quinta-feira, 1 de outubro de 2009

Organização pede atenção para crianças atingidas pela crise política

Adital - A crise política em Honduras se soma a problemas sócio-econômicos seculares e vitima as crianças hondurenhas direta e indiretamente. A denúncia foi divulgada na segunda (28) pela Casa Aliança de Honduras, que tem recebido o apelo de meninos e meninas desabrigados, atingidos por confrontos armados ou vitimados pelas condições econômicas. No início de julho, o Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância) informara que a crise já afetava cerca de 3,5 milhões de crianças no país.

A recente crise política de Honduras - instaurada após o golpe de Estado de 28 de junho, que depôs e expulsou do país o presidente Manuel Zelaya - está intensificando as más condições de vida das crianças.

"Durante esses quase 90 dias de violência política, se incrementou o número de meninas e meninos que sobrevivem nas ruas, pedindo refúgio em nosso albergue, manifestando o medo que têm de ser vítimas diretas ou indiretas de agressões por parte dos manifestantes ou dos policiais e militares que se enfrentam nas ruas", expressou a Casa Aliança em comunicado.

Centenas de crianças já procuraram a organização após serem atingidas por bombas de efeito moral. No albergue da Casa Aliança, muitos meninos e meninas se protegem dos projéteis e pedras lançados pelas Forças Armadas e pelos manifestantes contrários ao golpe de Estado.
O grupo também denunciou as detenções de adolescentes que participam dos atos de repúdio ao golpe. Segundo a Casa Aliança, "alguns tem recebido traumas que lhes têm provocado lesões em seus corpos".

Grande parte do sistema público de educação está paralisada e o sistema de saúde, debilitado. Os conflitos armados estão provocando, entre crianças e jovens, um imaginário de violência, de polarização social, sentimento de desesperança, depressão e desconexão com a realidade, diz a nota da Casa Aliança.

Para contornar a situação, a Casa Aliança pede que as partes envolvidas no conflito não usem ou manipulem pessoas menores de idade em atos que promovam ou gerem violência de qualquer tipo.

Ela também exige que o Estado "garanta a supervivência, a proteção e o desenvolvimento integral das crianças e dos adolescentes". As medidas estão previstas na Convenção dos Direitos da Infância, do Unicef, e nas demais leis nacionais.

Após 20 dias de golpe de Estado, em 18 de julho, o representante do Unicef em Honduras, Sérgio Guimarães, emitiu um comunicado em que pedia respeito à Convenção, em especial, no que se refere à proteção dos menores de 18 anos nas situações atuais de insegurança.

O documento se destinou aos responsáveis civis e militares pela crise política e enfatizou que a crise já afetava, naquele mês, cerca de 3,5 milhões de crianças em todo o país. "O Estado hondurenho, em toda circunstância, tem a obrigação de proteger a infância e velar pelo cumprimento de seus direitos ao ter ratificado o tratado comercial", enfatizou o comunicado.

O Unicef defende a imediata solução ao problema e considera que sua manutenção põe em risco, ainda mais grave no futuro, o bem-estar e o desenvolvimento dos meninos e meninas hondurenhos.

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