terça-feira, 20 de outubro de 2009

Dia de combate ao tráfico humano na Europa intensifica debates sobre o crime

Adital - No último sábado (17) foi comemorado na Europa o Dia Europeu de Luta contra o Tráfico de Seres Humanos. A data intensificou o debate em torno do crime. Segundo dados da Agência das Nações Unidas contra a Droga e o Crime (UNODC), o número de vítimas identificadas na Europa é cerca de 30 vezes inferior ao número real estimado, com 270 mil pessoas afetadas pelo tráfico.

De acordo com a UNODC, o tráfico de seres humanos vitima entre 800 mil e 2,4 milhões de pessoas por ano. A prática ilícita e cruel está presente em quase todos os países do mundo, já que as nações servem de locais de origem, trânsito ou destino. As principais vítimas, mulheres e crianças, são exploradas sexualmente, em sua grande maioria.

As mulheres identificadas são, na maioria das vezes, originárias da América do Sul, sozinhas, com idade média de 35 anos. Elas são vítimas da exploração sexual em condições de escravidão. Os homens representam a minoria na mira do tráfico e são utilizados para exploração laboral.

Homens, mulheres ou crianças nas mãos dos traficantes percorrem um circuito no qual podem ser vendidos e revendidos em diversos países. A organização criminosa negocia os seres humanos como objetos.

Considerado a terceira atividade de comércio ilegal mais lucrativa do mundo, o tráfico de pessoas movimenta cerca de 27 bilhões de euros por ano, segundo informação da organização ‘Juntos contra o tráfico de seres humanos’.

"Talvez a polícia não encontre mais traficantes e vítimas porque não procura", afirmou o diretor-executivo da agência, António Maria Costa, em comunicado. Para a instituição, o tráfico de pessoas na Europa está pouco combatido.

Em Portugal, um sistema de monitoramento do tráfico funciona desde o ano passado. O equipamento sinaliza, atualmente, 150 casos suspeitos. Vinte casos de tráfico de mulheres já foram confirmados.

O tráfico de seres humanos é definido pela Convenção do Conselho da Europa e pelo Protocolo de Palermo adicionado à Convenção das Nações Unidas contra a Criminalidade Transnacional Organizada, como recrutamento, transporte facilitado, engano, ameaças, fraude e uso de poder sobre a vítima, com finalidade de exploração.

O crime inclui "a exploração da prostituição ou outras formas de exploração sexual, trabalho ou serviços forçados, escravidão ou práticas análogas à escravidão, servidão ou extração de órgãos".

Documentário retrata tráfico de órgãos
O documentário "H.O.T." (Human Organ Traffic) que retrata a prática do tráfico de órgãos no Brasil e em outros países, estreou neste fim de semana na quarta edição do Festival Internacional de Cinema de Roma. O Festival começou na última quinta-feira (15) e será encerrado na próxima sexta-feira (23).

Com uma hora de duração, o vídeo, dirigido por Roberto Orazi, foi promovido pela Universidade de Berkeley que se dedica ao estudo do tema no Brasil, Índia, Nepal, África do Sul, China e Turquia. O jornalista Alessandro Gilioli, que fez diversas reportagens sobre o assunto na imprensa italiana, montou o roteiro.

Para fazer o filme, a produção utilizou câmeras ocultas e falsos compradores de órgãos, numa denúncia que mostra a atividade dos traficantes, a cumplicidade de médicos cirurgiões, governos, máfias internacionais, agências de turismo e bancos especializados em lavagem de dinheiro. As locações do vídeo foram favelas de Recife, capital de Pernambuco, no Nordeste brasileiro.

Não é a primeira vez que um filme retrata o tráfico de órgãos no Brasil. Em 2006, a ficção "Turistas" mostrou a história de jovens estrangeiros que, ao passar férias no litoral brasileiro, foram raptados, assassinados e tiveram seus órgãos roubados.

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