sexta-feira, 16 de outubro de 2009

ONG Chame disponibiliza acervo sobre tráfico de pessoas

Tatiana Félix *

Adital - O Centro Humanitário de Apoio à Mulher (Chame) atua na prevenção ao tráfico internacional de mulheres e turismo sexual desde 1994, quando era apenas um simples projeto. Com sede na Bahia, um dos principais estados turísticos do Nordeste brasileiro, a instituição, que se tornou organização não-governamental em 2001, também trabalha em outras regiões do Brasil e do mundo.

Segundo Rosania Amorim, coordenadora executiva do Chame, para realizar todos os projetos nas três linhas de trabalho que vão desde a prevenção, informação e combate ao tráfico, a entidade se baseia em dados de pesquisas. "Trabalhamos em cima de dados concretos, reais", enfatiza.

Nas palestras constantemente realizadas, Rosania comenta que a entidade procura desmistificar a imagem do estrangeiro e o sonho de vida melhor no exterior. Além disso, ela ressalta que é necessário conscientizar a população sobre a ideia de que o tráfico acontece apenas com a camada mais baixa da sociedade.

Ela alerta que o perigo ronda qualquer pessoa, de qualquer classe, raça ou cor. "O tráfico não vitima apenas a menina pobre, negra, da periferia. Pode acontecer com qualquer um", reforça. Ela esclarece ainda que o perfil das vítimas varia de acordo com a população de cada cidade.
O tráfico é uma atividade criminosa que mobiliza redes no mundo inteiro. É caracterizado pela movimentação das vítimas para exploração no exterior, nos chamados ‘países de destino’. Com base nisso, uma das principais intenções do Chame é prevenir as pessoas quanto à migração internacional.

Com o Projeto Viajando com os Direitos - Enfrentamento a violação de direitos na migração internacional, o Fórum de Mulheres de Lauro de Freitas (BA), em parceria com a ONG, promove um espaço de reflexão acerca do tema, dando dicas de segurança pessoal. "Não proibimos que a pessoa viaje para o exterior, mas alertamos para os perigos da armadilha do tráfico de pessoas", esclarece Rosania.

Na linha de sensibilização a entidade tem por objetivo realizar formação gratuita para estudantes universitárias, ou de escolas públicas estaduais, sobre o risco do turismo sexual e o tráfico de mulheres. "Em setembro finalizamos mais uma etapa nas escolas públicas", informa a coordenadora. Para a execução deste projeto são realizadas palestras e distribuídos, gratuitamente, cartilhas e folders informativos.

Segundo Rosania, nos últimos anos tem se falado mais a respeito do tráfico, o que permite maior conhecimento acerca do crime. Para ampliar o acesso às informações, a ONG criou e mantém vasto acervo que reúne livros, pesquisas e reportagens, publicadas em diversos veículos de comunicação, que contenham informações sobre tráfico, violência contra mulheres e crianças e turismo sexual.

Qualquer pessoa que esteja interessada em pesquisar ou saber mais sobre o tráfico pode consultar o acervo. "O acervo é aberto à consulta. A pessoa interessada deve apenas ligar com antecedência para agendar", informa. O telefone de contato da ONG é (71) 3321-9166.

O acervo faz parte do projeto da linha de prevenção. Com esse trabalho a entidade acredita que tem conseguido atingir o objetivo de reduzir o número de pessoas que caem nas armadilhas do tráfico.

O Chame tem feito forte trabalho de articulação com instituições nacionais e internacionais. A instituição faz parte da Aliança Global contra Tráfico de Mulheres (GAATW, por suas siglas em inglês) desde 1996, foi nomeada representante da América Latina e Caribe para a junta diretiva da GAATW e ainda compõe a comissão organizadora da Rede de Mulheres Rurais da América Latina e do Caribe (RedeLac).

* Jornalista da Adital

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