terça-feira, 20 de outubro de 2009

Grito dos (as) Excluídos (as) segue como aglutinador dos movimentos sociais

Adital - No dia 12 passado, cerca de sete mil pessoas participaram da edição do Grito dos (as) Excluídos (as) no país, em uma manifestação popular pelas ruas de Santiago. As ações do movimento repercutem até agora, através de novas atividades, como o V Encontro de Migrantes no Chile que vai acontecer no dia 23 de outubro, no Salão de Sessões da Câmara dos Deputados de Santiago, capital do país, e reúne representantes do governo federal, organizações de migrantes, organismos internacionais e sociedade civil.

No dia 14, a Universidade de Ciências Metropolitana da Educação (UMCE) recebeu a projeção de um vídeo sobre as lutas dos povos Mapuche no Chile e Amazônico no Peru. Em seguida, no mesmo espaço, os organizadores do Grito realizaram um Fórum e um diálogo com o público, com autoridades do povo Mapuche e do povo Ashaninka, amazônico do Peru.

A jurista Graciela Álvarez, da Aliança Americana de Juristas, dissertou sobre os direitos dos povos indígenas e do convênio 169 da Organização Internacional do Trabalho (OIT).
Para o articulador do Grito dos Excluídos no Chile, Ricardo Jiménez, as atividades previstas no país respondem ao "cansaço das formas tradicionais de fazer movimento social e político no campo popular".

Em entrevista a ADITAL, Jiménez avaliou os dez anos do Grito dos (as) Excluídos (as) Continental, estimulado por movimentos brasileiros - de onde surgiu - e abraçado por grupos de cerca de 20 nações latino-americanas.

Adital - Que avaliação o Senhor faz desses 10 anos do Grito dos (as) Excluídos (as)?
Ricardo Jiménez - Creio que é um caminhar longo e crescente, é claro como o Grito nasce de uma necessidade de muitos setores populares e depois vai recebendo força no Brasil, até abarcar todo o Brasil muito massivamente e, depois, estende-se a toda Nossa América e Caribe, graças justamente a que responde a uma necessidade de novas formas de expressão.
No nosso caso, no Chile, novos (as) companheiros (as) e organizações vieram e vêm somando com o tempo, como é o caso de migrantes, moradores, campesinos, estudantes e outros. E assim estivemos diversamente representados no encontro do Grito Andino em Lima, Peru, em novembro do ano passado.

Adital - Quais são as expectativas das próximas edições?
Ricardo Jiménez - Esperamos ver o Grito como parte dos movimentos populares que empurram os processos de mudança social e política em Nossa América, que o Grito siga e multiplique seu caminhar entre os movimentos sociais e povos em luta, e tomara [que possa] passar com eles, com os movimentos e povos, desde a resistência à construção, para novos governos populares e novos Estados plurinacionais, includentes, soberanos e socialistas, unidos em uma só grande Pátria.

Adital - Que importância tem o Grito para o empoderamento dos povos?
Ricardo Jiménez - Creio que o Grito é a expressão e a reposta ante o cansaço das formas tradicionais de fazer movimento social e político no campo popular, caracterizadas por sua distância com os atores populares reais, seus discursos teoricistas e complicados, sua distância e muitas vezes cópia de outras ações. O Grito é parte da mudança de si mesma de Nossa América, para nossas formas de pensar e fazer próprias, com profundas raízes em nossa memória e cultura, a arte, o sentimento, a comunidade, a mobilização sem dirigentes nem representações, mas também direta, simples e com muita mística e alegria.

Creio que essa é sua importância, que o Grito é e deve ser portador do novo, da esperança, do afirmativo e próprio, da resistência e da construção própria dos povos em nossos países e continente. Nesse caminho, nesse processo, os povos se empoderam autenticamente.

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