sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

Resultado eleitoral gera manifestações, deixando quatro mortos e vários feridos

Rogéria Araújo *

Adital -
A sucessão presidencial no Haiti segue turbulenta. Depois de anunciar os nomes dos candidatos eleitos para o segundo turno, o Conselho Eleitoral Provisional (CEP) emitiu um comunicado nesta quinta-feira (09) anunciando que vai revisar as atas das eleições, ocorridas no último dia 28 de novembro. O resultado apontou Mirlande Manigat e Jude Celestin para o segundo turno, deixando de fora o candidato Michel Martelly.
O anúncio feito na última terça-feira desencadeou uma série de manifestações em vários pontos do país, deixando centenas de pessoas feridas e, até agora, quatro mortes foram notificadas. As manifestações denunciam que o processo eleitoral aconteceu em situações comprovadamente fraudulentas e acusam o presidente René Preval e o próprio CEP de terem manipulado o resultado do pleito.


De acordo com os números apresentados pelo Conselho, Manigat teve 31,37% dos votos e Jude Celestin obteve 22,48%. O cantor popular Michel Martelly, cujo nome era apontado com um dos melhores colocados pelas pesquisas de opinião, ficou com 21,84% dos votos, 6 mil votos a menos que o segundo colocado.

Conforme, ainda, o comunicado do CEP, o processo de averiguação das atas será feito por uma comissão mista composta por representantes do Conselho, representantes dos três candidatos em questão, além de observadores nacionais e internacionais, e organismos da comunidade internacional. O segundo turno das eleições para presidente está marcado para o dia 16 de janeiro de 2011.

Os manifestantes denunciaram ainda a truculência e violência dos homens que compõem a Missão de Estabilização no país, a Minustah. O presidente haitiano, René Preval, pediu "calma" à população, mas acenou que as forças de segurança vão continuar atuando em caso de "desordens" que ocorram nas ruas.

As eleições no Haiti ocorreram em meio a uma crise política que se instalou no país desde a destituição do então presidente Jean Bertrand Aristide, em 2004. Uma onda de protesto tomou conta do país e uma missão estabelecida pela Organização das Nações Unidas mantém, por mais de 5 anos, centenas de homens que fazem parte da força militar de diferentes países.

No dia 12 de janeiro de 2010, um terremoto deixou grande parte da população desabrigada, sem acesso aos serviços básicos como saúde, educação e moradia. O processo de reconstrução do país segue lento e os movimentos sociais organizados em redes ou em sindicatos vêm fazendo frente ao governo pela autonomia da população haitiana.

Nos últimos meses uma epidemia de cólera se espalhou rapidamente pela nação haitiana. Estima-se que mais de 2.000 pessoas já tenham morrido em decorrência da doença.





* Jornalista da Adital

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