terça-feira, 16 de junho de 2009

Existe justiça para todos?

Estamos na Semana do Migrante e se aproxima o dia Nacional do Migrante e do Refugiado. Neste ano, a Semana do Migrante se realiza entre os dias 14 e 21 de junho. Tem como tema uma pergunta que seguidamente nos fazemos: Existe Justiça para Todos?

Estamos vivendo uma crise mundial, onde vários países são atingidos economicamente. Como consequência, a oscilação da economia deixa milhões de pessoas desempregadas. Estes desempregados, na maioria das vezes, são pessoas migrantes, que vieram de outra cidade, outro estado, outro país. E que, obrigatoriamente, precisarão migrar em busca de um novo trabalho para a sua sobrevivência. O desemprego gera pobreza, fome, e milhares de pessoas estão nas ruas sem um rumo para seguir.

Em todos os anos, a Semana do Migrante baseia-se na Campanha da Fraternidade, cujo tema este ano foi “Fraternidade e Segurança Pública”, e o lema “A Paz é Fruto da Justiça”. Mas o que segurança e justiça tem a ver com o migrante? Tudo, sim, pois no momento em que alguém sai de sua terra natal e parte em busca de um mundo melhor, dentre as suas ambições está a segurança e a justiça. Todos, aliás, queremos um mundo e uma vida segura e justa.

Segurança esta que é necessária, pois muitas vezes os migrantes são expulsos de suas terras por latifundiários, ou por construções de hidrelétricas, por causa dos agronegócios; assistem assim a destruição de seu habitat natural e partem em busca de um local mais seguro para morar. A justiça é a redenção dos seus direitos: é preciso a garantia de uma vida digna, segura, com trabalho e moradia.

Infelizmente estamos vivendo em um tempo em que o dinheiro vale mais do que tudo, inclusive do que o ser humano. Os migrantes, tanto internos em um país quanto de outros países se constituem em mão-de-obra barata e nem sempre qualificada, o que ajuda a aumentar a exploração por parte dos empresários.

Como migrantes, temos também aqueles que migram para outros países e se deparam com um mundo diferente, onde muitos entram clandestinamente e permanecem indocumentados, são obrigados a trabalhar quase de graça, com uma jornada diária de trabalho superior a dez horas. Ou aceitam estas condições ou correm o risco de serem entregues para a polícia e deportados ao seu país de origem. E a justiça, onde está? Se por um lado estes migrantes estão à sua margem por estarem ilegais, por outro não há justificativa para serem tão explorados.

Em muitos países as diferenças sociais são gritantes e muitas pessoas vivem à margem da sociedade, em meio à violência, miséria e drogas. Estas condições injustas de vida levam o cidadão à migração, em busca de uma vida digna. Tem ainda aqueles que saem da zona rural para as cidades quando percebem que seus horizontes se fecham cada vez mais e é preciso ir em busca de algo melhor. Consequentemente a população urbana aumenta, e com este aumento segue-se o desemprego, a fome, a desigualdade social.

Uma das saídas buscadas é a migração. As pessoas partem aos milhares, sozinhas ou com suas famílias marcham em busca de uma vida justa. Estima-se que cerca de 200 milhões de pessoas residem fora de seus países de origem. Mas no seu caminho encontram muitos obstáculos. Da África partem para a Europa, atravessando o perigoso Mar Mediterrâneo, cujas fronteiras são controladas e perigosas. Da América Latina partem para os Estados Unidos, onde se deparam com muros e autoridades hostis e rigorosas, além do perigo das ondas do Golfo do México e as surpresas do deserto. Existem ainda países que possuem leis rígidas, que acabam separando e partindo famílias, que se desintegram. Quem consegue ultrapassar estas barreiras ainda enfrenta outras pela frente.

Quando estão no país que escolheram para viver, se deparam com a dificuldade de arranjar emprego e de se comunicar, pois muitos estão ilegais, não podem arrumar um emprego de forma legal, e também não compreendem o idioma. Mas o imigrante é esperançoso e persistente, vai, arrisca a própria vida, atravessa mares e desertos em busca de um futuro melhor, e trabalha em qualquer frente, muitas vezes por um salário ínfimo.

O lado positivo da migração é que o trabalhador migrante ajuda na economia do país em que está e na do país de origem, pois muitos mandam remessas de dinheiro para os familiares que ficaram. O fenômeno das remessas é cada vez mais expressivo.

Diante disso, cabe a nós, na Semana do Migrante, nos perguntar se conhecemos a realidade migratória de nossa cidade?. Somos capazes de sentir as necessidades de um migrante, como: trabalho, segurança, justiça, moradia? Se tivermos familiares ou amigos morando em outro país, sabemos, compreendemos bem como é ser migrante numa terra estranha e como é bom contar com a ajuda das pessoas. Informe-se sobre a migração e colabore para que muitos tenham vida digna, com segurança e justiça para todos.
Centro de Estudos Migratórios Cristo Rei - CEMCREI

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