quarta-feira, 30 de setembro de 2009

Grito dos Excluídos Continental vai pressionar pelo fim da crise

Robson Braga *
Adital

A crise política que desestabiliza Honduras desde 28 de junho, quando o presidente Manuel Zelaya foi deposto e expulso do país, será um dos principais focos do Grito dos Excluídos Continental, previsto para 12 de outubro, em toda a América Latina. A coordenação do ato avalia que a solidariedade ao povo hondurenho pode contribuir para um novo processo de integração entre os povos da região.

"A integração da América Latina não avança sem instrumentos suficientes para isso", avaliou o sociólogo costarriquenho Carlos Aguilar, coordenador político da Secretaria Meso-Americana do Grito dos Excluídos Continental. Para ele, os mecanismos atuais já não dão conta do novo contexto político regional em que se insere a crise política de Honduras.

"A OEA [Organização dos Estados Americanos] foi criada na Guerra Fria para responder a outro contexto político. Hoje, o processo de integração continental passa por outro contexto. É preciso avançar nos processos de integração regional", posicionou-se o sociólogo.

Segundo Aguilar, o Grito dos Excluídos pode integrar os povos da região e impulsionar o processo democrático da América Latina, fragilizados por processos políticos como o que vive hoje o povo hondurenho. "O Grito acompanha os movimentos sociais em suas necessidades", manifestou.

"A gente quer denunciar a situação de direitos humanos, alimentar, de habitação em que vivem os povos da América", pontuou. O ato político também luta pela soberania energética, o diálogo entre os povos, substituir os paradigmas de degradação do meio ambiente.

Aguilar defendeu uma solução negociada para a crise política hondurenha. "A gente apóia uma saída negociada, mas não necessariamente a proposta dos Estados Unidos e do Acordo de San José [proposto pelo presidente costarriquenho Óscar Arias]".

O sociólogo defendeu uma nova constituição para Honduras, principal motivo pelo qual Zelaya foi deposto. "A gente quer uma solução que reconheça as demandas sociais, que não seja só um retorno de Zelaya, mas que possa pensar em uma Assembleia Nacional Constituinte".

O dia 12 de outubro vai marcar, também, a Jornada Mundial em Defesa da Mãe Terra, que vai repudiar, em vários países do globo, o "neocolonialismo e a mercantilização da vida". A coordenação é da Assembleia de Movimentos Sociais.

Há 11 anos, o Grito dos Excluídos/as Continental mobiliza o continente americano "Por trabalho, justiça e vida". A proposta surgiu no Brasil como campanha nacional. Em 1996, a CNBB (Conferência Nacional dos Bispos dos Brasil) abordou a exclusão sócio-econômica em sua

Campanha da Fraternidade
A Secretaria Continental do Grito dos Excluídos é composta por quatro secretarias regionais: Caribe, Meso-América, Cone Sul e Países Andinos.

Ações
As organizações que coordenam o Grito na América Central estão reunidas, desde ontem (28) até quinta (1º), na Guatemala, em um seminário sobre a militarização e a repressão popular na região. De lá, sairá o posicionamento da coordenação mesoamericana do Grito sobre as ações em favor do povo hondurenho.

Os movimentos sociais de país devem pensar suas próprias atividades para o dia 12 de outubro. Os grupos das nações vizinhas a Honduras deverão se concentrar nas fronteiras com esse país.
Já em Honduras, inicialmente a data será celebrada com seminários sobre a crise política. "Tudo vai depender dos próximos acontecimentos, o ultimato dado ao governo brasileiro, a sessão de hoje da ONU [Organização das Nações Unidas]. A próxima semana será decisiva", pondera.

* Jornalista da Adital

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