Dom Canísio Klaus
Bispo de Santa Cruz do Sul - RS
Comemoramos, neste final de semana, o Dia do Migrante. O tema proposto para reflexão em 2011 – migrações e mudanças climáticas: o que temos a ver com isso? - tem por base a Campanha da Fraternidade. É um convite a olhar para as pessoas que são obrigadas a migrar por causa das intempéries da natureza, como as ocorridas no Japão, Haiti, Chile e Rio de Janeiro. Conforme dados do Texto Base da 26ª Semana do Migrante, “entre os anos 2000 e 2004, cerca de 262 milhões de pessoas foram afetadas por desastres naturais”. Existem projeções de que até o ano de 2050, mais de 200 milhões de pessoas vão ser obrigadas a migrar por causa do aumento do nível do mar, terremotos, enchentes, deslizamentos e secas.
Ao lado das pessoas que migram por causa das mudanças de clima, existem aquelas que migram por questões econômicas, sociais e culturais. São muitas as pessoas que migram do interior para a cidade por falta de terra ou de subsídios para a agricultura. Outras tantas que migram de uma para outra cidade em busca de melhores oportunidades de emprego ou estudo. Outras ainda que migram dentro de uma mesma cidade por causa do aluguel, do perigo de enchentes ou para se proteger da violência.
Na Conferência de Aparecida, os bispos definiam os migrantes como “rostos sofredores que doem em nós”, dizendo ser “expressão de caridade o acompanhamento pastoral dos migrantes”. Insistiam que “a Igreja, como Mãe, deve sentir-se como Igreja sem fronteiras, Igreja familiar, atenta ao fenômeno crescente da mobilidade humana em seus diversos setores”.
A região da Diocese de Santa Cruz é uma região com muita migração. Basta olhar para nossas principais cidades, onde os complexos habitacionais se multiplicam rapidamente, novos loteamentos surgem do nada e novas casas nas periferias são erguidas diariamente. Ao mesmo tempo, no meio rural é cada vez mais abundante o número de propriedades abandonadas, casas fechadas e galpões destruídos. Enquanto as comunidades urbanas incham, as comunidades rurais se esvaziam. Nas cidades, a Igreja não consegue se organizar para acolher as famílias que vem, e no interior as comunidades tem dificuldades em manter suas capelas.
Frente a tudo isso, o Dia do Migrante nos sugere um reforço à Pastoral da Acolhida e à Pastoral Social. As pessoas que chegam à cidade precisam sentir a acolhida das lideranças de Igreja. Precisam também se sentir apoiadas nas eventuais necessidades materiais que possam ter. Aquelas pessoas que eram animadoras comunitárias em seus locais de origem podem ser reforços ao trabalho evangelizador na sua nova comunidade.
Que o Dia do Migrante, nos motive a olhar ao nosso redor e nos perguntar: não existirá uma família recém chegada que está a esperar um gesto de acolhida?
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