quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Fidel Castro faz uma análise sobre a atual situação do Haiti

Tatiana Félix *

Adital -
O líder da Revolução Cubana, Fidel Castro, fez uma análise, divulgada ontem (7), sobre a epidemia de cólera no Haiti e a amarga relação da população com as indesejáveis tropas da Missão das Nações Unidas para a estabilização do Haiti, a MINUSTAH. Vale lembrar que o país caribenho tem vivido situações marcantes nos últimos tempos, como os fortes tremores de terra, em janeiro deste ano, que deixaram em ruínas a capital do país, Porto Príncipe, e seus arredores.
A crescente epidemia de cólera, surgida em outubro, tem alarmado as autoridades e deixado a população, já tão sofrida, ainda mais vulnerável. Logo após os primeiros casos de cólera no país, a população acusou, mesmo sem provas, os soldados da Minustah como responsáveis por terem trazido a doença ao território. A relação dos haitianos e haitianas com as tropas das Nações Unidas tem sido conflituosa desde a chegada dos soldados, em 2004.


No entanto, uma análise feita pelo epidemiologista francês Renaud Piarroux, e divulgada por agências de notícias pelo mundo, confirmou que a população estava certa: a epidemia foi gerada por um caso importado, e que se estendeu ao país através da base nepalesa da Minustah.

"A origem da enfermidade se encontra no pequeno povoado de Mirebalais, no centro do país, onde os soldados nepaleses assentaram seu acampamento, e apareceu poucos dias depois de sua chegada, o que prova a origem da epidemia", noticiou a agência EFE. "A aparição da enfermidade coincide com a chegada dos soldados nepaleses que, também, procedem de um país onde existe uma epidemia de cólera", confirma especialistas.

Diante da situação, Fidel expressa em seu artigo que o 'mais surpreendente' foi que a ONU, mesmo com as evidências, concluiu, através de uma missão de investigação, que o acampamento nepalês da Minustah não poderia ser a origem da epidemia.

"A ONU não só deve cumprir o elementar dever de lutar pela reconstrução e o desenvolvimento do Haiti, como também com o de mobilizar os recursos necessários para erradicar uma epidemia que ameaça se estender para a vizinha República Dominicana, o Caribe, América Latina e outros países similares da Ásia e da África", analisa.

Fidel questionou a posição da ONU, em negar que a Minustah foi a responsável por ter trazido a epidemia para o Haiti, mas, fez questão de esclarecer que não atribui a culpa ao Nepal.

Segundo ele, as informações que chegam à Cuba são transmitidas pelos médicos cubanos que prestam serviços no Haiti. De acordo com os relatos, o centro médico, fruto do projeto Cuba-Venezuela, instalado em outubro de 2009 em Mirebalais, no Norte do Haiti, foi que registrou os primeiros - e crescentes - casos de pacientes com cólera. Com a rapidez do surgimento de novos casos, a Missão Médica enviou com urgência mostras de sangue e fezes para serem analisadas.

"Apesar da forma súbita em que apareceu a coleta no pequeno, mas, excelente hospital à serviço do Haiti, dos primeiros 2.822 enfermos atendidos inicialmente, em áreas isoladas do mesmo, faleceram apenas 13 pessoas, para uma taxa de letalidade de 0,5%", informou, e disse que depois de ter sido criado, em local separado, o Centro de Tratamento da Cólera, de 3.449 doentes, apenas 5 paciente em estado muito grave faleceram, diminuindo a taxa de letalidade para 0,1%.

Fidel atualizou os dados sobre o surto de cólera no Haiti: "a cifra total de doentes de cólera no Haiti ascendia hoje, terça-feira, 7 de dezembro, à 93.222 pessoas, e o índice de pacientes falecidos alcançava a cifra de 2.120. Entre os atendidos pela Missão Cubana ascendia a 0,83%".

Ele comparou ainda que o índice de falecido nas outras instituições hospitalares do país é de 3,2%, revelando que o atendimento médico cubano tem apresentado resultados bastante eficazes no controle da cólera no Haiti. Ele finalizou reforçando que com o apoio das autoridades haitianas, a Missão Médica Cubana se propõe a atender todos os distritos isolados, "de modo que nenhum cidadão haitiano careça de assistência frente à epidemia, e muitas milhares de vidas possam ser preservadas".


* Jornalista da Adital

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