quinta-feira, 24 de setembro de 2009

Mais de 250 defensores de direitos humanos sofreram agressões este ano

Karol Assunção *
Adital

Durante os oito primeiros meses do ano, pelo menos 257 defensores e defensoras de direitos humanos sofreram agressões na Guatemala. Isso é o que afirma o relatório bimestral - julho e agosto de 2009 - da Unidade de Proteção de Defensoras e Defensores de Direitos Humanos de Guatemala (UDEFEGUA).

De acordo com o relatório, a cifra indica que o país já registra 16,81% a mais de agressões que em 2008. Isso ainda faltando quatro meses para o fim do ano. No entanto, a organização afirma que os dados podem mudar, pois estão fazendo verificações sobre os casos. "Podemos receber informação adicional que nos obrigue a tirá-los deste informe; assim como podemos receber no futuro informe de casos que incluam feitos que ocorreram durante esses meses.", afirma.

Segundo UDEFEGUA, o objetivo deste relatório é revelar a situação dos defensores (as) no país e nutrir a análise de risco que realizam as organizações defensoras de direitos humanos e sociais guatemaltecas, além das ações de proteção desenvolvidas pela sociedade civil, pelas instâncias de governo e pela comunidade internacional.

Para a organização, tal situação de violações dos direitos humanos tem relação direta com a crise institucional ocorrida durante o primeiro semestre na Guatemala. Dentre os problemas, o relatório destaca: os escândalos de corrupção na cúpula da Polícia Nacional Civil; o Estado de Calamidade Pública decretado pelo Governo e rechaçado pelo Congresso por causa da desnutrição de crianças; a corrupção no sistema de saúde; e a crise econômica a nível mundial.

Entretanto, UDEFEGUA afirma que ocorreram, também, coisa boas nos primeiros meses do ano no país, como, por exemplo, a sentença do ex-comissário militar Felipe Cusanero - primeira pessoa sentenciada pela desaparição de vitimas durante a guerra civil da Guatemala.

Ademais, o relatório apresenta as opiniões dos movimentos sociais e de direitos humanos sobre a campanha de deslegitimação e desintegração iniciada desde maio contra estas organizações. De acordo com UDEFEGUA, os movimentos creem na possibilidade de um desenvolvimento digno e respeitoso.

"Cremos que a impunidade pode vencer-se sempre e quando se consegue o julgamento dos genocidas e responsáveis de violações de direitos humanos, assim como de evasores fiscais, mafiosos e corruptos. Um sistema de justiça equitativo será aquele no qual os direitos laborais e agrários sejam tomados em conta; no qual o acesso à justiça aos indígenas seja real, e o respeito ao direito Maya permita que se encontrem formas mais efetivas de atender a agitação nas comunidades", acrescentam as organizações.

* Jornalista da Adital

Nenhum comentário:

Postar um comentário