Tatiana Félix *
Adital -
Donos de uma cultura peculiar e secular, marcados pela unidade da vida em comunidade, mas, que fogem ao controle da sociedade tradicional por serem extremamente livres, os ciganos, também conhecidos como gitanos, zíngaros ou, na realidade, "Rhom" sempre foram perseguidos, excomungados e marginalizados.
Registros históricos indicam que este povo andarilho e nômade teria surgido por volta do século XVI A.C, quando começaram a imigrar da Índia. No Brasil, os indícios são de que os ciganos chegaram por volta do século XVII. Apesar de terem presença no catolicismo, os ciganos conhecem os mistérios da Mãe Natureza e praticam a Quiromancia.
A Pastoral dos Nômades, organismo da Igreja Católica, ligado à Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), é a entidade que representa e apoia esta cultura. De acordo com o coordenador Nacional da Pastoral, Padre Wallace Zanon, existem no Brasil, cerca de 800 mil ciganos, vivendo, principalmente, nas regiões Sudeste, Nordeste e Sul.
E para debater sobre os direitos deste povo, dando sequência às celebrações pelo Dia Nacional dos Ciganos, comemorado ontem (24), é que será realizada amanhã (26), uma audiência pública no Senado Federal, para discutir a situação dos ciganos no Brasil.
Padre Wallace Zanon, que representará a pastoral em Brasília, disse que na ocasião, deverá ser debatida a necessidade de implementação de políticas públicas para essa comunidade, já que, embora a existência dos ciganos no Brasil date de meados do século XVII, a marginalização e o preconceito sobre eles, ainda é muito forte.
As principais reivindicações dos ciganos são: registro de nascimento e demais documentos necessários para o exercício da cidadania. Atualmente, muitos ciganos não conseguem tirar a identidade, certidão de casamento, título eleitoral, habilitação ou certidão de óbito.
Eles reivindicam também o direito de ir e vir livremente, sem serem importunados pela polícia. Vale lembrar que a característica dos ciganos é ser andarilho. Eles constituem uma etnia, pois, embora não tenham uma pátria, possuem sua própria língua, o romanês.
Padre Wallace comentou que a relação dos ciganos com a Pastoral dos Nômades é muito boa. "Eles (ciganos) confiam muito nos padres e na igreja. Eles nos procuram para a realização de batismos e casamentos", relatou.
Sobre o preconceito que sempre existiu em torno dos ciganos, padre Wallace faz um apelo: "Não se deve olhar o cigano como alguém diferente. Eles apenas têm sua cultura própria, seu modo de vestir próprio, mas, são também filhos de Deus. O povo cigano tem uma unidade muito grande entre eles e possuem valores essenciais, como família e indissolubilidade do casamento", declarou.
Dia Nacional do Cigano
Comemorado em 24 de maio, o Dia Nacional do Cigano é uma celebração recente no Brasil. A data foi instituída no calendário nacional por um decreto assinado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em 2006. Ter uma data nacional dedicada à comemoração desta cultura pode ser o início de um processo de respeito e reconhecimento deste povo.
Para conhecer a Pastoral dos Nômades e saber mais sobre os ciganos no Brasil, basta acessar: www.pastoraldosnomades.org.br.
* Jornalista da Adital
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