Karol Assunção *
Adital -
Há exatos cinco anos, 29 pessoas nos municípios de Nova Iguaçu e Queimados, no Rio de Janeiro, foram assassinadas por policiais. O episódio, que ficou conhecido como "Chacina da Baixada Fluminense", até hoje está presente na lembrança de moradores da região. Para que o caso não caia no esquecimento, entidades sociais realizam, desde semana passada, ações referentes à tragédia.
Na manhã de hoje (31), para relembrar as vítimas da chacina, ocorreu, em Nova Iguaçu, um missa. No período da tarde, está programada uma "carreata pela vida" até Queimados. De acordo com padre Justin Munduala, diretor do Centro de Direitos Humanos Dom Adriano Hypolito, da Diocese de Nova Iguaçu, as atividades já acontecem desde o dia 20 de março, quando foi realizada uma missa em Queimados "pela paz e pela vida".
Além de orações e homenagens, os participantes das ações também fazem denúncias e solicitações às autoridades responsáveis pela segurança na região. Prova disso é que, na última sexta-feira (26), os participantes da Semana da Vida e Paz em Memória às Vítimas da Baixada Fluminense realizaram um ato na Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj).
O diretor do Centro de Direitos Humanos ressalta que, cinco anos após a Chacina da Baixada, outras "chacinas" continuam acontecendo no país. "Matam três pessoas aqui, outras cinco ali...", afirma. Para ele, é importante chamar a atenção da população para que ela não esqueça do caso e demande mais segurança. "Segurança não deve ser só na Zona Sul do Rio de Janeiro, mas também na Baixada Fluminense", desabafa.
De acordo com ele, a ação apresenta dois momentos: o passado, que serve para lembrar as dores e os sofrimentos dos familiares das vítimas; e o presente e o futuro, para saber o que acontecerá daqui para frente. "Será que o presente melhorou? Ainda não. Então não podemos nos calar", acredita.
Padre Justin ressalta que a segurança não é somente vigilância da comunidade, "não é só derramamento de sangue". Para ele, é importante olhar para a Baixada como um todo, já que esta ainda apresenta vários problemas, como ruas esburacadas, falta de professores e saúde precária. "Queremos que a Baixada seja contemplada com políticas públicas para dignificar a vida das pessoas que aqui moram", demanda.
A Chacina da Baixada
Na noite do dia 31 de março de 2005, policiais iniciaram uma série de assassinatos em Nova Iguaçu e só terminaram a ação em Queimados. No total, 29 pessoas morreram e somente uma conseguiu sobreviver.
De acordo com informações de padre Justin Munduala, diretor do Centro de Direitos Humanos Dom Adriano Hypolito, 11 policiais foram indiciados pelo crime. No entanto, desses, apenas quatro foram condenados pelo caso. Um foi condenado por outro crime cometido anteriormente e outro foi absolvido. Segundo padre Justin, não se conseguiu provas contra os outros cinco envolvidos.
* Jornalista da Adital
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