quarta-feira, 9 de setembro de 2009

Não a corrupção! Sim aos Direitos Sociais

Grito dos Excluídos/as em Dourados mobiliza milhares de pessoas

Por Luiz Bassegio e Ir. Ana Maria Delazeri (*)

Em Dourados, Mato Grosso do Sul, a vontade de gritar era tão grande que o 15º Grito dos Excluídos/as, começou uma semana antes do dia 07 de setembro. No dia 31 de agosto, teve início a Semana da Consciência Política. Evento que realizou sete noites de debates em torno de diversos temas como: ética na política; movimentos sociais e transformação social; A sociedade na universidade e a universidade na sociedade; O que é feminismo; Basta de corrupção e; A vida em primeiro lugar: direitos sociais para superar a crise. Mais de cem pessoas compareceram aos debates, o que mostra a insatisfação e ao mesmo tempo a disposição da população em encontrar soluções para os problemas.

Na noite de sexta-feira, 04 de setembro, houve Audiência Pública na Câmara de Vereadores de Dourados. Foram 130 pessoas discutindo direitos sociais para superar a crise.

Animados pelo debate provocado pelo secretário do Grito dos Excluídos/as Continental em torno do tema, a plenária foi unânime em afirmar que:
- A crise mundial é fruto de uma crise do paradigma do capitalismo. Este modelo não serve para resolver os problemas dos povos e é preciso superá-lo para que todos/as tenham uma vida digna no presente e no futuro;
- Os culpados pela crise não são o povo, e sim os bancos, o sistema financeiro, o FMI, o Banco Mundial e as transnacionais. Com a ganância de obterem lucros cada vez maiores em menor tempo, desregularam as regras de mercado criadas por eles próprios.
- Os trabalhadores não aceitam pagar o ônus pela crise. Que paguem quem os produziu.
- A solução já não passa mais por colocar escoras para salvar o capitalismo ou o atual modelo econômico mundial, com mais investimentos econômicos mais dinheiro público para salvar os bancos. Precisamos sim mudar a forma de pensar e conduzir a economia.
- Não será diminuindo direitos que sairemos da crise. Pelo contrário, garantindo, ampliando e universalizando direitos sociais, tendo em vista atender as necessidades básicas da população, com saúde, educação, moradia, transporte e um meio-ambiente saudável para todos/as e para as gerações presentes e futuras, poderemos pensar num mundo sem exclusões. Um mundo sustentável. Qualquer outra teoria que priorize o bem estar de poucos em detrimento de muitos, já está comprovadamente condenada ao fracasso. A história fala por si só. Por isso a força do slogan: Nenhum direito a menos.

Preparando o sete de setembro
No dia 05, pela manhã foi realizado um mutirão, no centro da cidade, convocando a população para participar do Grito dos Excluídos/as, no desfile oficial de 07 de setembro. Data da suposta independência do Brasil.

O tema principal foi contra a corrupção. Isto porque a polícia federal, após longa investigação sobre a sonegação de impostos, formação de quadrilha, narcotráfico e desvio de recursos públicos, prendeu mais de 40 pessoas, das 72 implicadas. Mas, como pizza é um prato muito apreciado pelos poderes executivo, legislativo e judiciário, todos/as foram liberados. Inclusive o presidente da Câmara de Vereadores da cidade. Tudo devidamente justificado por advogados defensores da ética, moral e bons costumes. Afinal, autoridades geralmente possuem endereço fixo, família, reputação e outras “coi$itas mas” que permitem a nossa justa justiça cega mantê-los em liberdade.

Mas justiça popular pensa diferente e não deu trégua neste sete de setembro saindo às ruas no 15 º Grito dos Excluídos/as em Dourados gritando não a impunidade.

Milhares de panfletos convocatórios diziam: "é preciso gritar contra a impunidade e em favor da justiça. Gritar pela construção de uma cidade onde os douradenses tenham acesso ao direito fundamental de ver seus impostos aplicados em políticas sociais e não rolarem nas valas da corrupção. Nosso grito quer chamar o povo para uma ação concreta contra a corrupção.

A coordenação do Comitê Regional de Defesa Popular foi surpreendida com uma liminar da juíza local, proibindo que no ato do Grito dos Excluídos/as, o povo manifestasse sua indignação contra esta corrupção. Imagens, fotos e o nome dos corruptos deveriam ser omitidos ao povo.

O Grito em sete de setembro
Após uma semana intensa de atividades com palestra e atos públicos, entrevistas e reuniões, o Grito dos Excluídos/as em Dourados MS, foi às ruas neste sete de setembro pedindo justiça para que todos os políticos envolvidos em atos de corrupção pública sejam punidos. É necessário e urgente a aprovação de uma Reforma Política que acabe com a imunidade parlamentar. Roubou tem que pagar.

Mais de 300 pessoas tomaram a principal avenida da cidade com faixas, fotos, e bandeiras pedindo qualidade no serviço da educação, da saúde e, sobretudo, dignidade para o povo brasileiro. O Grito, mais uma vez, foi ousado. Mostrou a cara e o nome dos corruptos que deveriam estar na cadeia. Não há liminar que fará calar o Grito do povo. Ele é legítimo e a liberdade de expressão está garantida na Constituição do Brasil.

Blocos também pediam a “demarcação das terras indígenas” e “não a quebra do monopólio dos correios”. Os bancários se juntaram com os movimentos cobrando mais responsabilidade social dos banqueiros e menos abuso e demissões.

Convocados durante toda a semana pelo movimento, um público de mais de 10 mil pessoas presentes nas atividades do sete de setembro aguardaram com expectativa a passagem do desfile do Grito.

Com o titulo “Ética na política, porque a minha atitude faz diferença?”, o panfleto dizia que além de GRITAR é preciso AGIR. Só assim é possível transformar o mundo em que vivemos.

Por onde o “Grito” passava as pessoas aplaudiam. A organização do evento estima que o Grito deste ano atingiu diretamente um público de mais de 80 mil pessoas, uma vez que os órgãos de imprensa e os materiais publicados foram distribuídos em muitas regiões.

Ambos do Grito dos Excluídos/as e da Pastoral dos Migrantes (*)

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