quarta-feira, 4 de novembro de 2009

O VOSSO AMOR TOMOU CONTA DO MEU CORAÇÃO

Encontrei esta oração de São Carlos dentro de um velho livro em nossa biblioteca penso que seria injusta retê-la comigo apenas por desconhecer sua fonte, por isto compartilho-a com carinho:
O que me atrai em vós, Senhor, sois vós mesmo!

Só vós, pregado na Cruz,
Com o corpo estraçalhado e em agonia.
O vosso amor tomou conta do meu coração de tal modo, Senhor, que,
Mesmo se não existisse o Paraíso, eu vos amaria do mesmo jeito.
Nada deveis dar-me
Para suscitar o meu amor,
Porque mesmo se não esperasse o que espero,
eu vos amaria como eu vos amo. Amém.

Desde que encontrei esta oração, passei a rezá-la perguntando-me que tipo de amor é este que abrasava o coração de nosso querido São Carlos, que deseja e ama Jesus mesmo se soubesse não ter recompensa alguma. Que tipo de relação estabeleceu com Jesus Crucificado que o levou a esta confidencialidade pessoal e íntima, a ponto de perceber as dores do estraçalhamento físico e moral de Jesus estampado nos rostos humanos os quais ele socorreu, confortou e abençoou durante toda a sua vida.

Só um amor puro e incondicional como o é o amor de Deus por nós, o fez assim amoroso e esquecido de si, docilmente configurado com Jesus de modo a direcionar todas as forças de seu corpo, de seus afetos e de seu espírito no serviço incansável aos irmãos, pois compreendeu muito bem as expressões do evangelista São João. “Quem não ama seu irmão, a quem vê, não é possível que ame a Deus, a quem não vê” (I Jo 4,20).

Uma vez nomeado bispo de Milão dedicou-se totalmente ao serviço de Deus e da Igreja, tendo como preocupação primeira, a formação do clero advertindo-os a priorizar tempo para sua auto-formação e dedicação aos irmãos mais necessitados. Os temas preferidos de suas pregações eram: O amor a Deus como o sentido primeiro e último de nossas vidas, apresentando Jesus Cristo como o caminho que modela o nosso pensar, sentir e agir. Em conseqüência deste, vem o tema do amor ao próximo colocando em prática as obras de misericórdia que deverão ser vividas nos pequenos gestos do dia a dia. São Carlos “que de rico se fez pobre” tem claro para si que o amor a Deus e aos irmãos, requer de nós um firme propósito de seguimento a Jesus Cristo no desapego de si e dos bens materiais. Diz Frei Patrício Schiadini que sua espiritualidade antecipa a mesma espiritualidade do Concílio Vaticano II.

A história no-lo apresenta como modelo para os sacerdotes, mestre no zelo pastoral especialmente com doentes e pobres, experto no cultivo de si mesmo e na formação humano/espiritual do seu povo, um homem discreto, silencioso, humilde e de espírito ascético, pastor incansável, obediente à Igreja e ao Evangelho, contemplativo por natureza e, por tanto, de intensa vida de oração, pois segundo ele, quem não fala com Deus não está autorizado a falar de Deus.

Há 114 anos o bem aventurado J. B. Scalabrini confiou nossa guarda a São Carlos Borromeo, e nossas primeiras Irmãs honraram este nome com o qual elas se sentiram autorizadas a justificar nossa identidade outrora ameaçada. Temos uma variedade imensa de virtudes a exaltar em São Carlos, e nos parece que ainda hoje, o melhor modo de honrá-lo e homenageá-lo permanece sempre aquele de abraçar a causa do Evangelho com as mesmas motivações do seu vigor missionário, no amor incondicional e apaixonado pela nossa consagração e missão junto aos migrantes.

“O vosso amor tomou conta do meu coração...” Que esta expressão seja a minha, a sua e a nossa, e se assim for, festejaremos sempre São Carlos Borromeo. BOA FESTA! Em comunhão de preces, e com as bênçãos do glorioso São Carlos Borromeo!

Texto elaborado por Ir. Zenaide Martins de Oliveira, mscs, por ocasião da festa de São Carlos Borromeo, Patrono da Congregação das Irmãs MSCS, como atividade do Plano de Ação da Equipe do Centro de Espiritualidade Scalabriniana, Potim, SP, 04/11/2009.

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