sexta-feira, 24 de junho de 2011

País apresenta segundo maior índice de gravidez na adolescência

Camila Queiroz
Jornalista da ADITAL
Adital
30% do número total de gestações na Nicarágua são de adolescentes, o que coloca o país em segundo lugar no quesito gravidez na adolescência, à frente inclusive de países africanos, como Gana. A informação é do diretor da ONG Pró-Família, o médico Freddy Cárdenas.

De acordo com ele, a falta de educação sexual e reprodutiva na escola e o início precoce das atividades sexuais são os principais fatores que levam à situação na Nicarágua. O especialista alertou que o número de gravidezes adolescentes tende a aumentar no país e isso se relaciona com o crescimento socioeconômico nicaraguense.

Na zona rural, as meninas começam a ter relações sexuais entre os 12 e 13 anos e 70% dos jovens não utiliza preservativos para prevenir a concepção ou doenças, de acordo com pesquisa da Pró-Família. O estudo aponta que os jovens não têm recursos para adquirir preservativos, mantêm relações sexuais antes do casamento e consideram ter atividade sexual sem ligação afetiva. A pesquisa mostra ainda que mais de 50% dos entrevistados não usam anticoncepcionais e não planejam a vida reprodutiva.

Outro problema é a falta de políticas públicas para os jovens que não trabalham ou estudam. Especialistas assinalam que é necessário promover educação técnica e formação cívica para esse grupo, o que o governo não tem feito.

Segundo o Observatório de igualdade de gênero de América Latina e Caribe, em relatório publicado neste ano, em cada mil mulheres adolescentes (na faixa entre 15 e 19 anos), quase 110 são mães. 15% das mulheres entre 15 e 49 anos não têm como planejar as gestações.

Já o último estudo latino-americano, realizado com dados recolhidos em um período de dez anos e publicado em maio deste ano, assinala que a Nicarágua registrou um aumento de 30% nas gravidezes adolescentes.

A cifra preocupa não só pela pouca idade das mães, mas porque, nessa fase, a gravidez oferece grande risco de morte, explicou o diretor executivo do Centro de Investigação Epidemiológica em Saúde Sexual e Reprodutiva da Guatemala, o médico Edgar Kestler. O estudo revela que entre cada 100 mil mulheres grávidas menores de 15 anos de idade, 180 morrem, número quatro vezes maior do que no grupo de gestantes de 20 anos ou mais.

Kestler afirmou ainda que as adolescentes gestantes precisam de muitos cuidados e, por isso, as equipes médicas devem garantir a esse grupo atenção adequada. As mortes durante a gravidez na adolescência se dão principalmente por pré-eclampsia e eclampsia.

Para a diretora da divisão de assuntos de gênero da Comissão Econômica para América Latina e Caribe (Cepal), Sonia Montaño, os altos índices de gravidez entre adolescentes indica um desafio no âmbito cultural. Em entrevista ao jornal El País, ela salientou que "as jovens não sabem dizer não” por conta da cultura machista das sociedades latino-americanas.

Com informações de ALC, eclac.org e redes de solidaridad

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