terça-feira, 22 de setembro de 2009

Imigrantes idosos formam grupo isolado da cultura americana

Resenha Migrações na Atualidade, n. 76: "Entre assimilação e integração".

FREMONT, Califórnia - Eles se reúnem em um centro comercial chamado The Hub. Idosos
imigrantes da Índia, eles tomam goles de chai de garrafas térmicas e falam sobre crimes da cidade vizinha de Oakland, os vôos mais baratos para Déli e como lidar com noras obstinadas.
"Se eu não vier aqui, meus lábios ficam selados, eu não tenho com quem conversar", disse
Devendra Singh, viúvo de 79 anos.

Neste país de mocidade dominante, Singh e seus amigos formam o grupo imigrante que cresce com mais rapidez. Desde 1990, o número de pessoas estrangeiras com mais de 65 anos cresceu de 2,7 milhões para 4,3 milhões - ou aproximadamente 11% dos imigrantes recentes.

Muitos são pais de cidadãos americanos naturalizados, que voltaram a se reunir com suas
famílias. Ainda assim, especialistas dizem que os idosos imigrantes estão entre as pessoas mais
isoladas da América.

Alguns estudos sugerem que depressão e problemas psicológicos são amplamente difundidos entre eles, como resultado das barreiras do idioma, uma falta de conexão social e de valores que às vezes entram em conflito com a cultura dominante, que foi assimilada inclusive por
seus filhos.

Ainda assim, suas vidas são em grande parte não rastreáveis, desconhecidas fora das comunidades étnicas ou religiosas. "Eles nunca ganham concursos de soletração. Eles não se unem a gangues criminosas", disse Judith Treas, professora de sociologia da Universidade da
Califórnia, Irvine. "E ninguém teme que os americanos irão perder vagas de trabalho para
avós coreanas".

Em 2007, de acordo com dados do censo, 16% dos idosos imigrantes viviam abaixo da linha de
pobreza, em comparação com 12% dos idosos nativos, disse Steven P. Wallace, diretor
associado do Centro de Pesquisa de Política para Saúde da Universidade da Califórnia, Los
Angeles. Outros 24% de idosos imigrantes estão "perto da pobreza", ele disse, "sentados à beira de um abismo".

Muitas cidades estão agindo para envolver os idosos imigrantes. Fremont pôs em prática uma
unidade de saúde mental móvel para idosos e recrutou voluntários para ajudar os imigrantes
mais velhos a navegarem burocracias dos serviços sociais. Mas seus problemas podem
passar despercebidos porque frequentemente os imigrantes não buscam ajuda.

Singh cresceu em uma casa tumultuada com 14 membros familiares. Em Fremont, ele passou a viver com seu filho e se dedicou a seus netos. Então, filho e nora decidiram que "queriam sua privacidade", ele disse. Assim, quando deixa o Hub, Singh dirige até um quarto alugado que ele achou no Craigslist. O quarto poderia ser de um dormitório estudantil, não fosse pelos pacotes de gaze contra artrite empacotadas em caixas de plástico.

"Eles vêm para cá antecipando a união familiar", disse Treas. "Mas a sociedade americana não é
organizada de forma a atender suas expectativas culturais."

Fonte: http://ultimosegundo.ig.com.br/mundo/2009/08/31/imigrantes+idosos+for
mam+grupo+isolado+da+cultura+americana+8166940.html 08.31.2009

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