sexta-feira, 18 de setembro de 2009

Tribunal Internacional da Infância denuncia crimes contra crianças

Adital

Há mais de vinte e cinco anos, as crianças guatemaltecas vêm sofrendo um genocídio silencioso e contínuo. A fome, a desnutrição, a exclusão social, os crimes de lesa humanidade e a impunidade são as principais causas desse massacre desenfreado que está dizimando, sobretudo, meninas e meninos Mayas.

Com o intuito de deter esta situação e punir os culpados o Tribunal Internacional sobre a Infância, por meio do seu presidente, o argentino Sergio Tapia, também Promotor Internacional de Direitos Humanos do Tribunal Internacional de Consciência, está apelando à comunidade internacional para que o sofrimento ainda vivido por milhares de pessoas, principalmente mulheres e crianças, chegue ao fim.

Já na década de 80, durante os governos genocidas, as crianças eram submetidas a métodos cruéis como fraturas no crânio, esmagamento contra a parede e o ateamento de fogo no corpo quando ainda vivas. Muitas foram queimadas na frente de seus pais. As que não foram assassinadas passaram por vários tipos de torturas e humilhações, como o estupro. Os crimes são atribuídos, principalmente, ao Exército Guatemalteco e às forças de segurança, cerca de 93%.

Grande parte continua impune

A maior parte das vítimas desse sofrimento era e são os Mayas. Cerca de 83% dos que sofreram agressões e foram mortos eram pertencentes a esta etnia. Os 17% restantes eram latinos. Até hoje, os Mayas são dizimados, agora também pela falta de nutrientes e alimentos básicos, segundo Sergio Tapia, crimes de lesa humanidade.

Entre as décadas de 80 e 90 também era comum a violação de mulheres e meninas. Um terço das vítimas de abusos sexuais era menor de dezessete anos e 35% só tinham onze anos. As vítimas eram levadas geralmente para escolas e igrejas, onde eram estupradas. Esta perversidade a mais era realizada pelo Exército, pelas forças de segurança e pelos grupos paramilitares, com a cumplicidade e o apoio dos setores empresariais, racistas e escravagistas do país.

Neste mesmo período, cerca de 100 mil a 150 mil crianças ficaram órfãs. O paradeiro destes sobreviventes foi a venda para famílias de outros países. Até mesmo os que ainda tinham parentes eram roubados de suas casas e vendidos. Para não serem barradas, as crianças tinham seus nomes falsificados. Também estes atos são ditos de responsabilidade do Exército Guatemalteco.

Os sequestros, estupros e assassinatos praticados durante a guerra continuam acontecendo e a comunidade segue denunciando, na esperança de ver os atos criminosos cessarem. No entanto, tudo é feito à luz da impunidade e a população, sobretudo, mulheres e crianças continuam a sofrer.

Fome

A fome é mais uma vilã que precisa ser combatida na Guatemala. Há anos, o país passa por uma crise humanitária e milhões de meninos e meninas morrem de fome antes de completarem cinco anos. Esta situação demonstra a necessidade de mais atenção por parte dos governos e setores econômicos da sociedade.

Sensibilizados com a situação de miséria em que se encontram mais de 400 mil famílias guatemaltecas, Brasil, México e a Venezuela ofereceram ajuda para tentar apaziguar a crise alimentar. Os países enviaram grãos básicos como arroz e outros produtos excedentes de sua produção. Além destes, também o Programa Mundial de Alimentos das Nações Unidas e a União Européia estão unidos com intuito de combater a fome na Guatemala.

Segundo dados do Programa Mundial de Alimentos (PMA) das Nações Unidas, 50% dos meninos guatemaltecos até os doze anos padece de algum grau de desnutrição e o caso mais dramático é o dos menores do chamado "corredor seco" que integram os departamentos do Progresso, Zacapa, Chiquimula, Jalapa, Jutiapa, Santa Rosa e Baixa Verapaz, onde 1,3 % correm o risco de morrer de fome. Oficialmente, 25 crianças já faleceram este ano.

Nenhum comentário:

Postar um comentário