Tatiana Félix
Jornalista da Adital
Adital
Já chega em torno de 25 mil o número de campesinos peruanos que protestam na fronteira do Peru com a Bolívia contra a lei que permite a exploração mineira na região. Há mais de dez dias os manifestantes ocupam a via internacional que une os dois países, nas localidades de Desaguadero, Zepita, Yunguyo, Pomata e Juli. Eles alegam que a exploração mineira da empresa canadense Bear Creek contamina o meio ambiente e prejudica a vida e o bem-estar da população local.
Depois de terem se reunido com representantes do Ministério de Energia e Minas, do Ministério do Interior e da Presidência da República para elaborar propostas alternativas à legislação de exploração mineira na última terça-feira (17), o grupo está à espera de uma resposta do governo hoje (19). Na ocasião do encontro não foi fechado nenhum acordo.
Os campesinos enfatizam que são contrários a qualquer exploração mineira na região, já que a atividade provoca uma série de danos ao ambiente, prejudicando também a vida da comunidade que depende da área para exercer suas atividades econômicas, como a agropecuária.
Segundo o correspondente da TeleSul na Bolívia, Freddy Morales, que esteve no local, os moradores temem que a atividade contamine a terra e as águas do lago Titicaca e seus afluentes, o que acabaria prejudicando também suas atividades comerciais. Para serem ouvidos e conseguirem a anulação da lei, os campesinos usam mais de 500 caminhões de carga pesada para dificultar a passagem nas duas pontes da fronteira.
Já a correspondente da TeleSul no Peru, Verônica Insausti, informou que os manifestantes pressionaram o Conselho Regional para que seja elaborada uma ordem que impeça este tipo de concessões, no entanto, a responsabilidade é do Governo Central e não do Conselho Regional. Ela ressaltou que os campesinos não aceitam nenhuma concessão, ‘nem em Santa Ana e nenhuma outra’.
O congressista do partido Ação Popular do Peru, Yonhy Lescano, que apoia a causa dos manifestantes, também concorda que a mineração pode contaminar o lago Titicaca e seus afluentes. Ele disse ainda que nos últimos tempos foram emitidas concessões para três empresas petroleiras explorar o reservatório natural da região, aumentando ainda mais o risco de contaminação da zona e de prejuízos às atividades econômicas dos moradores, como a agropecuária.
O comandante da Força Armada Boliviana, Hugo Gonzalo Contreras Llanos, lembrou que a atitudes dos campesinos peruanos prejudica a população, empresários e o transporte de produtos na região. Já o presidente do Peru, Alan García, ordenou que caso os manifestantes não parem o bloqueio, poderá ser usada força policial para regularizar o tráfego na fronteira.
O Alan García, que está prestes a deixar a presidência, manifestou que "nenhum extremismo é bom, nem a mineração desordenada e informal, nem a proibição da mineração, porque deixa sem trabalho a muitas pessoas". Caso governo e manifestantes não entrem em acordo, o bloqueio na fronteira pode continuar, com risco de ser desatado um conflito.
Com informações da imprensa local.
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