quinta-feira, 1 de outubro de 2009

Encontro Internacional sobre Migração e Tráfico de Pessoas abre inscrições

Tatiana Félix *

Adital - O VI Encontro Internacional sobre Migração e Tráfico de Pessoas, que acontecerá entre os dias 25 e 27 de novembro deste ano em São Paulo, já está com inscrições abertas. Qualquer pessoa interessada no tema pode se inscrever gratuitamente até o dia 30 de outubro, através de formulário que deve ser solicitado, preenchido e enviado através do e-mail: iladhpromove@gmail.com. O evento acontecerá no auditório da Procuradoria Regional da República do estado de São Paulo, localizado na capital paulista. Cerca de 400 pessoas são esperadas para a ocasião.

A seriedade do tema e a urgência em se combater o tráfico de pessoas, que é considerada a terceira atividade criminosa mais lucrativa do mundo, fazem com que as entidades divulguem fortemente o evento e abram inscrições antecipadas, a fim de mobilizar instituições e sociedade na luta contra o problema. Segundo dados da Organização Internacional do Trabalho (OIT), o lucro anual do tráfico de seres humanos, ultrapassa os 30 bilhões de dólares.

O encontro é uma realização do Instituto Latino-Americano de Promoção e Defesa de Direitos Humanos (ILADH), Winrock International Brasil e Comitê Interinstitucional de Prevenção e Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas. O objetivo é somar esforços na prevenção e enfrentamento ao tráfico de pessoas, priorizando a questão da migração.

De acordo com Ana Flávia Diogo, assistente técnica do Núcleo de Prevenção e Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas, da Secretaria da Justiça e da Defesa da Cidadania de São Paulo, o foco dos debates será em torno da migração, já que muitos migrantes se encontram em situação de escravidão na capital paulista. Diversos bolivianos, por exemplo, são explorados em oficinas de costura; mas esse é apenas um dos casos. Milhares de mulheres e homens são traficados para outros países e explorados, vivendo em situação de servidão. Muitos têm seus documentos apreendidos e vivem sob constantes ameaças, o que os impedem de buscar ajuda.

Ana Flávia comenta a dificuldade que se tem em identificar o tráfico de seres humanos, já que outros crimes estão ligados a esta prática. "Nem sempre as vítimas de exploração sexual, por exemplo, têm consciência de que foram traficadas. Algumas pensam que o agenciador é um benfeitor, enquanto na realidade ele está lucrando em cima da exploração dela", explica. Ela lamenta que a rede do tráfico seja uma organização criminosa especializada e ressalta a necessidade de atuar na prevenção.

Com o encontro de novembro, cada entidade levará sua experiência a fim de trocar informações e capacitar o grupo, fortalecendo a cadeia de combate. Na programação estão incluídos debates sobre abordagem multidisciplinar da pessoa traficada e o Sistema Nacional de Atendimento às Vítimas Traficadas. Com o sistema, Ana informa que serão pensados métodos de atendimento e encaminhamento da vítima, necessidade de abrigo etc. A ideia é que se chegue a um padrão de atendimento em todo o Brasil.

Com a reflexão ‘Qual o papel da mídia no enfrentamento ao tráfico?’ as atividades serão encerradas no dia 27 de novembro. Palestrantes do Brasil, América Latina, Espanha, França, Canadá são esperados para participar do encontro. Organizações não governamentais (ONG’s), Ministério da Saúde, Ministério Público Federal, Consulados de Portugal e da Suíça, também devem estar reunidos nos debates do VI Encontro Internacional sobre Migração e Tráfico de Pessoas.
* Jornalista da Adital

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