Natasha Pitts *
Adital -
Durante todo o dia de ontem, terça-feira (30), representantes de diversos países estiveram reunidos na "Conferência Internacional de Doadores para o Novo Futuro do Haiti", na organização das Nações Unidas de Nova Iorque. O evento foi realizado para mobilizar apoio internacional a fim de apoiar o desenvolvimento do Haiti.
Durante a Conferência, co-patrocinada pela Organização das Nações Unidas (ONU), Haiti, União Europeia, Estados Unidos, Brasil, França, Canadá e Espanha; representantes de cerca de 140 países debateram o ‘Plano de Ação Nacional para a Recuperação e Desenvolvimento do Haiti’, proposto pelo presidente haitiano René Préval. O documento relata como o governo prevê o futuro e desenvolvimento da ilha caribenha e como o apoio internacional pode auxiliar na reconstrução do Haiti.
A Conferência também teve a participação de emissários dos bancos Mundial, Interamericano de Desenvolvimento e Caribenho de Desenvolvimento e do Fundo Monetário Internacional, além de representantes do setor privado e de organizações não governamentais.
Préval esclareceu que a intenção não é permitir que o Haiti retorne à condição em que se encontrava antes do terremoto de 12 de janeiro, mas sim viabilizar condições para o país superar as causas estruturais do subdesenvolvimento.
Os custos estimados para a refundação material do Haiti em um período 10 anos giram em torno de 11 bilhões e 500 milhões de dólares. No entanto, já para os próximos 18 meses serão necessários cerca de três bilhões e 800 milhões. Os valores foram estimados pela ONU e por seu secretário geral Ban Ki-Moon.
A partir da exposição desses valores, os representantes dos cerca de 140 países presentes na Conferência Internacional e comprometidos com a causa haitiana devem concentrar forças para arrecadar recursos para o financiamento do início imediato da reconstrução de casas, escolas, hospitais e geração de emprego.
Antes da Conferência Internacional, diversos debates foram realizados a fim de compreender o que a população haitiana pensa e anseia para o futuro de sua nação. No dia 15 de março, a consulta "A voz dos que não tem voz" ouviu a população. No mesmo dia também foram consultados os representantes haitianos e de estrangeiros do setor privado. Já no dia 23 foi a vez de serem ouvidas as autoridades governamentais locais. No dia 25 as ONGs foram consultadas.
Até mesmo membros da Missão de Estabilização das Nações Unidas no Haiti (Minustah), fortemente criticada pela intensa ocupação militar antes e depois do terremoto, participaram da ‘antessala da Conferência’. Na ocasião, Edmond Mulet, chefe da Missão, advertiu que caso as debilidades do Haiti não sejam corrigidas o país passará os próximos 20 anos necessitando de operações de paz e intervenções internacionais.
As forças de paz da ONU ocupam o Haiti desde 2004, quando foram enviadas ao país para controlar revoltas causadas pela deposição do presidente Jean-Bertrand Aristide. Desde esta época, a intervenção militar gera desconfianças entre a população haitiana. Este sentimento aumentou após o sismo, quando da chegada de grande efetivo de militares enviados para promover ‘ajuda humanitária’.
Números
O terremoto de magnitude 7,3 graus na escala de Richter, ocorrido no dia 12 de janeiro deste ano no Haiti, deixou um triste saldo de perdas humanas e materiais. Foram registrados 222.500 mortos, 310.928 feridos, 869 desaparecidos e cerca de 1 milhão e trezentas mil pessoas desabrigadas. Os prejuízos financeiros foram estimados em 7 bilhões e 754 milhões de dólares.
* Jornalista da Adital
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