terça-feira, 22 de setembro de 2009

Um site para ajudar imigrantes a se integrar na Suíça

Apesar de 21% da população ser de estrangeiros, a Suíça é um dos países europeus que melhor
harmoniza suas diferentes nacionalidades. Porém muitos imigrantes reclamam das dificuldades de se integrar por não compreenderem o funcionamento do país.

Agora várias associações de migrantes se unem para lançar na internet um site em onze idiomas.
Objetivo: oferecer conselhos práticos, indo da escola à aposentadoria, inclusive em português.
Imigrar não é uma decisão fácil. Mais penoso ainda é descobrir todos os truques e regras da vida
cotidiana no país de acolho. A Suíça não é uma exceção, apesar da sua longa experiência em lidar
com populações de estrangeiros.

Até o início de 2009, o Departamento Federal de Estatísticas já contava 1.669.700 pessoas sem
cidadania helvética vivendo no país dos Alpes, o que corresponde a uma percentagem de 21,7% da população total.

A grande proporção de estrangeiros obriga a administração pública, nos seus vários níveis, a
adaptar seus serviços. Formulários e outras informações relevantes são muitas vezes publicados
nos idiomas das maiores comunidades estrangeiras nos seus sites.

Porém isso não resolve todos os problemas de integração. "Imigrantes sem bons conhecimentos
dos idiomas nacionais não encontram essas páginas", explica Úrsula Dubois, gerente da
Sociolution, uma rede suíça de especialistas em questões sociais.

Também o contato direto com as autoridades pode ser problemático. "Muitos imigrantes não se sentem bem acolhidos pelos funcionários, pois não compreendem suas instruções ou não trazem os documentos corretos", acrescenta Dubois. Ela explica que muitos estrangeiros na Suíça preferem, depois das más experiências, se isolar em suas comunidades.

Internet para integrar
Para resolver o problema, a "Web for Migrants" (Internet para Migrantes), uma associação sem fins lucrativos, lançou o site Migraweb.ch, com informações específicas para os migrantes em seu
idioma materno. Por enquanto as páginas estáo em onze idiomas: alemão, francês, italiano, inglês,
espanhol, português, servo-croata, turco, árabe, albanês e lingala (um popular idioma africano).
Mais tarde elas serão acrescidas de material em outros idiomas. "Língua tâmil, suaíli e wolof estão nos nossos planos", acrescenta a ex-jornalista, atual coordenadora do Migraweb.

O projeto é apoiado por associações de apoio ao estrangeiro como o Fórum para Integração dos
Migrantes na Suíça (FIMM, na sigla em francês), Fórum de Estrangeiros de Lausanne (FEEL) e
órgãos públicos como o Departamento Federal de Migração e Ministério das Comunicações.

Outra função importante do site é o atendimento individual. "Através de e-mail, os migrantes podem nos enviar questões nos seus idiomas sobre todos os aspectos da vida na Suíça. Nós então iremos respondê-las na medida do possível", declara Emine Sariasalan, presidente da FIMM.

A escolha de um site como veículo para transmitir as informações foi feita com base na nova realidade de vida dos estrangeiros. "A internet é o meio de comunicação mais utilizado pelos migrantes. Atualmente, 60% deles estão permanentemente em linha e 20% acessam diversas vezes por dia", escreve a organização no seu comunicado à imprensa.

120 voluntários
O trabalho prático do site Migraweb.ch é feito por 120 voluntários. "Eles traduzem os textos sobre os diferentes temas tratados por nós como escola, formação profissional, seguros ou habitação", diz Dubois. A coordenadora revela que as traduções para o português são feitas por apenas duas pessoas.

Isso explica o número reduzido de páginas traduzidas no idioma de Camões. "Por isso faço um
convite no site para que mais portugueses participem do trabalho", clama Dubois, lembrando
que o presidente da Web for Migrantes também é um cidadão português: Antônio da Cunha, professor da Universidade de Lausanne.

Além da oferta de informações e links para sites relacionados aos problemas e necessidades dos
imigrantes e o serviço de atendimento por e-mail, a plataforma abriga também uma agenda. Nela as diferentes comunidades podem colocar seus anúncios. Os primeiros oferecem cursos de salsa,
tango e até intercâmbio de mães estrangeiras para debater o sistema escolar suíço.

"Nosso principal objetivo é oferecer conteúdo digital suíço a migrantes de todos as origem e fazer o link deles na internet com o país", define Antônio da Cunha. (Alexander Thoele, swissinfo.ch).

Nenhum comentário:

Postar um comentário