Adital
A Colômbia comemorou neste 21 de maio o Dia da Afrocolombianidade, data que relembra a libertação dos descendes africanos que foram raptados para serem vendidos como escravos. Há 159 anos a nação colombiana aboliu a escravatura. Para relembrar e celebrar este acontecimento, a população afro da cidade de Cartagena foi presenteada com um espaço para fortalecer sua atuação política.
Segundo dados oficiais do Departamento Administrativo Nacional de Estatística (Dane) da Colômbia, 30% da população de Cartagena se autodefine como negra. Desde ontem (20), esta população tem a sua disposição o Centro-Prólogo, no bairro Crespo. O espaço, que começará a funcionar no próximo dia 15, disponibilizará computadores, internet e salas de debate para jovens e mulheres líderes dos Conselhos Comunitários de Ilhas do Rosário, Boquilla, Barú, Arroyo de Piedra e para a organização Cabildo de Integração Social Afrocaribenho Gavilaneo.
O projeto Prólogo vem sendo arquitetado desde o ano passado pelo Programa das Nações unidas para o Desenvolvimento (PNUD) em parceria com centros locais em El Salvador e na República Dominicana. O projeto faz parte da Rede Latino-Americana Prólogo (Propostas Locais de Governabilidade) e tem como intenção impulsionar debates entre a população afro de Cartagena e a prefeitura, a fim de construir uma plataforma política voltada para o desenvolvimento desta população.
Segundo informações do PNUD, a criação deste espaço de diálogo e fortalecimento político é de fundamental importância visto que as comunidades afrodescendentes da Colômbia têm representação política praticamente nula e "não existem representantes suficientes em cargo de poder que encarnem as problemáticas desta população e proponham políticas encaminhadas a sua solução".
Durante as atividades a serem realizadas no Centro-Prólogo será estimulada a formação de novos líderes e sua inserção nos espaços eleitorais populares de Cartagena e Bolívar. A existência de jovens e mulheres líderes políticos, que fazem parte de comunidades reconhecidamente esquecidas e preteridas, permitirá maior facilidade no contato e no repasse das reivindicações às autoridades regionais.
Antes mesmo do Centro-Prólogo começar a funcionar, o projeto já oferecia atividades. Em abril, foi ofertado aos delegados das comunidades afro-cartagenas rurais e insulares um curso virtual que abordou governabilidade e democracia. Em julho, o mesmo curso será oferecido presencialmente a líderes afro em potencial. Também está em andamento uma pesquisa estatística para avaliar o conhecimento, a percepção e a participação dos afro-cartagenos no cenário político.
Ainda este ano, o Projeto-Prólogo pretende criar uma plataforma política afro-cartagena elaborada e validada pelas comunidades afro. Além disso, almeja renovar o interesse e a disposição da comunidade afro, em especial de jovens e mulheres, de participar ativamente nas eleições locais.
A partir de 2011, após a realização de um intenso trabalho de formação voltado para a governabilidade e a democracia a fim de desenvolver os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio, os idealizadores do Prólogo esperam que a representação política das comunidades afro de Cartagena e Bolívar tenha aumentado e torne esta parcela da população mais independente e fortalecida.
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