Tatiana Félix *
Adital
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Uma iniciativa do escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC) a Campanha Coração Azul foi lançada em março deste ano, com a proposta de chamar a atenção da sociedade para o problema do tráfico de seres humanos. Forma mais atual de escravidão, esta atividade criminosa vitima milhares de pessoas em todo o mundo.
A Campanha tem a função de informar e conscientizar a sociedade ao redor do mundo para a existência deste crime que atinge, em sua maioria, pessoas do sexo feminino. "É uma campanha difusa, é para as pessoas se envolverem", informa Marcos Santos, Assessor do UNODC Brasil.
Segundo Adriana Maria, especialista em cooperação técnica para tráfico de pessoas e contrabando de migrantes do UNODC, o diferencial e o mais importante dessa campanha é a adesão e mobilização da sociedade em geral.
No México, uma intensa atividade do tráfico de seres humanos assola o país, desde atividades de origem, trânsito e destino de vítimas. Para tentar minimizar o problema, o governo mexicano criou uma Comissão Interministerial de Prevenção e Combate ao Tráfico de Pessoas que de imediato aderiu à Campanha Coração Azul.
A Comissão é composta por nove ministérios: Assuntos Internos, Comunicação e Transporte, Relações Exteriores, Segurança Pública, Trabalho, Saúde, Desenvolvimento Social, Educação Pública e Turismo. O secretário de Assuntos Internos do México, Francisco Gómez Monte Urueta, recomenda aos membros da Comissão que concentrem seus esforços na criação de um amplo plano nacional para prevenir e combater o tráfico de seres humanos no país.
Conforme a legislação mexicana de prevenção e combate ao tráfico de pessoas, a recém criada Comissão Interministerial é o órgão máximo do país no enfrentamento a este tipo de crime naquele território.
Com esta ação, o México se torna o primeiro país da América Latina a liderar mais formalmente esse movimento universal contra o tráfico. E a luta no combate ao crime já mostra fortalecimento e ampliação da rede, já que outras entidades mexicanas também se juntaram à Comissão Interministerial. "O México foi o único país que fez ‘barulho’ e aderiu fortemente a campanha", diz a especialista do UNODC.
Embora seja de conhecimento que o crime do tráfico vitima milhares de pessoas em todo o mundo, o registro desta prática é muito inferior ao real. "Qualquer país tem um subregistro muito grande dos casos de tráfico", declara Adriana. "A questão dos números do tráfico é um drama internacional", conclui.
Ela explica ainda que, na maioria dos casos, ficam registrados os crimes correlatos ao tráfico, como exploração sexual, exploração de menores e trabalho escravo e forçado. "Às vezes, a própria vítima não colabora em denunciar", completa.
O UNODC e o Governo do México organizarão nos próximos meses uma série de atividades envolvendo mídia, universidades, setor privado e sociedade para debaterem o papel de cada um na prevenção do tráfico. Embora o México já tenha aderido, a campanha no país só será oficialmente anunciada em março de 2010.
Qualquer pessoa pode fazer parte da campanha. Para isso, basta divulgar o material informativo alertando sobre os perigos e as características deste crime à sociedade. Na internet, muitos internautas já abraçaram a causa nos sites de relacionamento. De acordo com Adriana, só no Facebook mais de 9 mil pessoas fazem parte do movimento Coração Azul.
* Jornalista da Adital
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