A “Ficha Limpa” deveria ser aplicada a outros lugares, segundo Dom Toso
ROMA, sexta-feira, 13 de maio de 2011 (ZENIT.org) - A lei brasileira "Ficha Limpa é "um ponto de referência válido" e "deveria ser considerado viável em outros lugares". Esta foi a reflexão de Dom Mario Toso, secretário do Conselho Pontifício "Justiça e Paz", durante a coletiva de imprensa realizada ontem para apresentar o Congresso Internacional sobre "Justiça e globalização: da Mater et Magistra à Caritas in veritate".
O congresso, que será realizado em Roma de 16 a 18 de maio, é organizado para comemorar o 50º aniversário da encíclica Mater et Magistra.
A "Ficha Limpa", acrescentou, é apresentada pela Igreja no Brasil como "algo bom que pode ser útil para combater os fenômenos de ilegalidade, violência, injustiça, e de eleição de uma classe política", porque "a classe política nos diversos países deveria subir um pouco no nível moral e de exemplaridade".
A lei "Ficha limpa" destina-se a excluir da vida pública e do processo eleitoral os políticos corruptos. A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) participou em primeira linha da presente lei.
Dom Toso disse que "a Igreja tem uma tarefa essencialmente de formação espiritual e pode expressar desejos, pode fornecer orientações sobre a base de um aprofundamento racional de certas questões".
O bispo considerou que "esta boa prática tem tido bons resultados no âmbito político" e disse que nesta lei brasileira "se encontra uma série de condições que os candidatos, que são representantes do povo, devem cumprir".
"O que foi feito - continuou - é considerado exemplar, o que significa que pode ser considerado um ponto de referência válido. A Igreja o apresenta como algo bom, que pode ser útil para contrastar o fenômeno da ilegalidade, da violência, da injustiça e da escolha de uma classe política."
"A ‘Ficha Limpa' - prosseguiu - foi muito bem recebida; caso contrário, os bispos brasileiros não teriam conseguido propô-la ao Parlamento, que a aprovou", ainda que, para evitar mal-entendidos, disse que "os bispos não têm assento no Parlamento" e que "fazer que uma lei seja aprovada no Parlamento não depende da Igreja, mas dos leigos, dos que se sentam na Câmara e no Senado".
"Os bispos brasileiros - destacou - de alguma forma encontraram um ambiente que recebeu o seu pedido. Não sei se em todos os contextos, de todos os países, existe um ambiente semelhante e capaz de receber certas mudanças."
Dom Toso observou que, em alguns países, "tenta-se emendar a Constituição para favorecer o partido do presidente", para que se possa renovar o seu mandato. E lembrou-se que, particularmente no Norte da África, vê-se a necessidade de uma vida política diferente.
"Se muitos fogem dessa situação, não é por espírito de aventura, mas por necessidade, porque não se respeitam os direitos fundamentais, porque não há liberdade nem oportunidades de trabalho, nem tampouco possibilidades de participação", concluiu.
Zenit - O mundo visto de Roma
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