sexta-feira, 16 de outubro de 2009

DOCUMENTO DA ONU SOBRE MIGRAÇÕES REPERCUTE NO MUNDO

Quebrando velhos mitos que alimentam a xenofobia no mundo, as informações do Relatório do Programa da ONU para o Desenvolvimento – Pnud, "Ultrapassar Barreiras: Mobilidade e Desenvolvimento Humanos", trazem novas informações sobre as migrações.

O número estimado de emigrantes no mundo é de 214 milhões. Cerca de 50% deste número representou a migração entre países em desenvolvimento; 37%, de país em desenvolvimento para país desenvolvido; e apenas 10% se deu entre países desenvolvidos. O surpreendente é que nestes últimos 50 anos a emigração no mundo não passa de 3%, enquanto neste mesmo período as transações econômicas triplicaram e os empréstimos internacionais aumentaram em 40 vezes.

Para o capital, liberdade; para os migrantes, aumento de barreiras políticas, econômicas e burocráticas. O documento defende a livre mobilidade como liberdade fundamental. Leva em conta vários estudos que indicam que os migrantes não tiram emprego dos nacionais, não sobrecarregam os serviços públicos e contribuem com impostos. Segundo Jeni Klugman, a principal autora do estudo, "muitos migrantes encontram-se duplamente em risco. Sofrem com o desemprego, insegurança e marginalização social e ainda assim são apontados como o cerne do problema. Não é o momento para políticas protecionistas e anti-imigração, mas para reformas. Convencer as populações disso requer coragem", afirmou ela.

Se é verdade que cresceu a emigração de países em desenvolvimento para países desenvolvidos, é verdade também que estes últimos não terão crescimento econômico, barrando os trabalhadores, visto que suas populações estão envelhecendo. O relatório aponta para a necessidade de reformar as políticas migratórias para que elas beneficiem migrantes e a sociedade de destino, visto que a mobilidade é inevitável no atual cenário mundial e deve ser incluída como elemento fundamental do desenvolvimento humano.

Por seu lado, a migração interna sim representa um número alto, ou seja, quase um bilhão de pessoas no mundo, mas que, segundo o Relatório, tem aspectos positivos ao ser fator de distribuição de renda e acesso a serviços de saúde e educação. O relatório da ONU informa que a crise econômica tende a aumentar a rejeição aos imigrantes, principalmente onde houve aumento do desemprego. Populações de 46 países foram pesquisadas, sendo que 50% desses países defendem imposição de limites ou proibição à imigração.

Curiosamente, o Brasil está entre os que tem desconfiança em relação aos trabalhadores imigrantes, mesmo tendo uma taxa de imigrantes calculada pelo Pnud em 0,5%, contra a média mundial que é de 3%. Desde 1960, a taxa de imigrantes na população brasileira caiu 1,6% ao ano.

Nenhum comentário:

Postar um comentário