Tatiana Félix
Jornalista da Adital
Adital
A Anistia Internacional (AI) está desenvolvendo a Campanha 'Mariposas de Esperança' na Nicarágua, com o objetivo de defender os direitos e pedir proteção para milhares de meninas e mulheres que são vítimas da violência sexual todos os anos no país. A entidade afirma que a "violação e a violência sexual estão muito estendidas” e pede que se ponha fim à injustiça.
A ideia é conscientizar a população sobre a gravidade do problema e sensibilizar o maior número de pessoas a se solidarizar com a situação das vítimas de crimes sexuais. Até agora, mais de 15 mil mariposas virtuais já foram criadas para levar mensagens de apoio às vítimas deste tipo de violência. Para fazer a sua mariposa de esperança, clique aqui.
A Anistia pretende reunir o maior número de apoiadores à campanha até o próximo dia 28 de setembro, quando será celebrado o Dia pela Descriminalização do Aborto na América Latina e Caribe. Segundo a AI, as mulheres acreditam que esta será uma oportunidade de se fazerem ser ouvidas.
A violência sexual contra meninas e mulheres é o segundo problema mais grave da Nicarágua, país de aproximadamente 5 milhões de habitantes, localizado na América Central. Entre 1998 e 2008, a polícia do país recebeu cerca de 15 mil denúncias de violência sexual, das quais cerca de 10 mil vítimas eram meninas menores de 17 anos. Muitos destes abusos são cometidos dentro de casa, sendo os agressores alguém da família.
Isolamento, depressão, ameaças, opressão, e novos abusos fazem parte da vida das vítimas, que mesmo sofrendo a violência sentem-se, muitas vezes, culpadas, "sujas” e com vergonha do ocorrido. E, como se não bastasse o peso do sofrimento, muitas vítimas terminam grávidas.
No entanto, as vítimas da violência sexual encontram mais um obstáculo para lidar com o problema no país, já que, desde 2008, a Nicarágua tipificou o aborto como crime em qualquer circunstância, incluindo em casos de gravidez fruto da violência sexual. Sob pena de prisão, a lei obriga meninas e mulheres a seguirem com uma gestação fruto da violência, incluído os casos em que a mulher corre risco de saúde ou de morte.
Cansadas de serem vítimas da violência de gênero, a população feminina da Nicarágua exige a anulação desta proibição absoluta do aborto. Elas pedem o direito de viver dignamente e em segurança.
De acordo a coordenadora de um Centro de Apoio às sobreviventes da violência sexual na Nicarágua, Marta Mungía, o país mantém um ciclo vicioso, pois, apesar de receber as denúncias de violações, permite que os agressores fujam ou não sejam condenados. "Atuam com grande impunidade”, afirmou. Apesar de as organizações em defesa dos direitos humanos já terem denunciado essa situação, ainda não conseguiram avanço positivo, e o problema persiste.
No mês das mulheres, março, a Campanha contra a violência sexual em mulheres e crianças na Nicarágua ressaltou que "a violência sexual é a síntese política da opressão que vivem as mulheres. Na violência sexual se reitera a supremacia masculina e o uso das meninas e das mulheres como objetos de prazer". A campanha destacou que das vítimas violência identificadas no mês de março, a maioria eram crianças.
As Mariposas
Na República Dominicana, em plena ditadura de Leónidas Trujillo, durante a década de 60, a irmãs Minerva, Patria e Maria Teresa Mirabal se rebelaram contra as injustiças cometidas pelas autoridades. Foram perseguidas, presas, violentadas e brutalmente assassinadas. O caso ficou conhecido como "As Mariposas” e hoje é um símbolo de luta e resistência tanto das ações das mulheres como dos movimentos de de direitos humanos.
Com informações da AI e da imprensa local.
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