segunda-feira, 31 de maio de 2010

Campanha incentiva sociedade a refletir sobre violência contra mulheres

Karol Assunção *

Adital
O Dia Internacional de Ação pela Saúde da Mulher será celebrado, neste ano, de uma forma diferente em quatro países da América Latina e do Caribe. Brasil, Guatemala, Haiti e Bolívia lançarão, amanhã (28), a campanha "Ponto Final na Violência contra Mulheres e Meninas". Mais do que incentivar a denúncia e a punição, a iniciativa busca promover a reflexão da sociedade para o problema e, assim, tentar preveni-lo.
De acordo com Maria Luisa Pereira de Oliveira, uma das coordenadoras da Campanha, a Ponto Final tem como "meta eliminar a aceitação social de todas as formas de violência contra mulheres e meninas". Isso porque, apesar de já existirem legislações e tratados internacionais que discutem o tema, como, no Brasil, a Lei nº 11.340, de agosto de 2006 (Lei Maria da Penha), a violência contra as mulheres ainda está presente na sociedade.

"A violência contra a mulher é naturalizada, banalizada, não existe uma indignação social. A cultura ainda transmite e reproduz valores impregnados de hierarquia entre homens e mulheres, e as pessoas não refletem sobre o assunto", comenta Maria Luisa.

A integrante da coordenação da Campanha ainda destaca outros aspectos presentes na sociedade que contribuem para o "não estranhamento" da violência contra mulheres, como o machismo, o racismo e a discriminação por classe social. "Ainda persiste na cultura que a violência é algo natural, comum, banal", enfatiza.

E é justamente por causa disso que a "Ponto Final na Violência contra Mulheres e Meninas" pretende realizar ações de prevenção da violência a partir da reflexão do problema. "Queremos lançar um olhar crítico para essa situação e colaborar com a mudança na cultura", revela.

Apesar de considerar importante a denúncia e a punição como parte do processo de combate à violência contra mulheres e meninas, Maria Luisa afirma que esse não é objetivo principal desta Campanha. "O nosso foco é na prevenção, e não na punição. A Campanha é uma tentativa de chamar as pessoas para a reflexão antes de a violência acontecer", destaca.

A data de lançamento também não foi escolhida por acaso. Segundo a coordenadora, o dia 28 de maio - Dia Internacional de Ação pela Saúde da Mulher - é uma data "cara ao movimento de mulheres da América Latina". De acordo com ela, as violências enfrentadas pelas mulheres provocam impactos negativos à saúde delas. "Estudos revelam que mulheres que sofreram abuso físico ou sexual na fase adulta desenvolvem mais problemas de saúde", apresenta.

Ações no Brasil

De acordo com Maria Luisa, a Campanha no âmbito local do Brasil será realizada no Campo da Tuca, comunidade de alta vulnerabilidade social localizada no bairro Paternon, em Porto Alegre, Rio Grande do Sul. Lá acontecerão rodas de conversas, oficinas, seminários e visitas domiciliares para sensibilizar a população - tanto mulheres quanto homens e jovens - sobre as questões que envolvem a violência contra mulheres e meninas.

A campanha "Ponto Final na Violência contra Mulheres e Meninas" tem como coordenação geral a Rede de Homens pela Equidade de Gênero (RHEG), Ações em Gênero, Cidadania e Desenvolvimento (Agende), e o Coletivo Feminino Plural. Também tem a Rede Feminista de Saúde na coordenação executiva, liderada na América Latina e no Caribe pela Rede de Saúde das Mulheres Latino-Americanas e do Caribe (RSMLAC).

Para mais informações acesse: www.redesaude.org.br/portal/pontofinal

* Jornalista da Adital

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