitimados nos últimos dois anos, estão cinco rapazes militantes da cultura hip hop, que compunham letras com mensagens de paz. Todos foram assassinados na Comuna 13 de Medellín.

No último dia 26, foi assassinado o jovem Daniel Alejandro Sierra, mais conhecido como "Yhiel”, de apenas 17 anos, integrante do grupo Rota Difusa. A polícia declarou que ele cruzou uma fronteira invisível, mas há a hipótese de sua militância a favor da paz ter motivado o crime.

O primeiro jovem assassinado foi Héctor Enrique Pacheco, morto em agosto de 2009, com apenas 20 anos de idade. Em julho de 2010, Andrés Medina, do grupo Son Batá, foi assassinado. Em seguida, Marcelo Pimienta Sánchez, de 23 anos, fundador do grupo Esk-lones e integrante da Rede Cultural Elite Hip-Hop.

No último dia 13, a vítima foi David Fernando Romero Galindo, também membro do grupo Esk-lones e da Rede Cultural Elite Hip-Hop. Os assassinos foram à sua casa, perguntaram por ele e dispararam várias vezes.

Para lembrar as vítimas da violência e levantar as vozes em favor da paz e dignidade, diversas organizações realizaram uma marcha, no último dia 29, saindo da Estação do Metrô em San Javier.

Na convocatória para a manifestação, as organizações declararam o rechaço a todo assassinato, principalmente "quando a dignidade da vida e a existência neste mundo são violadas pelos que querem o aniquilamento das ideias, das esperanças e dos desejos de transformação de quem habita a cidade de Medellín e o país”.

Durante o ato, os movimentos sociais exigiram aos grupos armados que parem com os assassinatos e ataques ao povo. Além disso, pediram às autoridades nacionais, departamentais e locais que criem estratégias para garantir os direitos e a integridade da população, em especial crianças, jovens e mulheres.

No dia 29, a Prefeitura de Medellín expressou rechaço ao assassinato de Yhiel e se disse comprometida com projetos voltados à juventude e garantia da vida e direitos humanos.

Já o governador de Antioquia, Luis Alfredo Ramos Botero, conclamou todas as autoridades do sistema de segurança de Medellín a intensificar as investigações, capturar e processar os culpados pelo crime.

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