segunda-feira, 4 de abril de 2011

No Panamá, veterano do ACNUR visita assentamento de repatriados que ajudou a construir

CIDADE DO PANAMÁ, Panamá, 31 de março (ACNUR) - A longa e promissora carreira de Serge Malé no Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (ACNUR) começou em 1985, quando foi enviado para dirigir um pequeno escritório na cidade de San Marcos, na região oeste de Honduras. Na época, a guerra civil no país vizinho, El Salvador, atingia seu ponto máximo.

O jovem médico do sul da França passou aproximadamente três anos ajudando a cuidar de milhares de refugiados salvadorenhos que deixaram para trás o conflito em seu país e encontraram refúgio nos campos de La Virtud e Mesa Grande. Mas em outubro de 1987, mesmo com a guerra ainda em andamento, um grupo de refugiados decidiu que era hora de retornar à terra natal. O encarregado de comandar o comboio de retorno pelas
regiões montanhosas da fronteira foi Malé.

“Num certo ponto nós tivemos que parar no meio do nada porque uma pedra enorme estava bloqueando a passagem”, relembrou Malé. “Já que não tinha como os 32 ônibus e 12 caminhões passarem deste ponto, os repatriados calmamente começaram a retirar todos os seus pertences dos veículos”, disse, acrescentando ainda que eles decidiram reconstruir suas vidas naquele local, batizado de Guarjila.

Em fevereiro deste ano, Malé retornou a Guarjila para uma reencontro emotivo após um longo período de duras aventuras pelo mundo. Desta vez ele era diretor adjunto do escritório do ACNUR para as Américas, prestes a se aposentar. Seu último dia de trabalho na agência é hoje.

Malé descreveu o assentamento como sendo “fruto de muito suor, lágrimas, dor e determinação”. As pessoas de Guarjila, orgulhosamente, contaram para Malé que 95% da população tem sua própria casa e todas as crianças da comunidade estão matriculadas na escola.

Eles também construíram ruas, uma igreja, um centro de saúde e um parque. Hoje em dia a violência na cidade é rara, com apenas um assassinato nos últimos 23 anos. Entre os mais jovens, entretanto, alguns sonham em migrar para o exterior enquanto outros se mostram comprometidos com a construção da comunidade.

“Eles não falam sobre desenvolvimento de infra-estrutura, mas sim sobre desenvolvimento humano e social”, contou Malé. Durante a guerra, seu principal desafio era permanecerem vivos e juntos. Hoje, os maiores debates focam na mineração e na construção de uma estrada na região do assentamento. Existem posições a favor e em contra, mas a discussão das questões é livre.

Leia a íntegra desta matéria em: www.acnur.org.br
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