quarta-feira, 30 de setembro de 2009

Projeto 'Vira Vida' profissionaliza vítimas de exploração sexual

Tatiana Félix *
Adital

Jovens com idade entre 16 e 21 anos vítimas de exploração sexual podem encontrar uma alternativa para mudar sua história participando de cursos profissionalizantes oferecidos pelo projeto Vira Vida. Os meninos e meninas que frequentam as aulas, num período que varia entre sete à nove meses, recebem uma bolsa de R$ 500 por mês. A ideia é dar uma oportunidade para que eles possam deixar para trás todo o histórico de exploração sexual e construir uma nova perspectiva de vida.
A iniciativa do programa é do Serviço Social da Indústria (SESI) em parceria com Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai), do Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (SENAC), do Serviço Social do Comércio (SESC) e Sebrae. O programa foi lançado em 2008 em quatro capitais: Belém (PA), Natal (RN), Fortaleza (CE) e Recife (PE). O objetivo é oferecer oportunidade de desenvolvimento da autoestima, qualificação profissional e inserção do mercado de trabalho. Até o final de 2010 espera-se que o programa chegue em outros estados como Bahia, Minas Gerais, São Paulo e Rio de Janeiro. Em Brasília, o Vira Vida foi lançado neste mês.
Para participarem dos cursos, os jovens são abordados, recrutados e encaminhados por entidades de base. De modo geral, essas entidades já realizam trabalho de acompanhamento a jovens que sofrem violência ou exploração sexual. Antes de ingressar nos cursos, eles são avaliados por psicólogos, assistentes sociais e pedagogos com finalidade de ter seu perfil traçado, identificando os problemas que precisam ser trabalhados. O projeto não é apenas uma ponte de capacitação profissional, mas um processo que trabalha o jovem em toda sua dimensão, em diversas áreas da sua vida.
Há pouco mais de um ano implantado no Ceará, o Vira Vida já formou duas turmas, totalizando 47 jovens que já estão inseridos no mercado de trabalho. Alguns adolescentes optaram por montar seu próprio negócio e outros 25 participam da cooperativa de incubação na área de confecção, conforme informação da coordenadora do projeto no estado, Maria do Carmo Silveira.
Atualmente, cerca de 65 jovens estão divididos em quatro turmas que se preparam nos cursos de Assistente Administrativo, Gastronomia, Comunicação Digital e Confecção na área de costura.
Maria do Carmo explica que esses jovens não chegaram à prostituição só porque são pobres.
Outras causas os levam para a zona de exploração sexual, como desestrutura familiar e dependência química, por exemplo. Por isso, durante o período em que é assistido pelo Vira Vida, o jovem recebe atendimento médico, tratamento psicossocial, noções de empreendedorismo e autogestão, além de acompanhamento familiar.
A coordenadora enfatiza o resultado positivo que vem sendo observado. Segundo ela, muitos alunos decidem retornar a escola e concluírem seus estudos. "Eles passam a valorizar o estudo, levam a sério a oportunidade. A frequencia gira em torno de 98% e o índice de desistência é baixo", comemora. Ela comenta ainda que muitos retomam relações familiares e outros constroem suas próprias famílias. "O resultado tem sido satisfatório. Os jovens não negam sua história, mas fazem dela um exemplo e força de superação", finaliza.
* Jornalista da Adital

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