terça-feira, 17 de maio de 2011

Grupo de narcotraficantes massacra 27 trabalhadores em fazenda de Péten

Camila Queiroz
Jornalista da ADITAL

Adital

No município de La Libertad, departamento de Péten, norte da Guatemala, 27 corpos foram encontrados na fazenda Los Cocos, ontem (15), quase todos decapitados. Segundo as autoridades, o massacre foi cometido pelo grupo Zeta 200, ramificação do bando mexicano Los Zetas. O alvo seria o dono da fazenda, Otto Salguero, supostamente envolvido com o narcotráfico.

A Polícia Nacional Civil concluiu que o grupo, com cerca de 40 homens, chegou ao local em 12 veículos agrícolas e reuniu os trabalhadores na casa do fazendeiro. Lá, os questionaram sobre o paradeiro de Otto Salguero. Sem resposta, iniciaram o massacre. Após cometer os crimes, o bando escreveu, com o sangue das vítimas, a frase "Saudações, Otto Salguero, vou te encontrar e assim mesmo vou te deixar”.

Os 25 homens e as duas mulheres assassinadas eram trabalhadores diaristas, oriundos do departamento de Izabal, e estavam na fazenda há cerca de quatro meses. De acordo com as investigações, não tinham envolvimento com o narcotráfico. Os corpos foram levados ao necrotério de Péten para que seja feita a autópsia.

O crime foi descoberto por moradores dos arredores, que se dirigiram à fazenda. Devido a isso, o caso ficou conhecido, na imprensa mundial, como "O achado macabro da Guatemala”.

O ministro de Governo, Carlos Menocal, confirma o envolvimento do bando mexicano. "É um massacre desprezível e se pode atribuí-lo ao Los Zetas, pois eles deixaram sinais por todos os lados”, revelou.

Menocal declarou ao site Prensa Libre que o grupo Zeta 200 está armado com fuzis à procura de Otto Salguero. Eles também assassinaram, na semana passada, três familiares do fazendeiro. Além disso, são acusados da morte do suposto narcotraficante Haroldo León, no último dia 14. Ele era irmão do famoso traficante guatemalteco Juan Juancho León, assassinado em 2008.

O ministro detalhou que os criminosos estão escondidos na selva da Guatemala, o que torna "humanamente impossível” a perseguição pelas forças de segurança.

Segundo o porta-voz do Exército da Guatemala, Rony Urízar, dezenas de militares foram enviados à fronteira com o México, a cerca de 100 quilômetros da fazenda onde ocorreu o crime, para evitar que o bando fuja para o país vizinho.

O departamento de Petén é utilizado, há vários anos, como rota para escoar a droga que chega da América do Sul em direção ao México, de onde seguirá para os Estados Unidos, considerado o país que mais consome drogas. Para assegurar a rota, o bando Los Zetas teria se espalhado por diversas regiões da Guatemala.

Na tentativa de romper o controle exercido por narcotraficantes, o presidente da Guatemala, Álvaro Colom, estabeleceu estado de sítio em Alta Verapaz, departamento do norte, em dezembro do ano passado. Desde então, as autoridades teriam capturado 18 membros do grupo Los Zetas.


ONU pede proteção aos direitos humanos


O Escritório da Alta Comissão das Nações Unidas para os Direitos Humanos na Guatemala rechaçou, ontem, por meio de um comunicado, o massacre ocorrido em La Libertad. O organismo ressaltou que em novembro de 2010 já havia constatado a situação de insegurança vivida pelas comunidades campesinas. Dentre os fatores que concorrem para isto, o Escritório cita o narcotráfico, a concentração de terras por latifundiários, a pecuária ilegal e as ameaças de serem expulsos das terras que ocupam.

O comunicado lembra ainda que o Estado, ao ratificar tratados de direitos humanos, assumiu um dever de proteção, o que inclui prevenir atos de violência, bem como investigar, processar e sancionar os responsáveis pelos crimes.

Com informações de TeleSur, Prensa Libre e Prensa Latina

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