quarta-feira, 24 de junho de 2009

SEMANA DO MIGRANTE

Pe. Alfredo J. Gonçalves, CS

A Semana do Migrante de 2009, celebrada de 14 a 21 de junho, desenvolveu o tema Existe Justiça para Todos? Contou com uma série de eventos, celebrações, seminários, caminhadas, romarias e encontros espalhados por várias regiões do território nacional. Promovida pelo Serviço Pastoral dos Migrantes (SPM), trata-se de um tempo privilegiado de ação e reflexão, que procura aprofundar o tema da Campanha da Fraternidade sob o enfoque das migrações. A Semana teve seu encerramento com o Dia do Migrante, a 21 de junho, envolvendo todos aqueles que de alguma forma trabalham no campo da Mobilidade Humana.

No Dia do Migrante, duas celebrações marcaram o esforço de refletir conjuntamente os problemas ligados ao migrante e ao fenômeno das migrações. A primeira foi a Celebração Eucarística na Basílica Nossa Senhora Aparecida, às 08:00 horas, celebrada por Dom Raymundo Damasceno de Assis, arcebispo de Aparecida, e concelebrada por vários padres scalabrinianos. Um bom número de Irmãs Scalabrinianas também se fez presente, ajudando inclusive a organizar a celebração. Participaram ainda algumas Missionárias Seculares Scalabrinianas, as quais estavam celebrando os 30 anos de presença no Brasil. A missa procurou reunir numa só momento o aniversário de morte de J. B. Scalabrini, ocorrido a 1º de junho de 1905, e o Dia do Migrante. Vale lembrar que essa missa é sempre transmitida ao vivo pela TV Cultura.

A segunda celebração começou com a Caminhada dos Migrantes do Pátio do Colégio até a Catedral da Sé, São Paulo, seguida da Missa dos Migrantes, às 11:00horas. A missa foi celebrada por Dom Angélico Sândalo Bernardino e concelebrada por alguns padres scalabrinianos e diocesanos, entre outros, Pe. Antonio Garcia Peres, Secretário Executivo do SPM, e Pe. Mário Geremia, pároco da Paróquia Pessoal dos Latino-americanos, com sede na Igreja da Paz. Promovida pelo SPM, a celebração reuniu imigrantes de vários países da América Latina e migrantes internos, além de muitos agentes e lideranças que trabalham com eles. Dom Angélico, como sempre, conferiu à celebração um tom muito vivo e vibrante.

Tanto a Missa da Basílica, em Aparecida, quanto a Caminhada e Missa dos Migrantes, em São Paulo, colocam em pauta a complexa temática da Mobilidade Humana, em nível mundial e nacional. O tema que marcou as reflexões da Semana do Migrante – Existe Justiça para Todos? – aponta na direção de um contexto mais amplo do fenômeno das migrações. De fato, com o aprofundamento da crise econômica internacional, acirram-se também as assimetrias e injustiças entre continentes, países e regiões dentro de uma mesma nação. Crescendo a desigualdade entre pólos ricos e pobres, aumenta igualmente o fluxo de pessoas de um lado para o outro. Os deslocamentos humanos de massa tendem a se tornarem mais imperativos, seja em termos de migrações internacionais, seja em termos de migrações limítrofes ou internas.

Os estrangeiros, que já em tempos de bonança costumam não raro ser taxados de bodes expiatórios para qualquer tensão ou conflito, em tempo de turbulência acabam figurando entre as pessoas mais débeis e vulneráveis do ponto de vista sócio-econômico. O facão do desemprego pesa com mais força sobre eles. Em conseqüência, acumulam-se os problemas com a moradia, saúde, educação, transporte, segurança, etc. Pior ainda quando se trata de imigrantes irregulares, marcados pelo estigma da clandestinidade. Nos dois casos, entretanto, a crise agrava a discriminação, o preconceito e a xenofobia contra “o outro, o estranho e o estrangeiro”.

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